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O Dom - Vidas do Árido: 1x01 (Season Premiere)

Série de Vitor Zucolotti
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O DOM - VIDAS DO ÁRIDO


1x01 (SEASON PREMIERE)



CENA 1 / CASA DE DOMÊNICO / INT. DIA – PLANO SEQUÊNCIA


CAM. SUBJETIVA – DOMÊNICO ESTÁ NUMA ESPÉCIE DE SALA DE ESPERA. OBSERVA AS CADEIRAS, CERCA DE VINTE, QUE ESTÃO DISPOTAS NA SALA, A MAIORIA OCUPADA. HOMENS, MULHERES, CRIANÇAS... ELE OBSERVA UM BEBÊ QUE CHORA NO COLO DA MÃE. ELE COMEÇA A ANDAR PELO RECINTO.


SUGESTÃO DE MÚSICA: CIRANDEIRO – EDU LOBO E MARIA BETHÂNIA.


DOMÊNICO SEGUE LENTAMENTE PELA SALA. UMA SENHORA SEGURA SUA MÃO E A BEIJA. A SALA DE ESPERA, PARA UMA OUTRA, ESPÉCIE DE ESCRITÓRIO, É SEPARADA POR AQUELAS CORTINAS DE CONTAS, BARULHENTAS. DOMÊNICO PASSA POR ELA. OLHA PARA O LADO.


MUDANÇA DE CÂMERA PARA CÂMERA OBJETIVA / QUE CONTINUA A ACOMPANHAR DOMÊNICO.


RAIMUNDA

Bom dia, meu querido! Já viu que hoje vai ter muito trabalho, né?

 

DOMÊNICO (dando um beijo em Raimundo e caminhando para o outro cômodo, uma espécie de sala de cirurgia. Raimunda vai atrás)

Nem me fale! Só de ver tanta gente assim, já chego a ficar doente de pensar na trabalheira que vai ser.

 

RAIMUNDA

Pois então sente-se. (Domênico senta)  Relaxe! Ore, reze, sei lá o que você achar necessário... (muda o tom) Eu sei que você não gosta, mas tenho que lhe dizer que recebemos uma ajuda daquelas, sabe? Quer que eu abra as janelas?

 

DOMÊNICO (já sentado)

Sim, por favor.

 

RAIMUNDA (abrindo as janelas, duas, que ficam na lateral da sala)

O seu Flores, lá do distrito de Amparo, mandou uns donativos e também dinheiro. Dinheiro que dá pra pagar muita coisa, inclusive comprar umas roupas pra você...

 

DOMÊNICO (sem deixar Raimunda falar)

Por mim, eu andava pelado...

 

RAIMUNDA

Mas não pode! Tem que cobrir o pinto! (se aproxima de Domênico que está sentado, bota as mãos em seu rosto) Você é um homem santo!

 

DOMÊNICO (ri alto)

Só você mesmo, Raimunda! Eu não sou santo, eu só tenho um dom... Ou uma maldição...

 

RAIMUNDA

Vira essa boca pra lá!

 

DOMÊNICO

Eu não sou santo, e nunca vou ser! (divaga) Eu preciso de afeto, eu preciso de amor... Eu não sei porque diabos fui agraciado, ou amaldiçoado, com esse poder. (Depois de relaxar, se bota em riste na cadeira, muda a feição) Mande logo o primeiro ser humano entrar.


MUSIC OFF.

 

CORTA PARA 


CENA 2 / CASA DE DOMÊNICO – SALA DE CURAS / INT. DIA


UM MENINO, CERCA DE NOVE, DEZ ANOS, ESTÁ NUMA CADEIRA DE RODAS. O PAI DO LADO DIREITO, A MÃE DO LADO ESQUERDO. OS PAIS AFLITOS. O MENINO OBSERVANDO TUDO ATENTO, COM UM MISTO DE DESCONFIANÇA COM CURIOSIDADE. DOMÊNICO O OBSERVA POR ALGUNS SEGUNDOS E SORRI.


DOMÊNICO

O seu filho é curioso minha senhora?

 

MULHER

É sim. Apesar de tudo o que aconteceu, ele é muito curioso ainda...

 

HOMEM

Desculpe seu doutor...

 

DOMÊNICO

Eu não sou médico, nem advogado. Me chame de você!

 

HOMEM

Então... Ele é um menino que não merecia o que aconteceu. Tinha só quatro anos quando a bala atingiu as costas e ele ficou desse jeito.

 

MULHER

O senhor consegue curar ele? Eu não aguento mais ver o meu filho desse jeito. Ele fica horas a fio sentado nessa cadeira observando as coisas no quintal. Sempre vendo as coisas acontecerem e não podendo participar... Ele tem um cachorro e, o sonho dele era brincar com o bichinho...

 

DOMÊNICO (para o menino)

Qual seu nome?

 

FRANCISCO (um pouco envergonhado)

Francisco. Mas a minha mãe e o meu pai me chamam de Chiquinho.

 

DOMÊNICO

Você quer voltar a andar?

