RITINHA: Oieeeee, meninas e meninos. Turo bom? Sejam bem-vindos à décima, pera, décima? Menina, to passada. O BV - Boletim Virtual completa 9 aninhos em setembro. Uau. Enquanto isso, vamos trabalhando. Vai começar a DÉCIMA TEMPORADA do BV. Alô, meu povo. Que coisa linda de VIVER, não é mesmo? Tô emocionada.
Hoje tenho cada BABADO pra contar, Natália. Vem comigooooo que hoje eu to bandida. Sabe?
Olha ele I
Lurdinha, cê tá sabendo menina? O Carlos Mota é o diretor de dramaturgia literária da WebTV. O acordo foi fechado no finalzinho do ano passado e desde então ele vem trabalhando. Inclusive já tem obra aprovada. E essa notícia é uma exclusividade aqui do Giro Virtual. Tô tão feliz, Larissa. Me segura que eu tenho mais babadoooo e mais notícias exclusivas.
Ariela, a língua da menina aqui tá afiadíssima, falo mesmo. E se achar ruim me coloca no paredãoooooh.
Olha ele II
Carlinha, falando no Mota, ele é o autor da próxima novela da emissora. "O Desbravador de Identidades" tem estreia agendada para o dia 23 de abril. A novela vai dividir o horário com Flor-de-Cera que chega ao fim no dia 24 de abril.
Olha ele III
Tô cheia de informantes, viu? Fiquei sabendo que a gravação do Avant Premiere "O Desbravador de Identidades" ocorreu no último sabadão, dia 3 e será exibida antes da estreia da novela. A apresentação ficou sob o comando do icônico e irreverente Édy Dutra.
Mudou
Alice, a CyberTV entrou em hiatus no final do ano e voltou em janeiro com novidades. A principal foi a troca de nome, agora o site se chama "widcyber" e segue publicando histórias e entretenimento.
Adiou
Brigida, cê ficou sabendo fia? O Mega Awards na votação popular foi adiado. Inicialmente agendado para o dia 15 de fevereiro, o dia chegou, passou e nada aconteceu.
Start I
WebTV, a senhora apertou o sinal verde, hein? Depois de produzir 3 edições consecutivas do Troféu Imprensa Virtual (2017, 2018 e 2019) e 2 edições do Troféu Mundo Virtual (2019 e 2020), no ano passado, a rede mais antiga do MV deu uma pausa pra respirar. Agora os bastidores da emissora voltaram a ganhar movimento. Foi dado o start na produção do TIV 2020. A organização da 8ª edição do evento reúne o boss Gabito, a loirinha do blog Zih e o veterano que voltou ao MV Bruninho Kaelum. Cada jurado recebeu seu bloco com as categorias e já estão avaliando as produções.
Start II
Alô, MV. Agora que os trabalhos tão fluindo, a equipe do TIV 2021 se reuniu e estão analisando as produções inscritas. Logo depois de concluir a análise, será aberta a votação popular que terá a duração de 30 dias, isso mesmo, é pra cansar o dedo de tanto votar, não quero ver ninguém chorando porque não ganhou o prêmio, viu? Depois, que passar tudo isso, Solineuza, será marcada a data dos eventos, primeiro vem o TMV - Troféu Mundo Virtual e em seguida o TIV Troféu Imprensa Virtual, ambas edições 2021. Já to ansiosa.
Voltando
O DNATV tá voltando, Aninha. A rede de Miguel Rodrigues depois de passar um tempinho em hiatus, vai voltar. Nos bastidores a movimentação tá rolando e a volta será logo logo. Boa sorte Miguelito.
Hiatus
Cleide, o Séries de Web voltou no ano passado, mas infelizmente entrou em hiatus novamente. Por enquanto não há previsão do retorno.
Nova série I
A nova série da WebTV tá babadeira, Hermínia. "A Marca do Primogênito" é inspirada na série de sucesso mundial Supernatural. A saga dos irmãos Dean e Sam Winchester serviu de inspiração para o trio de autores da nova série da emissora: Anderson Silva, Gabo Olsen e Marcos Vinicius. Com pegada de suspense, a produção iniciou em janeiro e as gravações estão a todo vapor.
Nova Série II
Anota aí na agenda Soninha, "A Marca do Primogênito" estreia em junho e vai substituir "O Dom - Vidas do Árido" que chega ao fim este mês. No elenco principal Chris Wood será Alexandre e Matt Dalas interpretará Caíque.
