A série VIDAS DO ÁRIDO conta, a princípio, três histórias diferentes (em três temporadas). O que chama atenção nessas histórias é que elas se conectam, mesmo sendo contadas e ambientadas em épocas distintas. Além disso, o árido do sertão nordestino, a proximidade das ‘cidades’ e regiões onde nossas polêmicas tramas são retratadas, e a crueza e crueldade em não economizar na realidade e nas palavras. Todas essas características são VIDAS DO ÁRIDO.
Alguns puritanos podem achar tudo pesado, sádico, pornográfico... Hipocrisia não é o meu forte. Bebam essas palavras, ou então não abram a história. VIDAS DO ÁRIDO possui em seu cerne relatos detalhados, ágeis – ou mais lentos; por vezes sem palavras. Romances onde o véu do amor e da pieguice é rasgado a mão, bem na sua cara.
Nossa primeira história se passa no sertão, numa pequena localidade do árido baiano. No distrito de Riqueza, o que, por sinal é o que há de menos ali. Há 3 anos, a cidade recebe pessoas de diversas classes sociais em busca do poder de cura de Domênico, o homem do dom.
Basta tocar na pessoa que Domênico a cura. Seja qual for a enfermidade, o moço consegue extirpa-la. Quem não vê isso com bons olhos é o padre Emerenciano. Afinal de contas, ele é quem deveria ser o Deus na terra nesse lugar tão paupérrimo.
Com muita insistência o cristão consegue que um posto de saúde seja ativado por ali. Para atender a população, o médico Daniel é convocado. Sai de Salvador, recém formado, para tentar a vida. Consigo leva a esposa, Alice.
Assim que chega a cidade, o médico põe em xeque os poderes de Domênico. E olha torto para os que creem nessa fé e fazem chacota da ciência. Mas o que Daniel não sabe é que Alice, doida para ter um filho há pelo menos um ano, passa a frequentar o lar de Domênico.
Ali, a primeira dama das bulas, se depara com verdadeiros milagres. A aproximação de Alice e Domênico é inevitável, a paixão dele por ela, totalmente unilateral, também. Depois de tantas investidas com Daniel, Alice se convence de que precisa da ajuda de Domênico.
Mas, para ter o filho, a mulher precisa transar com o curandeiro. O ato acontece e logo Alice engravida. Daniel fica feliz da vida sem, nem desconfiar, que a esposa lhe traiu. Domênico, continua à espreita, observando os passos, calculando todas as ações de sua amada.
O curandeiro faz questão de afirmar que o filho que Alice espera é de Daniel, mas ela não tem essa certeza. Enquanto a gestação acontece, novos casos e milagres são atribuídos ao homem. O padre Emerenciano declara guerra ao curandeiro.
A tensão entre os religiosos do vilarejo e os seguidores de Domenico chega aí ápice numa verdadeira carnificina, com mortes dos dois lados. Enfurecido, Domênico desaparece do mapa e as consequências são catastróficas.
Domênico (Lázaro Ramos)
Curandeiro da região. É um homem com dúvidas, mas que sabe de seu
dom. Usa uma capa de bom moço para ter seus interesses atendidos. Se
for da sua vontade cura seus pacientes da forma que lhe convém, quando o
necessário é somente um toque. Será o responsável pela gravidez de
Alice, sua amada. Na realidade o que ele vai ter pela moça é um
obsessão.
Alice (Alice Braga)
Esposa do médico que chega na região. Vai transar com
Domênico em troca de um filho. Não é que engravida! Ainda assim,
sente-se mal por não saber se o que de fato lhe aconteceu foi um
milagre. É uma mulher à frente do seu tempo.
Daniel (Emiliano D´Ávila)
Médico. Chega na cidade com Alice, caçoando da cura de
Domênico, para deleite do Padre Emerenciano. Não consegue entender o
motivo da esposa não engravidar. No fundo, sabe que ele pode ser o
problema, mas não admite.
