Laileb
de Cauê Procópio
Clara está com um semblante cansado.
Hoje o dia foi puxado. Seu jeans rasgado meticulosamente na moda combina com a blusa
de cetim claro que ela usa,
deixando sempre um botão aberto no colo do seio. Ainda bem, pensa ela, que o
horário de verão a faz sair do trabalho ainda com uma réstia de sol e, assim, dá tempo de ir ao
supermercado. Não se sente cansada assim desde a festa de sua amiga Paula.
Fazer uma festa numa quinta-feira sem ter feriado na sexta, só a Paula mesmo – pensa ela. Talvez com a
quantidade de energéticos que ela toma, ela nem sinta, mas eu já não aguento trabalhar no dia
seguinte depois de uma balada daquelas. Poxa! Estou com vinte e oito anos,
imagina quando tiver quarenta? Com os pacotes amontoados no braço direito,
Clara agilmente consegue pedir um Uber com a mão esquerda, mesmo com o vento de
fim de tarde jogando parte da lateral de seus cabelos em seu rosto. Ela aguarda
quase no meio fio da calçada o carro do aplicativo chegar. Arruma os
cabelos e pega o celular. Entra no aplicativo de paquera Tinder e, com o polegar da mão
esquerda, vai
eliminando alguns candidatos.
Sabe que é bonita e sua autoestima a faz escolher meticulosamente os parceiros.
Ao longe vê o sol se pondo atrás de um
condomínio de prédios e o trânsito aumentando por conta do horário. As pessoas
passam apressadas na calçada atrás dela, para chegar em seus lares, os que têm
lares, ela pensa. Segurando o celular com a mão esquerda, ela olha no
aplicativo e percebe que o veículo está chegando. Memoriza a placa do automóvel
e procura o carro no tráfego entre dezenas de outros que passam na rua naquele
momento. Um Nissan preto dá seta e encosta na calçada. Clara entra na parte de
trás do automóvel com as sacolas de supermercado, coloca-as ao seu lado no
banco traseiro, dá “boa
noite” sem olhar o motorista e pega o celular enquanto dá as orientações do
caminho. Abre o aplicativo Whatsapp e visualiza
algumas mensagens respondendo com emojis algumas delas, volta depois para o
aplicativo de paquera e olha várias fotos de pretendentes descartando-os para a
esquerda, até aparecer uma fotografia de um homem extremamente bonito, usando
óculos escuros e com barba por fazer. Ela olha por alguns instantes as fotos do
rapaz que usa roupas de muito bom gosto, segundo o pensamento dela. Laileb é o
nome dele. Nunca tinha ouvido falar desse nome e pensa ser um nome árabe. Ela
aperta o desenho de coração em cima da foto do rapaz no aplicativo e é
notificada do match com o elegante homem desconhecido. Clara dá um pequeno
sorriso de satisfação pelo mútuo interesse e trava a tela do celular para ver o
caminho que o motorista está fazendo. Ele pergunta se pode mudar a rota por
causa do trânsito e ela lhe dá a autorização. Recebe uma notificação no
celular, destrava a tela e visualiza uma mensagem do belo estranho que ela acabou de avaliar
positivamente no aplicativo.
- Olá, moça linda. Fiquei feliz que
nossos corações se combinaram aqui. Ela lê a mensagem e novamente sorri.
