A MARCA DO PRIMOGÊNITO
FADE IN
Tela escura
Letreiro:
“E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque.”
FADE OUT.
INÍCIO DO TEASER.
CENA 01. CIDADE DE ENOQUE. RUAS. TARDE. EXT.
Letreiro: 3600 anos a. c.
CAM destaca pessoas andando, usando trajes da época. Cabras presas em um pequeno cercado. Alguns comerciantes trocam produtos como pele de animal e especiarias. CAM destaca Caim, um pouco mais velho, andando entre as pessoas.
CAIM (v.o.)
Muitos anos se passaram desde que matei meu irmão. Me afastei de Deus, da minha família e fiquei vagando pelo mundo em uma tentativa de recomeçar a vida. Edifiquei uma cidade e lhe dei o nome do meu primeiro filho, Enoque. A minha descendência logo floresceu, até chegar em Lameque, meu tataraneto. E embora eu veja o quanto a cidade prosperou com o surgimento do comércio, das ferramentas, da música, eu sentia a maldade se infiltrando no coração das pessoas. A ganância dos comerciantes, as brigas entres vizinhos e familiares, tudo isso me incomodava. Eu sabia que era questão de tempo para o pecado se instaurar entre meu povo.
Caim para de andar próximo a um beco. Repara uma briga de crianças. Se aproxima e vê Lameque socar o rosto de um garoto que está deitado no chão. O irmão mais novo dele, Caliu, está ao lado, chorando vendo a cena.
LAMEQUE (furioso)
Cadê? Por que não briga comigo? Ou você só mexe com criancinhas?
Lameque dá vários socos no rosto do garoto, que não revida. Embora pareça estar defendendo o irmão, Caim ao fundo percebe um ódio estranho em seu tataraneto, isso o deixa preocupado.
FIM DO TEASER.
1x02 - O PRESENTE DO IRMÃO MAIS VELHO
CENA 02. FLORESTA. NOITE. EXT.
Uma jovem loira (20 anos) corre desesperada em meio à uma floresta de
mata fechada. Suas vestes estão sujas e rasgadas e ela está descabelada.
Tropeça em um tronco e cai. Levanta rapidamente e continua a correr.
Escuta-se um sussurro seguido de gargalhadas que parecem cada vez mais
próximas até tudo silenciar. A jovem se esconde atrás do tronco de uma árvore.
POV da jovem espiando: a floresta vazia.
PLANO MÉDIO mostra a jovem e um vulto que se aproxima parando logo atrás
dela.
A jovem loira suspira acreditando estar livre. Se vira e seus olhos
arregalam-se. Tenta gritar, mas a voz não sai. Duas mãos femininas e enrugadas
agarram seu pescoço.
TUDO ESCURECE
CORTA PARA
CENA 03. RODOVIA. DIA. EXT.
A moto conduzida por Alexandre corta a rodovia deserta em alta
velocidade.
CLOSE em uma placa empoeirada com o escrito: ALTAMONT - 3 KM
SONOPLASTIA: The Cranberries - Zombies.
A moto chega em uma encruzilhada. Alexandre coloca o pé no asfalto, abre
o visor do capacete, olha para ambos os lados. Fecha o visor, acelera aos
poucos e pega a estrada de terra batida do lado esquerdo. Um rastro de poeira
se levanta na estrada na medida em que Alexandre e sua moto se distanciam.
SONOPLASTIA: OFF
CENA 04. RUAS DE ALTAMONT. DIA. EXT.
Um pacato lugar com construções arquitetônicas e iguais datadas do
século passado. As casas todas fechadas e com a grama alta nos jardins da
frente denotam um lugar abandonado onde se escuta o zunido do vento que sopra
levantando as folhas no calçamento de pedra que corta a principal rua.
Misturando-se ao zunido do vento ouve-se o ronco do motor da moto de
Alexandre que entra no campo de visão em velocidade moderada.