 

FRANCISCO (estranhando a pergunta, olha para o pai e para a mãe rapidamente. Volta os olhos para Domênico)

Se eu pudesse...

 

DOMÊNICO

A gente pode tentar isso. A gente pode sim, Chiquinho... Mas antes eu queria saber uma coisa. Quando o filho de vocês foi baleado?


A MULHER E O HOMEM SE OLHAM. ELA ABAIXA A CABEÇA. O HOMEM OLHA PARA O FILHO E DEPOIS PARA O DOMÊNICO.

 

HOMEM (já com os olhos marejados e começando a chorar)

Fui eu! Eu tentei matar a minha mulher e... Acabou que o tiro acertou as costas, a ‘espinha’ do meu filho...

 

MULHER (interrompendo)

Mas eu tive culpa! Eu não fiz o que ele me pediu...

 

DOMÊNICO (aumentando o tom de voz)

Você vem aqui pra pedir que eu cure o seu filho, para que eu faça ele voltar a andar e, foi você quem atirou nele? Você ia matar a sua mulher por uma coisa qualquer... Matar? E depois do crime que cometeu – de deixar o seu filho inválido, ainda quer que eu cure ele?

 

HOMEM

Eu...

 

DOMÊNICO (para o menino)

Chiquinho, me responda uma coisa: o seu pai bate em você? Bate na sua mãe...

 

MULHER (falando na frente do filho)

Não! O meu marido é um homem bom...

 

DOMÊNICO OLHA COM PARA A MULHER COM OLHOS RAIVOSOS. NEM PRECISA DIZER PARA QUE ELA SE CALE.

 

FRANCISCO

O meu pai bebe. Tem vez que fica bravo e bate na mãe.


DOMÊNICO RESPIRA FUNDO E SUSPIRA. OLHA PARA O LADO ESQUERDO ONDE ESTÃO DOIS HOMENS: TONHO E ALMEIDA, ESPÉCIE DE SEGURANÇAS. SÓ ACENA COM A CABEÇA. OS DOIS VÃO RISPIDAMENTE ATÉ O HOMEM E O PEGAM, CADA UM, POR UM BRAÇO.

 

HOMEM (choramingando)

Por favor, meu senhor. Ajude meu filho...

 

MULHER (levantando e tentando ajudar o marido)

Por favor, deixem ele... Ele não fez nada...

 

DOMÊNICO

Ele fez sim! Ele atirou no seu filho, ele deixou seu filho aleijado! Mas na realidade ele queria te matar, sua burra! Ele bebe todos os dias, chega em casa e te enche de porrada e você fica com um traste desses?

 

A MULHER COMEÇA A CHORAR. O HOMEM CONTINUA ERGUIDO PELOS BRAÇOS PELOS DOIS HOMENS. O MENINO NA CADEIRA DE RODAS PARECE NÃO SE IMPORTAR COM A CENA. DOMÊNICO LEVANTA-SE E VAI ATÉ A MULHER.

 

DOMÊNICO (agressivo)

Quem tem que ser curado é o seu marido. Esse traste que causou a infelicidade do seu filho. Você quer isso? Você quer que eu cure o seu marido? Fala! Abre a porra da boca! E me diz o que diabos você quer!

 

MULHER (para de chorar na hora. A feição no rosto se torna dura e amarga)

Eu quero o meu filho curado!


DOMÊNICO RAPIDAMENTE DÁ UM TAPA NA TESTA DO HOMEM, QUE LEVA UM SUSTO. AO MESMO TEMPO QUE TONHO E ALMEIDA O SOLTAM E ELE CAÍ NO CHÃO. O HOMEM, ASSUSTADO, OLHA COM UM MISTO DE SURPRESA E MEDO PARA DOMÊNICO.

 

DOMÊNICO

A próxima vez que você ousar a tomar uma dose da branquinha, me escuta bem: você vai vomitar sangue. Depois disso, a segunda vez que você tentar beber vai sentir como se estivesse bebendo um copo de areia e quase vai morrer sufocado. Me escutou?

 

HOMEM (ainda caído no chão)

Sim senhor!

 

DOMÊNICO SE RECOMPÕE. O HOMEM SENTA-SE NUMA CADEIRA PERTO DA PAREDE.

 

MULHER

O senhor vai curar meu filho?

 

SUGESTÃO DE MÚSICA: PROCISSÃO – GILBERTO GIL


DOMÊNICO A OLHA POR SEGUNDOS, AFIRMA COM UM ACENO. A MULHER VOLTA A CHORAR, MAS UM CHORO DE FELICIDADE. ELA SORRI E FALA OBRIGADA SEM EMITIR O SOM DA PALAVRA.

 

DOMÊNICO

Tonho, Almeida. Peguem o Chiquinho. Passem os braços do menino em volta do pescoço de modo que ele fique e pé

 

OS CAPANGAS OBEDECEM.

 

FRANCISCO

Os meus pés não firmam, não moço.

 

DOMÊNICO

Eu sei... Mas hoje a sua vida vai mudar!