Olha pela janela do carro procurando palavras para responder. Volta o olhar
para o aplicativo e responde que o achou muito bonito e charmoso pelas fotos,
que também ficou feliz e que nunca tinha ouvido falar naquele nome. Ele
responde que é uma pessoa única, pergunta o que ela fará à noite e sugere um
vinho. O carro para em frente a sua casa e ela agradece ao motorista que lhe
ajuda com os pacotes. O sol já se pôs, mas ainda há um resquício da claridade
do dia. Assim que o carro se afasta ela caminha até a porta de sua casa, uma
das várias casas geminadas da rua, e lá há um pacote embrulhado para presente
no chão. Clara abaixa para pegar o embrulho. Olha para os lados e não vê
ninguém. Após entrar, deixa o presente numa mesa ao lado do sofá da sala e
caminha até a cozinha. Colocando
os pacotes de supermercado em cima de uma mesa, volta à sala, tira o moderno All Star dourado que usa e senta-se num sofá colocando os
pés deitados na extensão do assento. Pega na mesinha ao lado do sofá uma seda e
um dichavador de maconha, lembrança de uma viagem para Amsterdã. Coloca dentro a
maconha, dichava e enrola um baseado. Dá a primeira tragada e solta a fumaça
com um suspiro de prazer e relaxamento. Ainda com o baseado entre os dedos, caminha até onde deixou
o pacote embrulhado. Analisa-o cuidadosamente e o abre. Uma caixinha de música!
- comenta ela
alegremente. Tenta imaginar quem deixou aquele presente.
Ouve o barulho de uma mensagem no
aplicativo do celular. Ela clica no botão para visualizar e vê uma foto do dorso de Laileb. Ele está sem
camisa, posando de lado, uma sombra encobre seu peito. Ele sorri na foto.
Abaixo uma mensagem para convencê-la a se encontrar com ele hoje. Ela observa
os braços fortes e rosto sensual do rapaz e sorri. Envia-lhe envia um gif com
uma mulher dizendo “Uau!!!”
e, em seguida, lhe
responde que está muito cansada, mas que quer conhecê-lo em breve e, para
provar, vai enviar
um presente. Busca fotos em seu celular. Encontra algumas onde está de lingerie. Escolhe uma em que
está com um robe preto transparente cobrindo o corpo, deixando à mostra por
baixo uma lingerie sexy e a
envia a ele. Ele lhe responde com um emoji de diabinho.
Em seguida Clara trava o celular, dá
mais um trago no baseado e passeia pela sala olhando a caixinha de música.
Caminha até ela e a observa.
Há um símbolo desenhado na parte inferior do objeto. Ela abre a parte
superior da caixinha. Começa a tocar uma sonata barroca. Clara começa a dançar
e rodopiar, imitando os passos de uma bailarina. Na mão esquerda, a caixinha de música,
na mão direita o baseado e o celular.
Ao rodopiar pela segunda vez ela, para bruscamente e olha
para uma porta vermelha na sala. Uma porta que nunca esteve ali. Clara abismada, deixa
a caixinha de música ainda aberta e tocando a sonata e o celular em cima da
mesa. Ela dá mais uma tragada no baseado e caminha até a porta. Coloca a mão na
maçaneta e tenta abri-la. Não consegue. Encosta a orelha esquerda na porta para
tentar ouvir algo. A música da caixinha continua a tocar. Ela escuta, ao longe, passos vindos em sua
direção do outro lado da porta que ela - em vão - tenta abrir. Coloca o ouvido na porta e escuta-os cada vez mais perto.
A sonata entra numa parte altíssima da melodia. Ela vê a maçaneta da porta
lentamente se movimentar e
aos poucos se abrir. Clara rápida e desesperadamente, segura a maçaneta
e força a porta para fechá-la novamente. Uma força tenta abrir a porta do outro
lado ao mesmo tempo que ela segura e empurra com toda a força. O desespero de
Clara parece fazer com que ela tenha uma força descomunal que não conhecia. Segurando
e empurrando a porta com o corpo e deixando o pé esquerdo travando, ela esbarra com o pé
direito que estava servindo como pé de apoio na mesinha onde está a caixinha de
música fazendo com que a
caixinha de música, caia no chão, fechando a portinhola por onde sai o som.
Carla olha para a caixinha caída e, quando volta o olhar para o lugar onde estava a porta, esta
desaparece.
