O Chão da Praça
de Bia Niebas
Conceição era uma jovem na flor da idade, com os
seus dezesseis anos, era alegre, estudiosa, caseira, com poucos amigos, mas
leal a todos eles. Também era cheia de planos, sonhos, fantasias sobre o amor, porém
quando se falava em paquera, namoro, romance, se escondia na caverna, pois era
muito tímida.
Ao
contrário de Conceição, sua melhor amiga Cristina, também jovem flor, era leve,
livre, solta e popular, que, só não era mais solta, devido a sua mãe, que a
vigiava 24 horas.
As
amigas eram inseparáveis, estudavam no mesmo colégio, e enquanto uma estudava a
outra desfilava seus encantos pelos quatro quantos da escola. Cristina adorava os
embalos de sábado, enquanto Conceição adorava ficar em casa e assistir filmes.
Cristina
adorava sair, mas sua mãe fazia marcação cerrada, e era só pedir para sair, que
sua mãe lá estava com seu “pois é” para levar e buscar, porém, a única pessoa
que a digníssima senhora confiava sua filha era a tímida Conceição. Assim, Cristina só saía na sua companhia!
O
“pois é” era muito velho, mas tinha música e as duas se divertiam muito naquele
carro, mas também passavam carão, pois o veículo tinha personalidade própria e
empacava nas horas mais inapropriadas, como na praça dos namorados.
Quantas
vezes as garotas tinham que empurrar na ladeira para pegar no tranco, pagando o
maior “mico”.
Mas Conceição
fiel a sua amizade, sempre que solicitada fazia companhia para sua amiga, que por
sua vez, muito esperta, escondia o novo namorado!
Em um
desses passeios conheceu Jota o namorado de Cristina, um garoto muito gente boa,
e, assim ficava a olhar o romance de longe, lendo um belo livro, desconectada do
apelido de “vela”, que todos a chamavam.
Jota cansado
de levar a tiracolo Conceição, para todos os lugares, resolveu um dia convidar
um amigo para passearem todos juntos.
Eis
que então, em um barzinho estavam Conceição, Cristina e Jota, surge Romeu, o
amigo convidado. Romeu estava bem vestido, cabelo penteado, cheiroso, parecia um
pouco metidinho, mas aos poucos se revelou interessante e simpático.
Cristina
discretamente comentou que Romeu era o menino mais bonito e cobiçado do colégio
em que elas estudavam, mas, Conceição sempre estudiosa nunca havia observado a
mais bela figura.
Afinal
que chance teria com o garoto mais bonito e simpático do colégio?
Os
quatro se divertiram muito, os mais diversos temas foram conversados, muita
piada e muita gargalhada, até que Jota e Cristina, falaram:
- “Vamos para praça?”.
A
praça dos namorados era um lugar muito bonito, cheio de árvores, flores,
coreto, e com iluminação um tanto bucólica que a deixava aconchegante, se
tornando o lugar preferido dos jovens casais para conversas ao pé do ouvido.
Romeu fez
um sinal com os olhos e gentilmente replicou o convite para Conceição.
Em uma
fração de segundo Conceição parou de respirar! O coração galopava, uma mistura de medo e temor
tomou conta de seu corpo, suava frio, sua cabeça doía, e na sua testa estava
escrito:
- Oiii, o garoto mais bonito do colégio está
me convidando para a praça?
Romeu
estendeu a mão e disse:
- “Vamos”?
E lá
se foram, Conceição e Romeu para a mais bela e encantada praça.
No
trajeto até a praça, de mãos dadas com Romeu, Conceição se questionava que assunto mais poderia inventar, por que não fez todos os ensaios que as
amigas faziam como beijar própria mão, chupar laranja, mastigar gelo??...por
que, por que?...e se mãe de Cristina passasse por lá na hora errada?...
Romeu
procurava na praça o banco mais confortável da praça, diga-se de passagem,
todos eram de cimento, ou seja, duro e gelado, então, era nítido que o objetivo
de Romeu era longe e escondido.
E depois
de uma busca intensa, já que o local estava cheio de casais, encontraram o “banco da praça” que agradava aos dois,
longe e escondido para Romeu, e brevemente iluminado para Conceição.
Pronto,
acomodados no “banco da praça”, Conceição
tentou começar a conversa, mas Romeu inesperadamente se transformou em um polvo,
e surpreendentemente seus braços pareciam tentáculos a envolvê-la.
Olhos
nos olhos, mão na mão, e Romeu chegou mais perto, bem mais perto!
Romeu
chegava pertinho, Conceição se afastava um pouquinho...
Romeu
chegava pertinho, Conceição se afastava um pouquinho...
Romeu
chegava pertinho, Conceição se afastava um pouquinho...
Um
detalhe importante, o banco não era tão grande assim!
Conceição
já estava na beira do banco da praça, quando
Romeu empolgado aproveitou um descuido e tascou-lhe um enorme Beijo, e....
Conceição
estabacou-se no chão da praça, como sorvete mole que cai da casquinha!
Os
dois se olharam em silêncio por alguns segundos e depois riram muito, mas
muito, até doer à barriga, e foi então que Romeu se levantou do banco da praça
e sentou-se no “chão da praça”.
E a magia do terceiro beijo aconteceu!
Sim, a
magia do terceiro beijo, pois no segundo Romeu pediu para Conceição abrir a
boca e relaxar!
E no “chão da praça”, muito diferente das
fantasias e filmes de amor, num momento mágico e carinhoso, um belo pedido de
namoro foi feito por Romeu.
E a
hora errada aconteceu, a mãe da Cristina apareceu!
Mas olhem o lado bom, pelo menos naquele dia e por muitos outros, elas teriam mais braços para empurrar o “pois é”.
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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