O Encanador Requintado
de Kátia Surreal
Seu
Oziel é um encanador hidráulico há quase dezessete anos. Nunca teve emprego
fixo. Por isso, quando não lhe era dada a chance de exercer a sua
especialidade, acabava topando qualquer bico.
Por
acaso, pintou-lhe uma boa chance de sustento. O operário residia no condomínio
onde, por coincidência, também vivia a diretora de um colégio municipal de Niterói.
A
velha professora, que há muito tempo planejava a sua aposentadoria, resolveu
fazer caridade. Tanto para a escola, que se encontrava em estado aviltante, com
problemas sérios de encanamento, despintura, vazamentos e infiltrações, assim como
ao pobre trabalhador, que já estava desempregado há quase um ano.
O homem,
como já vinha dizendo, era vizinho da velha. Não que tivessem intimidade, mas
sabe como são aquelas raras pessoas com dons altruístas e capazes de atender à
necessidade alheia. Foi assim que a diretora, chamada Terezinha pela vizinhança
e de dona Terê pelos alunos mais achegados do colégio, ofereceu serviço a
Oziel, que estava prestes a completar quarenta e um anos de vida. A diretora
agiu tudo por conta própria. Quer dizer, tudo proveniente das economias da boa
senhora, que tinha pra lá de seus oitenta e nove anos de idade. Por ser
contrato de boca, o salário não poderia ser dos melhores, né. Tampouco, o tempo
de serviço do novo funcionário.
Os meses foram passando, e Oziel, que não era
nada bobo, viu que o trabalho não era tão duro assim, e resolveu ir ficando, se
oferecendo sempre que podia nos bicos. Como a velha diretora era muito boa, deu
um jeitinho de formalizar a situação do funcionário, até porque ela não poderia
dar conta de continuar bancando o homem por conta própria. Oziel passou a ter carteira
assinada, um pedido de aprovação por assinatura dos demais trabalhadores. Tudo
pelos trâmites da prefeitura.
Depois de serem tomadas todas as medidas,
finalmente, seu Oziel se tornou um da casa: um respeitado profissional, ainda
que seu ofício fosse tão discreto, a ponto de ser pouco notado. Mas veja bem:
eu disse “quase” ninguém reparava no encanador, que vinha assumindo desde então
variadas funções na escola, seja como ajeitador de ventilador pifado ou
separador de briga dos alunos marmanjos, seja como retirador de rato invasor da
sala de aula ou atendente de campainha, sempre que o porteiro precisava se
ausentar. Ou, ainda, a sua real profissão: encanador hidráulico.
Passado
um ano, como sempre, a escola se renovava. Pinturas diferentes, plantas mais
atraentes. Banheiro limpo, com direito a papel higiênico. Olhe só o luxo! Pelo
menos nos meses iniciais do ano letivo, assim como os novos projetos
pedagógicos e os de entretenimento. Mais que isso, outros alunos surgiam,
contribuindo para a atualização do ambiente.
Só que
para Oziel, as mudanças ou a permanência das coisas não tinham a menor
importância, pois tudo lhe era sempre muito igual. O seu papel era trabalhar e
ser educado ou simpático quando necessário. Fora isso, ele se fechava em seu
mundo interno. Aparentemente, parecia usar mais as mãos e a força física do que
a mente. Mas isso, nada mais que uma percepção muito leviana. De certo, ele
devia se ocupar enquanto trabalhava, pensando em algo secreto, algo que não
dizia respeito a ninguém.
Foi
pensando desse modo, isto é, tendo Oziel como um acéfalo, que a nova aluna,
Maitê, resolveu olhá-lo mais a fundo, embora não pretendesse desvendar o seu
íntimo, a princípio. Não havia um motivo para isso. O desejo era apenas uma
instintiva aproximação. A menina-moça tinha treze e há dois anos é que começara
a lhe despertar desejos estranhos e tão secretos. Não em relação a Oziel, que
entrara em seu caminho há quatro meses, desde que ela havia ingressado na
escola, mas sim em relação às suas carnais vontades de mulher que, acima de
tudo, lhe eram inerentes.
Até
então, a pré-adolescente se satisfazia, através de suas imaginações. Em geral,
com pessoas inventadas que ela não conseguia, de jeito nenhum, desenhar um
rosto inteiro em sua memória. Por ser difícil dar forma a alguém que não
existia de verdade, o sujeito de suas fantasias acabava por se concretizar, sem
querer, na figura de algum artista de TV. Era algo involuntário. Só que também
inteiramente irritante. Afinal, era um tipo de limitação mental. Não desejava
os astros de novela ou filme. Tampouco, queria sonhar com os garotos da escola.