Clara tateia a parede procurando pela
porta que estava ali há segundos atrás. Não encontrando nada, ela então pega a caixinha de música e a observa
detalhadamente. Divide o olhar entre a caixinha, o lugar onde estava a porta e
o baseado que está fumando. Apaga-o num cinzeiro. Coloca a caixinha na mesinha ao lado do sofá e
olha para a parede sem entender o que aconteceu. Pergunta-se se está ficando
louca. Não pode ser efeito do baseado, imagina! Ela nunca sentiu
nenhum tipo de coisa parecida. Já ouviu muitos relatos de amigas sobre surtos psicóticos,
mas nada parecido com aquilo. A solidão de uma grande cidade pode ser a
resposta do acontecido, mas parecia tão real. Ela ouve o celular tocar e se
assusta. Olha o número e não o reconhece. Atende a chamada.
- Alô?
- Alô, dona Clara?
- Sim, é
ela. Quem é?
- Tudo bem,
Dona Clara? Aqui é a Monique da TV a cabo. Nós estamos entrando em contato porque não consta o
pagamento de sua última fatura.
- É Monique seu nome?
- Isso, dona
Clara.
- Monique, presta atenção. Tem uma porta vermelha que apareceu do nada
em uma parede da minha casa! Tá entendendo? Agora a porra da porta sumiu!
Desapareceu! Você acha que eu tenho tempo pra pensar na porra da fatura da TV? Aliás, cancele essa
porcaria. Faz um trilhão de anos que eu não vejo TV a cabo e nem TV nenhuma. Pode cancelar.
- Dona Clara, cancelamento
é com outro departamento. Eu sou do departamento de cobrança. Para cancelar a
senhora tem que ligar no serviço de atendimento ao cliente e teclar 8, depois “estrela“ e aguardar o
atendimento do responsável pela retenção do cliente.
- Tá bom. Me transfira para lá.
- Infelizmente não posso dona Clara. A senhora teria que ligar no
serviço de atendimento ao cliente e eu não tenho acesso. Ligue no nosso serviço
de atendimento ao cliente e tecle 8 e depois “estrela“.
- Querida! Sabe onde eu vou enfiar essa estrela? Eu vou enfiar essa
estrela no seu rabo! Tinha uma porta vermelha na parede da minha sala! Tá
entendendo?
- Dona Clara, não
seja mal-educada.
Eu sou apenas uma funcionária da TV a cabo. Não mate o mensageiro por entregar a mensagem.
- Vá à merda!
Clara desliga o telefone, quase em
crise nervosa. Olha para a parede onde estava a porta vermelha. Olha para a
caixinha. Balança a cabeça tentando entender o que aconteceu. Vai até o
quarto e troca de roupa. Veste uma calça legging, um top, calça um par de tênis
esportivo, passa pela sala e pega o celular, veste um agasalho por cima do top
e sai de casa. Correndo pelas ruas se pergunta se enlouqueceu. Como saber
quando estamos loucos? Ela corre pelas calçadas acerca de sua casa por uma
hora. Retorna à sua
casa convencida de que foi um surto. Entra em sua sala, coloca o agasalho em um
mancebo, retira os tênis e senta-se no sofá colocando os pés deitados por todo
o assento. Pega o celular para olhar as mensagens, mas não deixa de lançar os
olhos sobre a caixinha de música. Abre os aplicativos e olha com admiração uma
imagem enviada pelo seu "crush". Uma foto em que ele está nu, de
costas, com uma sombra tapando grande parte do seu corpo e um emoji de diabinho
sorrindo abaixo da fotografia. Ela passa discretamente a língua sobre os lábios
e sorri. Envia para ele outro
emoji de diabinho. Fecha os aplicativos do celular e vai até o quarto levando a
caixinha de música em sua mão. Ao entrar, encosta na porta e abre novamente a caixinha que
começa a tocar música. Percebe que a porta do quarto, em que está encostada
transformou-se na porta vermelha, que ela tinha visto na sala e que alguém a
está forçando por fora. A sonata que vem da caixinha parece ensurdecer os
ouvidos de Clara.