Alexandre vai diminuindo a velocidade e estaciona em frente a uma das
casas no final da rua. Desliga o motor, tira o capacete. Retira do bolso da
jaqueta um pedaço de papel, desdobrando-o. Lê e olha na direção da residência.
POV de Alexandre: a casa. Única da rua com o jardim aparado. Acima da
porta grande de madeira o número 13666.
Seu olhar baixa focando no pedaço de papel: o número 13666 anotado de
caneta.
Amassa o pedaço de papel e atira-o na lixeira há alguns metros como se
arremessasse uma bola na cesta de basquete.
Alexandre pega o celular no outro bolso da jaqueta.
CLOSE na tela do aparelho: SEM SINAL.
ALEXANDRE
Maldito fim de mundo!
Alexandre desce da moto. Capacete na mão, coloca-o sobre a condução,
olha em frente e para os lados no lugar praticamente deserto.
A porta da casa 13666 é aberta e um pequeno cachorro sai latindo e
correndo até o portão. Em seguida uma mulher (40 anos, branca, de cabelos lisos
e pretos toda descabelada) aparece. Roupas amassadas, olhar assustado. Baixa a
cabeça e caminha até o portão.
MULHER (chegando no portão)
Você é o Alexandre, não é?
Alexandre consente que sim com a cabeça enquanto o portão é aberto.
MULHER
Pra trás Rufus!
Ela sorri um sorriso amarelado para Alexandre.
MULHER
Ele é um alarmento.
ALEXANDRE
Sei como são. Tive um assim
quando criança.
MULHER
Entra, por favor. Não acreditei que
viria. Na verdade, já perdi a esperança de que alguém possa me ajudar.
Alexandre se agacha e bate sobre sua coxa. O cachorro Rufus corre para
suas pernas. Ele o acaricia e depois encara a mulher à sua frente.
ALEXANDRE
Lugar vazio. Cadê todo mundo?
MULHER
Ou fugiram daqui (enquanto fecha o
portão, passando o cadeado) ou os poucos que restam estão escondidos dentro de
suas casas. De santo este lugar só tem no nome.
Alexandre sente o medo nas palavras da mulher que se vira e caminha em
passos rápidos para casa. Ele se levanta e a segue.
CENA 05. RESIDÊNCIA. DIA. INT.
Rufus corre e se deita ao lado da porta na sua cama. A mulher entra
seguida de Alexandre. Ela fecha a porta.
POV de Alexandre: uma sala ampla com móveis rústicos. Um longo corredor
adiante com portas nas laterais que levam aos outros cômodos e no final deste,
uma escada estreita que leva ao andar superior.
A mulher se vira para Alexandre.
MULHER (sem jeito)
Ahh, me desculpa. A propósito eu sou/
ALEXANDRE (estendendo a mão)
Anabelle Salvador. Nosso contato em
comum me passou teu nome. Muito prazer.
Anabelle estende a mão olhando nos olhos de Alexandre. Uma menina (10
anos) surge descendo as escadas. Cabelos iguais aos de Anabelle, olhos claros.
Usa um vestido branco e comprido. Ela se aproxima da mãe e de Alexandre.
ANABELLE
Esta é minha filha, Uriel Salvador.
A menina está envergonhada. Baixa a cabeça.
ANABELLE
Cumprimenta o moço, filha. (passa a mão
na cabeça da filha)
A garota estende o braço. Alexandre faz o mesmo.
ALEXANDRE (sorri)
Muito prazer, Uriel. A propósito:
lindos olhos.
Uriel sorri timidamente.
ANABELLE
Filha, vai lá pro quarto que eu preciso
falar com o moço.
Uriel se retira. A expressão de Anabelle muda. Ela encolhe os braços
contra o corpo. Senta em um sofá de couro marrom.
ANABELLE
Por favor, Alexandre. (faz sinal para
Alexandre sentar à sua frente) Pode se sentar.
