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A Marca do Primogênito - 1x08

Série escrita por Anderson Silva, Gabo Olsen e Marcos Vinicius
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A MARCA DO PRIMOGÊNITO


FADE IN: 

Tela escura.

LETREIRO:

 

A maldição do Senhor está sobre a casa dos ímpios,
mas ele abençoa o lar dos justos.”

(Provérbios, 3:33

 

FADE OUT. 

INÍCIO DO TEASER. 

CENA 01. FLORESTA. NOITE. EXT. 

Legenda: Londres, Inglaterra. 1429 d. C. 

Charlie continua correndo o mais rápido que pode. Desvia entre as árvores e arbustos que surgem no caminho. Ele ouve a voz de Serafine e isso o assusta, o fazendo parar de correr. Olha para todos os lados, mas não consegue encontrá-la.

 

SERAFINE (v.o.)

Não adianta fugir de mim, rapaz. Você pode saber alguns truques de magia, mas tenho séculos de experiência. Estarei sempre a um passo à frente de vocês!

 

Charlie volta a correr o mais rápido que pode. Subitamente, as árvores ao redor começam a ficar distorcidas. Tudo ao redor está girando, girando, girando. Charlie para de correr. 

POV de Charlie: O solo parece estar se movendo embaixo dos seus pés, assim como o céu acima de sua cabeça. 

Charlie fica enjoado, ajoelha-se e vomita. Rapidamente, tenta pegar um objeto dentro de sua bolsa de couro, mas a mão de uma mulher o impede.

 

SERAFINE

Sem truques, rapaz! Você vai me dizer agora, para onde mandou a garota!

 

Charlie encara a bruxa, embora enjoado, tenta se manter firme diante Serafine.

 

CHARLIE (ri)

Você não é a única, que está sempre a um passo à frente. Secretum Carcerem.

O corpo de Serafine fica imóvel. Charlie se levanta, consegue tirar seu braço da mão dela. Encara a bruxa, bem no fundo dos olhos dela.

 

CHARLIE

Se eu pudesse te mataria aqui, agora mesmo. Mas precisamos te enfraquecer primeiro. E o único modo, é impedindo seu ritual.

 

Se distancia dela e volta a correr. Seu corpo está estabelecido e tudo ao redor está normal. CAM destaca o rosto de Serafine, é nítido a raiva em seu olhar.

 

CORTA PARA:

 

CENA 02. WINCHESTER PALACE. GRANDE SALÃO. INT. NOITE. 

Um grande salão largo e comprido, de teto alto e com vidraças nas laterais com entalhes desenhados. Seis colunas imponentes, dispostas três de cada lado, sustentam a estrutura magistral e esplendorosa, que, no alto, ao final do largo corredor, ampara um curioso círculo pendurado. 

Áureo está no centro do local, com o corpo de Ayla sentado ao chão, recuperando seu fôlego. O feitiço de Serafine não atua mais sobre ela.

 

AYLA (ofegante)

O que vocês fizeram? Eu preciso morrer. Eu preciso entregar minha alma a Serafine.

 

ÁUREO

Olha só o que você tá dizendo, garota? Entregar sua alma assim de mão beijada para uma bruxa velha igual aquela.

 

AYLA 

Você não a conhece. (se levanta) Serafine quer justiça pelo o que fizeram com o seu amado.

 

ÁUREO

Justiça? Você acha que matar pessoas inocentes é um modo de fazer justiça? A bruxa realmente fez sua cabeça.

 

Caim entra no salão.

 

CAIM 

A culpa não é dela, Áureo! Assim como a legião de seguidores de Serafine, ela é apenas mais uma marionete, para os propósitos obscuros da bruxa.

 

ÁUREO

Estou vendo. E a preparação do feitiço?

 

CAIM

Já fiz algumas coisas. Olhe ao redor. 

 

Áureo observa as paredes e símbolos estranhos começam a brilhar um a um, espelhados em cada canto do local, tanto no chão, como no teto.

 

CAIM

Assim que ela aparecer aqui, seus poderes serão parcialmente anulados.

 

ÁUREO

Espero que esses símbolos realmente funcionem.

 

CAIM

É o que eu também espero. A segunda parte, dependerá de você e seu irmão, em enfraquecê-la.

 

AYLA

Então é isso? Vocês estão preparando uma armadilha para ela! (grita) Senhora, não venha atrás de mim! Isso é uma armadilha dos irmãos assassinos! Não venha atrás.../

 

Rapidamente, Áureo corre até ela, calando-a com suas mãos. Ayla continua agitada. 

 

ÁUREO

Essa garota é maluca? Me ajude a amarrá-la!

 

Com ajuda de Caim, Ayla é amarrada e amordaçada. Eles a deixam no chão, encostada na parede. Embora presa, está atenta à conversa entre Caim e Áureo.

 

CAIM

Almas são fontes de energia pura. Uma só alma é tão mais forte, quanto cem sóis reunidos. Quando Deus criou os primeiros humanos, Ele colocou em cada um, uma pequena parte de sua essência. Algo que pudesse servir como elo para sua criação. Algo que pudesse unir os humanos. As almas, então, carregam parte da existência de Deus. 

 

ÁUREO

Uau.

 

CAIM

Com o passar do anos, Serafine começou a enfraquecer. Ela percebeu que precisava de uma fonte de energia da qual pudesse se abastecer. (aponta para o braço de Áureo) Manter a marca necessitada por sangue, durante longas gerações, é uma tarefa difícil, até mesmo pra ela.

 

ÁUREO

Foi então que ela começou com esses rituais de coletar almas?

 

CAIM

Sim. Por meio desse ritual, Serafine terá poder suficiente para garantir que a marca retorne em outro portador, desde que este tenha o meu sangue. 