 

DOMÊNICO APOIA A MÃO DIREITA NAS COSTAS DO MENINO. A ESQUERDA APOIADA NA PARTE DA FRENTE, NA MESMA ALTURA. DOMÊNICO FECHA OS OLHOS. CLOSE NOS LÁBIOS DE DOMÊNICO FALANDO COISAS QUE NÃO SABEMOS O QUE, UMA REZA, TALVEZ.

 

DOMÊNICO (abrindo os olhos e indo de volta para sua cadeira, uma espécie de trono)

Podem sentar ele de novo.

 

TONHO E ALMEIDA OBDECEM O DOMÊNICO.

 

DOMÊNICO (para o menino)

Levanta. Anda.

 

FRANCISCO OLHA PARA DOMÊNICO AINDA MAIS DESCONFIADO. OLHA PARA A MÃE E PARA O PAI. OLHA PARA OS PÉS E DEPOIS PARA FRENTE.

 

DOMÊNICO

Pode confiar. Você não vai cair.

 

FRANCISCO SE APOIA NOS BRAÇOS DA CADEIRA DE RODAS, PARA SE ERGUER. O MENINO FICA DE PÉ. CAM FOCALIZA O ROSTO DA MULHER BOQUIARBERTA. EM SEGUIDA, O HOMEM PARECE VER UM MILAGRE. FRANCISCO DÁ UM PASSO. OS PAIS CORREM PARA ABRAÇÁ-LO.

 

MULHER (beijando a criança)

Meu filho! Você tá andando meu filho!

 

HOMEM (para Domênico)

Glória, Glórias ao senhor!

 

FRANCISCO (correndo e abraçando Domênico)

Obrigado! Eu vou poder subir na árvore lá do quintal. Eu vou poder correr com meu cachorro...

 

DOMÊNICO

Você vai poder fazer o que quiser nessa vida. Vai cuidar da sua mãe muito bem... O seu pai vai melhorar (em seguida olhando para o homem) ou então vai morrer de uma morte medonha. Mas você vai ser muito feliz meu menino.

 

DOMÊNICO SORRI. O HOMEM E A MULHER LHE CUMPRIMENTAM E PEGAM O FILHO. JÁ VIRANDO AS COSTAS PARA DOMÊNCIO.

 

DOMÊNICO

Uma coisa.

 

OS TRÊS SE VOLTAM A DOMÊNICO.

 

DOMÊNICO

O que aconteceu aqui só pode ser dito para três pessoas. Você Chiquinho, a sua mãe e o seu pai só podem falar isso com três pessoas. Escolham bem pra quem vão contar que existe um preto com um dom em Riqueza. Se contarem para mais pessoas você voltar a ficar aleijado e seu pai, provavelmente vai voltar a beber. Beber até morrer ou matar vocês dois. Podem ir. Fiquem com Deus.

 

OS TRÊS SE ENTREOLHAM. OS ROSTOS QUE ESTAVAM ASSUSTADOS PELA AMEAÇA VOLTAM A SORRIR E ELES SAEM DA SALA. O ROSTO DE DOMÊNICO É FOCALIZADO.

CORTA PARA

 

MUSIC OFF.


CENA 3 / IGREJA – SACRISTIA / INT. DIA.


PADRE EMERENCIANO ESTÁ SENTADO NA MESA. RODEADO DE MULHERES, AS BEATAS DO VILAREJO. ENTRE ELAS, MARINALVA E DORINHA.


MARINALVA

Padre, e ai? O que o senhor vai fazer?

 

DORINHA

Tá uma vergonha esse homem dando uma de Deus. Ele se acha Jesus!

 

PADRE EMERENCIANO

Diz ele que não, Dorinha. Eu, eu não vou fazer nada Marinalva. O prefeito já fez.

 

MARINALVA (abismada)

Como assim? Deu cabo do falso profeta?

 

PADRE EMERENCIANO (ríspido)

Que blasfêmia! Claro que não! A gente não usa violência, mulher! (se recompõe) Sabem aquela casinha que está sendo reformada?

 

DORINHA

Aquela casa onde morou a dona Lourdes?

 

PADRE EMERENCIANO

Isso mesmo. Agora, muito em breve, teremos uma unidade de saúde, um postinho! O médico já foi escolhido. Deve chegar logo em Riqueza.

 

MARINALVA (cínica)

Ciência?

 

PADRE EMERENCIANO

Melhor do que um falso profeta, não? Se o homem hoje conseguiu criar medicamentos é porque Deus quis assim! É ciência, mas a ciência a gente consegue controlar.  O que o Domênico faz...

 

MARINALVA (sorri)

Entendi. Com o postinho, as coisas ficam dentro do controle. A gente não precisa mais ter que ver esse festival de heresia, de mentira... Essa loucura insana que esse negro louco faz... Mas aqui Padre, esse falso profeta sabe da existência desse postinho?

 

PADRE EMERENCIANO

Não faço ideia, mas eu mesmo faço questão de ir contar a ele a novidade. O prazer de ver o desprazer no rosto do sujeito eu vou ter, sim (sorri e as outras beatas também).