Só que nem foi por esse motivo que passou a observar seu Oziel. Com este, o
interesse foi algo mais espontâneo e incomodava menos que os demais.
Se bem
que Maitê não sabia se podia, nem o que realmente pretendia. Sentia apenas que
precisava também se manter discreta tal qual aquele sujeito, que quase ninguém
notava. Menos a dona Terê que, conforme se viu, foi por motivo de bondade. Por
razão disso, Maitê procurou certo afastamento das amizades na escola. Os
colegas insistiam uma aproximação, mas ocorreu que a rapariga desejava tanto
esse momento de solidão e abandono dos colegas para se achegar no empregado da
escola, que soube bem usar a frieza a seu favor. Não a ponto de ser antipática,
causando inimizades, porém, com sabedoria, se isolou.
Um
dia, a jovem resolveu desenhar a lápis o rosto do homem por quem ela andava se
sentindo tentada. A garota dominava bem a técnica de luz e sombra a qual aprendera
nas aulas de educação artística. Guardou bem consigo o papel com o desenho, sem
que ninguém tivesse ciência. Contudo, houve um momento em que não deu mais e
ela resolveu entregar ao homem, discretamente, sem o uso da palavra.
Maitê
aproveitou o instante que o encanador se encontrava só, quando estava por
fechar a sala onde ele guardava materiais de construção da escola. Não houve
testemunha, porque todos os alunos e docentes estavam em sala. A menina apenas
pediu licença à professora para beber água, rapidinho. Assim, o encanador
hidráulico pegou o papel e, antes mesmo que ele demonstrasse qualquer reação, a
jovem se retirou de cena.
Passados
alguns dias, Maitê procurou se recolher. Procurou frequentar a biblioteca a fim
de evitá-lo, mas acabou se deparando com seu Oziel. É que, de novo, deu
problema no ventilador da sala e o encanador foi encarregado de consertá-lo.
Pediu licença à professora e aos estudantes pra executar a tarefa. Um olhar
ligeiro soprou na direção de Maitê, que se manteve calada. Terminado o serviço,
o homem, com toda a sua discrição, agradeceu a todos e se retirou do recinto para
que a professora continuasse a aula.
Maitê
sentiu que a atitude discreta do empregado em não denunciá-la publicamente, nem
mesmo com um olhar ou com qualquer gesto de agradecimento pelo desenho, poderia
significar a oportunidade de ela ir mais fundo naquela história. Assim, não
demorou muito para que ela fosse correndo ao pátio, fingir beber água. Mas
antes mesmo de chegar ao bebedouro, topou com ele no corredor. O olhar dela revelou
a sua segunda intenção. Até onde ela pretendia ir é que era ainda uma
incógnita.
Oziel
não a ignorou, mas não lhe devolveu uma palavra. Apenas, no cruzar do caminho,
desfizeram-se os nós somente com o olhar. E cada um seguiu sua rota naquela
ocasião.
Chegando
a casa, Maitê parou para refletir sobre o porquê de suas atitudes. O que estava
querendo, afinal? Observadores como somos, saberíamos responder melhor sobre
essa dúvida mais do que a própria, não é mesmo? De todo modo, a menina-mulher se
certificou de que quereria uma reação mais concreta do trabalhador perante o presente
que lhe havia dado: o desenho. Quereria também se esbarrar com ele por mais
vezes, sem que ninguém soubesse ou atrapalhasse. Mais que tudo, estava certa de
que ela haveria de ser a única a olhar para aquele indivíduo, um operário,
barbudo, discreto e quarentão. Aliás, na escola, o interesse das alunas era o
tal de Carlos Henrique, um lindo rapaz de quinze anos, que tocava violão.
Moreno, alto, olhos verdes e cabelo ondulado até o ombro.
No dia
seguinte, quando novamente Maitê foi executar o truque do bebedouro, uma grande
e áspera mão lhe segurou o braço. Tomou um leve susto, mas encarou:
–Aquele
era eu? Gostei muito! Muito mesmo!