Suspense
Carmélia, eu to em choque. Cê acredita que o boss Gabo convidou 5 autores para a gravação do piloto de um novo web programa. Por enquanto a atração é conhecida como projeto secreto e nenhuma outra informação foi desvendada. Tô é mooooorta que nem eu tô sabendo. Vou até roer minhas unhas.
De volta
Depois de cuidar do baphonico Troféu Four Elements em parceria com Hugo Martins, a loira do blog Zih e Melqui Rodrigues, o apresentador Marcos Vinicius foi visto no cenário do Web Show. Novas gravações serão agendadas e o talk show seguirá apresentando a 4ª temporada. Arrasou.
Foi um estouro
Voltando a falar do Four Elements, Talita, os trabalhos começaram no ano passado, sabe? Programado inicialmente para fevereiro, o evento foi exibido em março com a votação popular e técnica. O Boletim Virtual, inclusive conquistou prêmios. Vibrei e foi de emoção, viu? kkkkkk
Vem... vem aí
A Rajax tá um estouro, Juju. A rede do Kax lá do Rio de Janeiro exibiu o especial Rajax Eventos 2021 e sambou no salto 15 com as novidades. Entretenimento e dramaturgia são as apostas para os próximos meses. Os destaques são: Sessão Rajax, Conversa com Théo, A Vontade do Mal, Garotas de Sábado, No te Pido Flores, Dark Hills, Anti-Herói, A Tempestade, Totalmente Incorreto, Anjo Noturno e o documentário Melqui 30 Anos, falando sobre o grande autor de Vale Dicere e No Magic, série exibida no Brasil e no exterior.
Só vem
Para tudo, Gigi. A WebTV aprovou dois web filmes literários. Vem aí o "Último Tripulante" de Antônio Jardim e "C.a.r.n.a.v.á.l.i.a" de Jade Brum. Os filmes já estão em produção e serão lançados em julho. A campanha de divulgação começará em maio. E não para por aí, novos títulos estão sendo analisados.
RITINHA: Geovana, quantos acontecimentos, meu bem. Esse é o MV que eu gosto. Trabalhando, trabalhando. E o BV não para, Lurdinha, agora vem aí o deuso Hans Kaupfmann no quadro Entrelinhas. É contigo, meu querido.
O RECAMINHO DAS PEDRAS: UMA ANÁLISE DOS ROTEIROS INDICADOS AO OSCAR 2021 DE ROTEIRO ADAPTADO) - por HANS KAUPFMANN
HANS KAUPFMANN: Por que não usar filmes oscarizáveis como referência de roteiro? Algo de bom eles devem conter para tanto HYPE. Esse texto é uma tentativa despretensiosa de analisar os motivos pelo qual um roteiro chega a uma indicação ao OSCAR.
Para começar tem duas categorias distinta nessa área: ROTEIRO ORIGINAL e ADAPTADO, que rolam algumas confusões as vezes mesmo parecendo é autoexplicativo. Outra coisa a se saber é que na fase de indicação que vota são os pares, ou seja, membros da academia que fazem parte do sindicato dos roteiristas. Para o voto final, todos (quase 5000 integrantes) votam.
Mas afinal, o que fizeram os indicados para estarem lá?
Sem bancar o romântico ou ingênuo, a CAMPANHA das produtoras manda muito, e todas querem um selo do careca dourado para poder valorizar o filme nas negociações, principalmente na era da guerra dos STREAMING.
Mas vamos dar uma passadela nos filmes: a começar com o ADAPTADOS, que são aqueles que se derivam de uma ideia preexistente como por exemplo, um livro, uma peça de teatro ou até mesmo outro filme (que é o caso de BORAT 2 que deixamos para o final).
UMA NOITE EM MIAMI e MEU PAI. Dois filmes cuja raiz vem de peças de teatro de sucesso, estão aqui pelo mesmo motivo. A extrema sensibilidade de transformar a linguagem do palco para a visual, sem perder o impacto do texto base, e não parecer um teatro filmado.
Apesar dos dois fazerem isso muito bem, MEU PAI parece ter encontrado uma forma de conduzir a história pela edição, fazendo com que essa ferramenta faça inclusive parte da narrativa, onde os momentos confusos do protagonista acabam por nos deixar confusos também, pela proposital falta de continuidade. E assim a produção de arte tem um papel absurdamente importante. Não é por menos que meu pai concorrem também a essas categorias. UMA NOITE EM MIAMI depende muito da interpretação (ótima diga-se de passagem) dos, digamos, quatro protagonistas-coadjuvante, fazendo com que tenhamos dificuldade de elencar um mais eficiente do que outro. Mas a timidez de explorar ferramentas visuais, da iniciante diretora Regina King, deixou um gosto de claustrofobia, parecendo que o texto era realmente muito maior do que o que estávamos vendo. Mas os momentos que precisaram dessa ousadia, mesmo que a conta gotas eles vieram fortes.