 

CÂMERA SE AFASTA. TAKE DA CENA DE CIMA. NA SEQUÊNCIA CLOSE NA IMAGEM DE UMA SANTA, PERTO DA MESA.

CORTA PARA

 

CENA 4 / SALVADOR / EXT. DIA


MÚSICA ON: TU ME ACOSTUMBRESTE – CAETANO VELOSO


IMAGENS DA CIDADE. PESCADORES EM SEUS BARCOS. BAHIANAS VENDENDO ACARAJÉ NO PELOURINHO. A MOVIMENTAÇÃO NUMA SALVADOR DE 1975


CORTA PARA

 

CENA 5 / SALA DE ESTAR - SALVADOR / INT. DIA

A MÚSICA CONTINUA A TOCAR, DESSA VEZ NA VITROLA. A SALA É UMA TÍPICA DOS ANOS 70. A LUZ DO SOL ENTRA PELA JANELA CRIANDO UMA FAIXA LUMINOSA. DANIEL ABRE A PORTA.


DANIEL

Meu amor! Tenho novidades!

 

ALICE (saí da cozinha chegando a sala com um pano de prato no ombro e dá um beijo demorado no marido)

Tá esfuziante! Mas me diz, meu galã: quais são as boas novas?

 

DANIEL (sorrindo)

Acho melhor você sentar.

 

ALICE (estranhando, senta-se)

Eu hein... Fala logo meu bem! Que novidade é essa?

 

DANIEL (se ajoelha, pra falar com Alice olho no olho. Ele se apoia nos joelhos da mulher)

Depois de tudo, de todos os problemas que a gente teve, que eu tive, no caso... Eu consegui um emprego! Eu vou ser o médico responsável pela Unidade de Saúde de Riqueza!

 

ALICE (esboça um sorrido e em seguida faz um semblante confuso)

Eu fico feliz, meu amor, eu juro! Mas, aonde fica esse lugar?

 

DANIEL (levanta-se e começa a andar de um lado para o outro)

É uma espécie de vilarejo, nesses cantos aí do sertão, sabe? É uma oportunidade muito boa pra gente conseguir se reerguer! Eu vou comandar tudo lá! Vou atender gente que precisa de cuidados de verdade! E o melhor de tudo (ele ergue a esposa do sofá, segurando seus ombros) Eu vou ganhar bem! Vou poder cuidar de você direitinho! Quem sabe lá... (passa a mão na barriga da esposa) Quem sabe é lá o lugar pra gente ter um filho?

 

ALICE (olha para a mão do marido em seu ventre. E sem seguida sorri)

A gente vai conseguir! A gente vai ser feliz! A gente vai finalmente conseguir ter essa criança que falta pra deixar tudo perfeito... Quando a gente vai?

 

DANIEL

Semana que vem! Eu vou acertar tudo e a gente vai!

 

OS DOIS SE BEIJAM APAIXONADAMENTE. A CARÍCIA EVOLUI, O BEIJO FICA MAIS INTENSO. DANIEL PASSA A MÃO PARA DEBAIXO DA SAIA DA MULHER. ELA PEGA O PANO DE PRATO E ACERTA A MÃO DELE.

 

ALICE

Para! A gente encomenda essa criança depois... To com a comida no fogão.

 

DANIEL (ainda abraçado a mulher)

Deixa queimar! Vem aqui, vem...

 

ALICE (dando mais um beijo no marido. Tira a calcinha e joga na cara dele. Depois ela lança o pano de prato no chão)

A comida está no fogão...

 

DANIEL PEGA A CALCINHA DA MULHER, CHEIRA E SORRI. PEGA O PANO DE PRATO E CORRE PARA A COZINHA.

 

DANIEL (só se ouve a voz dele)

Tá mais, não! Acabei de apagar tudo! (voltando) Vem?

 

ALICE SORRI MALICIOSAMENTE E ABRAÇA O MARIDO.

CORTA PARA

 

