Quando Ana Olhou para a Direita: Capítulo 01 - WebTV - Compartilhar leitura está em nosso DNA

O que Procura?

HOT 3!

Quando Ana Olhou para a Direita: Capítulo 01

Minissérie de João Paulo Coca
Compartilhe:






QUANDO ANA OLHOU PARA A DIREITA - CAPÍTULO 01


A FAMÍLIA TOROSÍDIS
 

Perdida em seus pensamentos, Ana ouvia várias vozes passando por sua cabeça. Em meio a discussões e risos, uma das vozes chamou pelo seu nome. Não era nenhum tipo de esquizofrenia ou devaneio, apenas sua mente desligada durante um almoço de domingo em família.

Após retomar sua atenção ao que acontecia ao seu redor, Ana, que tinha ótima percepção, começou a notar todas as conversas que aconteciam simultaneamente naquela mesa de almoço dominical.

— Você fica defendendo esses comunistas! — dizia Andreas, que estava sentado à direita da mesa, em tom ofensivo a Antero.

— Não vou entrar nessa discussão com você, Andreas. Suas falas são totalmente sem fundamento, apenas com intenção de causar atrito — retrucou Antero, enquanto dava de ombros para o irmão.

— Vocês parecem duas crianças. Não importa seu lado político, mas ser um cidadão de bem que não se mete nessas picuinhas. Isso é tão classe-média! — interrompeu Konstantinos, o patriarca da família.

Os irmãos mais velhos de Ana sempre foram como água e fogo. Um encontro de família sem que houvesse uma discussão política entre os dois, somente nos dias em que um deles não estava presente. Normalmente, Andreas era o centro de todas as discussões da família. Provocador nato de confusões, Ana preferia se esquivar de qualquer conversa com o irmão militar e defensor da violência gratuita.

Continuando seu tour pela mesa, observava como Gabi, esposa de Andreas, preferia se fotografar em todos os ângulos possíveis, até encontrar a foto perfeita para que seus seguidores pudessem apreciar toda sua inquestionável beleza. Ana dava razão à cunhada em se desligar do mundo real, pois suportar seu irmão, Andreas, não era uma tarefa fácil.

No canto esquerdo daquela grande mesa de doze lugares, estava a mãe de Ana, brincando com seu neto, Eros. Aquele lindo bebê, que trouxe um pouco de paz para a família, teve a sorte de herdar a beleza da mãe blogueira. A esperança era que ele não desenvolvesse a hostilidade do pai.

Ana observava como a mãe acabava deixando de lado os problemas da família Torosídis, mesmo que por alguns momentos, enquanto se divertia com o único neto. Ana preferia também dedicar sua atenção apenas ao sobrinho, pois aquele bebê irresistível merecia alguns beijos e apertões. Então ela se levantou e se aproximou da mãe, dizendo:

— Como pode uma pessoinha tão pequena deixar todo mundo com os olhos brilhando e não conseguir olhar para outra coisa?

E, usando aquela tradicional voz que os adultos fazem para conversar com bebês, Ana já estendia os braços para o sobrinho, que respondia com a mesma ação.

— Oi, meu amor! Vamos passear com a titia! — dizia Ana, em tom carinhoso.

Em um monólogo com o sobrinho, Ana andava pela sala de jantar em direção à porta que dava acesso ao jardim, enquanto Eros brincava com os cabelos ondulados da tia.

— Você é o bebê da titia? Você é o único Torosídis que não tem problemas? — dizia Ana para o sobrinho, sentado em seu braço.

Enquanto aqueles grandes olhos azuis a encaravam, como quem tentava entender suas palavras, um belo sorriso de dois dentes se formou em seu rosto. Não havia quem resistisse a esse belo sorriso banguela. Como prometido, Ana respondeu com muitos beijos e apertões.

Enquanto apontava para que o bebê visse alguns pássaros que voavam livres por aquele grande e belo jardim, Ana viu sua tia, Zoé, chegando em direção a eles, já com um sorriso no rosto. Ela já esperava o comentário preferido da família, referindo-se à sua vida pessoal.