De
rabo de olho, Maitê sorriu tímida. Foi para classe, sem maiores atitudes. Oziel
bem sabia que um passo demasiado largo poderia mudar todas as atraentes
circunstâncias construídas até então. Afinal, por mais corajosa que ela fosse,
sabia que uma reação vacilante à situação era muito provável para uma
pré-adolescente, cheia de dúvidas, e que não sabia bem o que quereria para si,
de fato. Por isso que, depois desse dia, Oziel passou a não dar mais atenção para
mocinha. Deu continuidade ao seu ofício e ao seu silêncio. A princípio, foi
bom. Fortaleceu a segurança da menina de não estar se metendo em perigo.
Ninguém podia saber da situação, de seus desejos. Oziel, por sua vez, não poderia,
em hipótese alguma, lhe causar insegurança. Caso contrário, sendo tão nova e de
natural covardia, tinha o livre-arbítrio em desistir de tudo a qualquer
instante. Mas a indiferença do encanador estava causando uma forte angústia na
menina. Surgiu, então, um impulso avassalador de se aproximar do misterioso
empregado.
Assim,
usando o mesmo truque de sempre, de pedir licença e sair da classe para beber
água, Maitê, enfim, se encorajou. Ele estava agachado, na ocasião, consertando
um cano na parede. Ela, vindo por trás, se sentou. Quando ele se virou, deu de
cara com ela que, de súbito, o abraçou, fortemente. Oziel lhe retribuiu o
afeto. Mas, por receio que alguém os visse naquela estranha intimidade, ele se
levantou, mas não deixou de dar um último abraço e um beijo no rosto, antes que
ela retornasse à sala de aula.
Começou
assim, com um rápido, porém gostoso abraço todas as vezes em que eles se
encontravam, “por acaso” no corredor. Não havia palavras para o caso deles.
Maitê desejava ter mais tempo de abraço. O problema era onde isso poderia
acontecer. A moça não pretendia marcar um encontro com palavras, mas com
corpos. Afinal, era algo proibido e qualquer forma de se pronunciar sobre o
fato era como constatar que eles estivessem fazendo algo errado. Oziel, sábio
como nunca se poderia imaginar, sentia também que toda forma de expressão era
vedada à situação, e tudo poderia acabar de repente, como num passe de mágica
infeliz.
Foi
então que Oziel teve a brilhante ideia de deixar entreaberta a salinha onde ele
guardava materiais de construção, o qual ficava próximo ao bebedouro. Quando
Maitê veio, ele já estava próximo à porta. Abraçou-a, como sempre, porém, mais
rapidamente.
– Tenho
que guardar isso. Volto já.
Assim
disse o encanador, se referindo a uma torneira que tinha em suas mãos, enquanto
envolvia a adolescente em seus braços. No mesmo instante, a mocinha foi atrás
dele. Sentou sobre uma mesa e ambos se deram gulosos abraços, com direito a
beijo no rosto, carinho nas costas e um leve cheiro na nuca. Foi assim por
muito tempo. Só que mesmo que Oziel estivesse extremamente excitado com esses
inocentes encontros, não poderia ir tão além do relatado, pois era capaz de
sentir a natureza cambaleante da adolescente.
Claro
que tais deliciosos encontros não podiam demorar mais do que cinco minutos, mas
era o suficiente pra manter a paixão dos dois. Ninguém desconfiava e ambos,
ainda que soubessem que não podiam, faziam e não se cobravam. Até então, eles
nunca tinham dado um beijo na boca ou se atreveram a experimentar uma carícia
mais profunda. Por outro lado, já estava ficando comum para o casal dar leves
selinhos no pescoço, além de um gostoso carinho nas costas. Oziel passou também
a mexer em seus escorridos cabelos. Já ela, atrevida, começou a mordiscar seu
pescoço, o que mais aumentava a libido dele.
Mas o
encontro de Maitê e Oziel não era sempre. Tornou-se,
apenas, mais frequente. No
lugar de uma vez na semana, passou a ser três dos cinco dias que havia aula na
escola. Sempre na maior discrição possível. Só que um dia, no calor do momento,
Oziel, como quem não quisesse nada, começou a acariciar os pequenos seios dela;
que, na verdade, ainda brotavam. Maitê, apesar de suas fantasias, nunca havia
beijado na boca de alguém. Tudo, entretanto, parecia ocorrer como ela sempre
desejou: secreta, lenta e prazerosamente. O tesão do momento foi fazendo com
que ela permitisse aquele carinho inusitado. De olhos cerrados, Maitê pegou a
ponta do dedo do obreiro e foi deslizando em seus seios de menina. Quando abriu
o olhar, se deparou com ele, observando-a com cara de muita excitação. Parecia
que ele estava a desvendando. Nesse instante, ela ficou meio sem graça.