CENA 6 / QUARTO – SALVADOR/ INT. DIA


MÚSICA ON : SUNSEED – RAUL SEIXAS


DANIEL E ALICE ENTRAM NO QUARTO. OS DOIS ESTÃO ABRAÇADOS, SE BEIJANDO. SE TROPEÇAM NA VONTADE ENTRE BEIJOS E RETIRANDO AS ROUPAS. ALICE LANÇA O MARIDO PARA CIMA DA CAMA. ELE SE AJEITA E VÊ O ‘BALÉ’ DA ESPOSA. ELA TIRA A BLUSINHA DE ALÇA QUE USAVA REVELANDO OS SEIOS. EM SEGUIDA, SOBE NA CAMA ‘ESCALANDO’ O MARIDO ATÉ ALCANÇAR-LHE A BOCA. O BEIJA E EM SEGUIDA LHE MODISCA O LÁBIO, ENQUANTO ELE TIRA A CAMISA DE BOTÃO. EM SEGUIDA, ELE SE LEVANTA, JÁ COM O DORSO NU. FICA DE PÉ ENQUANTO A ESPOSA SENTA-SE NA CAMA. ALICE FICA DE JOELHO NA CAMA, DE FRENTE PARA O MARIDO QUE A ABRAÇA E A BEIJA. AOS POUCOS ELE PERCORRE AS COSTAS NUAS DA MULHER E ABAIXA-LHE A SAIA, REVELANDO SUA BUNDA. ALICE CONTINUA BEIJANDO. AGORA BEIJA O PESCOÇO DELE. EM SEGUIDA PASSA PELO PEITORAL FORTE, PELA BARRIGA TRAÇADA. A CÂMERA SE POSICIONA DE MODO QUE PEGUE AS COSTAS DE DANIEL. DESSA POSIÇÃO, PODEMOS VER AS MÃOS ÁGEIS DE ALICE QUE, DESABOTOAM A CALÇA DE DANIEL, A ABAIXAM, MAIS UMA VEZ, DESSA VEZ A DELE, A BUNDA, FICA EVIDENTE. ALI PERCEBEMOS QUE A ESPOSA COMEÇA USAR A BOCA PARA O SEXO. DANIEL LEVANTA A CABEÇA PARA O TETO E SOLTA UM GEMIDO. CORTA PARA ELE DEITADO NA CAMA. ALICE SENTADA EM DANIEL, ‘CAVALGANDO O MARIDO’. ENQUANTO ELE COM AS MÃOS PERCORRE O PESCOÇO, OS SEUS E A CINTURA DA MULHER. ALICE GEME A CADA MOVIMENTO. DANIEL ARFA.


CORTA PARA

 

MUSIC OFF.


CENA 7 / RUA – LADO EXTERNO DA UNIDADE DE SAÚDE –RIQUEZA/ EXT. DIA 


MARINALVA E DORINHA SEGUEM EM UMA ESPÉCIE DE MARCHA, DE BRAÇOS DADOS, COM OUTRAS TRÊS BEATAS. AS PESSOAS OBSERVAM AS RELIGIOSAS QUE CHEGAM ATÉ A CASA QUE VAI SERVIR DE UNIDADE DE SAÚDE.


MARINALVA (se distanciando das demais e falando como num pronunciamento)

Povo de Riqueza! Se atentem ao presente do divino! Nós teremos um posto de saúde, um lugar para que possamos procurar ajuda quando os males do corpo nos acometer! Aqui é um espaço onde vocês podem se consultar. Aqui vocês serão medicados e, aliado com a fé no nosso Senhor, serão curados!

 

AS PESSOAS VÃO SE APROXIMANDO. ENTRE ELAS, ALMEIDA, QUE ESTAVA NUM MERCADINHO.

 

MARINALVA

Aqui, na futura unidade de saúde de Riqueza, você terá a ciência que Deus autorizou ao homem aplicar no outro. Teremos um profissional inspirado, um escolhido de Deus para, de fato, nos tratar.

 

ALMEIDA OBSERVA ATENTO. DORINHA PERCEBE SUA PRESENÇA E FICA INCOMODADA. O RAPAZ DÁ UM SORRISO PEQUENO, MAS MALICIOSO PARA A BEATA.

 

MARINALVA

Se você ainda acredita naquela charlatanice que aquele falso profeta faz: você vai ter que se redimir! Agora, com o nosso posto de saúde, não vamos mais percorrer distâncias tão longínquas em busca da cura. Já temos a nossa igreja, o nosso amadíssimo padre e agora, a luz que Deus autoriza ao homem. A ciência que Jesus autoriza. Chega de heresias! É o fim de Domênico, o mentiroso, o charlatão! Glória a Deus!

 

TODAS AS DEMAIS BEATAS GRITAM JUNTAS ‘GLÓRIA A DEUS’.

CORTA PARA

 

CENA 8 / RUA – LADO EXTERNO DA UNIDADE DE SAÚDE – RIQUEZA / EXT. DIA (NA MESMA SITUAÇÃO. TEMOS OUTRA CENA, ENQUANTO AS BEATAS GRITAM)


INOCÊNCIA CHEGA COM ALGUMAS CAIXAS. EM MEIO A MULTIDÃO.  


INOCÊNCIA (próximo a algumas pessoas que estão vendo as beatas)

O que tá acontecendo, gente?

 

ALMEIDA

As beatas do Padre Emerenciano, as puxa batina falando merda!

 

INOCÊNCIA

Era só o que me faltava. Tenho que acertar as coisas aí no posto. Até a próxima semana a unidade já tem que tá funcionando...

 

ALMEIDA (sondando)

O médico já foi escolhido? E outra: por que ninguém avisou desse negócio, aí?

 

INOCÊNCIA

Já sim. É um doutor lá de Salvador... Já até arranjaram um lugar pra ele morar por aqui. Bom e sobre aviso, eu não sei muito bem, só sei que consegui esse emprego e pretendo fazer tudo direitinho... Com licença.