 

ÁUREO

Fique tranquilo. Hoje mesmo, colocaremos um ponto final nessa história. 

 

Áureo sorri confiante para Caim, entretanto, não se pode dizer o mesmo dele. Caim olha para sua marca, e um mal pressentimento percorre seu corpo.

 

CORTA PARA:

 

CENA 03. FLORESTA. NOITE. EXT. 

Charlie continua correndo. Está exausto, se apoia em uma árvore, respira ofegante. Abre sua mochila, retira um livro e o folheia. 

 

CHARLIE (ofegante)

Acho que tá na hora de me juntar ao meu irmão. (olha para trás) Porque ela não está atrás de mim? Poderosa como é, aquele feitiço duraria poucos minutos. 

 

Guarda o livro em sua bolsa, a coloca no ombro. Se afasta da árvore e fica parado, à espera de Serafine.

 

CORTA PARA:

 

CENA 04. WINCHESTER PALACE. GRANDE SALÃO. INT. NOITE. 

Ayla continua amarrada no chão. Áureo está andando de uma lado para o outro. Caim está parado, observando os símbolos nas paredes.

 

ÁUREO

Meu irmão está demorando demais. Será que a bruxa pegou ele?

 

CAIM

O objetivo é este, não? E mesmo assim, ela não vai matá-lo. (se aproxima de Áureo) Ela quer que você faça isso. 

 

Do nada, Ayla começa a rir. Áureo vai até ela, que mesmo amordaçada, sua risada é perceptível.

 

ÁUREO

Do que está rindo? (se agacha, puxa mordaça) 

 

AYLA

Ela não virá pra cá! 

 

ÁUREO

Do que você está falando?

 

AYLA

Você devia ter feito bem mais, do que tampado apenas a minha boca. (gargalha)

 

ÁUREO

O que essa maluca está falando?

 

AYLA (ri)

Seus bobinhos! Eu e Serafine somos uma só. Meu corpo, meus olhos e meus ouvidos são dela. (gargalha) E em breve a minha alma também será dela. Porque você acha que ela me escolheu? 

 

Áureo se levanta, olha para Caim, sem reação com o que acaba de ouvir.

 

CORTA PARA:

 

CENA 05. FLORESTA. NOITE. EXT. 

Charlie anda de um lado para o outro.

 

CHARLIE (ansioso)

Anda, bruxa. Cadê você? Porque não vem atrás de mim? O que você está aprontando?

 

Charlie se vira rapidamente ao ouvir passos vindo em sua direção, na expectativa de que seja Serafine. Se surpreende ao ver quem se trata.

 

CHARLIE (surpreso)

Mãe! Pai!

 

CORTA PARA:

 

CENA 06. WINCHESTER PALACE. GRANDE SALÃO. NOITE. INT. 

Ayla continua gargalhando no chão. Áureo se aproxima de Caim, preocupado.

 

ÁUREO (ansioso)

Será que é por isso que meu irmão está demorando? (sério) Será que ela fez alguma coisa com ele? 

 

CAIM

Calma, vamos aguardar mais um pouco. Seu irmão é inteligente. Ele não irá cair facilmente assim, numa armadilha dela.

 

Áureo se afasta, anda de um lado para o outro, tenso.

 

CORTA PARA:

 

CENA 07. FLORESTA. EXT. NOITE. 

Charlie continua paralisado, diante seus pais. 

 

CHARLIE

Vocês não são reais! Vocês estão mortos.

 

MÃE 

Por favor, filho, nos ajude!

 

PAI 

Precisamos que você nos tire daqui! 

 

MÃE

Ela está nos torturando. Por favor, nos ajude filho.../

 

Os corpos deles desaparecem como fumaça. Charlie vai até eles, com a intenção de pegá-los, mas seus corpos haviam desaparecido.

 

CHARLIE (desesperado)

Não, não, não. Não vão embora. Mãe! Pai! 

 

SERAFINE (v.o.)

Que triste! 

 

CHARLIE (furioso)

Sua desgraçada! (olha para todos os lados, não vê ninguém) O que você está fazendo? Isso é uma ilusão?

 

SERAFINE (v.o.)

Não, não é. Eu os trouxe a vida, para que eles pudessem ver o homem que o garotinho deles se tornou.

 

CHARLIE

Não brinque comigo, bruxa. Porque você não aparece e vamos resolver isso cara a cara.

 

SERAFINE (v.o.)

E correr o risco de você me enviar para a armadilha que seu irmão preparou?

 

CHARLIE

Como você sabe?

 

SERAFINE (v.o.)

Meu rapaz, eu avisei a você. Ninguém pode brincar comigo. Porque eu sempre estarei um passo à frente, de qualquer um de vocês. (ri)

 

CHARLIE

O que você vai fazer?

 

SERAFINE (v.o.)

Bem, eu vim barganhar. Vocês estão com algo que eu quero. E eu tenho algo que você deseja. Uma troca simples! O que acha?

 

CORTA PARA:

 

CENA 08. WINCHESTER PALACE. GRANDE SALÃO. NOITE. INT. 

Áureo continua andando de uma lado para o outro. Caim o observa, apreensivo. 

 

SERAFINE (v.o.)

Vocês realmente acharam que eu cairia nessa armadilha?! (ri)

 

Áureo para de andar. Olha para todos os lados, à procura de Serafine. Caim olha para o alto, mas não a vê.

 

ÁUREO (irritado)

Apareça, bruxa! Venha nos enfrentar e chega desses seus joguinhos.

 

SERAFINE (v.o.)

E ter meus poderes bloqueados por meio desses símbolos espalhados pelo salão?! Acho melhor, não.

