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Cine Virtual: Depois do Arranhão

Conto escrito por José Luis Rocha
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Sinopse: Carlos Alberto convida Inácio, seu melhor amigo para seu noivado, em uma pacata cidade do Rio de Janeiro, mas Inácio, que ainda não conhece a noiva, surpreende e leva em sua companhia, uma amante. O final não poderia deixar de ser trágico.



Depois do Arranhão
de José Luis Rocha

 

Ao notar a ponta do que seria um enorme arranhão camuflado no pescoço do amigo, Carlos Alberto chegou a desgrudar o celular do ouvido; desistiu de fazer a ligação.
– O que é isso, Inácio? – Perguntou meio assustado, indo na direção onde estava o colega, para observar melhor o ferimento.
– Isso o quê? – Desconversou Inácio, um tanto sem graça. – Você não vai ligar pra garota?
– Não muda de conversa, esquece a minha garota. Você sabe muito bem do que eu estou falando. Você deixou tua namorada fazer isso contigo, cara? Essa mulher tá indo longe demais, um dia ela acaba te matando...
De fato, a atitude de Sinara era preocupante, o ciúme que a moça sentia do namorado era por demais exacerbado. Chegasse ele em casa com qualquer vestígio de ter se aproximado de alguma mulher, seja um cheiro diferente ou até mesmo o cabelo desalinhado, começava o interrogatório, que quase sempre acabava em discussão.
Carlos Alberto ficou impressionado com o arranhão no pescoço, porque não viu o das costas, o lanho era profundo e traçava em carne viva, do ombro até a altura das nádegas. Dessa vez a briga foi feia.
Alguns parentes e os amigos mais chegados cansavam de alertar sobre as inúmeras brigas do casal, mas Inácio amenizava. No fundo, ele amava Sinara. Embora também concordasse que a cada dia ela se tornava mais violenta. A moça, por sua vez, também o amava, mas não conseguia tirar da cabeça que ele tinha outra. Na dúvida, pelo sim pelo não, se ela existisse, certamente haveria de saber que ele tinha uma dona, e que era muito braba.
– Pô cara, cada um tem a mulher que merece. – Sentenciou Inácio. – Olha só você, tá toda hora mudando de garota, mas na verdade nunca tá com ninguém. Essa última que você arranjou, que mora lá no cafundó do judas, deve ser maior bicho do mato. Ninguém conhece ela...
Carlos Alberto avaliou que o colega tinha razão. Não deveria estar se metendo na vida alheia. Prometeu para si mesmo nunca mais voltar nesse assunto. Quanto à sua nova namorada, não devia satisfação a ninguém, mas na primeira oportunidade apresentaria a Inácio, para ele parar de ser falador.
Ele conheceu Amélia numa festa. A menina tinha todas as características que ele procurava em uma moça: linda, inteligente, corpo escultural, educada... o único senão era seu endereço, ela morava num sub bairro do município de Santa Maria Madalena. Ele nunca havia ouvido falar daquele lugar. Tanto que foi difícil chegar lá, no dia em que resolveu conhecer seus pais.
Ao contrário do que Inácio pensava, o namoro deles estava muito adiantado. Apesar da distância e de se conhecerem apenas cerca de três meses, já falavam em se juntarem. Estavam apaixonados. Fariam no último domingo do mês um almoço simbólico para firmarem o noivado. Coisa pequena, só para família.
O casal estava empolgado com a concretização do laço. Depois do noivado, tratariam de agitar logo o casamento. Amélia concordou com a sugestão dele convidar seu amigo Inácio para presenciar seu momento de felicidade, afinal parecia que Inácio era seu melhor amigo, pois muitas vezes falava nele. Deveria ser uma pessoa legal.
Quando Carlos Alberto convidou o amigo para um almoço de noivado, não teve como evitar a zoação. Riram um bocado com as brincadeiras acerca do local onde ela mora, tanto que ele resolveu que quando casassem, iriam morar no Méier, na casa que herdou de seu pai.
