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Conto de Selva
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Sinopse: Uma onda de paráfrases e citações marcam o contracheque do ministro da cultura. Frases elaboradas e um cenário histórico revelam a face primitiva da leitura do brasileiro. Um resgate em busca da identidade nacional se faz presente além da metafísica. Naus e canetas se revelam ao longo do texto, e a moralidade na boca do ministro. Estará o brasileiro pronto para navegar em um Ledo Engano?

Ledo Engano
de Selva


A arte brasileira da próxima década será heroica, será nacional. Será dotada de grande capacidade e envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo ou então não será nada.

(Roberto Alvim)

 

Na terra de malandro, o intelectual tem que andar na linha ou é pego pela patrulha do partidão.

Muito se ouve, produz e divulga na terra que já recebera a alcunha de Terra de Santa Cruz. O que se sabe é que nem os Sermões de Pe. Antônio Vieira, tão pouco as barbas de Quincas Borba, ou mesmo o leite do Leiteiro ganharam tanta repercussão quanto a preservação da juventude. Deus é brasileiro! O Futuro pertence aos jovens! Quem dera pudesse o ex-ministro produzir uma sextilha com exaltação a cannabis ou a coca. Outrora, fomos à rua do Ouvidor, passeamos com Lobo Neves discursando um futuro promissor rumo à política. Bem antes, estivemos com Peri, grande e forte índio das matas brasileiras e, com as mãos nuas, lutara contra onças e os temíveis aimorés.

Brasileiro fala de tudo sem nada compreender. Escreve sem ter a caneta à mão. Há quem diga que Manuel de Macedo, ele mesmo, o da Moreninha, fora um escancarado escravagista. Tão poucos são os da minha espécie que ora dia, ora noite, entra e sai pelo mesmo portão esperando encontrar tamanha alma bondosa que ame a mesma terra que Gonçalves amou... tantas palmeiras, tantos sabiás corrompidos, esquecidos pelo Brasil. Não há terra de nosso extinto Arraial de Canudos, não se vê conselheiros.

O Brasil está dormindo em sono profundo, parafraseando o velhinho da Virgínia. Há no governo uma corrente que o leva para trás, que o priva e o cerceia de seu caráter transformador e reconstrutor.  A mídia e a sociedade pós-moderna ditam e delimitam quem pode e quem deve permanecer no governo. Toda estratégia em pôr a sociedade em um caminho contrário ao progressista é podada pelo, ainda presente, discurso do politicamente correto ou Patrulha do Partidão – não, não aquele velho PCB de Carlos Prestes, mas o próprio progressismo esquerdista, cultural. Tantas pesquisas e bolsas de mestrado e doutorado de nada valem para um abismo chamado Brasil. Há entre o céu e a terra mais censura do que sonha tua vã semiótica. Não serão culpados o futebol, o carnaval, e o feriado – apenas o 15 de novembro, este pode receber alguma culpa. Devemos colher a fase gauche de Andrade? “Vai, Carlos ser gauche na vida”. Do tudo para o nada é o que resta a essa sociedade. As tentativas de reconstruir o ceio da pátria querida foi invadido pelo paparazzo do pós-moderno. A SS ganhou nova forma por meio da mídia e da censura social posta pelos progressistas. Pudera Getúlio, Costa e Silva ou o próprio Médici estarem à frente deste governo para dar uma sustentação maior para suas tomadas e decisões, estaríamos num caminho mais reto pra o resultado que se espera do conservadorismo ou do próprio Brasil com uma identidade clara.

Certa vez, Freud dissera “antes me queimariam, hoje queimam meus livros”. Agora, em avanço para o caos, ruge o grito do decálogo leninista.  Parafrasear pode até não ser crime mortal, mas demissão por justa causa dá.

Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia.

Eu fiz um pé lá no meu quintal
'To vendendo a grama da verdinha a um real
Eu fiz um pé lá no meu quintal
'To vendendo a grama da verdinha a um real
 

 

“Enquanto os porcos escolherem os governantes, os fazendeiros comerão lavagem.”

(DAC.)

Conto escrito por
Selva

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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