Ágil e desesperada, ela pega uma cadeira de madeira e trava
a entrada da porta. Ao olhar para a porta vermelha vê um símbolo circular, que
parece ter os muros de um castelo no interior do círculo e duas pontes que, juntamente com outro
círculo interior, parecem formar um rosto cadavérico. Clara olha a caixinha de
música e percebe que o mesmo símbolo está na parte inferior da caixinha. Ela
então o joga longe, mas ele cai
aberto, continuando a tocar sonata. A porta é forçada com mais intensidade
do lado de fora e Clara corre em direção à caixinha. A força atrás da porta
intensifica-se e a cadeira que estava travando a porta cai no mesmo instante em
que Clara consegue alcançar e fechar a caixinha de música. Neste momento a
porta volta a ser normal. Ela caminha cautelosamente até a porta e a abre tendo
diante de si
somente a sala como estava antes. Caminha até a porta da sala e a abre
investigando a rua e certificando-se que não há ninguém.
Caminha pela sala segurando a
caixinha na mão. Vai até a cozinha, procura desesperadamente alguma coisa entre
as gavetas do armário, deixando cair a primeira gaveta e esparramando talheres pelo chão. Abre a
segunda gaveta e,
depois de vasculhar os utensílios de cozinha, encontra um martelo de bater
carne. Rapidamente coloca a caixinha em cima da mesa da cozinha que tem uma
toalha branca cobrindo-a. Martela
por várias vezes até despedaçá-la. Porém, num dos golpes corta a mão, que estava segurando a caixinha, manchando de
sangue a toalha branca que cobre a mesa. Após fazer um curativo coloca os restos
da caixinha em um saco de lixo e joga num cesto fora de sua casa. Fecha
rapidamente a porta respirando com aflição e se encosta no batente da porta.
Contempla sua casa com olhar vago e com desespero, abre novamente a porta da
cozinha que dá acesso à rua. Pega o saco de lixo em que está a caixinha
quebrada fora de sua casa e corre com ela passando por vários lugares ermos até
chegar em uma ponte na beira de um córrego com uma mureta de proteção. Lá,
Clara arremessa o saco de lixo e observa a correnteza levá-lo com a caixinha de
música dentro. Num rompante,
ela sente um braço tocar seu ombro. Apavorada, ela se vira e vê duas anciãs, uma vestida de preto e outra vestida
de roxo, bem próximas a ela. A primeira diz;
- Muito feio o que você fez.
- Jogando lixo nos rios. Sujando sua cidade. - Diz a segunda anciã.
- Não. Eu… É que… - Tenta
balbuciar Clara.
As anciãs dão de ombros sem prestar
atenção ao que
Clara tinha a dizer e caminham sobre a ponte, por onde passa o córrego. Ao
chegar quase na ponta,
uma das anciãs vira o pescoço e olha para ela com olhar diabólico.
Clara caminha por uma calçada
movimentada. Sol brilhando. Ela para e observa rapidamente a vitrine de uma
loja de roupas e segue em frente, continuando seu caminho. Ela ainda se
pergunta se está bem de saúde mental e diz consigo que foi bom tirar o dia de
folga. Um carro moderno, preto, com alto falante em cima, passa na rua ao lado
dela. Como num passe de mágica, a rua que estava extremamente movimentada fica
deserta. Clara se pergunta onde foram parar aquelas pessoas. O sol que brilhava
é encoberto por uma nuvem negra. O carro que está passando lentamente paralelo a
ela, começa a tocar em seu alto falante a sonata da caixinha de música. Clara
tenta identificar quem está dentro do veículo, mas os vidros escuros,
impossibilita sua visão de fora. O carro continua a rodar na rua, devagar,
junto a ela que está na calçada. Clara apressa o passo. O carro também começa a
rodar mais rápido, ela então começa a correr procurando desesperadamente alguém
para pedir socorro. O veículo em seu encalço. O desespero toma conta de seu
rosto. Clara então vira uma esquina e é seguida pelo carro. Ao chegar no fim da
rua percebe que não há saída. O automóvel para entre ela e o muro do final da
rua. Só então ela percebe que a placa do carro, ao invés de letras e números,
tem a marcação do símbolo que tinha na porta vermelha e na caixinha. A porta do
lado do motorista se abre e percebemos uma luz vermelha saindo de dentro do
carro. Ao fundo, ela percebe as duas anciãs que viu na noite passada, lado a
lado a observando. Ela então ajoelha-se em frente ao carro e junta as mãos
pedindo clemência. Uma luz forte vermelha, juntamente com um estrondo
horripilante surge diante dos olhos dela que grita apavorada.
