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Cerco a cidade de Tiro às
11:00 do dia 02 de agosto de 332 AC
Abre-se um portal de forma
rápida num ponto do céu próximo ao mar mediterrâneo. Um veículo planador sobrevoa
a encosta de um monte nas proximidades da praia da antiga cidade portuária de
Tiro.
O DeLorean está sobrevoando
em modo camuflado, não podendo ser visto pelas centenas de soldados que estão
na praia se preparando para o ataque final à ilha de Tiro.
A data é 02 de agosto de 332
AC. O Exército de Alexandre da Macedônia construiu uma espécie de ponte com os
destroços da cidade costeira até a fortificada cidade-ilha de Tiro. O principal
ponto estratégico e de comércio do Mar Mediterrâneo. Alexandre definiu uma
estratégia de atacar o império persa por terra, mas antes deveria conquistar a
subordinação e aliança dos fenícios e ciprenses, povos que comandavam o
comércio marítimo além de Tiro que era um ponto central para os aliados persas.
Tiro suportou as investidas de Alexandre durante 6 meses, mas agora com o uso
das bombardas, primeiras catapultas criadas, a muralha de Tiro e os principais
edifícios da cidade estão sendo devastados. Os fenícios e ciprenses estão
atacando com suas frotas pelos dois flancos da cidade.
- Putz Grila, moçada.
Chegamos tarde, parece que a festa já começou... – Ironiza Jack ao ver a cidade
sendo atacada pelos soldados de Alexandre.
- Que lugar é esse e em que
ano estamos, Lorenzo? – Indaga Akidaban.
- Estamos vendo a tomada de
Tiro por Alexandre, o grande, meu amigo. Este é o mar mediterrâneo. Devemos
estar por volta de 330 antes de cristo. Mas a pergunta mais importante é: Por
que esse evento na história? – Reflete Lorenzo.
- Exatamente, Akidaban.
Estamos no ano de 332 AC, aquela cidade resistiu por meses e pelo que estou
vendo hoje é o dia da conquista. Vai haver um grande massacre. Mas agora vou
pousar o DeLorean neste monte. – Informa o Dr. Carter.
- Sim, Carter. Tem razão.
Alexandre estava tão furioso que realizou um massacre nesta cidade ao conquista-la.
Acha que tem algo a ver com isso? – Lorenzo começa a conjecturar.
William Carter tira um
binóculo e começa a olhar com calma a movimentação lá embaixo. Então diz:
- Não posso afirmar isso
agora Lorenzo, mas posso afirmar que tem um sujeito suspeito bem ali.
O binóculo é passado para o
líder Domenico Lorenzo que avista uma espécie de pequena jangada com uma pessoa
encapuzada se aproximando do outro lado da cidade. Ela acaba entrando pelo
outro lado onde tem embarcações ciprenses atacando e invadindo a cidade.
Neste momento os soldados de
Alexandre começam a trazer esteiras e grandes torres de madeira verticais para
abordar as partes danificadas da muralha e começam a invasão à cidade pela
praia defronte ao continente. A fumaça de incêndio e destruição bem como os
gritos começam a ser vistos e ouvidos de longe.
- Sentiu algo estranho,
chefe? – Pergunta Jack Harper.
- Hora de entrarmos na
cidade e averiguar os detalhes, pessoal. – Diz Lorenzo.
- Muito bem, a gente vem
para o passado para morrer numa ilha em guerra. Que merda! – Comenta Akidaban.
- Então vamos lá, não
esqueçam de usar o botão amarelo do traje para escanear as vestimentas desta
época. E depois o verde para o traje simular os tecidos. Não esqueçam também de
tomar cuidado com o possível encontro de seus avatares nesta época. – Avisa
Carter.
- Encontro... de... Avatar?
– Pergunta Jack.
- Sim, avatar, a sua alma
mística que foi reencarnando até você. Se por acaso ela estiver aqui, ou seja,
você encontrar sua encarnação desta época haverá um choque de um mesmo espírito
e nós não sabemos o que pode acontecer. – Avisa Akidaban.
- Isso só pode ser
brincadeira, né? Isso não acontece na vida real, é coisa de filme ou no máximo
jogo de RPG. – Desconversa Jack Harper.
Lorenzo então sentencia: -
Chega de conversa, magos. Hora de entrar numa batalha.
Os quatro companheiros
modificam seus trajes para parecerem soldados macedônios e entram no veículo
planador. Sobrevoam a cidade e encontram o capuz jogado próximo a uma fonte na
praça central.
