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Antologia Romance à Vista: 1x08 - Brasas nas Cinzas

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Sinopse: Relato de uma senhora da terceira idade de como se apaixonou por um colega de Asilo à primeira vista e, mediante sua persistência, acaba conquistando um novo amor. 


Brasas nas Cinzas
de Edih Longo


Como todas as manhãs, Dagoberto estava absorto com os olhos enfiados entre as letras de seu livro.  Era tão grosso que parecia uma bíblia. Preto e de capa dura. Eu já sabia o título de cor: “Marta, a Árvore e o Relógio”. Não consegui ler o nome do autor, mas para engatilhar conversa com o atento leitor, fui à Biblioteca Municipal do meu bairro, vorazmente resolvida a ler o tal livro.

            “A senhora não sabe o autor e nem a editora?”, perguntou-me a educada atendente. “Assim fica mais difícil, senhora, mas vamos tentar. Sabe o assunto?”.  “Bem, se soubesse o assunto não precisaria ler, não é verdade”?, respondi-lhe na minha mal-educada forma de não mostrar que sou uma preguiçosa no que concerne à literatura.

            A maioria dos livros que leio é técnica e de medicina. Ou um romance bem açucarado. Daí, minha paixão à primeira vista pelo Dagoberto. Foi só uma passada por ele e ao sentir o perfume, pronto — caí de quatro como mosca abatida por inseticida. “Senhora?!”, voltou-me à realidade a simpática bibliotecária.

            Percebi a grosseria de minha colocação e pedi desculpas com um “Obrigada. Volto outro dia com mais dados catalográficos sobre o livro”. Confesso que só li alguns livros que foram obrigados por força de um absoluto e necessário rendimento escolar para passar ao ano seguinte. Faço parte daqueles brasileiros que teimam em machucar os livros fazendo orelhinhas para marcação de página.

            E alguns clássicos obrigatórios me pegaram com calças curtas. Hoje, diria a qualquer um que sou uma pessoa traumatizada por livros. Arrumaria mil argumentos para esta justificativa de fútil sabedoria. Sei lá, era balconista numa Livraria e uma estante inteira caiu sobre mim. José de Alencar se uniu ao Machado de Assis e me ameaçaram se os deixasse cair novamente.

            Seria uma desculpa plausível, creio. Fiquei remoendo essa ridícula desculpa para começar a interagir com Dagoberto, qualquer coisa seria preciso, além de navegar, como diria o Pessoa. Nossa! Do jeito que ele é fissurado em livros já deve ter lido tudo de Fernando Pessoa, inclusive tudo o que escreveram seus heterônimos. Telefonei para Alexandra.

           

            “Você quer ir a uma biblioteca, mãezona?!” Aquilo me enfureceu. “Está pensando o quê? Que sou uma burra? Claro que quero ler alguma coisa mais interessante do que essas historinhas para caducos que tem aqui e com letras garrafais. Pensam que além de caducos, somos cegos.”

            Vesti-me o mais elegante possível e fiquei feito um poste em frente à recepção do asilo onde moro. Os idiotas chamam isso aqui de “Casa de Repouso”, principalmente os filhos, para amenizar um pouco a culpa por terem colocado os pais aqui. Ah, em tempo, a elegância toda foi porque por acaso vi o Dagoberto avisando ao porteiro que ia à Biblioteca Municipal. 

            Os mais saudáveis podem sair sozinhos. É o meu caso, mas preciso da Alexandra para chegar mais rápido e encontrá-lo a tempo de que acredite que visito a Biblioteca tanto quanto ele. Perdi a carteira de motorista por excesso de multas e não estou a fim de frequentar nenhuma escolinha com a minha idade. Era só que me faltava. 

            Jamais fui dependente, mas isso, neste momento da minha vida é o meu ideal de dependência. Quem sabe na próxima vinda, ele já não me convide? Aproveito, para esclarecer também que eu, pessoalmente, quando comecei a precisar de muitos médicos, resolvi me asilar. Gosto mais desta palavra, pois me sinto como se, por motivos políticos, estivesse morando em outro país.

            Acho-a mais digna do que repousar. Para que vou querer repousar, se daqui a pouco estarei repousando na eternidade proporcionada pela tocaia da morte? Quando disse à Alexandra que estava me mudando para um asilo, ela chorou muito. Insistiu para que fosse morar com ela. Deus me livre, pensei com meus vários anéis! Não uso botões, pois não consigo fechá-los.

            Não consigo mais fazer determinadas coisas, mas ainda estou lúcida o suficiente para não ter que aguentar o choro dos trigêmeos. Com três qualquer avó não tem tempo nem de deseducar. Minha filha sempre foi exagerada. Conheceu o marido numa viagem de negócios. Dentro do avião mesmo já trocaram confidências.