Alexandre senta. Escora-se no encosto do sofá. De canto de olho observa
cada detalhe daquele lugar. Um lugar que lhe remota a tristeza.
ANABELLE
Eu não sei nem por onde começar. É
difícil falar sobre isso com quem quer que seja.
Alexandre se inclina para frente. Estendendo seus braços ele alcança as
mãos de Anabelle sobre as pernas dela.
CLOSE nas mãos dele sobre as mãos dela. Ele as aperta delicadamente.
ALEXANDRE
Comece pelo começo. Onde tudo teve
início.
Anabelle fecha os olhos levantando a cabeça.
FUSÃO PARA
CENA 06. RESIDÊNCIA. QUARTO. NOITE. INT.
Um cômodo simples com uma cama de casal no centro, um roupeiro antigo em
uma parede e uma janela entreaberta com cortinas amareladas tremulando
suavemente.
CARACTERES: Três semanas atrás
A porta é aberta, Anabelle e Uriel entram usando roupas de dormir.
Anabelle conduz Uriel até a cama e a acomoda, cobrindo-a. Inclina-se e
dá um beijo em sua testa.
ANABELLE
Te amo filha. Durma com os anjos.
Uriel sorri.
URIEL
Boa noite, mamãe.
Uriel se vira para o lado, para a direção da janela que está com a lua
cheia emoldurada no vidro. Anabelle fica observando a filha. O silêncio reina
absoluto.
POV de Anabelle: a filha admirando a lua na janela. Seus olhos vão
fechando devagar. A menina suspira ajeitando-se melhor.
O estrondo de alguma coisa caindo desperta a atenção de Anabelle que
vira o rosto rapidamente em direção à porta do quarto. Está tudo envolto em uma
penumbra sem fim fora do cômodo.
Anabelle olha para a filha que não se incomodou com o barulho e dorme
feito um anjo. Levanta-se lentamente e caminha para a porta. Coloca a cabeça
para fora do quarto. Olha para ambos os lados no ambiente escuro. Sai deixando
a porta encostada.
Ela caminha como se estivesse "pisando em ovos" até a escada
que leva ao andar inferior. Observa o lugar lá embaixo. Coloca a mão no
interruptor de luz ao lado do corrimão, a luz se acende e logo se apaga seguido
de mais um estrondo vindo do andar debaixo assustando-a. Agarra-se com as duas
mãos no corrimão e, passo por passo, começa a descer.
Anabelle chega no primeiro degrau do andar inferior. Ainda agarrada no
corrimão e com os olhos arregalados, olha o ambiente.
POV de Anabelle: a mesa de jantar com uma toalha florida, a sala de
estar mais adiante e a cozinha com uma ilha separando-a da sala de
jantar.
Escuta mais um estrondo vindo da cozinha. Coloca um pé no assoalho de
madeira que range e depois o outro. Alcança o interruptor de luz acendendo-o.
Um gato preto salta da janela entreaberta e cai de pé sobre a pia miando.
Anabelle suspira aliviada.
ANABELLE
Habib, é você?
O felino pula da pia e vai roçar nas pernas de Anabelle, que se agacha e
o acaricia.
ANABELLE
Tá com fome, é? Onde você se meteu o
dia todo, seu danadinho? Vem aqui comer, vem.
Anabelle se levanta e caminha em direção ao armário do lado da pia. Se
abaixa, o abre e pega um pote de ração. Habib continua em suas pernas. Tudo em
silêncio absoluto que dá pra ouvir o rosnar do felino.
Anabelle começa despejar a ração no pote do gato do lado do armário
quando
O grito de Uriel quebra o silêncio.
URIEL
MAMÃAAAAAAAAAEEEEE!!
Anabelle larga o pote deixando toda a ração se espalhar e corre em
direção às escadas.
CAM em Habib comendo a ração do chão.
CORTA PARA
CENA 07. RESIDÊNCIA. QUARTO. NOITE. INT.
