Brasas nas Cinzas
de Edih Longo
Como
todas as manhãs, Dagoberto estava absorto com os olhos enfiados entre as letras
de seu livro. Era tão grosso que parecia
uma bíblia. Preto e de capa dura. Eu já sabia o título de cor: “Marta, a Árvore
e o Relógio”. Não consegui ler o nome do autor, mas para engatilhar conversa
com o atento leitor, fui à Biblioteca Municipal do meu bairro, vorazmente
resolvida a ler o tal livro.
“A senhora não sabe o autor e nem a
editora?”, perguntou-me a educada atendente. “Assim fica mais difícil, senhora,
mas vamos tentar. Sabe o assunto?”.
“Bem, se soubesse o assunto não precisaria ler, não é verdade”?,
respondi-lhe na minha mal-educada forma de não mostrar que sou uma preguiçosa
no que concerne à literatura.
A maioria dos livros que leio é técnica
e de medicina. Ou um romance bem açucarado. Daí, minha paixão à primeira vista pelo
Dagoberto. Foi só uma passada por ele e ao sentir o perfume, pronto — caí de
quatro como mosca abatida por inseticida. “Senhora?!”, voltou-me à realidade a simpática
bibliotecária.
Percebi a grosseria de minha
colocação e pedi desculpas com um “Obrigada. Volto outro dia com mais dados
catalográficos sobre o livro”. Confesso que só li alguns livros que foram
obrigados por força de um absoluto e necessário rendimento escolar para passar
ao ano seguinte. Faço parte daqueles brasileiros que teimam em machucar os
livros fazendo orelhinhas para marcação de página.
E alguns clássicos obrigatórios me
pegaram com calças curtas. Hoje, diria a qualquer um que sou uma pessoa
traumatizada por livros. Arrumaria mil argumentos para esta justificativa de
fútil sabedoria. Sei lá, era balconista numa Livraria e uma estante inteira
caiu sobre mim. José de Alencar se uniu ao Machado de Assis e me ameaçaram se
os deixasse cair novamente.
Seria uma desculpa plausível, creio.
Fiquei remoendo essa ridícula desculpa para começar a interagir com Dagoberto,
qualquer coisa seria preciso, além de navegar, como diria o Pessoa. Nossa! Do
jeito que ele é fissurado em livros já deve ter lido tudo de Fernando Pessoa,
inclusive tudo o que escreveram seus heterônimos. Telefonei para Alexandra.
“Você quer ir a uma biblioteca,
mãezona?!” Aquilo me enfureceu. “Está pensando o quê? Que sou uma burra? Claro
que quero ler alguma coisa mais interessante do que essas historinhas para
caducos que tem aqui e com letras garrafais. Pensam que além de caducos, somos
cegos.”
Vesti-me o mais elegante possível e
fiquei feito um poste em frente à recepção do asilo onde moro. Os idiotas
chamam isso aqui de “Casa de Repouso”, principalmente os filhos, para amenizar
um pouco a culpa por terem colocado os pais aqui. Ah, em tempo, a elegância
toda foi porque por acaso vi o Dagoberto avisando ao porteiro que ia à
Biblioteca Municipal.
Os mais saudáveis podem sair
sozinhos. É o meu caso, mas preciso da Alexandra para chegar mais rápido e
encontrá-lo a tempo de que acredite que visito a Biblioteca tanto quanto ele. Perdi
a carteira de motorista por excesso de multas e não estou a fim de frequentar
nenhuma escolinha com a minha idade. Era só que me faltava.
Jamais fui dependente, mas isso,
neste momento da minha vida é o meu ideal de dependência. Quem sabe na próxima
vinda, ele já não me convide? Aproveito, para esclarecer também que eu, pessoalmente,
quando comecei a precisar de muitos médicos, resolvi me asilar. Gosto mais
desta palavra, pois me sinto como se, por motivos políticos, estivesse morando
em outro país.
Acho-a mais digna do que repousar. Para que vou querer repousar,
se daqui a pouco estarei repousando na eternidade proporcionada pela tocaia da
morte? Quando disse à Alexandra que estava me mudando para um asilo, ela chorou
muito. Insistiu para que fosse morar com ela. Deus me livre, pensei com meus
vários anéis! Não uso botões, pois não consigo fechá-los.
Não consigo mais fazer determinadas
coisas, mas ainda estou lúcida o suficiente para não ter que aguentar o choro
dos trigêmeos. Com três qualquer avó não tem tempo nem de deseducar. Minha
filha sempre foi exagerada. Conheceu o marido numa viagem de negócios. Dentro
do avião mesmo já trocaram confidências.
Mãos de lá, mãos de cá, troca de telefones
e seis meses depois estavam se casando. Engravidou logo de cara. Tinha que ter
logo uma penca de filhos como se fossem bananas. Estou fora!