— Você se dá bem com crianças! Não pensa em se casar e dar mais algum neto para seus pais? — perguntou Zoé.

Mesmo cansada desse tipo de brincadeiras, Ana sorriu para a tia, que ela adorava, e respondeu:

—  Estou deixando isso por conta do destino. A senhora não se casou e está muito bem! — retrucou Ana, com um sorriso de canto e fazendo um carinho nos cabelos grisalhos da tia.

— É verdade! O casamento não é para todos, minha filha — sussurrou Zoé. — Às vezes, o melhor que se pode fazer é se dedicar a uma coisa maior, como encontrar vidas melhores para outras pessoas — finalizou, já com um tom mais sério.

— Falando nisso, como vão as coisas no orfanato? — perguntou Ana, dando sequência à conversa enquanto mudava o sobrinho para o braço descansado.

Há muitos anos, Zoé gerenciava o orfanato Arquiem. Uma instituição muito respeitada na cidade de São Paulo. O orfanato era mantido pela Família Torodídis há anos. Inclusive, foi o primeiro lar de Ana, adotada pelos Torosídis ainda bebê.

— Vai indo muito bem! Esse mês, duas crianças foram adotadas por boas almas — respondeu Zoé com um sorriso de felicidade. — Depois de certa idade, fica sempre mais difícil que essas encontrem famílias — completou, desmanchando a expressão de alegria do rosto.

— Fico feliz pelas crianças que conseguiram novos lares. Pelas que ainda ficaram no orfanato, sei que serão muito bem cuidadas até que encontrem boas famílias — comentou Ana, com um sorriso em direção à tia.

­— Agora, preciso ir pra casa! — exclamou Ana enquanto olhava as horas no telefone.

— Claro, meu bem! — respondeu sua tia. ­— Fico esperando sua visita qualquer dia desses.

Ana acenou com a cabeça em sinal positivo, despedindo-se da tia com um beijo no rosto, e voltou para a sala de jantar da família. Como uma boa família grego-brasileira, eles continuavam suas discussões. Entregou o sobrinho e se despediu com um forte abraço e um beijo na testa da mãe, que continuou ali sentada.

Ana pegou um pouco de pudim servido na sobremesa e o comeu em apenas três colheradas, devolvendo sua taça vazia para a mesa e pedindo que a empregada separasse um pouco de pudim em um potinho para ela levar pra casa. Antes de sair, brincou com a cunhada Gabi, posicionando-se atrás da blogueira fazendo um sinal de paz e amor com os dedos enquanto ela se fotografava. A cunhada ficou super empolgada e disse que iria postar a foto.

— Gente, que linda a nossa foto! — exclamou Gabi com um belo sorriso no rosto. — Vou postar agora mesmo, vamos arrasar!

Com a atenção da cunhada agora dedicada ao melhor filtro para a foto, Ana se afastou, já despendido da família à distância.

— Até mais, pessoal! Já vou indo ­— disse Ana, acenando com o braço para todos de uma vez.

— Espere, filha! — ordenou Konstantinos, já se levantando.

Ao se aproximar, já envolveu a filha em seus braços enormes, dizendo que estava cedo demais, que deveria ficar mais tempo com a família. Konstantinos era um homem alto e estava sempre impecável. Seus cabelos brancos bem penteados se misturavam com sua barba volumosa, não abria mão de estar bem vestido, mesmo que para um simples almoço de família.

— Preciso mesmo ir, pai! ­— respondeu Ana. — Preciso resolver umas coisas ainda, e como é domingo, eu prefiro dormir cedo.

Ana sabia que não podia se prender a uma conversa com seu pai naquele momento. As cobranças sobre se casar, criar uma família começariam logo e ela já tinha gastado sua cota sobre o assunto com sua tia.

— Está precisando de alguma coisa, filha? Algum dinheiro ou algo do tipo? — perguntou o pai em tom sério — Você é igual ao seu irmão, Antero, tão autossuficiente. Não pedem nada ao pai — completou Konstan, com um certo drama irônico na sua fala.