Porta fechada. Batidas fortes do lado de fora.
ANABELLE
Filhaaa! Tudo bem? Abreee! Uriel! Minha
filhaaa!
PLANO ABERTO mostra o quarto bagunçado e, em silêncio absoluto,
Uriel paira no ar.
A fechadura da porta é forçada por Anabelle que está do outro lado. Ela
força até que a porta se abre.
Quando ela se depara com a filha levitando. Uma força invisível a impede
de se aproximar. Ela chora, se desespera.
Uriel é levantada mais ao alto e congela por alguns instantes, caindo em
um só golpe de volta na cama acordando. Um vulto atravessa a janela e deixa as
cortinas tremulando. Anabelle, enfim, consegue correr até a filha abraçando-a e
chorando.
CENA 08. CASA DE CAÍQUE. QUARTO. DIA. INT.
SONOPLASTIA: Dean Lewis - Waves.
Caíque entra no quarto sem camisa e com uma toalha de banho enrolada na
cintura. Parece exausto. Esfrega as mãos no cabelo molhado e senta escorado na
cabeceira da cama. Pega o notebook sobre o criado-mudo e o abre sobre as
pernas.
CLOSE na tela. Na página de busca digita "Símbolos
Demoníacos". Uma enxurrada de páginas surgem imediatamente. Vai rolando
até uma imagem lhe chamar atenção. Clica em cima.
“SIGILO DE LÚCIFER” em letras garrafais preenchem o topo de um artigo ao
lado do símbolo em questão. Caíque passa os olhos sobre o texto e logo coloca o
notebook de lado levantando rapidamente.
Caminha até uma cômoda cheia de gavetas, abre a última e pega uma
pequena caixa de madeira. Volta e despeja o conteúdo da caixa sobre a cama:
vários artefatos, correntes, anéis.
Vasculha e encontra uma corrente com um símbolo peculiar. Vira a tela do
notebook e compara com o símbolo na tela. Pensativo, aperta a corrente na mão,
como se tentando entender o que faria um símbolo daqueles ali guardado.
SONOPLASTIA: OFF
O toque estridente do seu celular desperta sua atenção. Larga o objeto
sobre o criado - mudo e atende o telefone que está sobre o travesseiro.
CAÍQUE
Pronto!
CORTA PARA
CENA 09. PRAÇA. DIA. EXT.
Ayla, ansiosa, olha para os lados, senta em um banco de madeira. No
banco à sua frente um casal de meia idade trocam carinhos. Ela os
observa.
Pelo caminho de pedras em meio às árvores, Caíque se aproxima.
POV de Caíque: Ayla sentada de cabeça baixa. O casal de meia idade se
levanta e sai de mãos dadas caminhando na sua direção. Cruzam por ele. Ayla o
vê, sorri aliviada e se levanta indo ao seu encontro.
Se abraçam. Se beijam. Trocam carinhos. Ayla o encara.
AYLA
Já estava com saudades, sabia?
SONOPLASTIA: With or Without You (instrumental) - U2
Caíque baixa a cabeça. Segura na mão dela e caminham até o banco.
AYLA (cont.)
Pensei em tirar a tarde só pra nós
hoje.
Ayla sorri e acaricia os cabelos de Caíque.
Caíque, um pouco sem jeito, apenas sorri.
Sentam. Ele mete a mão no bolso e tira um embrulho entregando para Ayla.
AYLA
O que é isso?
CAÍQUE
Abre.
Ayla, curiosa, desembrulha e vê a corrente com o símbolo Sigilo de
Lúcifer.
AYLA
Do que se trata? (ergue a corrente para
ver melhor)
CAÍQUE
Você não vai acreditar! Tava eu
procurando por símbolos demoníacos na internet e/
Ayla faz "pouco caso". Coloca a corrente sobre o papel de
embrulho no seu colo.
AYLA
Você ainda está com isso? A tal bala te
deixou paranóico, não é?