THE WHITE TIGER, parte de uma riqueza que o próprio livro dá de mão beijada para o diretor, em que todos os detalhes visuais da Índia atual podem ser vistos no Filme, a grande sacada é ter dado o ritmo de urgência e editado o quebra cabeça narrativo, explorando a dualidade visual entre pobreza e riqueza; céu e inferno; do protagonista. Um trabalho em que roteiro e pós-edição tem de estar alinhados e bem dosados. O último filme que tinha visto nessa pegada foi o brasileiro CIDADE DE DEUS (também indicado a melhor roteiro em 1994).
BORAT- A fita do cinema seguinte veio com ares de piada velha, seguindo o sucesso retumbante de seu antecessor, roteirizado pelo mesmo SACHA COEN, chegando para o que parecia ser mais do mesmo. Mas como o mundo de 2021, tal qual de 2006 é uma piada pronta, o filme trouxe um frescor e uma inteligência incomum no humor moderno, de manter a estética consagrada, mas com novas e criativas saídas para tornar o filme em uma aventura familiar dentro da mais grotesca fábula politicamente incorreta, mostrando que se pode sim rir de velhas piadas quando não há nada de novo embaixo do SOL. Roteiro de quem tem o domínio do que tem nas mãos, que ajudou a conquistar o WGA desse ano (Prêmio do Sindicato dos Roteiristas). Mas é bom lembrar que o próximo filme não estava no páreo nessa premiação.
NOMALAND. Agora imagine traduzir em imagens um livro que aparentemente não teria tradução. Focados em sentimentos de melancolia extrema, de procura reflexão e apreciação. Com gotas de diálogos onde a protagonista mal interage com outras pessoas e passa a maior parte contemplando e descobrindo a paz na solidão. Talvez seja por essa tradução que NOMALAND faça com que e a roteirista e diretora Chloé Zao leve uma estatueta em cada mão. O roteiro abre espaço para várias composições entre protagonista, fotografia, figuração, edição e os coadjuvantes que poderiam improvisar se precisasse durante o filme, já que a maioria eram pessoas reais. É como se o roteiro só se permitisse existir depois que os próprios criadores dele estivessem passando por lugares e situações descritas no livro. O sentimento aqui não é dito, nem a narração em off é necessária. A lida, a estrada e a paisagem, e claro a magnifica interpretação de Frances Mcdorman, sob a tutela de Zao, são o roteiro.
Na próxima edição vamos comentar os indicados a ROTEIRO ORIGINAL.
RESENHA DO QUARTETO LITERÁRIO "MÁQUINAS MORTAIS" DE PHILIP REEVE - por DAVI BUSQUET
Cidades são seres vivos
Resenha do quarteto literário "Máquinas
Mortais" (Máquinas Mortais, O Ouro do Predador, Máquinas Infernais e A
Darkling Plain), de Philip Reeve
A
cidade mineradora percebeu o perigo e começou a fugir, mas as esteiras sob
Londres já haviam começado a rolar cada vez mais rápido. Em breve, a cidade
estaria em perseguição acelerada, uma montanha móvel de metal de sete andares
como as camadas de um bolo de casamento, os andares inferiores envoltos em
fumaça do motor, as vilas dos ricos fulgurando de branco nos conveses
superiores, e, acima disso tudo, a cruz do topo da Catedral de São Paulo
cintilando ouro, a 600 metros acima da terra arruinada.
(Máquinas Mortais, capítulo 1
- O campo de caça)
A inovação e a originalidade
muitas vezes vêm de algo tão simples quanto reescrever um conceito engessado,
imutável e amplamente difundido. Na escrita, assim como em outras artes
abstratas — entenda por abstração o poder de se afastar da realidade
(abstrair-se) e criar algo que, de fato, não está verdadeiramente ali —, a
imaginação é só uma pequena parte dos ingredientes dessa receita.
E em casos como a série dos
quatro livros escritos por Philip Reeve, que compõem o quarteto Máquinas
Mortais, foi necessário até mesmo menos imaginação e mais inovação, quando o
autor pegou uma noção tão banal e mundana (isto é, "cidades são coisas
estáticas") e transformou em algo impensável até então: cidades, assim
como seres vivos, se movem, caçam, se alimentam e crescem.