Inácio aceitou o convite. Carlos Alberto rascunhou um mapa, para o amigo não se perder:
– Esqueceu que eu tenho gepeesse?
Num riso meio sem graça, Carlos Alberto revelou que lá não tem sinal de telefonia celular.
– Tá bom, então eu vou de ônibus.
– É melhor. Mas não se preocupe, quando chegar no ponto final desse ônibus que eu escrevi aí, é só perguntar onde é a casa da Amélia, todos os vizinhos conhecem.
– E ela tem vizinho? – Inácio perguntou desabando novamente na risada.
Enfim chegou o domingo tão esperado pelo casal. A movimentação na casa de Amélia era grande, quebrando a rotina do bucólico bairro.
Arrasta cadeira, forra mesa, enche o isopor de gelo e cerveja, e toma panela no fogo. Tudo pronto.
Carlos Alberto estava tão radiante, que já havia até esquecido de que seu único convidado estava por chegar. Quando se lembrou, ficou preocupado se ele conseguiria chegar só com o mapa que fez. Mas isso não foi problema, ele conseguiu.
Contudo, na chegada do amigo uma preocupação: ao avistá-lo Carlos Alberto percebeu que ele estava acompanhado de uma mulher. Vinham a pé do ponto final do ônibus.
– Ele trouxe a mulher. Observou Carlos Alberto.
– Não tem problema. – Respondeu Amélia. – É só eles não brigarem aqui em casa. Meus pais iriam ficar muito chateados.
Quando enfim chegaram, e se cumprimentaram, o noivo mudou o semblante. Parecia um tanto aborrecido. Não era Sinara. Isso mesmo! A mulher que Inácio levou para o almoço de noivado do amigo, não era sua verdadeira mulher. Parecia muito mais jovem do que Sinara. A contar pela jovialidade da menina, podia-se jurar que era uma adolescente.
Na primeira oportunidade em que esteve a sós com Amélia, Carlos Alberto revelou para a noiva o que estava o aborrecendo.
– Safado! – Desabafou a moça. – Por isso que a mulher vive aos tapas com ele. Ela tem razão, é um canalha. Homem que não respeita mulher não tem o meu respeito.
– Desculpe. Eu não tinha como saber...
– A culpa não é tua, fique tranquilo.
E assim, depois de passado o choque inicial da presença da amante do amigo, a tarde percorreu dentro de uma certa normalidade festiva. Todos se divertiram, brindaram e comemoraram. Inácio um pouco mais. Talvez por estar à vontade com sua “amiga” adolescente, sem qualquer possibilidade de ser flagrado.
Carlos Alberto ficou abismado com o comportamento do amigo, que bebeu além da conta, precisando que ele o levasse até o banheiro e lhe desse um banho antes dele ir embora.
Na segunda-feira Inácio não apareceu na repartição. Já era de se esperar sua ausência, visto a maneira em que ele saíra na noite anterior.
Enquanto Carlos Alberto relembrava com reprovação o vacilo do amigo, em outro canto da cidade, mais precisamente na Avenida Washington Luiz, um ônibus da “Autoviação 1001” era parado em uma blitz na Rodovia Washington Luiz. A bordo do coletivo uma mulher demonstrando muito nervosismo saiu correndo do ônibus, em direção ao matagal que cerca aquela parte da estrada, deixando no banco uma bolsa, onde os policiais encontraram uma enorme faca.

Depois de avaliarem a situação, os policiais correram atrás da mulher e conseguiram alcançar Sinara. Em seu poder, encontraram um esboço de mapa, onde além de algumas ruas, constava também, envolvido com uma tinta vermelha o nome “Amélia”.

Conto escrito por
José Luis Rocha

Produção
Bruno Olsen
Carlos Mota
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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Sinopse: Um doce perfume embriaga a vida de Thiago, quando o belo homem ajuda a moça dos cabelos longos e cacheados,  durante uma viagem no coletivo. Esse perfume fica impregnado em suas roupas, em suas mãos e no seu coração.




Sinopse: William fez algo horrível e quis esconder do mundo, mas alguém soube de tudo o que aconteceu.




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