 

CAIM (tom alto)

Basta, Serafine! Chega! Eu estou cansado de você fazer isso com esses rapazes. Estou cansado desse seu labirinto. Vamos colocar um ponto final nessa história, por favor. Se não for por mim, seja pelo menos em respeito a alma de meu irmão, Abel!

 

SERAFINE (v.o.)

Não ouse pronunciar o nome do meu amado em sua boca, maldito. Pois, é por sua culpa que ele não está ao meu lado. 

 

CAIM

Matá-lo foi preciso. Você não entenderá minhas razões, mas eu o amava. Ele era meu irmão caçula, e eu tinha que protegê-lo do mal que o espreitava. 

 

SERAFINE (v.o.)

Maneira estranha de mostrar amor por alguém.

 

CAIM

Eu te suplico, Serafine (ajoelha-se) coloque um ponto final nessa história, por favor. Chega de matar inocentes. Essas crianças não tem nada a ver com a gente. 

 

SERAFINE (v.o.)

Você é patético, Caim! Isso nunca vai acabar. Você sofrerá pela eternidade! Este é seu castigo.

 

Áureo olha para Caim ajoelhado no chão, sente pena dele.

 

SERAFINE (v.o.)

Eu vim barganhar, Áureo. Vocês estão com algo que me pertence.

 

CAM destaca rapidamente Ayla, encostada na parede ao fundo. Corta na sequência para Áureo.

 

SERAFINE (v.o.)

Liberte a garota e eu darei a você aquilo que você mais deseja.

 

Caim se levanta, olha para Áureo. 

 

CORTA PARA:

 

CENA 09. FLORESTA. NOITE. EXT. 

Charlie continua parado em meio às árvores. Está de cabeça baixa, pensativo. 

 

SERAFINE (v.o.)

Então meu rapaz? Qual a sua resposta? Posso contar com você para o meu plano?

 

Charlie continua em silêncio e de cabeça baixa. Após alguns segundos, ele ergue a cabeça.

 

CHARLIE (sério)

Quem garante que você cumprirá a parte do seu acordo?

 

SERAFINE (v.o.)

Confie em mim, meu rapaz. Essa é a única forma de nós dois, conseguirmos termos quem a gente ama por perto.

 

Em Charlie, com o rosto pensativo. 

 

CORTA PARA:

 

CENA 10. WINCHESTER PALACE. GRANDE SALÃO. NOITE. INT. 

Áureo está imóvel, de cabeça baixa e com uma expressão séria no rosto. Caim se aproxima dele.

 

CAIM

Cuidado, Áureo. Não se deixe enganar por ela. Isso pode ser uma armadilha.

 

ÁUREO (sorri)

Eu sei! (a Caim) Eu não vou me deixar levar por essa conversa fiada. (olha para o alto) Está ouvindo, bruxa! Eu não vou cair nessa conversa sua. Porque sabe que estamos perto de capturar você. É por isso que não vem nos enfrentar. Está com medo. E para isso, está desesperadamente tentando fazer a minha cabeça. Só que hoje não! Não comigo. Hoje será o seu fim, bruxa!

 

SERAFINE (v.o.)

Bem, eu só precisava da aprovação de um irmão!

 

Assim que encerra a frase, Charlie surge na entrada do salão. Áureo e Caim se surpreendem ao vê-lo ali.

 

ÁUREO 

Irmão?

 

CAIM

Tudo bem com você, Charlie?

 

Charlie não responde. Está com vontade de chorar. Olha para o irmão.

 

CHARLIE (triste)

Desculpa, Áureo!

 

Ergue seus braços para o alto, pronúncia algumas palavras estranhas e um a um, todos os símbolos vão desaparecendo. 

 

ÁUREO (tom alto)

O que você está fazendo?! 

 

Corre até o irmão, baixa os braços dele e o impede de desaparecer os símbolos que sobraram.

 

CHARLIE

Quem é você? O que você fez com o meu irmão?

 

ÁUREO (chora)

Ela prometeu trazer nossos pais de volta. 

 

CHARLIE

Você acreditou nisso?! Ela tá mentindo. Ela é uma cobra traiçoeira. Como pôde acreditar nisso?

 

Serafine cai na gargalhada. Todos olham para o alto, e embora não a vejam, é nítido a risada dela pelo local. 

 

SERAFINE (v.o.)

Ignes Nunc!

 

O corpo de Ayla começa a pegar fogo. Todos olham para ela, e embora a garota esteja gritando de dor, com o seu corpo sendo devorado pelas chamas, é possível vê-la sorrindo.

 

AYLA (grita)

Pelo bem maior! 

 

Serafine continua sorrindo. De repente, tudo se silencia. Áureo está furioso, Charlie está chorando, e Caim está decepcionado por Serafine ter vencido mais uma vez.  

CAM destaca um monte de cinzas no local onde Ayla estava amarrada. Subitamente símbolos por símbolos vão desaparecendo. Áureo olha para o irmão, decepcionado e furioso.

 

ÁUREO 

É você?

 

CHARLIE

Não sou eu, juro!

 

Um pequeno buraco surge no fundo da sala. Uma fumaça escura sai de dentro dele, junto com gritos de almas vindas de algum lugar. Charlie recua para trás, já que está mais próximo da saída. Fica ao lado do irmão. 

Após alguns segundos, Serafine aparece ao lado da fumaça escura que continua a sair do buraco. Seus olhos estão com uma coloração violeta intensos. Está com um grande sorriso no rosto, enquanto encara os rapazes. 

Toda a fumaça sai do buraco e na sequência ele é fechado. Sobre ele, está um senhor de pele clara, calvo, encurvado e com as mãos algemadas, com uma corrente que vai até as mãos de Serafine.  

