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Antologia A Magia do Natal: 4x07 - Um Sonho de Natal

Conto de Mário Rezende
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Sinopse: Muita coisa acontece durante a magia do Natal.


Um Sonho de Natal
de Mário Rezende

 

Era noite de Natal e dois motivos estavam deixando o menino Daniel muito ansioso. Ele ficou aquela noite com os seus avós, porque os pais dele estavam no hospital (iriam ganhar uma menininha, uma irmãzinha para ele). A sua avó disse que vai ser o presente de Natal da família, por isso o nome dela será Natalina. Daniel estava tentando ficar acordado para esperar o Papai Noel.

O seu avô acendeu a lareira e ele ficou preocupado porque o Papai Noel não poderia descer por ela. Então, ele jogou água no fogo enquanto seu avô cochilava. Mas, como estava muito frio, seu avô logo percebeu que a chama tinha se apagado e voltou a por fogo na madeira.

Realmente era muito mais agradável a sala aquecida, mas iria atrapalhar o Papai Noel e ele acabaria ficando sem o seu presente – Daniel pensou. Quando ia jogar água novamente no fogo...

– O que é isso, menino? Por que está apagando o fogo? – O avô perguntou.

– O Papai Noel não vai poder entrar se o fogo ficar aceso. Fica muito quente.

– Ah! O Papai Noel?! Ele sempre dá um jeito.

– E se ele ficar irritado porque não conseguiu entrar pela chaminé e der o meu presente pra outra criança?

– Tem muita criança que mora em apartamento e casa sem chaminé e nem por isso deixam de receber a visita do Papai Noel e ganhar presente no Natal.

– É mesmo, vovô! Não tinha pensado nisso. Mas ele deve preferir entrar pela chaminé nas casas, porque não é fechada e ele desce por uma corda enquanto as renas ficam voando no céu, sobre a casa. Como ele faz pra deixar os presentes pras crianças que moram em apartamentos e casas sem chaminé?

– Daniel, você nunca ouviu falar em magia do Natal? Ele deve ser mágico. Tem muita coisa que não tem explicação mesmo. Eu também acho que ele não entrega presentes nas casas enquanto as pessoas estão acordadas. É melhor você dormir, senão vai atrasar todo o trabalho dele.

– É mesmo não é vovô? Eu vou dormir.

– Vai sim, Daniel. Amanhã, quando você acordar, com certeza o seu presente estará perto da árvore de Natal e a sua irmãzinha vai ter chegado.

– A cegonha vai trazer a minha irmã aqui em casa?

– Que cegonha? Ah! A cegonha... Não, ela levou a sua irmãzinha e entregou a sua mãe lá no hospital.

– Agora as coisas estão mais complicadas, não é vovô? A minha avó falou que antigamente as pessoas moravam todas em casa. Então era mais fácil pro Papai Noel e pra cegonha. Agora ela tem que levar o bebê no hospital com hora marcada e tudo.

– Você tem cada ideia Daniel! Vai dormir que amanhã estará tudo resolvido. Você vai ver.

Daniel já estava mais dormindo que acordado e começou a sonhar. Ouviu sininhos do lado de fora da casa e logo depois Papai Noel apareceu na porta do quarto dele. “Ho, ho, ho, boa noite Daniel! Feliz Natal! Seja um menino bonzinho! “

No seu sonho, Daniel ficou quietinho para o Papai Noel não perceber que estava acordado e sorriu feliz porque ele deveria se mágico mesmo, como disse o seu avô. Ele sabe o nome dele, então deve saber o de todas as crianças do mundo. Papai Noel sabia que ele estava acordado no seu sonho e foi falar com ele.

 – Sabia que o seu avô usa sapatos verdes como os duendes?

– Ele usa sapatos verdes porque só fala a verdade.

– Mas o que tem a ver a cor dos sapatos com isso?

– Eu não sei. Nem sei por que os sapatos entraram no meu sonho.

– Se quem usa sapatos verdes só fala a verdade ele não deveria ter mentido pra você. Será que ele não usa sapatos vermelhos de vez em quando?

– Ele mentiu pra mim?!

– Ele não disse pra você que Papai Noel iria lhe dar um presente?

– Disse, Papai Noel. E você não está aqui?

– O que foi que você escolheu mesmo?

– Eu falei pro meu avô no dia que ele recebeu o pagamento da aposentadoria. A gente foi ao shopping, lanchamos e depois a gente foi olhar as vitrines. Ele disse que era pra eu escolher um presente de Natal. Aí eu falei pra ele: “Mas eu não preciso escolher, o Papai Noel já deve saber que eu quero aquele brinquedo ali.” “Acho melhor você pensar em outro presente pro Papai Noel ter outra opção, porque aquele é muito caro” - ele falou enquanto me levava pra vitrine de uma livraria. Eu nunca vi o meu avô lendo um livro, só jornal. Será que ele estava pensando em comprar um livro pra mim? Já não bastam os que a gente tem que ler na escola?

Eu tinha que tirar ele de lá. Então, eu disse que estava com vontade de fazer xixi e ele me levou ao banheiro. Como eu sou pequeno, não consigo fazer xixi onde os homens maiores fazem, então tenho que usar uma cabine, aí foi mais fácil fingir que fiz, porque não estava com vontade nenhuma. Felizmente parece que ele desistiu do livro, porque não voltou pra livraria. Mas eu acho que foi por causa de uma loja de roupas infantis que ele mudou de ideia. “Não, roupa não, quem ganha livro e roupa é gente grande” – eu pensei.

A sorte é que meu avô já foi criança do sexo masculino e ele deve ter entendido a minha situação, apesar de que na época não deveria existir tantas opções como agora.

Passamos pela vitrine da loja de roupas e eu estava tentando puxar o meu avô pro outro lado. Ainda bem que não entramos naquela loja também. Então, ele me levou pra onde o Papal Noel deve comprar os presentes das crianças, porque tinha muito brinquedo. Aí eu mostrei outro pra ele que eu também gostaria de ganhar no Natal.

O sonho terminou e Daniel nem percebeu e, quando acordou, bem cedinho, foi correndo para a sala ver se tinha alguma surpresa. O seu avô estava sentado no sofá lendo o jornal. Também estava lá, ao pé da árvore, o seu presente. Desembrulhou rapidamente e descobriu que era o mesmo brinquedo que ele tinha visto no shopping.

– E ainda tem gente que não acredita em Papai Noel, não é vovô?

 “Eu acredito e agora sei que existe um Papai Noel pra cada criança. Por isso é que todas ganham presentes no Natal. O meu Papai Noel é o meu vovô” – pensou. 


Conto escrito por
Mário Rezende

CAL - Comissão de Autores Literários Agnes Izumi Nagashima Eliane Rodrigues
Francisco Caetano
Gisela Lopes Peçanha
Lígia Diniz Donega
Márcio André Silva Garcia
Paulo Luís Ferreira
Pedro Panhoca
Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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