Contudo, antes que ela fugisse dele, o amante sugeriu-lhe que eles precisariam
de mais privacidade. Não havia mais como ele evitar de ser franco e direto. De
cabeça baixa e timidamente, ela o respondeu:
– Vai
ter festa junina na escola neste fim de semana. Se você vir, podemos nos
encontrar numa sala vazia, no último andar. Não vai ter ninguém lá.
Claro
que ele poderia oferecer a sua casa ou convidá-la pra um motel de pouca
vigilância ou até mesmo um matagal. Mas não foi difícil de entender que o tesão
da aluna era exatamente ter momentos de prazer dentro do ambiente escolar,
escondido, proibido, quase assistido. Por isso, aceitou de pronto a proposta da
garota. Eles haveriam de achar um jeito de terem prazer, apesar dos riscos.
Para
você ver: Maitê acabara de entrar na adolescência, era virgem e estudante do
colégio onde Oziel trabalhava. Pra além da questão ética, ele sabia que podia
acabar sendo processado por pedofilia, embora não se julgasse como um tarado.
Mas a excitação que vinha sentindo, sobretudo, porque ela própria desde sempre
o provocava, não o fez desistir de seus instintos deleitosos. Sabia, porém,
que, de repente, ela poderia desistir de tudo e estaria em total razão. Por
isso, já tinha em mente que deveria ter muita calma e paciência com a sua mais
jovem amante.
Passada
a semana, finalmente, chegara a noite de São João, numa sexta-feira. De caipira
e sozinha, Maitê chega no colégio. Antes de se encontrar com Oziel, disfarçou
bem, comendo algumas comidas típicas de festa junina, como maçã do amor e
salsichão. Apesar de cultivar poucas amizades, a jovem procurou cumprimentar os
colegas e os professores presentes. Já o encanador deu um jeito de aparecer no
local com a desculpa de precisar concluir um serviço que estava incompleto.
Enquanto
acontecia a ensaiada dança do cateretê, os amantes já se preparavam para o encontro
amoroso. De longe, só com o olhar, os dois se comunicaram, dando a entender que
era a hora de estarem a sós. Primeiro foi Oziel e, minutos depois, a jovem
subiu para a sala abandonada, no último andar.
Como
pode isso: Maitê e Oziel?! Um casal tão díspar... Seja em relação à diferença
de idade ou de classe social. Pois, ainda que Maitê viesse a seguir destino
igual ou parecido, a posição de estudante numa escola como aquela lhe dava um
valor hierárquico mais elevado na sociedade. De toda forma, era bastante certo
de que eles se quereriam bastante.
Agora,
o que ocorreu nessa noite, meu caro amigo, eu suponho que já tenha imaginado.
Mas vou contar mesmo assim, já que acredito que você se identifique, caso seja
uma mulher, ou ao menos aprenda algo sobre a importância dos detalhes no mundo
feminino.
Os
amantes, antes de se entregarem à paixão, que tanto os sufocava, se
entreolharam por alguns minutos com muita profundidade e desejo. A sala em que
eles estavam, apesar de não ter luz própria, era iluminada pelos reflexos da
festa, que ocorria lá embaixo, no primeiro andar, refletindo-se pela janela.
De
novo, o casal se abraçou por longo tempo. Ao cabo, eles se encararam e se
beijaram longamente. Maitê não estranhou o seu primeiro beijo. Dentro de si, já
sabia o quanto era bom. A própria fez questão de pôr as mãos de Oziel em seus
seios. Era seu carinho preferido até então, até porque não conhecia muito além
disso. Mas, desta vez, Oziel não se conformou em acariciar o peito, apenas.
Quis lamber e sugá-lo, delicadamente. Maitê gostou tanto que, em troca, mordeu
com força a sua nuca e lhe arranhou as costas por debaixo da camisa. De súbito,
aconteceu que ela se assustou com a situação. Mesmo ofegante e extremamente
excitado, Oziel teve paciência. Abraçou-a mais uma vez por largo tempo. Passado
o susto, o casal reiniciou os afagos. Oziel começou a lamber o rosto, os seios
e a barriga de Maitê que, aos poucos, foi se deitando sobre a mesa magistral.