Clara desperta em sua cama, fica
sentada, com respiração apressada. Percebe que estava tendo um pesadelo. Coloca
a mão no peito e deita-se novamente. Respirando com sofreguidão e com a testa
suada. Enxuga a testa e se pergunta o que está acontecendo com ela.
Mais tarde, naquele dia, Clara caminha por uma rua próxima a sua casa. Carrega um
pacote de supermercado nos braços. Ao entrar em sua residência, ela para
próximo à porta e olha o celular. Vê no aplicativo Whatsapp as mensagens que
trocou com Laileb durante o dia. Começa a subir para ver as mensagens
anteriores e a olhar entre as mensagens, os nudes trocados entre os dois. Clara
escreve uma mensagem a ele dizendo que comprou um vinho e que o aguarda às 20
horas. Ele responde com um emoji de diabinho vermelho. Ela observa o aplicativo
e espera ao ver que do outro lado da linha, ele ainda está digitando. Ele diz
na mensagem que está louco para conhecê-la pessoalmente. Ela sorri, manda um
emoji de beijo e caminha até a cozinha. Retira do pacote a garrafa de vinho,
queijos e uvas. Dentro do pacote do mercado há um outro embrulho de uma
farmácia de onde ela tira duas caixas de preservativos. Recebe uma nova
mensagem no celular no aplicativo. Ela o
abre e vê uma
mensagem genérica encaminhada por uma pessoa desconhecida; "Um dia você
vai perceber que percebeu tarde demais". Ela ignora a mensagem e guarda as
coisas do supermercado na geladeira.
Clara está terminando a maquiagem.
Colocou a lingerie que estava usando na foto da primeira imagem sensual que
enviou para Laileb. Sem o robe, pois não combinaria com a mini saia preta e uma
blusa de alça grudada ao corpo que estava usando. Exatamente às oito da noite
ela ouve o toque da campainha. Clara caminha atravessando a sala e abre a porta
para Laileb. Ele usa um casaco preto com camiseta por baixo, calças pretas de
lã fria e sapatos de couro. Sua barba por fazer lhe dá um aspecto sensualmente
rústico e seu rosto é tão bem alinhado que parece que há uma total regularidade
entre os traços direitos e esquerdos de sua face. Ele segura uma garrafa de
vinho Casillero del Diablo em uma das mãos e está segurando e comendo uma maçã
com a outra. Laileb oferece a ela um pedaço e Clara dá uma mordida na fruta que
ele segura com a mão. Ao vê-la morder e mastigar a maçã ele sorri.
- Entre. - Ela diz.
- Tem certeza? - Responde Laileb
- Claro! Pode entrar.
Mais tarde, engalfinhados no sofá, os dois trocam carícias. Param para beber
um pouco mais de vinho que Laileb trouxe.
- Você ainda não me disse de onde vem esse nome. É árabe?
- Hebraico,
na verdade.
- Hum... Entendi. E fora ser lindo. O que você faz?
- Eu organizo festas.
- Hum... De casamento? Tipo aquelas das comédias românticas?
Laileb ri e toma mais um gole de vinho.
Clara o observa, admirando sua beleza. Serve-se também de mais uma taça de
vinho. Laileb responde:
- Poderia ser, mas as festas que organizo são melhores do que aquelas
festas bregas destes filmes.
- Olha só... Eu quero ir em uma então.