 

INOCÊNCIA VAI SAINDO, INDO EM DIREÇÃO AS BEATAS, JÁ QUE PRECISA ENTRAR NA UNIDADE DE SAÚDE.

 

ALMEIDA

Domênico tem que saber disso. Aposto que é coisa daquele padre.

 

ANTES DE IR ANDANDO, ALMEIDA MAIS UMA VEZ OLHA PARA DORINHA. A BEATA, QUE ESTAVA OLHANDO PARA ELE, ADMIRANDO, TENTA DISFAÇAR. ALMEIDA SORRI MAIS UMA VEZ, SÓ COM OS LÁBIOS, ECONOMIZANDO DENTES. FAZ UM PEQUENO ACENO DE CABEÇA E, ANTES DE VIRAR PARA PARTIR, ENCHE A MÃO COM O VOLUME DO MEIO DAS PERNAS. DORINHA ARREGALA OS OLHOS E VIRA O ROSTO ASSUSTADA – TUDO ISSO GRITANDO GLÓRIA A DEUS!


CORTA PARA

 

CENA 9 / CASA DE DOMÊNICO – SALA DE CURAS / INT. DIA


DOMÊNICO

Então a louca, desvairada, beata ordinária da Marinalva falou essas coisas?

 

ALMEIDA

Isso mesmo, Dom! Ficou lá na rua gritando ‘impoprerio’

 

TONHO

É impropérios, Almeida...

 

ALMEIDA

Você entendeu. Ela ficou gritando essas coisas... E depois eu falei lá com a bonitinha da Inocência. Ela disse que na próxima semana o médico chega.


DOMÊNICO FICA EM SILÊNCIO. PENSATIVO.

 

RAIMUNDA

Isso é a cara daquele padre. Emerenciano começou te abençoando, mas agora quer ver a sua caveira.

 

TONHO

E para isso apoia essas beatas que não tem marido pra cuidar.

 

DOMÊNCIO

Ou outra mulher pra lhe satisfazer!

 

TODOS SE ENTREOLHAM.

 

DOMÊNICO (sorri pra si)

Não tem problema, não! Deixe as coisas acontecerem. Não vai ser um médico que vai me curar de curar as pessoas. É até bom que, quem me busca, vem porque quer.

 

NESSA MOMENTO, UM HOMEM ENTRA LENTAMENTE NA SALA.

 

HOMEM

Desculpe. Não tinha ninguém lá fora. O curandeiro tá por ai?

 

TODOS SE ENTREOLHAM E OLHAM PARA DOMÊNICO. CÂMERA ME CLOSE NO ROSTO DE DOMÊNICO.


CORTA PARA

 

CENA 10 / IGREJA – ALTAR / INT. ENTARDECER


PADRE EMERENCIANO ESTÁ SENTANDO OLHANDO PARA O ALTAR. AS MÃOS UNIDAS. MARINALVA ENTRA NA IGREJA. CAMINHA ATÉ O PADRE E SENTA-SE AO SEU LADO.

 

MARINALVA

A benção Padre.

 

PADRE EMERENCIANO (abençoando a mulher)

Deus te abençoe. E como foi?

 

MARINALVA

Foi perfeito! Vamos ter a ajuda do povo de Riqueza, eu tenho certeza! Deus há de nos ajudar. Eu rezo todos os dias para que aquele homem saia de nossas vidas. O que ele faz é pecado, Padre...

 

PADRE EMERENCIANO (pensando alto)

Mas como faz? Por que diabos, Deus o escolheu?

 

MARINALVA (sem entender)

Como?

 

PADRE EMERENCIANO

Nada, Marinalva! Pode ficar tranquila!

 

PADRE EMERENCIANO SE LEVANTA DO BANCO. SEGUE ATÉ O ALTAR. VIRA-SE PARA FALAR COM A BEATA.

 

PADRE EMERENCIANO

Hoje à noite eu vou falar com ele.

 

MARINALVA

Com o falso profeta? Mas não é bom o senhor ir sozinho, não...

 

PADRE EMERENCIANO

Um pouco de respeito a um homem santo aquele ser tem. De início eu tentei ajudar aquele traste, mas ele não quis. Soberba, ganância...

 

MARINALVA

A ira de Deus vai cair sobre aquele homem. Eu tenho certeza.

 

PADRE EMERENCIANO

Eu não tenho dúvidas!

 

MARINALVA SORRI SATISFEITA. CÂMERA FECHA NO ROSTO DO PADRE. UM OLHAR ARREBATADOR. QUASE DE ÓDIO.


CORTA PARA

 

CENA 11 / RIQUEZA. EXT. TRANSIÇÃO DIA/NOITE


MÚSICA ON: PROCISSÃO – GILBERTO GIL


IMAGEM ARÉA MOSTRA MARINALVA SAINDO DA IGREJA E O DIA TERMINANDO. MAIS CENAS DO PEQUENO VILAREJO. O DONO DA BIROSCA ACENDE A LUZ INCANDECENTE. TEMOS IMAGENS DA CASA ONDE A UNIDADE DE SAÚDE VAI FUNCIONAR. EM SEGUIDA, TEMOS IMAGENS DA CASA DE DOMÊNICO.