Pessoas estão tentando fugir
e os soldados macedônios estão matando homens, mulheres e crianças
impiedosamente. Um homem velho no canto oposto da praça, a uns cinquenta metros,
em frente ao templo de Héracles, está pegando um pouco de sangue de uma vítima
morta e está conjurando algum ritual com um frasco.
Os iniciados na magia acabam
escolhendo campos de estudo místico da realidade que chamam de “esferas”. Jack
e Akidaban estudaram a esfera de espírito e conseguem ver os espíritos das
vítimas mortas sendo recolhidos para dentro do frasco do ancião misterioso.
Mas antes que Harper ou
Akidaban informem aos companheiros, um batalhão com cerca de cinquenta soldados
macedônios se embate com soldados tirenses naquela praça. Casas incendiadas e
gritos de vítimas civis pedindo pelos deuses Héracles e Apolo. O caos se
espalha impedindo o caminho entre os viajantes do tempo e o Velho feiticeiro que
está realizando o ritual. Não lhes restam escolhas, então os heróis sacam
espadas de soldados vencidos e se defendem em meio à batalha.
Carter grita: - Jack, você é
um “Adepto da virtualidade”, conhece a esfera de “Correspondência”. Faça logo
um maldito portal e nos leve até o ancião!!
Jack se desvia de um golpe
de lança de um soldado inimigo e retruca:
- Mas e se a realidade me
causar um choque de resistência? Você tá louco? Não quero receber choque de
paradoxo... auuu... – Jack se desvia de outro golpe de lança.
Akidaban golpeia a lateral
do soldado que ameaça Jack e então diz:
- Estamos a 300 anos antes
de cristo, seu animal! Não tem paradoxo aqui. Todo mundo acredita em magia e
nos deuses.
Jack sentado ao chão,
reclama:
- E por que diabos não me
falou isso antes, negão?
Jack se prepara para
levantar, mas uma mulher que tenta fugir de um soldado com seu bebê acaba
tropeçando num corpo na praça e cai ao lado de Jack Harper. Eles se olham como
se conhecessem a vida toda e levantam suas mãos para tocar as palmas das
mesmas.
Akidaban percebe a conexão
espiritual dos dois e sente o perigo. Tenta avisar Jack com um grito, mas já é
tarde demais. Jack e a mulher estão com seus olhos brilhando, deitam com face
para cima e começam a tremer como se sofressem ataques epiléticos. Os
movimentos corporais são violentos, mas as mãos continuam ligadas como se
fossem gêmeos siameses.
O bebê chora ao lado em
desespero.
- Pelos olhos de Tot, o que
está acontecendo com eles? – Pergunta Lorenzo se aproximando.
- Eles estão conectados por
terem o mesmo avatar. – Responde Akidaban.
- Não temos tempo para isso,
então vou cortar o braço dela para libertá-lo. – Fala Carter já levantando a
espada.
- Não faça isso. O espírito
se conectou, então a carne também está se ligando. Se cortar o braço dela o
braço dele também vai ser decepado no mesmo ponto. – Avisa Akidaban.
- Então o que vamos fazer? –
Pergunta Carter.
Akidaban retira um conjunto
de búzios e um chocalho indígena de uma pequena bolsa de veludo lilás e diz:
- Você vai ser meu guarda
costas; Lorenzo vai chegar o mais rápido possível até o velho e eu vou tentar
um feitiço de separação. A gente não pode deixar o Jack e precisamos impedir o
velho.
Akidaban se senta com as
pernas cruzadas e começa a agitar o chocalho acima da própria cabeça em
movimentos circulares. Recita uma canção numa antiga língua nativa da América
do Sul.
Carter pega uma lança e
começa a defender os amigos que estão ao chão e por um instante olha na direção
de Lorenzo. Ele não está mais lá. Está correndo em direção ao feiticeiro
misterioso enquanto faz um movimento estranho com as mãos a frente do corpo. As
tatuagens de Lorenzo se movimentam em sua pele e Carter percebe que Lorenzo
está realizando uma magia da esfera de “tempo” para chegar mais rápido ao homem
suspeito.
Quando o idoso chamado
Hipérion nota a aproximação de Lorenzo passa a emitir uma forte luz que sai de
seus olhos e boca, lembrando a cena do bruxo chinês do filme “aventureiros do
bairro proibido”. A luz é tão intensa que cega a todos os presentes na praça,
que estão de olhos abertos. No instante seguinte o velho não está mais lá. Lorenzo
se pergunta onde pode ter ido.