E não é só isso. Segundo
Reeve, assim como qualquer outro ser vivo, cidades também estão sujeitas às
mesmas leis naturais evolutivas que regem o mundo, ou seja, somente a mais
adaptada, maior e mais forte (?) sobreviverá. Tal noção evolutiva, estabelecida
por Charles Darwin num tempo que para nós já é visto como um passado
considerável, para os habitantes do planeta Terra pós-apocalíptico onde os
acontecimentos dos quatro livros se dão é algo ainda mais remoto, visto que,
mesmo com a imprecisão proposital de datas da história, supõe-se tratar de algo
milhares de anos no futuro.
Muito tempo depois de se
esquecer os nomes de países, esvaírem-se os dogmas de religiões abandonadas ou
se perder as funções de objetos agora chamados de relíquias (como o papel
alumínio), nesse futuro milenar, a memória acerca do passado — trabalhosamente
conservada graças ao esforço de historiadores do mundo inteiro —, dá conta
apenas de uma suposta guerra como a origem para toda essa situação presente.
Essa guerra, ainda relatada
nos livros, e que durou 60 minutos, devastou o planeta inteiro. Séculos depois
(ou mesmo milênios), sob condições climáticas ainda extremas e enfrentando
intempéries como geadas, vulcões e terremotos, os poucos povoados do mundo se
reorganizaram e adotaram um novo modo de vida nômade, contudo não mais sobre o
lombo de animais de carga, como os antepassados primitivos do homem, mas sobre
chassis móveis imensos, nos quais cidades inteiras foram construídas.
Assim a era das grandes
cidades tracionadas começou. Das pequenas às imensas, de povoados mineradores
pacíficos à monstruosas cidades "urbanívoras" de vários níveis
(andares), o mundo seguiu, um mundo onde as maiores "comem" as
menores, integrando à si as partes, metais, recursos, motores e cidadãos da
cidade derrotada. Como qualquer animal "natural" do mundo, as cidades
tracionadas também possuem, de certa maneira, seu habitat, sendo encontradas
desde as planícies estéreis da Europa até os desertos escaldantes do norte da
África e as imensidões geladas do círculo polar Ártico.
É claro que, num mundo tão
grande quanto o nosso, é natural que em algumas partes dele — principalmente o
extremo oriente da Ásia e partes da África — o modo "antigo" de viver
ainda permanecesse vivo, com populações inteiras morando em cidades
"estáticas", protegidas da fome dos grandes predadores urbanos no
topo de cadeias montanhosas ou cercadas de obstáculos naturais, como pântanos e
mares.
Desse antagonismo evolutivo
natural (estática x tracionada) vem a trama que lindamente se desenvolve ao
longo de quatro livros. A história, que de cara apresenta uma das maiores
predadoras da Era das Cidades Tracionadas, a poderosa Londres — deslizando
sobre rodas e esteiras uma colossal massa de incontáveis andares, tal qual uma
montanha urbana metálica em amplo deslocamento —, também introduz o jovem Tom
Natsworthy.
Tom é um aprendiz de
historiador — uma profissão que do primeiro ao último livro é muito valorizada
na narrativa, algo que soa quase que pessoal por parte do autor, assim como a
importância que ele dá para a memória histórica e a preservação cultural
através desses profissionais —, e grande defensor das premissas em torno do
Darwinismo Municipal (cidades maiores comem as menores).
O jovem, pobre, órfão e muito
inteligente, logo no início da história, se vê testado em suas crenças, quando
acidentalmente, após encontrar uma nômade (Hester Shaw), cai da cidade junto
com ela e se vê desamparado num mundo distante do balanço agradável e maquinal
da sua bela Londres.
A grande viagem que Tom e
Hester passam a empregar (no primeiro livro), cada um por seus próprios
motivos, tentando voltar a Londres, mostra com detalhes as características do
mundo devastado, das poucas cidades estáticas restantes e das peculiaridades de
cada povoado móvel visitado — como Airhaven, uma cidade que, assim como os
dirigíveis dos mercadores do ar, flutua acima das nuvens e serve de base para
todo o comércio existente.
A narrativa de Reeve prende a
atenção nos quatro livros não apenas por mostrar gradativamente o mundo que ele
mesmo criou — num ritmo que nem estraga a expectativa revelando tudo de uma
vez, nem entedia com mistério excessivo a cada nova cidade e povoado —, mas
também pelo encaixe cuidadoso de cada peça de quebra-cabeça da trama, que
mistura conceitos complexos que aos poucos são revelados.