Caim está espantado com o que a bruxa acabou de fazer.

 

CAIM (boquiaberto)

O que você fez?

 

SERAFINE

Eu prendi a morte. E agora eu tenho o controle de todos os mortos!

 

O senhor vira o rosto para Serafine, a encara como se a odiasse. Porém, não diz nenhuma palavra a ela.

 

CAIM

O que pretende com isso?

 

SERAFINE

Vou trazer o meu amado de volta. Foram muitos séculos lendo diversos livros de magia negra, praticando feitiços proibidos e rituais satânicos, até finalmente encontrar uma forma de prendê-la. (encara a morte) Agora posso trazer quem eu quiser à vida. 

 

CHARLIE (tom alto)

Cumpra a sua parte do acordo. Traga nossos pais de volta.

 

SERAFINE

É claro, meu rapaz. Como prova de minha gratidão por ter feito sua parte.

 

Encara o senhor ao lado. Seus olhos violetas brilham intensamente e o senhor grita, sentindo uma dor angustiante. Ao lado dele, surgem os pais de Charlie e Áureo.

 

SERAFINE

Como prometido!

 

Os pais caminham até Charlie, se abraçam. Áureo olha aquilo tudo, não acreditando no que está acontecendo.

 

CAIM

O que você está tramando, Serafine? Porque está fazendo isso? 

 

SERAFINE

Eu vou trazer o meu amado de volta. E nem você e nem ninguém irá tirá-lo de mim.

 

Serafine encara o senhor novamente, seus olhos brilham e o homem ao seu lado grita de dor. Dessa vez, ninguém apareceu ao lado da morte. Serafine aumenta a intensidade do brilho de seus olhos, o senhor grita mais alto de dor, no entanto, ninguém aparece ao lado dele. Ela encerra seu feitiço de controle. Não entende o que está acontecendo.

 

SERAFINE

Onde ele está? Porque Abel não voltou?

 

MORTE (voz rouca, com um leve sorriso no rosto)

A alma do seu amado, não está comigo, bruxa! E nunca esteve. Você vem sendo enganada esses anos todo.

 

SERAFINE

Por quem? Onde está a alma de Abel? Anda, responde? 

 

Seus olhos brilham intensamente, fazendo a morte gritar de dor. Subitamente, o corpo do senhor fica paralisado por um breve segundo e na sequência se transforma em cinzas. Os olhos de Serafine voltam ao normal. Ela solta a corrente que segurava.

 

SERAFINE (desesperada)

O que aconteceu? Quem fez isso? Onde ele está? Onde ele está? Onde meu amado está?!

 

Grita o mais alto possível, liberando uma onda de poder ao seu redor. Charlie e seus pais recuam, ficam perto de Áureo. Os olhos brilhantes de Serafine retornam.

 

SERAFINE (furiosa)

Se eu não posso ter um final feliz. Então ninguém terá.

 

O corpo de Áureo e Charlie começam a se mover contra a sua própria vontade. O irmão mais velho vira-se para seu pai, enquanto o irmão mais novo, vai em direção a sua mãe.

 

ÁUREO

O que está acontecendo? Eu não consigo controlar meu corpo!

 

CHARLIE (a Serafine)

Você prometeu que iria nos deixar em paz.

 

SERAFINE

Prometi? Não me lembro! (aumenta a intensidade do brilho dos seus olhos)

 

Áureo e Charlie chegam a seus pais e cada um começa a sufocá-los. 

 

ÁUREO (chora, furioso, tom alto)

Para com isso, sua desgraçada!

 

CHARLIE (chora)

Mãe me perdoa!

 

Vê-los enforcando os próprios pais, provoca prazer em Serafine. Caim tenta partir pra cima dela, para interromper o feitiço. Mas com um simples gesto de mão, o empurra contra a parede. Caim cai no chão, desacordado. Volta sua atenção ao seu show particular.

 

ÁUREO (chora)

Pai é ela. É ela que tá fazendo isso.

 

PAI (sem fôlego)

A... gente... te ama... filho.

 

MÃE (sem fôlego)

Vamos... sempre... amar... vocês.

 

CHARLIE (chora)

Mãe! 

 

Após alguns segundos de enforcamento, os corpos de seus pais estão mortos. Serafine faz os irmãos soltarem o pescoço de seus pais. Ambos caem no chão. CAM destaca a expressão de prazer em Serafine. Calmamente, ela obriga os irmãos a ficar um na frente do outro.

 

SERAFINE

Estou cansada de esperar vocês fazerem o que eu quero. Então, acho que eu devo intervir um pouquinho nesse jogo. 

 

Magicamente, uma adaga de prata surge em suas mãos. Ela coloca o objeto na mão direita de Áureo.

 

SERAFINE

A marca está faminta... (no ouvido de Áureo) ...não está ouvindo, ela pedindo o sangue de seu irmão?! (se afasta, sorri)

 

Áureo caminha lentamente até Charlie, que está parado e continua chorando. Áureo tenta com todas as suas forças parar de andar. Sua mão está trêmula, tenta soltar a adaga. 

 

CHARLIE (chora)

Me perdoa! Me perdoa, irmão. Tudo isso é minha culpa. Eu acreditei que ela reuniria a nossa família novamente.

 

ÁUREO 

Não precisa pedir desculpas. Não somos responsáveis por nada disso. Somos vítimas, por termos herdado um destino que não é nosso. Nos encontraremos em breve, meu irmão.

 

Ao chegar bem próximo de Charlie, Áureo enfia a adaga no peito do irmão mais novo. Uma, duas, três! Conforme a vontade de Serafine. Ela quebra o feitiço de controle sobre eles. 