Padre Emerenciano (João Miguel)
Padre do distrito. Homem até jovem, mas que mantém sua paróquia com pulso firme. Ao longo da história vai travar uma guerra sangrenta com Domênico. Aos poucos vamos percebendo que há uma ligação entre ele e Domênico.
Raimunda (Zezé Motta)
É a fiel escudeira de Domênico. O criou. Está sempre do seu
lado. Personagem importante, vai contar segredos que vão mudar rumos na
história.
Tonho (Tomás Aquino)
Um dos ajudantes de Domênico, na realidade um capanga. Tonho tem uma relação que devoção a Domênico que ultrapassa o santificado e entra na carne. Casado, junto com a esposa ele vive uma relação com Domênico também.
Almeida (David Junior)
Outro ajudante. Um homem lindo, que chama atenção e que
divide seus dias entre ajudar o curandeiro, beber e ter encontros
sexuais as escondidas com uma beata do distrito.
Marinalva (Claudia Missura)
Beata. Fervorosa e irresponsável, de tão lunática. Faz
questão de seguir Emerenciano por todos os cantos. Vive num
relacionamento abusivo e sofre com as agressões. Sua vida será marcada
por uma tragédia.
Dorinha (Bárbara Reis)
Beata que segue Marinalva em todo o canto. Moço bonita,
simples, mas que se apaixona por Almeida e se entrega de corpo, alma e
mais corpo nessa paixão.
Inocência (Lucy Ramos)
Secretária do posto. Sofre com dores constantes de cabeça e
vai ser curada. Ela será a ponte que liga Domênico e Alice.
Figueira (Eduardo Galvão)
Marido de Marinalva, político do distrito. Um homem que
vive bebendo e agride a esposa. Vai tentar coisas com Dorinha e isso vai
ser o estopim para uma tragédia familiar.
Doriano (Claudio Jaborandy)
Dono da bar da região.
Ritinha (Jennifer Nascimento)
Esposa de Tonho. Mimada, voluntariosa. Ama igualmente o
marido e o curandeiro. Sente-se poderosa por ter dois homens ao seus pés
e se tornará um pé no saco na vida de Alice.
“Piririm
piririm piririm, alguém ligou pra mim
Quem
é?
Sou
eu, Bola de Fogo
E o
calor tá de matar...”
ÉDY DUTRA: Essa
música tocava numa boa no meu app de música (não vou fazer merchan porque não
me pagaram para isso) enquanto eu relaxava na van a caminho da gravação. O que
eu não imaginei era que, de fato, ela combinaria com o clima que a produção
preparou para a entrevista que eu iria fazer. Sol a pino, clima seco, terra
rachada, poeira subindo... Sim, a WebTV, ryca,
recriou o sertão nordestino para dar vida à fictícia cidade baiana de Riqueza, para
as gravações da primeira temporada da série O Dom – Vidas do Árido, do meu
entrevistado Vitor Zucolotti, que está estreando na emissora.
Enquanto
o Vitor não chegava, eu fui me abrigar do sol que insistia em torrar meus
cabelos brancos!
Entrei
numa casa, estilo rústico, com algumas cadeiras de madeira envelhecidas
dispostas em fileira. O ambiente lembrava uma sala de espera de um consultório
médico. Sei numa das cadeiras me abanando com as mãos e pensando: Por que eu não lembrei de pedir um leque
emprestado para a Ritinha?...
Não
demorou muito e o meu entrevistado chegou ao local.
VITOR ZUCOLOTTI:
Demorei?
ÉDY: Que
nada, cheguei agora! Pode sentar, vamos colocar o papo em dia! Quero saber tudo
sobre essa nova série!
Vitor
se acomoda. O maquiador se aproxima, dá os últimos retoques. O diretor sinaliza
para a luz, testam o áudio e por fim avisa: GRAVANDO! Confere aí como ficou!