Dentre eles: disputas entre
cidades tracionadas e a Liga Anti-tracionista, aventuras de mercadores dos
ares, cidades-balsa resorts e piratas submarinos, armas old-tech da época da Guerra dos 60 Minutos, ciborgues com cérebros
cibernéticos servindo como guarda-costas, e a eterna disputa ideológica entre
os adeptos da engenharia, que mantém as grandes cidades em movimento, e aqueles
que resguardam a história, dando ao homem o conhecimento necessário para não
cometer os mesmos erros que seus antepassados.
Dos quatro livros que integram
essa linha do tempo (a saga de Tom e Hester), apenas três foram publicados no
Brasil. Há ainda uma história paralela, a trilogia Fever Crumb, publicada
somente em inglês, que fala sobre a fundação da Londres tracionada e o começo
da Era das Cidades Tracionadas — além de ilustrar conceitos anteriormente
citados no quarteto Máquinas Mortais, como o nascimento de certas divindades e
religiões e como surgiram mitos, lendas e invenções do "presente".
Além disso, há diversos contos
e publicações gráficas mostrando a origem dos muitos elementos componentes
desse fabuloso mundo, que mistura um universo pós-apocalíptico a
características steampunk e teslapunk, com uma linguagem simples,
objetiva e acessível. É realmente um universo impressionante e inovador, muito
maior do que a própria imaginação de seu autor foi capaz de conceber.
Por Davi Moreira Busquet
Autor de contos, livros e resenhas; participante da antologia Lua
Negra, pela WebTV, com o conto Rokitansky; vídeo-resenhista
do canal Um Livro em Mente, no YouTube; ávido leitor e agora
com material exclusivo para o quadro Estante Literária, também da WebTV.
VISÃO CRÍTICA ANALISA 'DOM' QUE VEM DANDO QUE FALAR NO MV - por MARCELO DELPKIN
MARCELO: Olá, pessoal! Aqui fala Marcelo Delpkin, de volta após alguns
meses de hiatus por motivos pessoais e de saúde e com muitas resenhas pra
compartilhar com vocês nas próximas edições.
Para abrir a temporada, trago uma história sobre dons
sobrenaturais. Sobre a forma com que a religião e a espiritualidade nem sempre
parecem concordar uma com a outra e como ambas geram conflitos culturais e, até
mesmo, mortais. O Dom – Vidas do Árido (WebTV), de Vitor Zucolotti, traz
a história de um curandeiro que luta contra os protestos da Igreja Católica no
interior baiano de meados dos anos 1970. Seguem os acontecimentos do episódio
inicial.
Clique
aqui e acesse o site da série
Na primeira cena, Domênico se prepara para atender Chiquinho, um
menino que ficara paralítico após um disparo acidental feito pelo próprio pai
durante uma briga. Este tentava matar a esposa após mais uma bebedeira. O
protagonista se revolta e, antes de atender o consulente, ameaça o pai,
enquanto o “livra” do alcoolismo. Se beber novamente, ele vomita sangue e, em
caso de insistência, morre sufocado. Então Domênico faz o garoto voltar a
andar. Quando se despede da família, pede que só se conte o milagre para três
pessoas, não mais que isso.
Enquanto isso, o padre Emerenciano e as beatas Marinalva e
Dorinha confabulam contra o “falso profeta” na igreja. O pároco diz trazer um
médico para o posto de saúde, sob a justificativa de que Deus permitiu a
medicina, mas condena a cura espiritual. O escolhido é Daniel, de Salvador, que
planeja se mudar com a mulher Alice para a cidade de interior onde se passa a
série, Riqueza. Após ouvir conversas das beatas com o padre, Almeida conta os
planos de Emerenciano para Domênico. Nessa hora, surge um estranho: Afonso, que
deseja resolver problemas sexuais, supostamente de impotência. Mas o curandeiro
logo descobre o verdadeiro motivo: Afonso é gay. Decide seduzi-lo, e ambos
transam ali mesmo na sala de consultas. Emerenciano, disposto a enfrentar o
“anticristo”, flagra os dois rapazes bem no ato, em pleno gancho para o próximo
episódio.