Antes
de ir mais a fundo, o encanador quis se certificar se podia ir mais além. Mirou
no rosto da jovem que, na ocasião, tinha mais aspecto de mulher do que de
menina. Só que em vez de ela se entregar à delícia do prazer, ela disfarçou e
se sentou novamente. Estava com dúvidas. Sem saber ao certo como agir, Oziel a
deixou, por alguns instantes, conduzi-lo no ato para evitar possíveis
desentendimentos. Ela pôs suas mãos em seus seios. Talvez, fosse uma carícia
menos proibida no entendimento dela. Mas, no calor do instante, ela foi
inclinando a cabeça para trás e, finalmente, ele compreendeu que ela desejava
ser masturbada. Com cuidado e carinho, ele atendeu a sua vontade. Apesar de ela
não abrir as pernas direito no princípio, por vergonha ou insegurança, a
delícia do delicado afago foi fazendo com que ela relaxasse mais e mais. Aos
quatorze anos, Maitê teve seu primeiro gozo. Ah! Com o tempo, é claro, ela até
fizera aniversário, mas, como se pode perceber, ainda uma menininha na idade. O
tesão foi tamanho que não houve espaço para recusar a chupada que, em seu mais
profundo, era tudo o que mais sonhava.
Oziel
não se cansou de lhe proporcionar prazer nesta noite. Apesar da inexperiência,
a beleza e a jovialidade da moça eram o suficiente para que ele atingisse o
auge do seu prazer. Assim, depois que Maitê havia gozado, Oziel, incansável em
sua necessidade de satisfazê-la, pegou-a de costas, ainda tremendo, e começou a
chupá-la por trás, o que a fez ter um intenso orgasmo. Terminou a noite por
beijar os seios, o rosto e a boca da aluna, além do abraço demorado, afetuoso.
O sexo foi tão delicioso, que o casal quase se perdeu no tempo. Oziel havia
evitado a penetração no ato por medo de rejeição. Tudo, enfim, terminou em paz
e cautelosamente secreto como de início.
Depois
de duas semanas, relevando-se o fato de que Maitê tivesse buscado fugir do
operário durante alguns dias por se sentir confusa com o ocorrido, finalmente os
dois se cruzaram no caminho. Mas, diferente das outras vezes, seus olhares não
se compreendiam mais. Cada um pensou de um jeito, não dando espaço para um
simples cumprimento.
Quer
dizer, Maitê desejava se encontrar com o operário por mais algumas vezes para
dar continuidade às suas fantasias secretas. Mas, dentro de si, sabia que essa
relação não poderia sair das escuras e, por isso, logo haveria de se chegar ao
desenlace. Já Oziel sempre entendeu que, além de ser uma situação proibida, se
tratava de um desejo excitante, porém, extremamente vergonhoso, para uma
adolescente como Maitê. Como não pretendia desapontá-la, até porque sairia
perdendo nessa história, resolveu sair do emprego sem uma despedida, sem deixar
vestígios.
Maitê,
por sua vez, durante um bom tempo, sentiu uma forte angústia toda vez que não
via mais o seu amante circulando pelo colégio. Não via jeito de perguntar a
alguém. Sentia que não poderia levantar suspeita. Só que, houve vez em que ela
ouviu, por acaso, enquanto esperava a vez na fila do refeitório, um comentário
sobre Oziel. Realmente, o sujeito havia se demitido, e ninguém nunca soube o
porquê.
Assim,
só quando chegou a casa, Maitê se permitiu, escondida, prantear. Depois disso,
nunca mais admitiu derramar qualquer gota de lágrima pelo encanador hidráulico.
Apesar da pouca idade, tinha a noção de que nunca tivera informações sobre o seu
amante antes de decidir se envolver com ele, e, portanto, seria inútil
procurá-lo. Não sabia de onde ele surgira e, tampouco, que era vizinho da
diretora da escola. Aliás, a moça nem sequer tinha conhecimento sobre o
endereço da dona Terê também. Mais do que tudo, não poderia achá-lo, porque o
próprio fizera questão de sair de sua vida sem deixar rastros. Jamais trocaram
telefone, e-mail, contatos,
satisfações. Aliás, nunca houve um diálogo.
A
jovem, então, foi se acostumando com a ausência da vida secreta, ao passo que,
de súbito, foi desejando a presença de
pessoas da sua idade: os amigos da escola. Apesar de ter se distanciado deles
por um extenso período durante o seu caso amoroso, não foi difícil uma
reaproximação com os colegas da escola. Afinal, a tudo aquilo que serve para
favorecer a norma não há tantos empecilhos...
Bruno Olsen
Cristina Ravela
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