            Mãos de lá, mãos de cá, troca de telefones e seis meses depois estavam se casando. Engravidou logo de cara. Tinha que ter logo uma penca de filhos como se fossem bananas. Estou fora!

            Assim, quando for à casa dela, serei sempre uma visita. Quando minhas falanges, falanginhas e falangetas começaram a brigar entre si e me proporcionaram dores horríveis nas mãos, resolvi vender o meu apartamento de quatrocentos metros quadrados que me obrigava a ter duas empregadas malcriadas e turronas. Mandei ambas ao inferno e resolvi minha questão.

            Vim visitar o asilo. Escolhi o meu quarto que é grande; com uma bela banheira de mármore e uma saleta com um sofá; uma mesa redonda onde jogo tranca com minha amiga Julieta; a única do populacho que detesta ser chamada de melhor idade e de quem gosto muito. Queria saber quem foi o cretino que qualificou essa de melhor idade. É dor para todos os lados.

            Abomino quaisquer trabalhos manuais, pois a artrite, apesar dos cuidados constantes do ortopedista, briga pesado com meus dedos. E essa gentinha adora fazer tricô, crochê, bordado e essas baboseiras todas que ainda vendem num bazar que fazemos todo final de mês. Participo com alguns cuidados médicos. Sou dermatologista.

            Eu, hein? Tenho até uma rodinha que uso para segurar o baralho. E quando todos vão dormir, chamo a Ju que já vem com um licorzinho que mantém sempre escondido debaixo da cama. Ela dá propina para a empregada da filha trazer. Isso é moda no nosso país: a propinação. Acho que a filha finge que não sabe, pois, a desgraçada quer que a mãe morra logo de cirrose hepática para se livrar da mensalidade que é amarga para chuchu.

            Somos adeptas convictas da propina. Eu propino o jardineiro que esconde os meus charutos em sua casa e sempre deixa um escondido na pequena varanda. Tanto eu quanto a Ju, depois de pequenos intervalos, fumamos nossos charutos com muita classe. Dir-me-ão os senhores indignados: “charutos?! Que coisa deselegante!”. 

            Pois, dir-lhes-ei de cima de meus sessenta e cinco anos que com essa idade, tenho mais é que andar na contramão da lei. Tudo para mim é permitido. Livre, leve e solto. Bem, do meu lado, só tenho os “ites” pertinentes aos números de idade que se vive. Fazer o quê, né? Mas, eu mesma pago o meu asilo voluntário com minha aposentadoria de médica e meu marido me deixou muito bem financeiramente.

            Aliás, temos que nos orgulhar de não sermos ainda uma caveirinha e não de estarmos na melhor idade, ora essa! E, além do mais, agora estou apaixonadíssima pelo leitor de “Marta, o Relógio e a Árvore”, de Jorge Andrade. Desculpe, seu Jorge, pela ignorância. Agora eu sei que o senhor é o autor.  Meus respeitos.

            E sei que o livro é uma coletânea de dez textos teatrais. Agradeci aos céus, pois creio que ler falas de diversas personagens é bem mais rápido e fácil do que ler um romance. E isso me deu mais um argumento para me aproximar do Dagô. Já me sinto tão dona do pedaço que coloquei nele um diminutivo carinhoso.

            Depois de infinitos quinze minutos, Alexandra chegou já dizendo que só ia me deixar na Biblioteca; pois um dos trigêmeos estava com catapora; coisa que fatalmente iria contaminar os demais, e sua próxima ação seria montar uma equipe hospitalar na própria casa para ajudá-la com os pequenos enfermos. Imaginem se eu tivesse ido morar lá? Nem catapora tive, seria uma promissora vítima.

            Hoje, acho que os céus estão de bem comigo, pois ia sugerir exatamente isso: que ela só me deixasse lá, pois fingindo, não perceber, vi quando o Dagô tirou o seu carro da garagem. Daria um jeito de vir com ele, evidente. E mais, pediria que me ajudasse a localizar outro livro que vou pegar apenas para impressionar: o Holocausto, de Martin Gilbert.

            Tive essa ideia quando soube pela fofoqueira de plantão, Elisa Borel, que ele é um judeu francês. Tem um sotaque três chic. Apaixonei-me mais ainda. Adoro filmes sobre a Segunda Guerra Mundial. E adoro a história do povo judeu. Um povo com têmpera e personalidade. Cheguei ao objeto de minha paixão. Mais uma vez, graças aos céus, deu tempo.

            Alexandra quase me jogou para fora do carro ainda em movimento. Jogou, igualmente, um beijo quando já tinha dado a partida. Ainda bem, de repente o vírus da catapora estava em suas roupas, pensei quase com maldade. Só me faltava agora que estou com a boca na botija, ficar cheia de pintinhas vermelhas. De soslaio, vi-o procurando um livro numa prateleira.