- Será um prazer. - Responde Laileb a olhando e passando a língua entre
os lábios.
- E de onde você é?
- Já ouviu falar de Sabino?
- Nunca!
- Imaginei. - Responde ele.
Laileb então a beija com paixão, desce
a boca até seu pescoço segurando em sua nuca. Ela suspirando o chama para o
quarto. Vão entrelaçados e lá ele retira quase que completamente as roupas dela
entre beijos e carícias. Laileb ainda vestido de calças e camiseta, coloca seu
celular na cômoda ao lado da cama. Beija Clara na boca com sofreguidão e desce
o rosto pelos seios e barriga. Retira sua calcinha e começa a fazer sexo
oral nela, que se contorce de prazer. Após alguns instantes de quase êxtase ela
levanta o tronco e tenta tirar a camiseta dele que a impede com carinho. Laileb
então abaixa as calças e ela aprecia com o olhar um membro duro, grande e
estranhamente escuro em sua base, mas com a glande extremamente vermelha. Ela
pensa em pedir para ele colocar a camisinha ou mesmo para esperar para ela
pegar, mas quando ele encosta a cabeça do membro na entrada de sua vulva já
encharcada de quase gozo, ela se derrete de um prazer descomunal e ele a
penetra com suavidade, olhando nos olhos dela. Clara tem um princípio de
orgasmo e o olha nos olhos enquanto Laileb acelera os movimentos fazendo com
que os dois cheguem juntos ao orgasmo. Ela não se lembra de ter tido um gozo
como aquele em toda a sua vida. Nunca antes sentiu tal intensidade. Clara, com desejo de ter e
sentir a pele dele grudada à sua, puxa num rompante a camiseta que ele está
vestindo, retirando-a. Então ela vê no peito de Laileb uma tatuagem. Uma
tatuagem com um desenho igual ao símbolo da caixinha, da porta vermelha e da
placa do carro. O celular dele que está ao lado da cama começa a vibrar e tocar
a sonata da caixinha de música. Ela olha para o celular e depois para ele,
desesperada. Ela grita aterrorizada e tenta retirar Laileb de cima, porém não
tem forças. Ele a olha com o mesmo olhar que ela viu no rosto da anciã, na
ponte em cima do córrego quando jogou fora a caixinha de música quebrada. Ao
olhar para baixo, junto ao sexo dos dois, ela percebe que há muito sangue. Um
sangue escuro. Clara grita desesperada e desmaia na cama embaixo de Laileb.
Em um túnel comprido que liga o muro de entrada ao pátio interno de uma construção antiga, ouve-se como se saindo das paredes, a sonata da caixinha de música. A construção tem o aspecto de um hospital. Clara está dentro deste túnel, usando roupas verdes de paciente. Ela caminha com sofreguidão em direção ao fim do túnel. Lá onde parece ser o pátio central da construção, há uma luz vermelha. Em um banco, ao lado direito do túnel, estão sentadas as duas anciãs. Elas olham com desdém e repulsa para Clara. Uma das velhas está segurando a caixa de música aberta e a outra murmura algo inaudível para Clara apontando o final do túnel onde está a luz vermelha. Clara está segurando uma barriga enorme. Ela está grávida. Segura a barriga com uma expressão de extrema tristeza em seu rosto. Na entrada do túnel, no começo do corredor está gravado o símbolo da caixa, do carro e da tatuagem de Laileb. Clara lembra-se que Laileb veio de uma cidade chamada Sabino¹. Então ela sussurra; - Belial2.
_____________
1. Sabino – SP é a única cidade brasileira que fala português de trás para frente.
2. Belial é um demônio presente na mitologia canaanita, citado no primeiro e também no último testamento como o oposto da luz, do bem e comandante de 80 legiões.
Eliane Rodrigues
Francisco Caetano
Gisela Lopes Peçanha
Lígia Diniz Donega
Márcio André Silva Garcia
Paulo Luís Ferreira
Pedro Panhoca
Rossidê Rodrigues Machado
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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