***
ÉDY: Vitor,
você apresenta a história da série Vidas do Árido com uma frase que me chamou
muito a atenção: "Alguns puritanos podem achar tudo pesado, sádico,
pornográfico... Hipocrisia não é o meu forte". Qual foi a sua intenção com
a trama desta primeira temporada, intitulada O Dom?
VITOR: Bom, a intenção é mostrar uma história forte
com uma espinha dorsal até simples, acho que boba, até. Mas o que pega são os
diálogos, as cenas, os detalhes... A intenção é fazer um prólogo do que virá
nas próximas temporadas. Apresentar num espaço físico pequeno o que são as
Vidas do Árido.
ÉDY: Então
falar sobre fé não foi algo intencional para "causar"? Como se
costuma dizer...
VITOR: A fé ela vem de uma forma natural. Em todas
as temporadas a fé tá presente, ou vai estar. A intenção não é causar, mas pode
chocar alguns rsrs
ÉDY: Estamos
aqui na sala de espera da casa onde Domênico, personagem de Lázaro Ramos,
realiza seus atendimentos de cura. Este é um dos cenários mais importantes da
história, de muitos conflitos, podemos dizer. Domênico é um curandeiro, como
muitos que já ouvimos falar ou até mesmo conhecemos por aí... Ele brinca de
Deus? Como é esse personagem?
VITOR: A sala de espera é um local interessante,
não mais que a sala de cura, onde os milagres acontecem. Mas o Domênico não
brinca de Deus, não. Ele simplesmente toca e cura. Na realidade, ele ainda
tenta entender porque diabos ganhou esse dom - olha aí o nome da temporada.
Como não é Deus, ele não tem obrigação nenhuma de ser um santo, até porque nem
se considera. Por isso, tirando o fato de tocar e curar, é um homem normal. Com
seus desejos, suas taras, seus vícios...
ÉDY: Talvez
seja dubiedade - entre ser um homem com um dom tão poderoso e ao mesmo tempo
levar uma vida aparentemente normal - é que tenha chamado a atenção e devoção
de tantas pessoas, como o Tonho, um dos escudeiros dele. Mesmo sendo casado, o
Tonho, personagem do Tomás Aquino, ele tem uma relação bem próxima com
Domênico, não é?
VITOR: Sim. Eles são bem ligados. Domenico é
apaixonado pelo Tonho e pela esposa do Tonho, a Ritinha. Ele, o Domênico, não
se vê sem eles. Mas também não quer ser ao deles. O Domênico têm seus
desejos...
ÉDY:
Falando em desejo, eu estou com vontade de enfrentar o calor e conhecer mais
dessa cidade cenográfica, que está divina!
VITOR: Vamos nessa!
A
dupla caminha pela rua de terra seca, seguindo em direção à capela que fica
praticamente no centro da cidade cenográfica.
ÉDY: Chegamos
à igreja! Jesus Cristinho, não precisava esse sol, hein!... Mas voltando ao
nosso papo, Vitor, quem também tem desejos, mas neste caso é desejo de acabar
com a fama de Domênico é Emerenciano, o padre do distrito e praticamente dono
da igreja. Trazendo pra linguagem bem popularesca, o padre tem recalque com
Domênico? Haha
VITOR: Inveja pura. Emerenciano é movido pela
inveja. Ele não suporta saber que Domênico possui esse 'poder' e ele não, sendo
que é um representante do Senhor. O recalque dele é maior do que o outro
sentimento que nutre pelo curandeiro.
ÉDY: Como
assim, "outro sentimento"? Fale mais sobre isso, o Brasil quer
saber...
VITOR: Quer saber? Então vai conferir a série, uai!
Quem quiser spoiler pode esperar sentado na BR, quem sabe um caminhão passa.
ÉDY: Ah,
espertinho! haha O que não é spoiler é a articulação do padre Emerenciano para
a chegada do posto de saúde na cidade. A vinda do médico Daniel e sua esposa,
Alice, vai mexer ainda mais nessa história. Aí já não entra a briga entre
pontos de vista divergentes sobre a fé, mas sim, a relação entre fé x ciência,
que é o que temos visto em pauta ultimamente no nosso país. Como vão se
comportar estes personagens no meio da disputa entre Domênico e Emerenciano?