CORTA PARA

 

MUSIC OFF.


CENA 12 / CASA DE DOMÊNICO – SALA DE CURA / INT. NOITE


O HOMEM ESTÁ SENTANDO, UM POUCO DESCONFORTÁVEL. RAIMUNDA E ALMEIDA FECHAM AS JANELAS, COMO SE ESTIVESSEM ARRUMANDO TUDO PARA IREM EMBORA. TONHO ESTÁ AO LADO DE DOMÊNICO.


TONHO

Quer que eu lhe espere?

 

DOMÊNICO

Ritinha tá te esperando. Vá pra ela.

 

TONHO (somente para Domênico)

Você vem hoje?

 

DOMÊNICO OLHA PARA TONHO. OLHA PARA O HOMEM SENTADO A SUA FRENTE. ACENA A CABEÇA NEGATIVAMENTE. TONHO SAI. ALMEIDA E RAIMUNDA VÃO ATÉ DOMÊNICO.

 

RAIMUNDA

Tem certeza que você fica bem hoje, meu filho?

 

DOMÊNICO

Tenho sim, Raimunda. Vá pra sua família. Almeida te leva de carro, né Almeida?

 

ALMEIDA

Levo sim senhor. Vamos dona Raimunda?

 

RAIMUNDA

E o sujeito?

 

DOMÊNICO

Pode ficar tranquila. Agora você e Almeida podem chispar daqui.

 

RAIMUNDA E ALMEIDA DEIXAM A SALA, PASSAM PELA SALA DE ESPERA E VÃO EMBORA. DOMÊNICO OBSERVA O HOMEM.

 

DOMÊNICO

Boa noite.

 

HOMEM

Boa noite.

 

DOMÊNICO

Seu nome, qual é?

 

AFONSO

Meu nome é Afonso...

 

DOMÊNICO

Como soube da minha existência?

 

AFONSO

Ouvi uns rumores de um homem que era santo, ou algo do tipo. Comecei a perguntar pra saber onde você vivia, o tal homem que curava.

 

DOMÊNICO

E conheceu alguém foi curado?

 

AFONSO

Não.

 

DOMÊNICO

E por que veio?

 

AFONSO

É a minha última alternativa.

 

DOMÊNICO

E qual seu problema? Fisicamente, pelo menos daqui, eu não vejo nada de errado.

 

AFONSO

Bom, eu vou me casar em breve e... É muito complicado explicar essas coisas.

 

DOMÊNICO

Algo relacionado ao casamento. Na realidade, algo relacionado a você e ao seu futuro casamento. Ou então, a sua futura esposa? Você não a ama!

 

AFONSO (de olhos arregalados. Quase ultrajado)

Claro que eu a amo! Eu a escolhi para viver comigo pra sempre...

 

DOMÊNICO

Mas...

 

AFONSO (balbuciando, tentando encontrar as palavras)

Eu... Eu... Como eu posso lhe dizer? Eu a amo. Isso é fato! Ela é virgem e... A gente nunca fez nada. A gente se beija, algo fica mais quente mas...

 

DOMÊNICO

Afonso, deixa eu lhe contar uma coisa: não há mais ninguém aqui. Só eu e você. Eu preciso saber que diabos é o seu problema. Porque eu posso curar, mas eu não posso prever. Não posso adivinhar, pelo menos até agora.

 

AFONSO (respirando fundo)

Eu não funciono. Eu, quando eu to com ela, eu não me levanto, sabe?

 

DOMÊNICO

Mais clareza, por favor!

 

AFONSO (fala numa tacada só)

Eu não tenho ereção, eu não fico duro, eu não fico de pau duro com ela...

 

DOMÊNICO

Só com ela ou qualquer mulher?

 

AFONSO

Como assim?

 

DOMÊNICO

E com homem? Você fica excitado?

 

AFONSO

Olha só, eu só vim até aqui pra saber se você podia me ajudar...

 

DOMÊNICO (interrompe)

Eu posso! Tire a roupa!

 

AFONSO

A roupa?

 

DOMÊNICO

Você quer ‘subir’, não é? Enrijecer? Então tira a roupa.

 

AFONSO OLHA PARA OS LADOS. VÊ QUE NÃO HÁ NINGUÉM ALÉM DELE E DOMÊNICO. O HOMEM TIRA A CAMISA. A DOBRA E BOTA EM CIMA DA CADEIRA, FICANDO DE PÉ.


DOMÊNICO (dá de ombros)

Eu disse a roupa. Não falei a camisa.

 

AFONSO ARREGALA OS OLHOS.

 

DOMÊNICO

Está ficando tarde. Eu estou cansado. Se o senhor, não quer...

 

AFONSO (já tirando a calça)

Pode deixar, eu tiro, eu tiro. (descendo as calças até os pés) A cueca também?

 

DOMÊNICO

Tudo!