Lorenzo atordoado vai
recuperando a visão lentamente, o que não impede de escutar um som estranho de
pedra quebrando e se soltando. O som parece estar vindo de dentro do templo de
Héracles. O que será que o velho homem estaria fazendo lá dentro?
O italiano se arrepende pela
curiosidade. Pois logo observa pedras do telhado do templo caírem ao seu lado.
Ele e os outros que estão na praça passam a ver uma estátua gigante de Héracles
com aproximadamente vinte metros de altura, quebrar o teto do templo e se ergue
imponente de dentro do templo. O gigante de pedra avista os magos e destroça a
fachada do templo enquanto se aproxima de do mago italiano.
Lorenzo Spádua não acredita
no que seus olhos presenciam e retoma o senso de realidade no último momento antes
de ser pisado pelo pé enorme do gigante de pedra. Habilmente pula para o lado
rolando no chão enquanto o estrondo assusta a muitos soldados na praça que
suspenderam a batalha.
- Akidaban, acho melhor você
concluir este ritual antes que o nosso amigo siciliano não tenha mais história
para contar. – Avisa Carter.
Os soldados tirenses e
outros sobreviventes da cidade começam a gritar de alegria pensando que o
próprio Hércules desceu do Olympo e tomou a forma de gigante para acabar com o
exército invasor.
A seu turno, os soldados de
Alexandre preparam lanças e flechas e começam a atirar na imponente figura de
pedra. O Héracles titânico se abaixa e passa o braço na direção dos soldados
macedônios como se estivesse afugentando moscas. Cerca de nove soldados são
jogados para longe vindo a morrer com o impacto, logo na primeira braçada.
Lorenzo aproveita a
oportunidade e bate em retirada para uma casa próxima com sua metade
destroçada. Chega até poucos passos após a porta, se vira para fora, posiciona
as mãos em formato de triângulo e começa a se concentrar enquanto fecha os
olhos. Por sua vez a tatuagem de um olho de Hórus na parte frontal do pescoço
começa a brilhar tenuamente numa luminescência verde.
No outro lado da praça que
se tornou um campo de batalha, Akidaban então fala:
- Axé, Axé... àwon ofò!
Com as palavras pronunciadas
Jack e a mulher se separam como que empurrados para lados opostos. Akidaban
conseguiu.
Jack Harper acorda atordoado.
Aos poucos vai recobrando a consciência e pergunta: - E aí, galera. O que foi
que eu perdi? – Ele levanta a vista e percebe um gigante de pedra resistindo a
soldados macedônios e recebendo tiros de bombardas. Então diz: - Porra negão,
por que me acordou agora? Quero dormir de novo... me põe pra dormir de novo.
A mulher também se recupera,
assustada pega seu bebê e foge, levando um último olhar do piadista Jack
Harper.
- Temos que fazer alguma
coisa. Levanta logo, Jack. – Ordena Carter enquanto tira uma luva preta que
estava escondida no uniforme de batalha. Veste a luva na mão direita e aperta
alguns botões na parte de cima. Em seguida com a mão direita pega uma lança
próxima e após uma pequena carreira arremessa o objeto com força contra a
estátua com vida.
Akidaban diz: - Essa lança
está caindo muito rápido, não vai chegar nem na coxa desta criatura.
- Elementar, meu caro
Akidaban. A densidade daquela arma está aumentando exponencialmente... Então
logo vai pesar algumas toneladas. Não precisa chegar até a coxa. – Explica o
Dr. Carter enquanto recupera o fôlego.
O dardo lançado por Carter
cai no pé esquerdo do Hércules de pedra, esmagando o ponto que se insere e causando
rachadura no enorme pé de pedra. O gigante está com o pé paralisado por alguns
momentos.
- Gostei do efeito mágico,
nerd. – Elogia Jack, já de pé, se dirigindo a Carter.
Akidaban com sua consciência
espiritual desenvolvida percebe que no olho direito da criatura tem um ponto
brilhante. Um ponto que parece emitir uma energia diferente. Surpreso, percebe
que é o frasco que o feiticeiro misterioso estava coletando almas. Então avisa:
- Pessoal, no olho direito
do gigante tem um artefato mágico. Deve ser ele que está dando vida à criatura.
Jack Harper, com tom heroico,
cospe nas mãos antes de esfregar uma na outra e fala:
- Então deixa para o papai
aqui que eu já vi. O pai tá on!