O Dom – Vidas do Árido aborda a questão da espiritualidade e da
religiosidade, temas muito fortes ainda hoje no sertão nordestino, e ainda mais
em 1975. Elementos como esse, assim como a visão considerada “antiquada” da
população local na ótica de quem vive nas capitais, fazem-se presentes em todas
as cenas. Destaca-se a construção muito interessante da tensão entre a presença
forte de Domênico, visto como um mensageiro da luz, e o conservadorismo de
Emerenciano, figura de autoridade em Riqueza, quase soberbo em muitas
colocações. A terceira ponta desse conflito, o médico Daniel, tem pouco
destaque na introdução e deve se destacar mais no decorrer da história. O tema
se baseia justamente na relação entre religião e espírito: até que ponto eles
se unem e até que ponto um questiona e duvida do outro. Muitas coisas para se
pensar sobre o assunto, não é mesmo? Quanto aos personagens, Domênico e Emerenciano
lideram a narrativa por todo o tempo no passar das quinze cenas do capítulo.
O roteiro começa com um tom um tanto cinematográfico, pelo menos
imageticamente, mas sem abusar das instruções à câmera. Apenas o necessário.
Porém, ainda na cena 01, uma sequência causa estranheza quando a personagem
Raimunda diz algo que cai em humor involuntário. O curandeiro diz que atenderia
pelado se pudesse — em tom de pureza espiritual. Até aí, tudo bem. Mas a
resposta dela: “Mas não pode! Tem que cobrir o pinto!”. Pegou mal. Outro
ponto negativo está nas rubricas gigantescas no meio das falas. Se há mesmo a
necessidade de explicar as ações dos personagens, o melhor é fazê-lo nas
descrições e partir as falas ao meio. Se não, pode-se reduzir as rubricas ao
máximo. Isso dá mais leveza e fluidez aos diálogos. Um exemplo da cena 07:
MARINALVA E
DORINHA SEGUEM EM UMA ESPÉCIE DE MARCHA, DE BRAÇOS DADOS, COM OUTRAS TRÊS
BEATAS. AS PESSOAS OBSERVAM AS RELIGIOSAS QUE CHEGAM ATÉ A CASA QUE VAI SERVIR
DE UNIDADE DE SAÚDE.
MARINALVA
(se distanciando das demais e falando como num pronunciamento)
Povo
de Riqueza! Se atentem ao presente do divino! Nós teremos um posto de saúde, um
lugar para que possamos procurar ajuda quando os males do corpo nos acometer!
Aqui é um espaço onde vocês podem se consultar. Aqui vocês serão medicados e,
aliado com a fé no nosso Senhor, serão curados!
Agora, com uma sugestão:
MARINALVA E
DORINHA SEGUEM EM UMA ESPÉCIE DE MARCHA, DE BRAÇOS DADOS, COM OUTRAS TRÊS
BEATAS. AS PESSOAS OBSERVAM AS RELIGIOSAS QUE CHEGAM ATÉ A CASA QUE VAI SERVIR
DE UNIDADE DE SAÚDE. MARINALVA SE DISTANCIA DAS DEMAIS E FALA COMO NUM
PRONUNCIAMENTO.
MARINALVA
Povo
de Riqueza! Se atentem ao presente do divino! Nós teremos um posto de saúde, um
lugar para que possamos procurar ajuda quando os males do corpo nos acometer!
Aqui é um espaço onde vocês podem se consultar. Aqui vocês serão medicados e,
aliado com a fé no nosso Senhor, serão curados!
Uma pequena mudança, e já deu uma melhorada visual e textual,
ok?
Além disso, foram encontradas algumas inadequações ortográficas
e erros de digitação, mas que podem ser resolvidas com uma revisão. Outro
elemento a se considerar é o uso de vemos, estamos olhando e
outros verbos na primeira pessoa do plural nas descrições. Com moderação,
aproveite-os sem problemas. Realmente, o autor até aproveita pouco esse
recurso, mas acaba tropeçando ao repetir “temos imagens” duas vezes no
mesmo parágrafo. Pior: um em cima do outro. Mesmo sendo roteiro e não
literário, evite fazer isso no texto, ok?
No mais, uma boa reprodução da cultura do local e da época,
embora sinta falta de um pouco mais de ambientação em algumas cenas. Apenas
para conquistar mais os leitores mesmo. Bom gancho para o capítulo 2: como o
padre vai reagir ao ver o “falso profeta” em “ato pecaminoso” bem na sala de
milagres de casa? O que ele fará contra o curandeiro e como vai usar a
população para isso? Para saber, leiam a série na WebTV.
Visão Crítica fica por aqui, mas em maio vem resenha
nova. Espero vocês! Até a próxima! Continuem com o Boletim, que está muito bom.