VITOR: Essa articulação não é tão focada na trama,
mas é importante, por conta da entrada dessas personagens. O que a gente vai
ver é que o Daniel, ele vai focar no trabalho dele. Vai tomar ranço de cara do
Domênico, simplesmente por achá-lo um charlatão. Já a Alice vai se manter mais
observadora. Ela tem uma importância grande para o Domênico na trama - talvez
nem o Domênico saiba exatamente disso. O Emerenciano vai ficar a par dos dois.
Com a chegada do médico, ele já vai maquinar outras situações pra infernizar a
vida do Domênico. Pra quê demônio com um padre desses, né?
EDY: Mas
menino, eu tô pensando justamente isso hahah Emerenciano tá mais para enviado
do Cão do que detentor da palavra do Senhor na Terra!
VITOR: Um pecador nato. Ele é insuportável!!! E
isso é bom demais!
Caminhando
um pouco mais, Édy e Vitor chegam em frente à uma casa que até destoa das
demais, pela sua apresentação mais cuidadosa, diferente das demais, de estilo
mais simples. À frente da casa, um pequeno jardim, com flores coloridas.
ÉDY: Você
falou em demônio e quem também vai viver situações bem infernais será a ona
desta casa aqui, a Marinalva, justamente uma beata, casada com o Figueira, um
conhecido político da região... Os cristãos não terão descanso, é isso? Hahaha
VITOR: A questão da Marinalva é bem específica. Ela
vai sofrer um bocado. Mas aqui, todos na história são cristão. Não há nenhum
evangélico, ou espírita... Então não são todos que vão se f*der legal na
parada. A Marinalva, de fato, vai passar por situações mais tensas que todos os
personagens, acredito eu.
ÉDY: A
gente pode observar pelos personagens e suas histórias que O Dom de fato
promete fortes emoções e situações não óbvias para o público. Será uma
temporada isolada ou personagens e histórias seguirão adiante nas próximas temporadas?
VITOR: Então, acho que o bacana da série é
exatamente isso. Há personagens da segunda temporada que vão dar as caras nessa
primeira. Agora, se os da primeira vão pra segunda... Ainda está sendo
estudado. O que sei é que se não for a mesma personagem, vamos ter alguém com
ligação na segunda temporada, com personagens da primeira, talvez parentesco
direto, filhos... O que posso adiantar é: há um personagem que vai aparecer nas
3 temporadas.
EDY: Vitor,
antes da gente encerrar, eu quero saber de você, como está sendo sua
expectativa para a estreia na WebTV, como você tem visto o MV neste retorno?
VITOR: Eu estou muito feliz de voltar. Tô vendo
gente boa produzindo coisa legal, mas sinto falta de mais histórias, mais
tramas, mais séries... Gosto de muito, ou médio, nada pouco. Percebo também um
MV mais preocupado em causar do que produzir. Não seria melhor causar pelo que
está sendo feito, e não pelo que ainda está pra ser feito? - falo isso
principalmente em relação a TVs que prometem demais e não fazem merda nenhuma.
A WebTV promete, cumpre e tá aí, 15 anos e lá vai chulapa, sempre bombando. Eu,
de coração, espero que todos vocês curtam meu retorno e se habituem ao jeito
direto do titio aqui. Falei? Falo mesmo! E pelo amor de Jeová! Acompanhem O Dom
- Vidas do Árido. Quero ganhar prêmios com essa parada, tá ligado?
ÉDY: Se
tu diz, tá "dizido"! Muito obrigado pela entrevista! E galera de
casa, não deixem de acompanhar essa nova série que, com toda certeza, vai ser
sucesso!
VITOR: Isso aí! Acompanhem, garanto que vocês vão curtir. Mas aqui, se for muito mente fechada, nem acompanha, porque vai ter dendê!
apresentação
direção
Gabo Olsen
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