            Puxa, já tinha terminado de ler o Jorge?! Caramba, desse jeito vai ficar difícil a minha conquista. Eu teria que esconder o livro na bolsa, para depois procurar o Holocausto, quando, então, fingiria tê-lo encontrado e pediria ajuda. Deu para entenderem o xis da questão? Pura matemática com sua manjada incógnita.

            O golpe é esse, leio o Jorge Andrade no meu quarto para uma primeira discussão e depois, desço ao jardim ensolarado, de preferência nos primeiros raios da manhã com o Holocausto em punho como uma flecha de Cupido. Vai ser de doer, pois pela Internet, o livro também é grosso e as letrinhas miúdas. Dagô gosta de ler também ao final da tarde quando ela cai avermelhada sobre o adormecer do sol.

            O duro vai ser dispensar o licorzinho e o joguinho com a Ju. Ficamos até tarde. Agora, tenho que acordar mais cedo. O populacho vai estranhar, pois sou sempre a última a tomar o café da manhã. Mas, tudo bem, a cachoeira começa com uma gota d’água e vejam no que ela se transforma, não é mesmo? E toda caminhada começa com o primeiro passo. Ô paixão! Dei até para metaforizar.

            —Ah, desculpe-me, que desastrada (desculpa número um) mas, o senhor é...

            —Não tem importância, Dª. Emília, a senhora precisa de ajuda?

            Puxa, agora não precisava nem mais de desculpas. Caros leitores, se aguçarem os ouvidos, escutarão como o meu coração está fora de controle. Parece a bateria de uma Escola de Samba com mais de quatro mil integrantes. Finalmente, entendi o porquê da “melhor idade”! É que a gente se apaixona como uma adolescente. O coração dá mais tuntuns do que chuchu na serra.

            Aff! Acho que nem conhecem essa expressão, né? Se olharem pela grande janela da Biblioteca, verão todas as cores de um arco-íris misturadas e cheias de estrelinhas pisca-pisca e bolinhas de sabão coloridas. Sofri uma síncope linguística, ou seja, fiquei muda.

            —A senhora precisa de ajuda, Dª. Emília?, insistiu o inocente que mal sabia que serviria do cordeiro para a minha particular imolação em breves dias.   Claro está que precisaria primeiro recuperar a elocução que sempre tive. Ele sabia o meu nome e me olhava de uma forma que, confesso, acendeu brasas nas minhas cinzas. Nem posso colocar a culpa do calor na menopausa, pois isso já foi há muitas pausas.

            —Ah, claro que pode, quero ler o Holocausto de...

            —Acompanhe-me, pois sei exatamente onde ele está. Reli-o recentemente.

            Como assim, reli?! Agora, gelei, pois teria que ler realmente o tal livro com a máxima concentração, fazer uma análise literária e, quiçá, um roteiro para o dia que iria conversar sobre ele. Ou seja, teria que dar uma de exímia professora de Literatura. O pior veio agora. Minha gente, caí na estupidez de perguntar:

            —O senhor faz o quê, digo, qual é a sua profissão?

            —Sou professor de Literatura e Diretor de Teatro.

            Assim, na bucha, sem quaisquer permissões às dúvidas. Puta que pariu! Como diziam meus alunos da Universidade: “mifu”. Não poderia, de sã consciência, levar um papo sobre Literatura com um especializado no assunto. Discutindo isso à noitinha com a Ju, ela como sempre bem mais prática do que eu:

            —Mas, afinal, o seu interesse nele não é só a horizontalidade do ato sexual?

            —Também não precisa ser tão direta, Ju! E, depois, há também a verticalidade do tal ato. Não vê filmes americanos?

            —Para quê tanta literariedade? Não sei onde eu li que a mulher quanto mais burra e desinformada for, mais o homem baba. Se quer ler alguma coisa, que seja sobre o sexo, as novas posições e os etcs., principalmente, os etcs., pois com nossa idade... Essa da verticalidade americana já “elvis”. Vai é adquirir um belo problema lombar.

            —Você está com inveja. Já disse que alternarei os dias. Um dia fico com ele, noutro fico com você, o jogo, o charuto e a bebida. Uma Las Vegas completa. Palavra!

            —Cá entre nós, amiga, como é que consegue ter tantas brasas assim nas cinzas? Já pensou se ele não curtir a dita cuja? Afinal, a responsabilidade maior do ato é do homem. E se, por acaso, ele não estiver a fim de dar conta de recado nenhum nestas alturas da vida? Afinal de contas, por que estaria morando num asilo?

            —Para nos encontrarmos, ora! Calma lá, a olhada que ele me deu me deixou à beira de um fogo de artifício. Aquilo não era um olhar, mas uma pirotecnia completa. Não acredito que aquele monumento seja... O que quer dizer na bicha, quero dizer, na bucha?