 

SERAFINE

Agora sim, estou feliz. (sorri)

 

SONOPLASTIA: (Gravity - Sara Bareilles). 

Serafine desaparece do local. Áureo retira a adaga do peito do irmão e a joga longe dali. O abraça forte, os dois ajoelham-se no chão e pouco a pouco, vai colocando o corpo do irmão sobre suas pernas. Olha para o corpo de seus pais. Na sequência, olha para o irmão morto em seus braços.  

Está arrasado, furioso, destroçado por dentro. Ergue a cabeça para o alto, grita o mais alto que pode, tentando colocar todo aquele misto de sentimentos para fora.  

CAM registra esse momento, subindo até enquadrar todo o salão em cena. Caim desmaiado no canto. Áureo com o irmão morto em seus braços, seus pais ao seu lado e gritando o mais alto que pode.  

FIM DO TEASER. 

FIM DA MÚSICA.

 

CORTA PARA:

 

1x08 - SACRIFÍCIO - PARTE 2

 
CENA 11. RODOVIA. NOITE. EXT. 

Os faróis acesos de um veículo iluminam uma estrada deserta por onde ele cruza a toda velocidade. 

Ao passar pelo campo de visão, a CAM segue rapidamente focando no porta-malas do carro de onde se escuta fortes batidas.

 

CORTA PARA:

 

CENA 12. ESTACIONAMENTO ABANDONADO. NOITE. EXT. 

CLOSE em uma placa luminosa no alto: DRIVE-THRU em letras grandes e coloridas. Escuta-se o ronco do motor do veículo se aproximando e o letreiro começa a piscar até se apagar por completo. 

PLANO ABERTO do amplo estacionamento vazio. O carro diminui a velocidade e estaciona bem no meio do lugar. Ayla desce do veículo, fecha a porta e vai até o porta-malas. Abre-o. 

POV de Ayla: o jovem Jeffy a encara com olhos arregalados. Respira fundo ao sentir que não está mais preso. Ayla estende a mão para ele com um sorriso maléfico estampado. Ele estranha a atitude, tenta se levantar sozinho, mas sente uma pontada na nuca e coloca a mão fazendo uma cara de dor.

 

AYLA

Você está fraco. Deixa eu te ajudar e vamos acabar logo com isso.

 

Desconfiado, Jeffy se apoia na mão de Ayla para sair do porta-malas. 

Quando coloca o segundo pé no chão, Ayla coloca a ponta de uma faca no seu pescoço. Ele se assusta, tenta se defender, mas ela aperta a faca mostrando que não está para brincadeira.

 

JEFFY (apavorado)

O quê...o quê é isso?

 

AYLA

Você não tá achando que ia escapar assim, não é? Que ia ser o único sobrevivente e estragar todos os planos...

 

JEFFY (apavorado)

Que planos?

 

Ayla sorri novamente seu sorriso maléfico enquanto, com a ponta da faca no pescoço do jovem, o conduz mais para o lado e o faz ficar de joelhos.

 

JEFFY (apavorado)

Eu... eu não tô entendendo.

 

Ayla, sem piedade, faz um pequeno corte na parte superior do ombro de Jeffy. Ele urra de dor enquanto o sangue começa a escorrer.  

Sem se importar com o sangue que escorre, ela se inclina sujando-se no líquido espesso vermelho que escorre e chega com o rosto bem próximo do ouvido do jovem.

 

AYLA

Isso é só pra te mostrar que tudo isso não é brincadeira. Agora tu fica bem quietinho aqui que eu já volto.

 

Ayla levanta o corpo e vai até o carro. Abre a porta traseira, pega uma bolsa preta e retorna. Tira uma grossa corda de sisal, puxa os braços de Jeffy para trás e amarra. O jovem continua gemendo de dor. 

O som do motor de um carro passando na estrada chama a atenção dos dois. Jeffy tenta gritar por socorro, mas é em vão. O carro segue e tudo volta a ficar escuro. 

Ayla mexe na bolsa retirando um vidro com um líquido incolor e uma caixa de fósforo. Rodeando o jovem ajoelhado, amarrado, sangrando e gemendo de dor, ela despeja o líquido do vidro nele e pelo chão. Ele arregala os olhos parecendo já saber do seu fim.

 

JEFFY (apavorado)

Não. Você não pode fazer isso comigo.

 

Ayla apenas sorri. Acende o fósforo e joga no jovem. Em questão de segundos o fogo começa a tomar conta do seu corpo.

 

AYLA

E assim se fez. Agora tudo está completo.

 

Ayla começa a gargalhar alto e de forma estranha enquanto vislumbra o corpo de Jeffy ser consumido pelas chamas à sua frente.

 

CORTA PARA:

 

CENA 13. ESTRADA. AMANHECER. EXT. 

As motos de Alexandre e Caíque cortam a rodovia em alta velocidade com o nascer do sol à frente. Param em um cruzamento lado a lado. Ambos tiram os capacetes. Caíque pega o celular e disca, aguarda alguns segundos.

 

CAÍQUE

Droga! Ela não atende.

 

ALEXANDRE

Eu bem que achei estranho a atitude dela meu irmão.

 

CAÍQUE

Ahhh, então tu tá duvidando da Ayla? Poxa, ela só quer ajudar.

 

ALEXANDRE

E que tipo de ajuda é essa?

 

Caíque olha o celular, guarda-o no bolso, coloca o capacete.

 

CAÍQUE

Vamos até a casa dela.

 

Alexandre coloca o capacete. Pisam fundo no acelerador e as duas motos dobram à direita entrando em direção à vila.

 

CORTA PARA:

 

CENA 14. CASA DE AYLA. QUARTO. DIA. INT. 