Assim, quando for à casa dela, serei
sempre uma visita. Quando minhas falanges, falanginhas e falangetas começaram a
brigar entre si e me proporcionaram dores horríveis nas mãos, resolvi vender o
meu apartamento de quatrocentos metros quadrados que me obrigava a ter duas
empregadas malcriadas e turronas. Mandei ambas ao inferno e resolvi minha
questão.
Vim visitar o asilo. Escolhi o meu
quarto que é grande; com uma bela banheira de mármore e uma saleta com um sofá;
uma mesa redonda onde jogo tranca com minha amiga Julieta; a única do populacho
que detesta ser chamada de melhor idade e de quem gosto muito. Queria saber quem
foi o cretino que qualificou essa de melhor idade. É dor para todos os lados.
Abomino quaisquer trabalhos manuais,
pois a artrite, apesar dos cuidados constantes do ortopedista, briga pesado com
meus dedos. E essa gentinha adora fazer tricô, crochê, bordado e essas
baboseiras todas que ainda vendem num bazar que fazemos todo final de mês. Participo
com alguns cuidados médicos. Sou dermatologista.
Eu, hein? Tenho até uma rodinha que
uso para segurar o baralho. E quando todos vão dormir, chamo a Ju que já vem
com um licorzinho que mantém sempre escondido debaixo da cama. Ela dá propina
para a empregada da filha trazer. Isso é moda no nosso país: a propinação. Acho
que a filha finge que não sabe, pois, a desgraçada quer que a mãe morra logo de
cirrose hepática para se livrar da mensalidade que é amarga para chuchu.
Somos adeptas convictas da propina.
Eu propino o jardineiro que esconde os meus charutos em sua casa e sempre deixa
um escondido na pequena varanda. Tanto eu quanto a Ju, depois de pequenos
intervalos, fumamos nossos charutos com muita classe. Dir-me-ão os senhores
indignados: “charutos?! Que coisa deselegante!”.
Pois, dir-lhes-ei de cima de meus
sessenta e cinco anos que com essa idade, tenho mais é que andar na contramão
da lei. Tudo para mim é permitido. Livre, leve e solto. Bem, do meu lado, só
tenho os “ites” pertinentes aos números de idade que se vive. Fazer o quê, né?
Mas, eu mesma pago o meu asilo voluntário com minha aposentadoria de médica e
meu marido me deixou muito bem financeiramente.
Aliás, temos que nos orgulhar de não
sermos ainda uma caveirinha e não de estarmos na melhor idade, ora essa! E, além
do mais, agora estou apaixonadíssima pelo leitor de “Marta, o Relógio e a
Árvore”, de Jorge Andrade. Desculpe, seu Jorge, pela ignorância. Agora eu sei
que o senhor é o autor. Meus respeitos.
E sei que o livro é uma coletânea de
dez textos teatrais. Agradeci aos céus, pois creio que ler falas de diversas
personagens é bem mais rápido e fácil do que ler um romance. E isso me deu mais
um argumento para me aproximar do Dagô. Já me sinto tão dona do pedaço que
coloquei nele um diminutivo carinhoso.
Depois de infinitos quinze minutos,
Alexandra chegou já dizendo que só ia me deixar na Biblioteca; pois um dos
trigêmeos estava com catapora; coisa que fatalmente iria contaminar os demais,
e sua próxima ação seria montar uma equipe hospitalar na própria casa para
ajudá-la com os pequenos enfermos. Imaginem se eu tivesse ido morar lá? Nem
catapora tive, seria uma promissora vítima.
Hoje, acho que os céus estão de bem
comigo, pois ia sugerir exatamente isso: que ela só me deixasse lá, pois
fingindo, não perceber, vi quando o Dagô tirou o seu carro da garagem. Daria um
jeito de vir com ele, evidente. E mais, pediria que me ajudasse a localizar
outro livro que vou pegar apenas para impressionar: o Holocausto, de Martin
Gilbert.
Tive essa ideia quando soube pela
fofoqueira de plantão, Elisa Borel, que ele é um judeu francês. Tem um sotaque três chic. Apaixonei-me mais ainda.
Adoro filmes sobre a Segunda Guerra Mundial. E adoro a história do povo judeu.
Um povo com têmpera e personalidade. Cheguei ao objeto de minha paixão. Mais
uma vez, graças aos céus, deu tempo.
Alexandra quase me jogou para fora
do carro ainda em movimento. Jogou, igualmente, um beijo quando já tinha dado a
partida. Ainda bem, de repente o vírus da catapora estava em suas roupas, pensei
quase com maldade. Só me faltava agora que estou com a boca na botija, ficar
cheia de pintinhas vermelhas. De soslaio, vi-o procurando um livro numa
prateleira.