            —Quero dizer na bucha que quem lhe garante que ele não seja um amante de coisas iguais? Afinal, temos mais afinidades com o que conhecemos.

            —Não tinha pensando nesta hipótese. Não e não. Quaisquer alternativas, até Nenhuma Das Anteriores, mas essa não, definitivamente. O Dagô bicha, qual é?! Deus não iria criar um ser humano com todo aquele charme, com todo aquele olhar reacendedor de brasas assim de graça. Ele o criou para uma mulher com muito amor ainda capaz de lhe dar muitos “ais e uis”.

            Mas, a Ju conseguiu jogar uma pá da cal na minha fogueira. Resolvi, entre uma leitura e outra, observá-lo mais de perto. Fiquei dois dias sem aparecer nos lugares que ele mais frequentava e, depois de ter lido pelo menos, três das dez peças do seu Jorge de Andrade, resolvi dar uma sondada no guapo. Eu o segui alguns dias e sempre ele fazia o mesmo itinerário: ou ia à Biblioteca ou à casa do filho.

            Eu ficava de longe observando e ele saía com o neto de uns doze anos para almoçar geralmente aos sábados. Diante deste comportamento tão ubíquo quanto Deus, senti-me segura para garantir à Ju que ele era hétero, ou melhor, com aquilo tudo de bagagem, heteríssimo. Resolvi enfiar a canoa no meu rio e navegar em busca do meu peixe. Evitarei, claro, falar sobre Teatro e Literatura, mas se ele puxasse o assunto, já havia lido também algumas páginas do Holocausto.

            E munida destes apetrechos mais ou menos literatas, dirigi-me à escada para o que chamei de “leitura” para aplacar minhas brasas que ainda ardem sob as cinzas. Na primeira curvinha que dá acesso à alameda do jardim, senti-me puxada pelo braço e embaixo de uma trepadeira frondosíssima que dá para esconder até um elefante, lá estava Dagô me adentrando os olhos como um hipnótico mágico.

            —Por onde andou?

            Perguntou-me com seu sotaque afrancesado que soaram como notas de uma partitura de Wagner: forte, máscula e inebriante. O perfume: “ó, céus!” Na hora mandei em pensamentos um “enfie essa pá da cal na...” para Ju e me enfiei de cabeça naquela aventura tão gostosa que doía tudo por dentro. Sabiam que o amor dói?

            E mais, o amor no tempo dos “entas” é muito mais cordato, companheiro e compartilhado. E mais ainda (isso está parecendo um problema aritmético), que escondemos muitas brasas ainda quentes embaixo de nossas cinzas.  E com amor, todo dia somos fênices. Tornei-me o seu objeto e ele o meu sujeito. Hoje a imolada sou eu. Querem saber do que mais?

            Nunca discutimos literatura. Pensar que li o Holocausto inteirinho, juro! Discutimos filosofia; matemática; psicologia; mas nunca e em tempo algum, como a pessoa que apenas quer me amar; ele, apesar de eu insistir, discute literatura. Diz rindo que não gosta de falar de trabalho na cama. Fico doida quando penso no tempo que perdi.

            É um cavalheiro, pois percebeu, com certeza, que o estava espreitando todo o tempo como uma leoa cheia de apetite. E mais uma vez agradecendo ao céu que me acoberta, hoje lemos juntos o mesmo livro o que ele faz com maestria, pois também é ator, com o seu suave e estonteante sotaque trés chic.

            É gente, o amor acontece em qualquer tempo e lugar. Seja o seu rio que é como a hora que nunca volta, mas corre sempre para o seu mar e para um lugar fictício chamado presente, pois o futuro é ilusório e na nossa idade é ótimo se o consideramos sempre hoje.

            O passado?! O que é isso que chamam de passado? Ele serve apenas para nos lembrar que somos um livro impresso de tudo o que já vivemos, cuja capa se chama EXPERIÊNCIA. Hoje, como dois enamorados inconsequentes, continuamos cada um no seu cantinho e nos encontramos às escondidas em dias alternados e em lugares também para não entrarmos na rotina.

            Temos um coração talhado no jardim com nossas iniciais. Pode uma coisa dessa? Pensei que isso ficaria enterrado em minhas lembranças lá na longínqua juventude. Mas qual! Minha juventude está no meu presente. No acordar de um novo dia. Minha juventude ressurgiu glamorosa das cinzas onde ainda tenho muitas brasas para nos aquecer.

            E como uma fênix, um dia eu curto a Ju e em outro o Dagô.  

            Ah, já ia me esquecendo: sejam meus discretos aliados e não contem nada à Direção, OK? 


Conto escrito por
Edih Longo

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima
Eliane Rodrigues
Francisco Caetano 
Gisela Lopes Peçanha
Lígia Diniz Donega
Márcio André Silva Garcia
Paulo Luís Ferreira
Pedro Panhoca
Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO

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