Ayla está diante do teu altar. Olhos fechados, cabeça baixa balbuciando algumas palavras indecifráveis. Abre os olhos de repente e sorri.

 

AYLA

Meninos... meninos. Estão desconfiando de mim, não é?

 

Escuta-se batidas ao longe e, em seguida, a voz de Caíque chamando por Ayla.

 

CAÍQUE (v.o.)

Ayla? Amor? Tá em casa?

 

Ayla se vira, veste um casacão preto e sai do quarto. 

CENA 15. CASA DE AYLA. SALA DE ESTAR. DIA. INT. 

Ayla desce as escadas e já vê, através das janelas laterais ao lado da porta, Caíque e Alexandre com os rostos colados no vidro tentando ver algo no interior da residência.

 

CAÍQUE (v.o.)

Ayla? Está aí?

 

Ayla chega na porta, ajeita os cabelos, respira fundo e a abre.

 

CORTA PARA:

 

CENA 16. CASA DE AYLA. QUARTO. DIA. INT. 

A porta se abre. Ayla entra na frente seguida de Caíque e Alexandre.

 

AYLA

Achei que não seria mais necessário. Ele disse que estava tudo bem, que só precisava ir ao banheiro, jogar uma água no rosto. Eu.../

 

Ayla senta na beirada da cama. Caíque fica na sua frente e Alexandre observa cada detalhe do quarto, vai até a janela escancarando as cortinas.

 

AYLA (cont.)

... eu inocente deixei ele ir e fiquei esperando.

 

Ela baixa a cabeça se fazendo de vítima. Alexandre observa a cena de canto de olho e vê o irmão cair na "conversa mole" da namorada. Caíque acaricia os cabelos dela.

 

AYLA

Quando estranhei que ele não voltava, fui até a porta do banheiro no fundo do posto. Chamei por ele e.../

 

Ayla deita a cabeça na mão de Caíque observando de canto de olho a desconfiança de Alexandre. Ela levanta a cabeça encarando Caíque.

 

AYLA (cont.)

...nada. Ele já não estava mais lá.

 

Caíque apenas a abraça.

 

ALEXANDRE

Droga! Nossa única testemunha de tudo o que aconteceu lá. Como pode ter desaparecido assim? Sem querer contar o que realmente aconteceu lá depois de ter, inclusive, entrado em contato com a polícia?

 

CAÍQUE

Ele se desesperou, irmão!

 

AYLA

E vocês foram lá ver o local?

 

ALEXANDRE

Fomos. Mas o lugar foi totalmente consumido pelo fogo.

 

CAÍQUE

Nós temos que dar um jeito de encontrar aquele jovem. Ele não pode ter ido longe.

 

Ayla não responde, apenas aconchega a cabeça no abraço de Caíque. Alexandre, parado diante da janela, observa a cena com um olhar de total desconfiança. Vira a cabeça para o exterior onde um gato preto senta se lambendo e o encarando.

 

CORTA PARA:

 

CENA 17. BAR DO TALES. DIA. INT. 

Tales está limpando alguns copos sobre o balcão, e os colocando de “boca” para baixo. Alexandre entra no estabelecimento, com uma expressão de “poucos amigos” no rosto.

 

TALES

Já está de volta? Uau, essas caçadas com seu irmão tem durado menos tempo do que esperava.

 

Tales pega uma garrafa de bebida da prateleira atrás dele e um copo. O enche e coloca em frente de Alexandre, que havia sentado em um dos bancos.

 

ALEXANDRE

Estou com uma pulga atrás da orelha, que tem me pertubado desde que cheguei.

 

TALES

O que foi? 

 

ALEXANDRE

Você já conheceu a namorada do meu irmão?

 

TALES

Só de vista. Sabe que eu e seu irmão não somos tão próximos assim.

 

ALEXANDRE

Eu não sei, mas acho que tem alguma coisa errada com aquela garota. Toda meiga e amável, em cima do meu irmão.

 

TALES

Ih, amigo, isso pra mim está cheirando a dor de cotovelo. Acho que você tá com inveja que seu irmão encontrou uma namorada que o ama e você queria o mesmo.

 

ALEXANDRE

Não fala besteira. Lógico que não estou com inveja dele. Pelo contrário, fico feliz que ele tenha encontrado alguém que o faça companhia. Mas o negócio é outro. Meu faro de caçador está dizendo que tem alguma coisa com essa garota.

 

TALES

Vê com a sua tia, então. Talvez ela saiba de alguma coisa.

 

Em Alexandre, encarando seu copo de bebida. 

 

CORTA PARA:

 

CENA 18. CASA DE DOMENI. COZINHA. DIA. INT. 

Domeni está servindo um pedaço de bolo para Alexandre e para Uriel. Após dar o pedaço da menina, Uriel vai em direção a sala.

 

DOMENI (a Uriel)

Depois, se quiser outro pedaço, é só vir pedir viu, querida.

 

Uriel acena que sim com a cabeça, antes de sair. 

 

DOMENI (a Alexandre)

Então, como têm sido as coisas entre você e seu irmão, depois que ele se envolveu nisso tudo.

 

ALEXANDRE (direto)

O que a senhora sabe sobre a namorada do Caíque?

 

DOMENI

Sobre a namorada do Caíque? Bem, pouquíssimas coisas. Como você sabe, seu irmão não me visitava muito. Na verdade, fiquei sabendo que ele estava namorando, por meio da mãe de vocês. Mas porque pergunta?

 

ALEXANDRE

Acho que tem algo estranho com ela! Não curti muito o jeito que ela conversa com meu irmão.

 

DOMENI

Você acha que ela pode ser a...

 

ALEXANDRE

Vindo daquela bruxa, eu espero tudo. 