Puxa, já tinha terminado de ler o
Jorge?! Caramba, desse jeito vai ficar difícil a minha conquista. Eu teria que
esconder o livro na bolsa, para depois procurar o Holocausto, quando, então,
fingiria tê-lo encontrado e pediria ajuda. Deu para entenderem o xis da
questão? Pura matemática com sua manjada incógnita.
O golpe é esse, leio o Jorge Andrade
no meu quarto para uma primeira discussão e depois, desço ao jardim ensolarado,
de preferência nos primeiros raios da manhã com o Holocausto em punho como uma
flecha de Cupido. Vai ser de doer, pois pela Internet, o livro também é grosso e as letrinhas miúdas. Dagô gosta
de ler também ao final da tarde quando ela cai avermelhada sobre o adormecer do
sol.
O duro vai ser dispensar o
licorzinho e o joguinho com a Ju. Ficamos até tarde. Agora, tenho que acordar
mais cedo. O populacho vai estranhar, pois sou sempre a última a tomar o café
da manhã. Mas, tudo bem, a cachoeira começa com uma gota d’água e vejam no que
ela se transforma, não é mesmo? E toda caminhada começa com o primeiro passo. Ô
paixão! Dei até para metaforizar.
—Ah, desculpe-me, que desastrada
(desculpa número um) mas, o senhor é...
—Não tem importância, Dª. Emília, a
senhora precisa de ajuda?
Puxa, agora não precisava nem mais
de desculpas. Caros leitores, se aguçarem os ouvidos, escutarão como o meu
coração está fora de controle. Parece a bateria de uma Escola de Samba com mais
de quatro mil integrantes. Finalmente, entendi o porquê da “melhor idade”! É
que a gente se apaixona como uma adolescente. O coração dá mais tuntuns do que
chuchu na serra.
Aff! Acho que nem conhecem essa
expressão, né? Se olharem pela grande janela da Biblioteca, verão todas as
cores de um arco-íris misturadas e cheias de estrelinhas pisca-pisca e bolinhas
de sabão coloridas. Sofri uma síncope linguística, ou seja, fiquei muda.
—A senhora precisa de ajuda, Dª.
Emília?, insistiu o inocente que mal sabia que serviria do cordeiro para a
minha particular imolação em breves dias. Claro
está que precisaria primeiro recuperar a elocução que sempre tive. Ele sabia o
meu nome e me olhava de uma forma que, confesso, acendeu brasas nas minhas
cinzas. Nem posso colocar a culpa do calor na menopausa, pois isso já foi há
muitas pausas.
—Ah, claro que pode, quero ler o
Holocausto de...
—Acompanhe-me, pois sei exatamente
onde ele está. Reli-o recentemente.
Como assim, reli?! Agora, gelei,
pois teria que ler realmente o tal livro com a máxima concentração, fazer uma
análise literária e, quiçá, um roteiro para o dia que iria conversar sobre ele.
Ou seja, teria que dar uma de exímia professora de Literatura. O pior veio
agora. Minha gente, caí na estupidez de perguntar:
—O senhor faz o quê, digo, qual é a
sua profissão?
—Sou professor de Literatura e
Diretor de Teatro.
Assim, na bucha, sem quaisquer
permissões às dúvidas. Puta que pariu! Como diziam meus alunos da Universidade:
“mifu”. Não poderia, de sã consciência, levar um papo sobre Literatura com um
especializado no assunto. Discutindo isso à noitinha com a Ju, ela como sempre
bem mais prática do que eu:
—Mas, afinal, o seu interesse nele
não é só a horizontalidade do ato sexual?
—Também não precisa ser tão direta,
Ju! E, depois, há também a verticalidade do tal ato. Não vê filmes americanos?
—Para quê tanta literariedade? Não
sei onde eu li que a mulher quanto mais burra e desinformada for, mais o homem
baba. Se quer ler alguma coisa, que seja sobre o sexo, as novas posições e os etcs.,
principalmente, os etcs., pois com nossa idade... Essa da verticalidade
americana já “elvis”. Vai é adquirir um belo problema lombar.
—Você está com inveja. Já disse que
alternarei os dias. Um dia fico com ele, noutro fico com você, o jogo, o charuto
e a bebida. Uma Las Vegas completa. Palavra!
—Cá entre nós, amiga, como é que
consegue ter tantas brasas assim nas cinzas? Já pensou se ele não curtir a dita
cuja? Afinal, a responsabilidade maior do ato é do homem. E se, por acaso, ele
não estiver a fim de dar conta de recado nenhum nestas alturas da vida? Afinal
de contas, por que estaria morando num asilo?
—Para nos encontrarmos, ora! Calma
lá, a olhada que ele me deu me deixou à beira de um fogo de artifício. Aquilo
não era um olhar, mas uma pirotecnia completa. Não acredito que aquele
monumento seja... O que quer dizer na bicha, quero dizer, na bucha?