CAÍQUE
Você sabe há quanto tempo esta corrente
está comigo? O Alexandre me deu no meu aniversário de 15 anos. Disse que era
uma proteção pra mim. Eu nunca acreditei nessas coisas, mas tenta me responder
isso: porque o Alexandre ia me dar de presente justo uma corrente com um
símbolo destes?
Ayla fica pensativa olhando para a corrente por alguns instantes.
AYLA
Vai ver que ele apenas achou bonito e
quis te dar.
Ela embrulha novamente a corrente no papel e coloca no bolso de Caíque,
aproximando seu rosto do dele.
AYLA
Agora esquece tudo isso. (encara os
olhos de Caíque). Passamos a tarde juntos (aproxima seus lábios do ouvido dele)
e depois podemos ir lá pra casa.
Caíque, enfim, cai na tentação.
CAÍQUE
É. Acho que você tá certa.
Ele levanta e puxa Ayla pela mão. Ela, discretamente, sorri com o canto
da boca. Conseguiu o que desejava para o momento.
Em Caíque e Ayla caminhando de costas pelo caminho de pedras, se
afastando da CAM.
SONOPLASTIA: OFF
CORTA PARA
CENA 10. MIRANTE DE ALTAMONT. NOITE. EXT.
Um jovem casal de namorados sobe correndo as escadas em caracol que
levam ao ponto mais alto de Altamont. Chegam às gargalhadas no topo.
Ruiz (22 anos, moreno alto de corpo atlético), puxa pela mão Beth (18
anos, morena de pele clara e cabelos escuros, de corpo escultural e piercing no
nariz). Conduz ela até a mureta e lhe abraça por trás.
RUIZ
Não acredito que você nunca esteve
aqui.
BETH
É lindo demais.
POV de Beth: toda a cidade de Altamont com as luzes acesas e as
montanhas mais além.
Ela se vira para ele encarando seu rosto.
BETH
Sempre ouvi histórias sobre este lugar
aqui.
RUIZ
Ahhh, acredita nessas lendas?
BETH
Ahh, eu não sei se acredito. Mas também
não posso desacreditar. Você sabe.
Ela abaixa a cabeça. Se vira novamente para olhar a cidade e se
aconchega nos braços de Ruiz.
BETH
Aqueles jovens há dois anos atrás nunca
mais apareceram para contar se os boatos eram verdadeiros ou falsos.
Escuta-se passos na escada. Ambos se viram assustados.
RUIZ
Quem tá aí?
Ele se desfaz do abraço e pega um pedaço de ferro no chão. Como uma
espada, o empunha e caminha para a escada.
BETH (se escorando na mureta)
Cuidado, amor.
POV de Beth: Ruiz se aproximando da escada em caracol com o pedaço de
ferro em mãos.
Ruiz chega no corrimão e espia o caracol da escada. Não vê nada. Se vira
largando o pedaço de ferro.
RUIZ
Viu amor, não é nada.
Beth grita desesperada. Um vulto dá uma gravata em Ruiz e o puxa escada
abaixo. Beth corre para ver.
Chega na escada em caracol. Espia e não vê nada. Lá embaixo as luzes vão
se apagando uma a uma até chegar no topo. Beth agarra o pedaço de ferro deixado
por Ruiz. Treme, choraminga.
Tudo escuro e silêncio por longos segundos. Até que um grito feminino
seguido de um grande estrondo acaba por revelar o corpo de Beth estirado no
capô de um carro lá embaixo. O alarme do veículo dispara.
No alto do mirante um vulto corre depressa por cima da mureta até sumir.
CORTA PARA
CENA 11. CASA DE ANABELLE. DIA. INT.
Alexandre está na sala sentado na frente de Anabelle.
ANABELLE
E não parou por aí. Dia após dia algo
estranho acontecia. E não só aqui. A cidade passou a enfrentar o sobrenatural
sem respostas. Por isso o lugar está deserto.