 

DOMENI

Também espero de tudo. Mas, o seu irmão e essa garota estão namorando há um bom tempo. Porque ela não fez nada para aproximar logo vocês dois para que a maldição seja cumprida?

 

ALEXANDRE

É aí que está o problema. Essa bruxa é uma cobra traiçoeira, tia. Talvez ela estivesse esperando o momento certo. 

 

Domeni desvia sua atenção para o lado, se lembra do pressentimento que teve dias atrás.

 

DOMENI

Eu preciso lhe contar uma coisa, querido. (a Alexandre) Há alguns dias eu senti que essa aproximação sua com o seu irmão, não foi por acaso. Ela planejou isso! (desvia sua atenção para a mesa) Não consigo explicar como, mas... (a Alexandre) ...há um dedo dela nisso tudo.

 

ALEXANDRE

Foi muito estranho Caíque ter ido parar no bar do Tales naquele dia. Justo naquele dia, que eu havia chegado. Justo naquele momento que os demônios vieram atrás de mim.

 

DOMENI

Será que aqueles demônios estavam mentindo e realmente fazem parte da legião da bruxa?

 

ALEXANDRE

Não sei, tia. Não sei, e ficar pensando nisso tudo, só tá deixando a minha cabeça mais confusa ainda.

 

DOMENI

O que você pretende fazer com a garota?

 

ALEXANDRE

Se ela realmente for a bruxa, eu vou matá-la.

 

DOMENI

O livro diz que é impossível matá-la.

 

ALEXANDRE

Não, não é! Eu sei de jeito. Mas, antes, precisamos saber se é ela realmente.

 

Em Alexandre sério, encarando sua tia.

 

CORTA PARA:

 

CENA 19. CASA DE AYLA. QUARTO DE AYLA. DIA. INT. 

Ayla e Caíque estão deitados na cama, trocando beijos e carinho. O clima aos poucos começa a esquentar. Ele tenta tirar a blusa dela, mas é impedido pela garota.

 

CAÍQUE

Você não quer? 

 

AYLA

Quero. Mas algo me preocupa. Acho que seu irmão não gostou muito de mim.

 

CAÍQUE

É impressão sua. Meu irmão tá com algumas ideias soltas na cabeça. Mas ele só precisa te conhecer melhor, que logo isso vai mudar. (volta a beijá-la)

 

Caíque tenta mais uma vez tirar a blusa de Ayla. Ela o impede novamente, se levanta da cama. 

 

AYLA

Eu fiquei mal, sabe! Não queria que seu irmão tivesse essa impressão sobre mim. 

 

CAÍQUE

Se você quiser, podemos sair com ele hoje a noite. Ir ao cinema, quem sabe? Depois do que passamos nos últimos dias, uma noite relaxante é o que ele precisa.

 

AYLA

Eu tive uma ideia melhor.

 

CAÍQUE

Tipo o que?

 

AYLA

Mas, preciso que você venha comigo. (volta até a cama e puxa Caíque de lá)

 

CAÍQUE

Pra onde?

 

AYLA

Surpresa! (o beija) Mas garanto que os dois irão adorar o que estou planejando pra vocês. (sorri)

 

CAÍQUE

Fiquei curioso agora. 

 

Ayla segura a mão dele e o puxa até a saída do quarto. 

 

CORTA PARA

 

CENA 20. CASA DE DOMENI. QUARTO. NOITE. INT. 

Alexandre está sentado na cama, com o livro dos primogênitos aberto em suas pernas. Folheia página por página, como se procurasse algo. 

 

ALEXANDRE (tenso)

Espero que esse feitiço funcione. É a única chance que temos.

 

Caim aparece diante da cama de Alexandre. Este se assusta, rapidamente pega uma arma embaixo do travesseiro e aponta para Caim. 

 

CAIM

Desculpe! Não quis assustá-lo.

 

ALEXANDRE

Por pouco não leva uma bala no meio da testa. (guarda a arma) O que tá fazendo aqui?

 

CAIM

Serafine finalmente me deixou ver a sua verdadeira forma. Ele está com o seu irmão nesse exato momento!

 

ALEXANDRE

Aquela desgraçada! (se levanta) 

 

CAIM

Chegou a hora, Alexandre. 

 

Alexandre pega sua arma, a coloca em sua cintura e encara Caim.

 

ALEXANDRE (confiante)

Esperei a minha vida toda, por este momento. 

 

CORTA PARA:

 

CENA 21. ARMAZÉM ABANDONADO. NOITE. EXT 

Lado a lado, de mãos dadas, Ayla e Caíque surgem em uma esquina. Ele está receoso, desconfiado. Ela demonstra empolgação e o puxa pelo braço fazendo-o acelerar o passo.

 

CAÍQUE

Que lugar é este, amor?

 

AYLA

Não confia em mim, não? Vem, quero te mostrar uma coisa.

 

Ela o puxa e ambos correm por alguns metros. Param em frente a uma porta de ferro. Ayla larga da mão de Caíque, olha para os lados e força a trinca da porta, abrindo-a. Escancara somente um pouco da mesma e entra de lado. Caíque, ainda mais receoso, olha para os lados, vê um carro parar na esquina e dois homens saírem.

 

AYLA

Entra rápido. Ninguém pode saber deste lugar.

 

Caíque entra. Fecham a porta por dentro.

 

CORTA PARA:

 

CENA 22. ARMAZÉM ABANDONADO. NOITE. INT. 

Está tudo escuro e escuta-se passos se aproximando. De repente uma luz fraca se acende e Caíque e Ayla aparecem lado a lado no meio de um grande porão vazio.

 

CAÍQUE

Porque estamos aqui?

 

Ayla encara o namorado e sorri.

 

AYLA

É aqui...