EU BUSCO INSPIRAÇÃO NAS PESSOAS QUE CONHEÇO. E PRECISO DE SILÊNCIO NA HORA QUE ESCREVO, PORQUE ME DISTRAIO FACILMENTE, diz
GABRIEL REZENDE
Ele mora em Juiz de Fora em Minas Gerais. O interesse pela escrita surgiu aos 10 anos, quando ganhou o primeiro computador. Gabriel Rezende não tinha acesso a Internet, então resolveu usar o PC pra escrever. Foi aí que escreveu escreveu uma história em capítulos que ele chamava de minha novela. Mas foi aos 14 que conheceu as webemissoras e webnovelas. Aos 23 para 24 anos, começou a escrever Estaca Zero. 10 anos após conhecer o universo das webnovelas. Gabriel, seja bem-vindo ao Diário do Autor.
GABRIEL REZENDE: Obrigado. Pra mim é um prazer participar.
GABO: Gabriel, voltando ao passado, como você avalia o primeiro texto que você escreveu? Quais pontos você destaca como positivo e negativo?
GABRIEL REZENDE: O texto era bem pobre. Eu ainda não levava a escrita a sério e nem pensava em ser autor. Era apenas uma brincadeira. Eu nem sabia como uma novela era escrita. Talvez o ponto positivo era a falta de autocrítica, que não podava a minha imaginação, e o ponto negativo vinha dessa falta de autocrítica, que fazia com que meu texto fosse pobre.
GABO: Com o tempo e o desenvolvimento de novos trabalhos, novas experiências são adquiridas. No momento da escrita, quem é sua inspiração? Você prefere escrever ouvindo uma trilha sonora ou precisa do silêncio total?
GABRIEL REZENDE: Eu busco inspiração nas pessoas que conheço. E preciso de silêncio na hora que escrevo, porque me distraio facilmente. Pena que não consigo o silêncio total. Sempre tem algum barulho incomodando. Risos.
GABO: Gabriel, como você descobriu o mundo das emissoras virtuais? Quais foram suas primeiras impressões? Você imaginava que existia emissora voltada à escrita?
GABRIEL REZENDE: Nem sonhava que existia emissora voltada à escrita. Conheci a primeira webemissora acho que em junho de 2010. Nem lembro o que busquei no Google. Devia ser o spoiler sobre alguma novela, quando caí num blog e vi um banner do tipo "Quer escrever uma webnovela? Entre em contato.". Foi então que fiquei sabendo da existência de webnovelas. No começo até pensei que eram gravadas, mas logo descobri que eram em formato de texto pra ser lido, como nos livros. Achei interessante e resolvi mandar uma sinopse, mas nem foi ao ar. Aí me tornei leitor e tive algumas experiências que não deram certo, pois não finalizei as webnovelas. Até que em 2020, fiz minha primeira novela completa, que foi Estaca Zero.
GABO: O processo criativo é intenso para autor. Requer pesquisa e criação de gancho para prender o autor. Como você constrói suas histórias? Você trabalha com escaleta?
GABRIEL REZENDE: Eu começo fazendo uma storyline, que é o conflito central da história descrito em até 6 linhas. Com base nela, faço a sinopse, que, além de apresentar o projeto a direção da emissora, serve como um guia pra mim. Faço escaletas: a geral, que é o planejamento do andamento da trama em relação aos capítulos e as escaletas de cada capítulo. Uma coisa que também gosto de fazer, é planejar os finais de cada capítulo (ganchos) antes mesmo de fazer as escaletas.
GABO: Estaca Zero conta a história de Érika, diretora de uma grande empresa que perde o cargo após um golpe dado pela própria irmã. Gabriel, como surgiu a web novela Estaca Zero?
GABRIEL REZENDE: Toda a trama surgiu a partir da vilã Christiane. Aliás, essa vilã me perseguia (risos) desde Amor & Trapaça, uma das minhas novelas não finalizadas, do ano de 2012. Continuando: eu participei da fase em que a Aster TV, uma emissora já extinta, estava em processo de criação e foi pra lá que desenvolvi a primeira sinopse de Estaca Zero (de título provisório Christ+). Até que um dia, eu fiquei afastado por uma semana do Twitter, maratonando uma novela, e o dono da Aster achou que eu estava enrolando para escrever a minha novela. Então me demitiu. Aí eu apresentei a sinopse da novela ao Luciano Gomes (presidente da Web+), com quem eu havia trabalhado como colaborador da novela Show da Lu em 2019. Eu aproveitei que já estava acertado que eu escreveria uma das novelas das 7 da Web+ em 2020. Então, o título da trama mudou para Estaca Zero, Érica deixou de ser a editora de uma revista de moda e virou diretora financeira de um grupo empresarial, e Estaca Zero estreou em janeiro do ano passado.