ALEXANDRE
E você faz ideia do que está por trás
de tudo isso?
ANABELLE
Há muitas lendas. Não acredito em
nenhuma delas, não.
ALEXANDRE
O mal existe. (se ajeita melhor no
sofá) O diabo existe. Às vezes é melhor acreditarmos, seja lá no que for.
ANABELLE
Já me disseram pra ser mais crente
nestas coisas, mas/
Um ruído estridente chama atenção. Olham para o corredor. As luzes se
apagam. Longos segundos passam sem se ver nada.
ALEXANDRE
Tem vela em casa?
ANABELLE
Tem. Eu sei que/
Escuta-se seus passos pela sala.
ANABELLE
Guardei em uma gaveta por aqui.
Mais alguns segundos e Anabelle ilumina o lugar com uma vela acesa.
ALEXANDRE
Ótimo.
O ruído persiste. No corredor. Na escada.
ANABELLE
Uriel tá lá em cima.
Anabelle se aproxima da escada.
ANABELLE
Uriel!!? Filha!!?
Apenas aquele ruído estridente. De repente
URIEL (grita)
Mamãaaaaaaeeee! Socorrooooo!
Alexandre passa por Anabelle e sobe correndo na sua frente. Ela o
segue.
Alexandre surge no topo da escada, corre até a porta de onde vem o
chamado de socorro. Tenta abri-la mas não consegue. Anabelle chega e fica
perplexa. Põe a mão no peito e cai ajoelhada e chorando. Aponta para debaixo da
porta. Alexandre baixa a cabeça olhando.
POV de Alexandre: uma fumaça preta começa sair pela fresta debaixo da
porta.
PLANO MÉDIO mostra ele desesperado tentando abrir a porta.
CLOSE em seus punhos cerrados batendo contra a porta.
Alexandre tosse. CLOSE debaixo da porta onde o fogo parece se alastrar
pelo cômodo.
PLANO MÉDIO: Alexandre se afasta e chuta com força abrindo a porta. A
fumaça se alastra pelo corredor. Ele entra no quarto.
Anabelle tenta se levantar, mas uma força sobrenatural a impede
segurando seus ombros. Ela chora.
ANABELLE (chora)
Uriel.
Alexandre aparece na porta com a menina Uriel nos braços. Ela está
desacordada.
POV de Alexandre: claramente em meio à fumaça, vê um vulto com as mãos
sobre os ombros de Anabelle.
Se escuta uma gargalhada que ecoa pela casa toda e o vulto puxa Anabelle
escada abaixo.
Alexandre olha para a menina em seus braços. Nota que as chamas vindas
do quarto começam a se espalhar rapidamente. Caminha depressa em direção à
escada.
CENA 12. RESIDÊNCIA. FINAL DE TARDE. EXT.
O segundo andar está praticamente tomado pelo fogo. Alexandre sai pela
porta principal com Uriel no colo. Se afasta o quanto pode da casa. Larga a
menina no chão. Olha para a residência onde a fumaça preta se espalha pelo ar.
POV de Alexandre: em uma janela no alto vê uma mulher velha, de longos
cabelos brancos que sorri para ele.
Um PLANO GERAL da casa em chamas, da cidade deserta e da estrada mostra
Alexandre subindo em sua moto. A menina Uriel sobe na garupa.
CORTA PARA
CENA 13. PARQUE DE DIVERSÕES. FINAL DE TARDE. EXT.
O sol lança seus últimos raios alaranjados e começa a se pôr.
CAM desce lentamente mostrando o parque de diversões já com suas luzes
acesas e o movimento intenso.
Na fila para a roda gigante estão Caíque e Ayla lado a lado.
Chegam a sua vez. Entregam os bilhetes e correm para seus lugares.
Sentam, colocam os cintos de segurança. Ayla beija o rosto de Caíque, que
retribui com um sorriso amarelado. Está feliz de estar ali com ela, mas o
pensamento dele está longe.