 

MÚSICA ON -  LUA NOVA – EDU LOBO (CANÇÃO FICA ATÉ O FINAL DA CENA)


AFONSO TIRA A CUECA E NU. DOMÊNICO O OBSERVA DE CIMA A BAIXO. DOMÊNICO SE LEVANTA. TIRA A CAMISA QUE USAVA, A CALÇA E A CUECA. FICA DE PÉ, DE FRENTE PARA AFONSO. AFONSO ARREGALA OS OLHOS, ASSUSTADO. A CAM NÃO CONSEGUE FOCAR OS ORGÃOS GENITAIS MAS, A SILHUETA DO CORPO DOS DOIS. DOMÊNICO SE APROXIMA DE AFONSO. PASSOS LENTOS. O HOMEM O OBSERVA PERPLEXO. DOMÊNICO PARA A UM PALMO DE DISTÂNCIA DE AFONSO. NA SEQUÊNCIA, DOMÊNICO LEVA A MÃO ATÉ O PEITO DE AFONSO. ELE SE RETESA, FAZ MENÇÃO DE TIRAR, MAS PARA. DOMÊNICO PASSA A MÃO PELO PEITO DE AFONSO. A OUTRA MÃO, DOMÊNICO LEVA AO SEXO DE AFONSO.


DOMÊNICO (sussurrando)

Subiu.

 

AFONSO (sem saber como agir)

É. Subiu.

 

DOMÊNICO DÁ UM BEIJO NA BOCA DE AFONSO. EM SEGUIDA, DEPOIS DO BEIJO. VOLTA A FICAR A UM PALMO DE AFONSO ACARICIANDO O CORPO DO HOMEM. AFONSO AVANÇA E BEIJA DOMÊNICO VIOLENTAMENTE. OS DOIS DEITAM NO CHÃO. SE BEIJAM, SE ACARICIAM. A SILHUETA DE DOIS CORPOS MASCULINOS NUS, SE AMANDO, DEITADOS NO CHÃO.


CORTA PARA

 

CENA 13 / CASA DE DOMÊNICO / EXT. NOITE


MÚSICA ON: O CAVALEIRO E OS MOINHOS – ELIS REGINA


PADRE EMERENCIANO CHEGA A CASA. OBSERVA DO LADO DE FORA. PORTA FECHADA. ELE ENCOSTA NA PORTA. NÃO ESTÁ TRANCADA. ELE ABRE A PORTA LENTAMENTE. ENTRA.


CORTA PARA

 

CENA 14 / CASA DE DOMÊNICO – SALA DE ESPERA / INT. NOITE


O PADRE OBSERVA AS CADEIRAS POSTAS NA SALA DE ESPERA. VÊ QUE NÃO HÁ NINGUÉM NO LOCAL. ELE ANDA UM POUCO MAIS.


MÚSICA DIMINUI DE VOLUME E SE MESCLA COM OS GEMIDOS QUE VEM DA SALA DE CURA. O PADRE CHEGA MAIS PRÓXIMO. A MÚSICA PARA. ELE SÓ ESCUTA O BARULHO DOS GEMIDOS DOS DOIS HOMENS.


PASSA PELA ESPÉCIE DE ESCRITÓRIO E APROXIMA O ROSTO DAS CORTINAS DE CONTAS. CONSEGUE VER DOMÊNICO E AFONSO TRANSANDO. O FALSO PROFETA, CURANDEIRO, EMISSÁRIO DE ALGO QUE O PADRE ACREDITA, SENDO ESTOCADO VIOLENTAMENTE POR TRÁS POR AFONSO.


CAM. CLOSE NO ROSTO DE PADRE EMERENCIANO AO VER A CENA.


CORTA PARA

 

CENA 15/ CASA DE EMERENCIANO – SALA DE CURA / INT. NOITE


CÂMERA EM CLOSE NO ROSTO DE DOMÊNICO QUE SAI DO QUADRO POR CONTA DOS ‘SOLAVANCOS’ DO SEXO. ANTES O ROSTO ERA DE PRAZER E, QUASE QUE IMEDIATAMENTE, ELE ESBOÇA UM SORRISO. SABE A CENA QUE O PADRE ACABA DE VER.




autor
VITOR ZUCOLOTTI

elenco
DOMÊNICO (LÁZARO RAMOS)
RAIMUNDA (ZEZÉ MOTTA)
TONHO (TOMÁS AQUINO)
ALMEIDA (EMÍLIO FARIAS)
MARINALVA (CLAUDIA MISSURA)
DORINHA (BÁRBARA REIS)
PADRE EMERENCIANO (JOÃO MIGUEL)
DANIEL (EMILIANO D´AVILLA)
ALICE (ALICE BORGES)
INOCÊNCIA (LUCY RAMOS)
AFONSO (MATEUS SOLANO)

trilha sonora
CIRANDEIRO – EDU LOBO E MARIA BETHÂNIA
PROCISSÃO – GILBERTO GIL
TU ME ACOSTUMBRESTE – CAETANO VELOSO
SUNSEED – RAUL SEIXAS
LUA NOVA – EDU LOBO


produção
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


 

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO




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