Jack começa sua magia. Uma
rajada constante de vento parece vir de baixo do seu corpo e seu cabelo muda de
tonalidade por um instante. Ele junta os dedos indicador e médio da mão
esquerda e toca a própria testa, enquanto que com a mão direita junta também os
dedos indicador e médio, e começa a desenhar um círculo no ar criando um portal
de aproximadamente dois palmos de diâmetro.
Rapidamente põe a mão dentro
do portal que se liga a outro portal em frente ao olho do gigante de pedra. No
instante seguinte o brilho do olho direito do Hércules de pedra desaparece e um
frasco brilhante está na mão de Jack Harper quando ele a retira do pequeno
portal mágico.
A estátua sem vida recebe um
tiro de bombarda na cabeça e começa a cair vindo a destruir algumas casas e o
que sobrou do antigo templo.
- Até que enfim deu uma
dentro, né vagabundo? – Comenta Akidaban falando com Jack.
- Vai ver se eu tô na
esquina, Negão. – Eles batem os punhos de frente um para o outro num
cumprimento amistoso.
- Ainda não acabou,
senhores. Onde está Lorenzo e o Senhor misterioso? – Pergunta Carter.
Numa pequena rua próxima do
devastado templo, de esquina com a praça, Lorenzo encontra o velho caído com
uma grande pedra sobre seu braço direito e escombros sobre suas pernas. Ele
ainda está consciente.
Lorenzo diz: - Che cavolo!
Ainda bem que usei uma magia mental para poder rastreá-lo. Você parece estar
nas últimas, velhote. Agora eu quero respostas, quem é você e por que estava
reunindo as almas daquelas pessoas?
Com olhar triste e
arrependido, em meio a dores, o idoso fala:
- Meu nome agora é Hipérion,
o titã da luz. Após Maktub ter me dado esta vida outra vez. Mas não fui sempre
assim. Meu antigo nome era Klaus Kroenberg, alto mago e lorde das terras da
boêmia na Prússia oriental no século XVIII. Morri em 1767 numa disputa com
facções rivais de magos. Quando percebi, tinha voltado à vida no século XXI,
mas agora era um espectro. Um soldado de Maktub que usou magia Nefandi para
ressuscitar a nós, os seis espectros do destino, cada um com o nome de um titã.
Ele pretende liberar as Horcruxes em várias datas da história para... - O velho
homem tosse sangue. E então emite suas últimas palavras:
- Destruam as Horcruxes....
Hipérion morre. Logo em
seguida sai de sua boca uma pequena esfera negra que se eleva no ar de modo
sobrenatural e se despedaça. O corpo do idoso vira pó instantaneamente.
Não demora muito e os outros
magos chegam ao local.
- Lorenzo, conseguimos o
artefato, mas não encontramos o feiticeiro. – Diz Akidaban.
- Eu o encontrei, amigos.
Hora de partir, nossa missão aqui está completa. No caminho conto tudo que ele
disse.
- É melhor mesmo, porque os
outros soldados estão vindo e matando todos que encontram. – Avisa Akidaban.
- Hora de chamar o veículo,
Carter. – Diz Lorenzo.
William Carter saca um
dispositivo pequeno e aperta um botão localizador. Em poucos instantes o Delorian
desce naquela rua e sai do modo invisível. A equipe de magos entra no veículo.
Enquanto estão levantando
voo Akidaban pergunta para Jack:
- E como foi a conexão
espiritual com sua alma gêmea do passado?
- Não sei bem explicar,
cara. Só sei que compartilhamos nossas dores, conhecimentos e ansiedades
naqueles instantes, entende? Acho que nunca vou ter uma experiência como essa
de novo. – Filosofa Jack.
- Não sou da tradição
Euthanatos, mas concordo sobre a morte ser inevitável. E desejo que aquela
mulher tenha uma boa passagem para o outro mundo, meu amigo. – Completa
Akidaban.
Jack Harper olha para baixo como que procurando pela mulher e tenta esquecer que o ciclo da vida é imutável. Para algo nascer, outra coisa deve perecer.
O DeLorean abre um novo portal levando o grupo de aventureiros para um novo ponto na história.
autor
Jonnathan Freitas
elenco
Tom Hardy como Domenico Lorenzo
Lucas Till como William Carter
Rodrigo Santoro como Jack Harper
Seu Jorge como Akidaban
Neil deGrasse Tyson como Duncan Brown
Paulo Pires como John Maktub
Scarlett Johansson como Réia
Lady Gaga como Kyra
Cristina Ravela
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