—Quero dizer na bucha que quem lhe
garante que ele não seja um amante de coisas iguais? Afinal, temos mais
afinidades com o que conhecemos.
—Não tinha pensando nesta hipótese. Não
e não. Quaisquer alternativas, até Nenhuma Das Anteriores, mas essa não,
definitivamente. O Dagô bicha, qual é?! Deus não iria criar um ser humano com
todo aquele charme, com todo aquele olhar reacendedor de brasas assim de graça.
Ele o criou para uma mulher com muito amor ainda capaz de lhe dar muitos “ais e
uis”.
Mas, a Ju conseguiu jogar uma pá da
cal na minha fogueira. Resolvi, entre uma leitura e outra, observá-lo mais de
perto. Fiquei dois dias sem aparecer nos lugares que ele mais frequentava e,
depois de ter lido pelo menos, três das dez peças do seu Jorge de Andrade,
resolvi dar uma sondada no guapo. Eu o segui alguns dias e sempre ele fazia o
mesmo itinerário: ou ia à Biblioteca ou à casa do filho.
Eu ficava de longe observando e ele
saía com o neto de uns doze anos para almoçar geralmente aos sábados. Diante
deste comportamento tão ubíquo quanto Deus, senti-me segura para garantir à Ju
que ele era hétero, ou melhor, com aquilo tudo de bagagem, heteríssimo. Resolvi
enfiar a canoa no meu rio e navegar em busca do meu peixe. Evitarei, claro,
falar sobre Teatro e Literatura, mas se ele puxasse o assunto, já havia lido
também algumas páginas do Holocausto.
E munida destes apetrechos mais ou
menos literatas, dirigi-me à escada para o que chamei de “leitura” para aplacar
minhas brasas que ainda ardem sob as cinzas. Na primeira curvinha que dá acesso
à alameda do jardim, senti-me puxada pelo braço e embaixo de uma trepadeira
frondosíssima que dá para esconder até um elefante, lá estava Dagô me
adentrando os olhos como um hipnótico mágico.
—Por onde andou?
Perguntou-me com seu sotaque
afrancesado que soaram como notas de uma partitura de Wagner: forte, máscula e
inebriante. O perfume: “ó, céus!” Na hora mandei em pensamentos um “enfie essa
pá da cal na...” para Ju e me enfiei de cabeça naquela aventura tão gostosa que
doía tudo por dentro. Sabiam que o amor dói?
E mais, o amor no tempo dos “entas”
é muito mais cordato, companheiro e compartilhado. E mais ainda (isso está
parecendo um problema aritmético), que escondemos muitas brasas ainda quentes
embaixo de nossas cinzas. E com amor,
todo dia somos fênices. Tornei-me o seu objeto e ele o meu sujeito. Hoje a
imolada sou eu. Querem saber do que mais?
Nunca discutimos literatura. Pensar
que li o Holocausto inteirinho, juro! Discutimos filosofia; matemática;
psicologia; mas nunca e em tempo algum, como a pessoa que apenas quer me amar;
ele, apesar de eu insistir, discute literatura. Diz rindo que não gosta de
falar de trabalho na cama. Fico doida quando penso no tempo que perdi.
É um cavalheiro, pois percebeu, com
certeza, que o estava espreitando todo o tempo como uma leoa cheia de apetite.
E mais uma vez agradecendo ao céu que me acoberta, hoje lemos juntos o mesmo
livro o que ele faz com maestria, pois também é ator, com o seu suave e
estonteante sotaque trés chic.
É gente, o amor acontece em qualquer
tempo e lugar. Seja o seu rio que é como a hora que nunca volta, mas corre
sempre para o seu mar e para um lugar fictício chamado presente, pois o futuro
é ilusório e na nossa idade é ótimo se o consideramos sempre hoje.
O
passado?! O que é isso que chamam de passado? Ele serve apenas para nos lembrar
que somos um livro impresso de tudo o que já vivemos, cuja capa se chama
EXPERIÊNCIA. Hoje, como dois enamorados inconsequentes, continuamos cada um no
seu cantinho e nos encontramos às escondidas em dias alternados e em lugares
também para não entrarmos na rotina.
Temos um coração talhado no jardim
com nossas iniciais. Pode uma coisa dessa? Pensei que isso ficaria enterrado em
minhas lembranças lá na longínqua juventude. Mas qual! Minha juventude está no
meu presente. No acordar de um novo dia. Minha juventude ressurgiu glamorosa
das cinzas onde ainda tenho muitas brasas para nos aquecer.
E como uma fênix, um dia eu curto a
Ju e em outro o Dagô.
Ah, já ia me esquecendo: sejam meus discretos aliados e não contem nada à Direção, OK?
CAL - Comissão de Autores Literários
Bruno Olsen
Cristina Ravela
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