AYLA
Vamos, relaxa. Sei que tu adora a roda
gigante.
Ela o cutuca e ambos riem. O brinquedo é ligado e começa girar. Após
alguns giros, o brinquedo faz uma pausa. Ayla percebe que o namorado continua
pensativo.
AYLA
Cay, eu não acredito que você vai ficar
nessa bad. Ainda pensando no seu irmão?
CAÍQUE
Ayla, enquanto eu não tirar essa
história a limpo eu não vou sossegar.
AYLA (séria)
Já que você quer tanto saber, porque
não vai atrás e resolve logo esse lance?
CAÍQUE
Tô pensando em ir até a casa da minha
tia. Os dois são bem próximos, ela deve saber o que está acontecendo. E ela vai
ter que me dar uma satisfação.
AYLA
Acho ótimo. Não vejo a hora disso tudo acabar e você voltar a ser
exclusivamente meu.
A roda volta a girar.
CORTA PARA
CENA 14. CASA DE DOMENI. COZINHA. NOITE. INT.
Domeni folheia um livro sobre a bancada. O toque estridente do seu
celular lhe tira a atenção das páginas do livro.
DOMENI
Alô! (p). Aiii, sim, querida. E você tá
em casa agora? (procura a chave do corra). Tá, só achar a chave por aqui e já
tô indo. (acha a chave em cima do armário). Achei. Arruma tudo que já tô
chegando.
Domeni sai pela porta da cozinha. CLOSE no livro aberto em cima da
bancada. Na página em questão, o título: Símbolos Demoníacos.
CORTA PARA
CENA 15. ESTRADA. NOITE. EXT.
Alexandre pega a mesma estrada que lhe trouxe até ali. CAM sobe na
medida que ele se afasta.
Ao chegar na encruzilhada ele freia. O gatinho Habib mia assustado e se
aproxima da moto. Uriel se abaixa e o agarra em seus braços. Alexandre acelera
seguindo pela estrada.
CENA 16. RESIDÊNCIA. QUARTO. NOITE. INT.
Annabelle está de joelhos em um quarto do segundo andar com o rosto
preto de fumaça e as vestes sujas. Expressão cansada, ela levanta o olhar
encarando um vulto feminino que se aproxima e se ajoelha à sua frente.
ANABELLE
O que você quer? Que vai fazer comigo?
Me mata, por favor!
Escuta-se a gargalhada daquele vulto.
ANABELLE
Quem é você?
VULTO
Vocês humanos de Altamont pediram por
isso. Por anos acharam que poderiam fazer o que bem entendessem comigo e com
minha família agora irão sucumbir à uma eternidade de maldições.
O vulto coloca a mão sobre a cabeça de Anabelle, que fecha os olhos e
abre os braços lateralmente.
ANABELLE
Faça o que tem que fazer, eu aceito meu
destino.
A gargalhada torna-se mais intensa misturando-se ao gemido de dor de
Anabelle. Uma luz branca se espalha pelo ar saindo da cabeça de Anabelle
enquanto ela sente a pressão da mão daquele vulto.
CORTA PARA
CENA 17. CASA DE DOMENI. NOITE. EXT.
Caíque sobe o lance de cinco degraus da varanda e, antes de bater na
porta, seu celular vibra no bolso da calça. Pega o aparelho. Uma mensagem.
CLOSE na tela do celular: Adorei nossa tarde, amor. Espero que também
tenha curtido. Te amo, Ayla.
Caíque sorri. Digita "TE AMO" e clica em enviar. Guarda o
aparelho no bolso. Bate na porta, aguarda alguns instantes. Estranha não obter
resposta nenhuma. Mexe na maçaneta. A porta está destrancada, a abre.
CENA 18. CASA DE DOMENI. NOITE. INT.
Caíque entra desconfiado. Luzes acesas.
CAÍQUE
Tia? Tia Domeni? Você está aí?
Fecha a porta e segue em direção a cozinha. Também está vazia.
