Cine Virtual: Tônico - WebTV - Compartilhar leitura está em nosso DNA

O que Procura?

HOT 3!

Cine Virtual: Tônico

Conto de Vicky F. Moravia
Compartilhe:








Sinopse: Caíque e sua esposa Darlene vão morar com seu Antônio, avô de Caíque. A relação entre os moradores desta casa esconde algo inimaginável.


Tônico
de Vicky F. Moravia


Seu Antônio gozava de uma gorda aposentadoria, era o que as pessoas costumam chamar de primo rico da família. Muito generoso, sempre ajudava todos à sua volta. Costumava bancar consultas, tratamentos médicos, estudos, festas e viagens de parentes.

Certa noite, ele vai ao aniversário de um de seus netos, Caíque. O aniversariante, que chega com sua nova namorada, estava no meio de uma discussão. Embora houvesse o barulho da música, dava para se escutar perfeitamente o que ela, com o dedo apontado, dizia.

— CAÍQUE, EU NÃO QUERO SABER DE RAPARIGA NENHUMA LIGANDO PARA VOCÊ!

O jovem, adulando a namorada, tentava explicar que não era nada demais, a ex-noiva e ele tinham uma dívida em comum e apenas conversavam sobre isso. Seu Antônio ri discretamente da situação, é apresentado à moça, que já estava mais calma. Rapidamente, entre piadas e risadinhas, logo os dois se tornaram amigos.

— Peça o que você quiser, eu pago!

A jovem cai na gargalhada.

— Ai, amor... Seu avô é muito gente boa.

Darlene era diferente das outras mulheres da família, pois não levava desaforo para casa. Tonico, como era chamado pelos parentes, gostava disso.

Com o passar dos meses, a amizade entre os dois foi aumentando e, como Caíque não conseguia alcançar muito sucesso no trabalho, seu avô resolveu convidar o casal para morar com ele, o que foi prontamente aceito. Em pouco tempo, os recém-casados tiveram um casal de gêmeos, e obviamente o salário do pai não dava para sustentar as crianças. O aposentado, sempre muito bom, ajudava no que fosse preciso.

Darlene não podia trabalhar, pois precisava cuidar de três “crianças”, seus dois filhos e o idoso, que já havia sofrido dois infartos, possuía safena, sofria de pressão alta, diabetes, bico de papagaio, artrite e artrose. Ela cuidava de todos os aspectos da vida do progenitor, tirava dinheiro do banco, fazia compras, pagava boletos, levava-o para consultas, dava os remédios, dentre outras coisas.

Quando Seu Antônio resolveu comprar um carro novo, comprou no nome da esposa do neto, argumentando ser ela mesma que dirigia o carro para todo lugar. O idoso adorava conversar com Darlene enquanto as crianças estavam na escola e o neto no trabalho. Ela falava e ria muito alto, era muito diferente de sua falecida esposa, de quem quase não se ouvia a voz.

Ficava admirado observando sua cuidadora limpar a casa, carregando para lá e para cá aquela bunda enorme, “que rabão, gostosa...” – pensava ele. Sempre que podia, ia ao quintal, pegava uma calcinha estendida no cabo de vassoura para cheirar, mas costumava lamentar o fato de a calcinha estar lavada, bom mesmo era se não estivesse.

Estar com aquela mulher era muito bom para o moribundo. Certas situações que, para outras pessoas, podem ser constrangedoras, para ele, eram altamente prazerosas, como quando ela o banhava. O toque daquelas mãos macias fazia com que se sentisse homem novamente, embora fosse frustrante, se algum resquício de ereção ocorresse, provavelmente, com tantos problemas cardíacos, seria fatal, morreria feliz, mas morreria. Logo ele que teve tantas amantes, justamente aquela, a que ele mais desejava, ficaria apenas na vontade.

Em um dia como tantos outros, ele observava a esposa do neto limpar a casa. Durante a faxina, Darlene usava um short branco bem colocado. O velho, secando a bunda gigantesca, observava que não havia nenhuma marquinha, “estaria de fio dental?”. Ela, abruptamente, arrastava os móveis de um lado ao outro sem se importar se iriam quebrar, se agachava para torcer o pano de chão no balde. Todos os detalhes eram observados com atenção pelo dono da casa.

Quando terminou a limpeza do imóvel, para o deleite do decrépito senhor, ela passou pela sala em direção ao banheiro, toda suada, só de toalha, com seu par de melões quase pulando na cara dele e jogou a roupa suja no cesto.

Seu Antônio vai até o cesto, procurando as roupas que ela usava, encontrando o que tanto queria, uma calcinha de renda preta fio dental que foi imediatamente levada ao seu nariz. Aquilo era um aerossol de juventude, saúde e potência, tudo o que o tempo havia tirado dele. Aquela peça de roupa passou a acompanhá-lo para onde ele fosse, sempre se deliciando com os odores daquela gostosa tão suculenta.

Certo dia, estava deitado na cama, e sua musa, de costas, arrumava algo no quarto, ele olhava aquela bunda tão desejada, de modo que a única coisa que conseguia ver era essa visão, realmente perfeita para a última coisa que se vê na vida. E foi, de fato, o que aconteceu.

Um pranto de lamentação se abriu sobre a família.

Darlene foi a primeira pessoa a chegar ao velório. Usava um vestido novo, preto, curto, colado em seu corpo que salientava partes do corpo. Se Seu Antonio a tivesse visto naquele vestido, com certeza esboçaria um sorriso de deleite, satisfeito ao ver, pela penumbra daquela peça, a silhueta desenhada pelas curvas do corpo dela.

Ela olha para os lados, tira a tal calcinha fio dental da bolsa, coloca nas mãos do defunto e, abaixando-se, aproxima a boca do ouvido e diz baixinho:

— Tonico, isso é para o senhor, onde quer que esteja, nunca se esqueça de mim.
 

Conto escrito por
Vicky F. Moravia

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima Eliane Rodrigues
Francisco Caetano
Gisela Lopes Peçanha
Lígia Diniz Donega
Márcio André Silva Garcia
Paulo Luís Ferreira
Pedro Panhoca
Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



Copyright 
© 2021 - WebTV
www.redewtv.com
Todos os direitos reservados
Proibida a cópia ou a reprodução





Compartilhe:

Cine Virtual

Contos Literários

Episódios do Cine Virtual

Comentários:

0 comentários: