Terror Noturno
de André Garcia
Era (03h15) da madrugada quando levantei
atordoado, tive mais um pesadelo, as notícias de um serial-killer na cidade de
São Paulo, estavam abalando meu psicológico, a mídia frisava em cada
noticiário, cada reportagem, a pergunta inquietante na minha mente era, quem
seria o próximo? Essa ansiedade não me deixava deitar na cama e ter uma noite
de sono digna, afinal pela manhã eu precisava trabalhar, era um vigilante de um
ponto de comércio na cidade.
Fui até a cozinha, bebi meu café e
decidir por um ponto final em toda essa história, estava cansado de ver vítimas
e mais vítimas morrendo a cada madrugada, pessoas sendo mortas por um
desconhecido, pessoas inocentes sendo atingidas por disparos de uma mente
psicopata e sem o mínimo senso de ser humano, um completo animal, o animal que
eu domaria.
Fui até a garagem do meu prédio,
guardava uma arma dentro do porta-luvas do meu carro, uma Gsh-18 cujo
carregador continha 18 munições, era leve e tinha um recou fraco devido seu
amortecimento, eu precisava apenas de uma munição, mas esse cara precisava
sofrer, então carreguei o pente, a essa hora tudo o que eu queria era me
encontrar nas estradas da vida com esse psicopata, eu colocaria um fim na sua
história e no seu reinado de terror.
Servir o exército por 10 anos, eu tinha
o preparo, a mentalidade e a qualidade de fazer o que era preciso, o que a
polícia não fez, então saí no meu carro e fui dirigindo pelas estradas
principais, tudo o que via eram pessoas desamparadas pelo governo, mendigos
dormindo em praças e crianças abandonadas.
—
O governo não dá a mínima para essas pessoas! É como se elas não existissem, o
sistema sempre as enxergas como a margem da sociedade hipócrita!
Isso me enojava, o desleixo da polícia,
a mídia oportunista que só queria ibope com matérias, as pessoas deixaram de
ser pessoas e passaram a ser estatísticas, não lhe contam sobre suas histórias,
sobre seus amores, tudo o que sabemos são números! Malditos números!
Entrei em uma estrada ao norte da
rodovia 108, um lugar deserto que apenas caminheiros ou grupos de motoqueiros
gostavam de andar, cheguei no posto de segurança e vi algo suspeito, reduzi a
velocidade e me aproximei, era um motoqueiro com uma jaqueta escura, não
consegui ver seus olhos devido à viseira escura abaixada, era (03h40) da
madrugada e ele era a única pessoa que eu tinha visto naquela madrugada, só
poder ser ele, o assassino!
Eu não sou o tipo de cara que tem um
julgamento equivocado, comecei a seguir aquele motoqueiro, ele não percebeu,
pois, mantive uma distância de alguns metros, não queria lhe dar sinal que
estava o seguindo, senão poderia atrapalhar o meu plano e aquela noite, eu não
perderia o assassino por nada, alguns metros adiante ele parou a moto, apesar
de os meus esforços em manter a descrição ele percebeu, quem pararia a moto com
um carro o seguindo em plena madrugada? Fortalecia ainda mais o meu pensamento
que ele era o cara. Seu andar me lembrava o andar de um escoteiro, sua jaqueta
escura e preenchida não me permitia ver se tinha algo na sua cintura, o serial
killer matava se aproximando da vítima, eram tiros certeiros e a queima-roupa.
Eu que decidi sair naquela noite poderia
estar em perigo, ou, na verdade, eu seria o perigo para ele. Lembro das três
batidas intensas no vidro da porta do meu carro, minha arma estava carregada e
a segurava com minha mão esquerda, quando abaixei o vidro percebi que a mão
dele tinha ido em direção a cintura, por certo pegar algum objeto ou a arma que
ele tinha matado 15 pessoas, eu não esperei o fim dessa história, levantei
rapidamente meu braço, no meu instinto de um ex soldado, em fração de segundos
mirei em seu peito e atirei três vezes, o motoqueiro estava no chão, estava tudo
acabado, pela manhã a polícia iria agradecer o trabalho de um justiceiro, a
mídia iria me exaltar, me colocar no pódio.
Não desci do carro para vê-lo, ele não
merecia meu olhar, minha atenção, minha compaixão, domei o animal feroz, três
balas foram o bastante para derrubar o grande serial killer, o assassino sem o
menor escrúpulo, saí rapidamente da cena do crime, aquelas pessoas que estavam
dormindo nas praças agora poderiam dormir com uma segurança maior, ter uma
noite de sono em paz, uma noite que eu também precisava, os remédios não faziam
mais efeitos.
Cheguei na garagem do meu prédio, se
pudesse, saltaria de alegria, não por ter matado um homem, mas por ter
silenciado um psicopata dos holofotes, de ter tirado a voz de um serial killer
da boca das grandes mídias obcecadas por matérias e dinheiro, pessoas se
tornaram números, eu não poderia aceitar isso.
Entrei no meu apartamento, guardei a
arma dentro do meu guarda-roupa, lavei camisa suja com algumas gotas de sangue
e consegui dormir normalmente, pela manhã, a primeira coisa que fiz após
levantar da cama foi ligar a televisão, no noticiário matinal, por certo eles
falariam que alguém teve a coragem de enfrentar a face do mal e vencê-la, mas
logo nos primeiros cinco minutos da reportagem, me surpreendi, não podia ser, o
jornalista falava “Hoje foi encontrado a 16° vítima, um motoqueiro que estava
com problemas na sua moto foi morto pelo serial killer das madrugadas...”
Minha mente estava confusa, matei o serial killer, ele não estava mais vivo, meus pensamentos se turvaram, fui até a cozinha rapidamente e tomei 3 capsulas do meu remédio diário, conseguir equilibrar a respiração e pensar com clareza, o psicopata ainda estava vivo, essa noite eu iria procurá-lo novamente.
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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