— Obrigada, pai! Não preciso de nada no momento. Está tudo ótimo — respondeu Ana, acariciando a barba branca do pai e já se desvencilhando do abraço.

— No próximo fim de semana, passo por aqui novamente. Até logo! — Ana se despediu andando em direção à porta de saída.

Com o trânsito bem tranquilo e sua playlist favorita tocando, Ana dirigiu por cerca de trinta minutos de volta pra casa.

Ela morava em um apartamento da família, no centro da cidade. Acabou aceitando utilizar o apartamento oferecido pelo pai, já que encontrar um apartamento próximo ao trabalho era algo raro em São Paulo. Era um ótimo apartamento, longe do conforto que ela teve enquanto morava na casa dos pais, mas eram 96m² de liberdade para seguir sua vida e seus sonhos.

Ao chegar no prédio, Ana cumprimentou o porteiro.

— Olá, ‘Seu’ Pedro! Acho que o senhor vai gostar ­­­— disse Ana, sorrindo e colocando um potinho de plástico em cima do balcão da recepção.

— Obrigado, milha filha! — respondeu o homem, abrindo o pote. — Esse pudim está com uma cara ótima.

Com um tapinha no balcão e um sorriso, Ana se despediu e continuou seu caminho em direção ao elevador. Ao entrar no apartamento, experimentou aquela sensação de prazer ao tirar os sapatos, que já incomodavam. Ela ainda tinha uma missão importante naquele fim de domingo, ligar a Netflix e terminar de maratonar a sua série preferida. Faltavam apenas 3 episódios para ela saber o destino de Walter White em Breaking Bad.

Ana desligou seu telefone, aconchegou-se com seu companheiro de apartamento em meio a almofadas e um cobertor bem macio. Perseu adorava assistir TV com Ana, mesmo que aquele Buldog inglês não fizesse ideia do que do que estava acontecendo, mas ficar deitado no sofá com a dona era seu passatempo preferido.

Encerra com a música: (Rosas - Ana Carolina).

CENAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO

Meio sem graça, Letícia desligou e disse a Ana que o delegado queria vê-la em sua sala.

— Droga! Aposto que é sobre o caso da joalheria ­— reclamou Ana, já se levantando.

­— Vai lá. Vou organizando essa papelada pra você — disse Letícia.

— Obrigada! — agradeceu Ana, e alinhou sua roupa — Ah! E é Senhorita Torodídis, por favor! — exclamou com um sorriso e o dedo apontado para a assistente. 

— Feche a porta e se sente! — ordenou o Delegado Belfort com sua voz que o gabaritava para ser um locutor de rádio.

— Pois não, senhor! — disse Ana, já arrastando a cadeira para se sentar.

— Vou direto ao assunto, Ana!

NÃO PERCA, DIA 22, O SEGUNDO CAPÍTULO:

— Mas, chefe...

— Ouça, Ana: você é uma das melhores detetives que tenho, mas você precisa entender que, algumas vezes, você precisa abrir mão de alguns casos e deixar nas mãos de outro — disse o delegado em um tom reconfortante.


autor
João Paulo Coca

elenco
Giovanna Antonelli como Ana Torosídis
Sheron Menezzes como Letícia
Cauã Reymond como Felipe Morfeu
Otávio Muller como Antero Torosídis
Antônio Fagundes como Konstantinos
Alexandre Borges como Georgios
Miguel Falabella como Dimitri
Carmo Dalla Vecchia como Andreas Torosídis
Larissa Manoela como Helena Torosídis

trilha sonora
Fire - Saint Mesa (abertura)
Rosas - Ana Carolina


produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


Copyright © 2021 - WebTV
www.redewtv.com
Todos os direitos reservados
Proibida a cópia ou a reprodução



Compartilhe:

Capítulos de Quando Ana Olhou para a Direita

Minissérie

No Ar

Quando Ana Olhou para a Direita

Comentários:

1 comentários:

  1. Uma trama interessante, com início ágil e repleto de bons diálogos. Ana parece ser enigmática. Muita intriga ainda vai rolar, pelo que parece... Apreciei bastante o clip de abertura!

    ResponderExcluir