CAÍQUE
Tia?
Caminha até a bancada onde está o livro aberto. Pega e fecha-o. O
desenho na capa lhe chama a atenção. É o mesmo desenho que tem no braço de
Alexandre.
FLASHBACK
CENA 19. CASA. QUARTO. NOITE. INT.
Duas camas de solteiro lado a lado separadas por dois criados - mudos.
Caíque (15 anos) está deitado com os fones no ouvido e olhos fechados.
SURGEM OS CARACTERES: Anos atrás
Alexandre (22 anos) entra sem camisa, vai até um roupeiro velho e pega
um baú fechado com um cadeado. Larga-o sobre a outra cama, pega uma chave no
criado - mudo e abre o cadeado. Cutuca Caíque, que abre os olhos retirando os
fones do ouvido e sentando na cama.
CAÍQUE
Que foi, Alex?
ALEXANDRE
É teu aniversário, né irmãozinho? Não
posso deixar passar em branco. Sabe que tô liso, mas o que vou te dar é muito
especial.
Alexandre abre o baú e retira uma pequena caixa de madeira, entregando-a
para Caíque.
Caíque, curioso mas sem compreender direito, verifica o conteúdo.
POV de Caíque: um amontoado de anéis, correntes, pulseiras, todos com
símbolos estranhos e desconhecidos.
ALEXANDRE (v.o.)
Pode escolher o que você quiser.
PLANO MÉDIO mostra Alexandre atento em Caíque escolhendo.
Caíque ergue um, ergue outro, coloca uma pulseira, uma corrente.
CAÍQUE
Se você diz vou ficar com esta então.
Caíque observa o símbolo na corrente que escolheu.
ALEXANDRE
Boa escolha, irmão. Um símbolo de
proteção.
Alexandre sorri. Coça o braço. CLOSE em uma marca estranha em seu braço.
CAÍQUE
Posso te perguntar uma coisa?
ALEXANDRE
Claro. Diga.
CAÍQUE
Que marca é esta em seu braço? Você
sempre se esquivou em responder nas vezes que já perguntei.
ALEXANDRE
Ahhh.
Ele encara a marca em seu próprio braço.
FIM DO FLASHBACK
CORTA PARA
CENA 20. CASA DE DOMENI. NOITE. EXT.
Alexandre estaciona sua moto em frente à casa. Desce, retira o capacete
e observa a residência com as luzes todas acesas. Uriel desce segurando o
felino Habib.
URIEL
Chegamos?
ALEXANDRE
Sim, minha tia Domeni mora aqui. Vamos.
É aqui que você vai ficar.
CORTA PARA
CENA 21. CASA DE DOMENI. COZINHA. NOITE. INT.
CLOSE na imagem da capa do livro. Caíque folheia o livro. Se surpreende
com os símbolos que vê. Chega em uma página e espanta-se.
CAÍQUE (boquiaberto)
Mas o que é isso?
Caíque pega a sua corrente e vê que o símbolo é idêntico ao que está no
livro.
Ele escuta barulhos vindo da sala. Rapidamente pega o livro, fecha-o e
sai pela porta do fundo.
série escrita por
Anderson Silva
Gabo Olsen
Marcos Vinicius
episódio escrito por Marcos Vinicius revisão de texto Anderson Silva Gabo Olsen
elenco
Chirs Wood...................................Alexandre
Matt Dallas.....................................Caíque
Danielle Campbell.................................Ayla
Lauren Graham...................................Domeni
participação especial
Jeffrey Dean Morgan...............................Caim
Eleanor Matsuura..............................Anabelle
Samara Lee.......................................Uriel
Katelyn Bacon.....................................Beth
Matthew Lewis.....................................Ruiz
música
BAD WOLWES - ZOMBIE
U2 - WITH OR WITHOUT YOU
DENA LEVIS - WAVES
CRISTINA RAVELA
REALIZAÇÃO
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