 

Ela dá alguns passos adiante e escuta o chão ranger enquanto ela caminha. 

Uma outra luz fraca se acende e, à frente deles um homem e uma mulher, lado a lado, de costas, estão com as mãos para o alto amarrados em grossas correntes. Parecem fracos com suas vestes surradas e rasgadas. A mulher esboça alguma reação, mas logo sua cabeça pende para a frente. O homem está imóvel na mesma posição dela. 

CLOSE no rosto assustado de Caíque.

 

CAÍQUE (assustado)

Ayla? Que é isso? Quem são eles?

 

Ayla tem uma atitude estranha. Solta uma alta gargalhada enquanto bate palmas se aproximando do casal acorrentado.

 

AYLA (sorri)

Não reconhece estes dois, não?

 

Caíque está perplexo, imóvel, sem entender nada. Ayla se inclina e levanta a cabeça da mulher (50 anos, morena, cabelos curtos) puxando-a pelo cabelo desdenhado. Vira o rosto dela para Caíque.

 

CAÍQUE (surpreso)

Mãe??

 

Ayla se levanta e dá de lado para o namorado que corre abraçando a mãe acorrentada.

 

CAÍQUE (desesperado)

Porque ela tá aqui? Que lugar é este, Ayla?

 

AYLA

E o papai também tá aqui...veja!

 

Ayla pega o rosto do homem (moreno, 52 anos, barba por fazer) com sua mão e vira para Caíque. Ele está em choque, mas ainda não se deu conta de que Ayla está por trás de tudo.

 

CAÍQUE (enquanto tenta desamarrar a mãe)

Como você sabia que eles estavam aqui? 

 

Ayla dá mais uma gargalhada e cruza os braços.

 

AYLA

É sério, Caíque? Ou você tá se fazendo? Você acha que te trouxe aqui porque encontrei eles e precisava te dizer isso? Eles estão aqui pois merecem tudo isso. Aliás, todos vocês merecem. 

 

Caíque se levanta, a ficha começa cair. 

 

CAÍQUE

Você os prendeu aqui? Por quê? O que tá acontecendo?

 

Ayla desamarra as mãos do pai de Caíque. Ele está desmaiado. Desmorona ao chão. Caíque corre para ajudá-lo.

 

AYLA

Caíque, Caíque. Você realmente acreditou em toda essa baboseira de sentimentos, de amor? Acha que eu, do jeitinho que eu sou, ia me rebaixar em passar o restante dos meus dias com alguém tão inocente e desagradável como você?

 

Ayla desamarra também a mãe de Caíque e o empurra pro chão. A mulher geme enquanto tenta, sem sucesso, se levantar.

 

CAÍQUE (com lágrimas brotando nos olhos)

Mãe...

 

Ayla pisa na mão da mulher que geme de dor. 

Escuta-se um estrondo e passos pesados se aproximando. Caíque e Ayla se viram surpresos. 

POV de Ayla: Alexandre chegando e já engatilhando uma arma. Ele aponta na sua direção.

 

ALEXANDRE

Bem quietinha aí, sua desgraçada!

 

CAÍQUE (em off)

Alexandre?

 

CAM abre mostrando todos os presentes. Ayla sorri enquanto ergue os braços em sinal de entrega.

 

ALEXANDRE

Acho que já ficou bem claro quem é a grande vilã aqui, não é irmãozinho? Essa aí tem te manipulado o tempo todo.

 

Caíque está incrédulo. Olha para Ayla não querendo acreditar no que está escutando. Olha para o irmão. Para o pai, para a mãe.

 

ALEXANDRE (cont.)

Pergunta pra ela, cadê aquele jovem que ela fez questão de levar dizendo que ia ajudar?

 

Caíque se levanta, faz menção de falar algo, fica mudo. Ayla encara com um sorriso debochado estampado.

 

AYLA

Pobre garoto... acabou virando cinzas.

 

Ayla ameaça andar e sair de onde está. Alexandre se mantém firme, segurando a arma na direção dela.

 

ALEXANDRE

Paradinha aí!

 

Ayla sorri novamente.

 

AYLA

Ok, Alexandre. Você é quem manda, então.

 

Ela olha para Caíque, que ainda mostra seu olhar ingênuo.

 

AYLA

Nada de chorar né, Cay? Eu já ia te contar tudo mesmo, antes do teu irmãozinho chegar. Acho que chegou a hora de saberem que Ayla não existe mais, nem nunca existiu. Que ela simplesmente serve como uma casca para Se.../

 

Antes que ela possa finalizar sua fala, Alexandre se intromete.

 

ALEXANDRE

Sua bruxa vagabunda!

 

Ele aperta o gatilho. 

Em CÂMERA LENTA se vê o projétil saindo do cano da arma e percorrendo um longo caminho até se ESPATIFAR em velocidade normal bem na fronte de Ayla causando um tremendo estrago. 

Ayla vai ao chão. 

PLANO MÉDIO em Caíque e Alexandre se encarando.

 

série criada por
Anderson Silva
Gabo Olsen
Marcos Vinicius

episódio escrito por
Anderson Silva
Marcos Vinicius

revisão de texto
Gabo Olsen

elenco
Chirs Wood...................................Alexandre
Matt Dallas.....................................Caíque
Danielle Campbell.................................Ayla
Lauren Graham...................................Domeni
Khylin Rhambo....................................Tales

participação especial
Ruth Connell..................................Serafine
Jeffrey Dean Morgan...............................Caim
Samara Lee.......................................Uriel
Wendy Moniz........................................Mãe
Frank Grillo.......................................Pai

música
Gravity - Sara Bareilles

produção

Bruno Olsen
Cristina Ravela


 

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO




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