GABO: Inicialmente a web novela Estaca Zero recebeu o título provisório "Christ+". O que ocasionou na mudança do nome?
GABRIEL REZENDE: Foi a mudança de emissora. Esse título, Christ+, foi uma ideia do presidente da nem um pouco saudosa Aster. E era um título bem ridículo... risos... Estaca Zero é bem melhor.
GABO: Outra alteração que ocorreu em Estaca Zero foi a abordagem do mundo da moda. Como você encarou essa alteração? Foi uma decisão difícil?
GABRIEL REZENDE: Foi difícil. Acho que o mundo da moda dava um charme à trama, mesmo com esse negócio de revista ter perdido a força na era tecnológica. Mas na época em que Estaca Zero estreou, a novela das 22h da Web+ também abordava o mundo da moda. Então, tive que mudar, a pedido do Luciano Gomes.
GABO: Com qual personagem de Estaca Zero que você se identifica? A construção do personagem foi em homenagem a alguém?
Clique
aqui e acesse o site da novela
GABRIEL REZENDE: Com a Érica... Porque ela era forte. Era perseverante mesmo diante das diversidades. E não homenageei ninguém. Ela surgiu a partir da necessidade de se ter uma personagem que enfrentasse a Christiane de igual pra igual.
GABO: Como foi a recepção e feedback do público com a web novela Estaca Zero, trama exibida originalmente pelo Web+ e que hoje faz parte da plataforma webtvplay?
GABRIEL REZENDE: Foi muito boa. Todo capítulo recebia comentários e curtidas. E tive meu trabalho elogiado. Acho que o lado positivo de uma emissora do Facebook é essa interação maior dos leitores.
GABO: Durante os trabalhos internos de Estaca Zero, surgiu algum bloqueio criativo? E quando ele surge, você tem alguma técnica para afastá-lo?
GABRIEL REZENDE: Sempre surgia, porque cometi um grande erro nessa novela, que foi escrever os capítulos no dia que iam ao ar ou um dia antes de irem ao ar. Nunca mais faço isso. E a minha técnica para afastar o bloqueio criativo é escrever... risos... Mesmo que a princípio eu não goste do que comecei a escrever. No trabalho de escrita, a inspiração vem com tudo.
GABO: Atualmente você desenvolve textos no formato roteiro. Tem planos de trabalhar algo voltado ao literário? Quais são seus planos futuros no MV?
GABRIEL REZENDE: Tenho sim. Eu gostaria de escrever um romance. E também vou escrever uma das próximas novelas das 22h da Web+, com estreia prevista pra outubro.
GABO: Quem é Gabriel Rezende fora do Mundo Virtual?
GABRIEL REZENDE: Sou estudante de jornalismo. Tímido. Tenho poucos amigos. Sou um filho amoroso. E noveleiro de carteirinha.
GABO: Gabriel, agora vamos para o bate-bola. Preparado?
GABRIEL REZENDE: Estou sim.
BATE-BOLA:
MUNDO VIRTUAL: Um prazer fazer parte
ROTEIRO: Prazeroso escrevê-lo
ESCREVER: Minha paixão
WEB+: Um ótimo ambiente de trabalho
WEBTVPLAY: Só tenho gratidão. Uma ótima oportunidade de mostrar meu trabalho a mais pessoas
ESTACA ZERO: Relação de amor e ódio
ÉRICA: Personagem adorável
CHRISTIANE: Gostosa de escrever
FRASE: A persistência é a mãe do sucesso
GABRIEL POR GABRIEL: Precisa deixar a procrastinação e a preguiça de lado. Atrapalham muitas vezes no trabalho e na vida.
GABO: Gabriel, obrigado por participar do Diário do Autor. Fica o espaço para as considerações finais.
GABRIEL REZENDE: Eu quem agradeço. Foi um prazer participar do Diário do Autor. Ainda mais por não ser famoso no MV. Obrigado pelo convite.
GABO: Valeu, Gabriel. Voltamos no próximo episódio do Boletim Virtual. Se cuidem. Uma ótima semana a todos. Boa noite, Mundo Virtual.
editor-chefe
Gabo
equipe
Davi Busquet
Gabo
Hans Kaupfmann
Marcelo Delpkin
Ritinha
entrevista
Gabriel Rezende
jornalismo
contatoredewtv@gmail.com
REALIZAÇÃO
Copyright
© 2021 -
WebTV
www.redewtv.com
Todos os direitos reservados
Proibida a cópia ou a reprodução
Comentários:
0 comentários: