TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 07
CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR
LENARA: - Como é que é? Desculpa senhora, mas eu não estou entendo.
KÁTIA: - Mas eu sei de uma coisa que você vai entender muito bem.
Kátia dá uma bofetada no rosto de Lenara, que vai parar na parede, escorada e surpresa com a atitude de Kátia.
LENARA: - Mas o que é isso?!
KÁTIA: - Então é você, a vagabunda que dormiu com o meu marido, ou melhor, ex-marido, para ganhar o prêmio, não é?
Lenara se surpreende, fica apreensiva.
KÁTIA: - Anda, fala, sua vabagunda!
Lenara fica a encarar Kátia.
CENA 01. MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA. INT. NOITE.
Continuação do capítulo anterior. Kátia pressiona Lenara.
KÁTIA: - Então é você, a vagabunda que dormiu com o meu marido, ou melhor, ex-marido, para ganhar o prêmio, não é?
Lenara se surpreende, fica apreensiva.
KÁTIA: - Anda, fala, sua vagabunda!
LENARA: - Você só pode estar completamente louca! Eu nunca faria uma coisa dessas!
KÁTIA: - Faria... Ah, faria sim, como de fato fez! Eu ouvi seu recado no telefone do Aroldo. Maldita hora! Ou bendita, porque assim eu descobri que meu marido me traiu com uma sem vergonha e aí eu consigo me livrar dele e seguir minha vida.
LENARA: - Você deve ter escutado errado. Eu mal conheço o Aroldo.
Kátia se aproxima de Lenara e lhe acerta mais um tapa no rosto.
KÁTIA: - Para de mentir, sua cadela. Eu já sei de tudo.
Lenara encara Kátia, sorri cínica.
LENARA: - Você não sabe as coisas que ele me disse enquanto a gente estava na cama. Só sabia me elogiar e reclamar de você. Kátia, seu nome né, queridinha? Ele só sabia dizer “a Kátia não faz isso. A Kátia não sabe do que eu gosto...”
Kátia acerta mais dois tapas em Lenara, irada. Lenara se escora na parede. Kátia pega Lenara pelos cabelos e a leva para dentro de uma sala no corredor. Kátia empurra Lenara, que cai no chão.
LENARA: - Vaca!
KÁTIA: - Cala a boca, infeliz! Seu prêmio eu mesmo vou te dar!
Lenara se levanta, dá um tapa em Kátia, que revida com outros dois tapas, derrubando Lenara no chão novamente. Em seguida, Kátia se abaixa, puxando os cabelos de Lenara e lhe acertando mais alguns tapas, pelo rosto, pelo corpo. Lenara grita, mas o barulho da festa do lado de fora abafa seus gritos.
Kátia se levanta, um pouco cansada. Lenara fica caída no chão, com os rosto cortado e vermelho dos tapas.
KÁTIA: - Isso é pra você aprender a nunca mais deitar com o homem das outras. Cadela. Teve o que merece. Esse é o seu prêmio. Vadia.
Kátia sai da sala, enquanto Lenara fica caída, sentindo dores pelo corpo.
Enquanto isso, do lado de fora, Robson encontra Santiago e Paula, que chegam à festa.
ROBSON: - Santiago! Não sabia que viria.
SANTIAGO: - Eu e o Aroldo somos amigos. Sempre venho prestigiar os eventos dele... Robson, essa aqui é Paula, minha esposa.
PAULA: - Acho que já vi você, lá na empresa.
ROBSON: - Certamente, senhora. Prazer.
Robson segura a mão de Paula, a beija gentilmente. Os dois trocam olhares, cúmplices.
SANTIAGO: - Eu vou pegar uma bebida, Paula.
PAULA: - Eu também aceito, querido.
Santiago se afasta. Robson e Paula caminham, até um espaço onde há bancadas com canapés.
ROBSON: - Realmente eu não esperava reencontrar você. Fico feliz.
PAULA: - Eu também.
ROBSON: - Posso fazer uma pergunta? Se não for muita intromissão.
PAULA: - Pode, claro.
ROBSON: - Por que você o chama de querido e te chama simplesmente de Paula?
PAULA: - Sei lá... Força do hábito, talvez. São tantos anos de casamento. A gente acaba acostumando com algumas coisas.
ROBSON: - Só não pode se acostumar com a falta de carinho.
PAULA: - Por que você está me dizendo essas coisas? A gente mal se conhece. Eu não te dei liberdade pra isso.
ROBSON: - Desculpa se te incomodei com a minha pergunta. Só a fiz porque eu percebo no seu olhar que você não é feliz.
Paula baixa o rosto, desviando o olhar. Robson leva a mão sob o queixo de Paula, levanta o rosto dela levemente. Os dois voltam a se olhar. Rapidamente, Robson lhe rouba um beijo. Paula fica atônita.
PAULA: - Imagina se alguém nos pega? Se o meu marido chega aqui, agora?! Seria o fim!
ROBSON: - Desculpa, foi sem pensar! Eu não consegui resistir ao seu olhar, desculpa...
PAULA: - Nunca mais se atreva a fazer isso!
ROBSON: - Paula, não se zangue comigo, por favor!
Paula se afasta, Robson lamenta.
Aroldo caminha por entre os convidados, quando encontra Kátia, indo em direção à saída.
AROLDO: - Querida! Tem uma repórter do Espírito Santo querendo uma entrevista com a gente. Venha.
Kátia se aproxima de Aroldo, o encara, séria.
AROLDO: - O que foi? Aconteceu alguma coisa?
KÁTIA: - O divórcio estará pronto para você assinar amanhã mesmo. Meu advogado vai cuidar disso o mais rápido possível.
AROLDO: - Kátia! Eu não estou entendo!
KÁTIA: - Quem não entende nada aqui sou eu. Não sei como eu fiquei tanto tempo casada com você e cega às suas puladas de cerca. Faça bom proveito dessa festa, mas não esqueça do seu compromisso no escritório do advogado amanhã. E quanto à jornalista, diga para ela esperar até amanhã pela minha entrevista. Ela não vai se arrepender.
Kátia se retira. Aroldo fica pensativo.
CENA 02. CASA DALVA. QUARTO. INT. NOITE.
Carlos apressa Dalva.
CARLOS: - Vamos Dalva! Desse jeito a gente chega na premiação só no final! O Santiago e a Paula já devem estar lá!
Dalva procura na sua caixa de joias, o colar de rubi.
DALVA: - Espera aí, Carlos! Eu não acho o meu colar de rubi! Aquele que você me deu no nosso aniversário de casamento!
CARLOS: - Não está aí na sua caixa?
DALVA: - Deveria estar, mas eu não encontro!... Eu não lembro de tê-lo tirado daqui.
CARLOS: - Coloca outro, querida. Você tem tantos outros colares bonitos. Não vamos perder a hora.
Dalva pega um outro colocar, a contragosto. Carlos se oferece para colocar o acessório no pescoço dela. Dalva se olha no espelho.
CARLOS: - Está linda, meu amor.
DALVA: - Você fala isso porque está com pressa, não é? Quem me ver longe desse quarto o quanto antes!
CARLOS: - Falo porque é verdade. Você está linda. Mas o que você disse também faz sentido. (risos)
DALVA: - Bobo... Eu só queria usar o meu colar, só isso.
CARLOS: - Amanhã você procura com calma o colar. Agora vamos!
Dalva pega a bolsa sobre a cama e sai do quarto junto com Carlos.
CENA 03. CASA ZULEICA. QUARTO BÁRBARA. INT. NOITE.
Keylla Mara, Aimée e Bárbara conversam no quarto.
BÁRBARA: - Então a gente faz a quadrilha com os jogadores do Itaclube.
KEYLLA MARA: - A ideia da quadrilha da festa junina foi da sua mãe, mas esse lance dos jogadores é coisa sua, Bárbara. Pode confessar! (risos)
BÁRBARA: - Óbvio que a ideia foi minha, né? (risos) Acha que eu vou perder de dançar quadrilha com o Daniel? Ainda mais que eu vou ser a noiva e ele o noivo.
KEYLLA MARA: - Já quer casar com o rapaz no arraial é?
BÁRBARA: - A ideia não é ruim não, Keylla Mara...
As duas percebem Aimée um pouco mais quieta.
KEYLLA MARA: - O que foi Aimée? Não gostou da ideia da quadrilha?
AIMÉE: - Gostei sim, muito. Mas eu não vou poder participar.
BÁRBARA: - Mas por que não?!
Aimée hesita em dizer.
KEYLLA MARA: - Fala Aimée! O que é que impede você de participar da quadrilha? Até eu vou participar, dançando com o padre...
BÁRBARA: - Candinho vai adorar dançar com você!
KEYLLA MARA: - Meu fã!
AIMÉE: - Eu não vou poder dançar porque vou estar com isso...
Aimée retira de dentro de uma bolsa o colar de rubi e ouro que ganhou de Leopardo.
BÁRBARA (surpresa): - Aimée! Isso é lindo demais! Nega, onde tu conseguiu isso?!
AIMÉE: - Leopardo me deu. Disse que é rubi e ouro, coisa assim.
KEYLLA MARA: - Leopardo?! Leopardo não tem dinheiro pra isso não. Pode ter certeza que é roubado...
AIMÉE: - Eu sei, Keylla Mara. E to desconfiada disso mesmo. Ele me deu naquele dia em que a gente se encontrou na parada do ônibus, lembra?
KEYLLA MARA: - Claro que lembro!... Mas aí você não vai poder dançar por causa do colar?
BÁRBARA: - Se é só por isso, não tem sentido, Aimée. É só não usar o colar.
AIMÉE: - Eu sou obrigada a usar o colar, gente. Eu sou obrigada a ficar do lado do Leopardo a festa inteira, senão (pausa)
BÁRBARA: - Senão..?!
KEYLLA MARA: - Ele te ameaçou, Aimeé?
AIMÉE: - Não, gente... Senão ele se chateia, estraga a festa de todo mundo... Eu não quero confusão, só isso.
Aimée vai para frente do computador, mexer na internet. Bárbara e Keylla Mara trocam olhares.
BÁRBARA: - Eu não vou insistir pra você falar. Mas já sabe que eu não gostei nem um pouco dessa história.
KEYLLA MARA: - Leopardo é perigoso, um bandido. Tem que tomar cuidado, Aimée... Também não gostei dessa história.
AIMÉE (olhando o site): - Então você não gostar de ver isso aqui. Principalmente você, principalmente você, Bárbara.
BÁRBARA: - Ué! Eu por quê?
Keylla Mara e Bárbara se aproximam do computador. Aimee mostra o site que exibe várias fotos de Daniel e Jaqueline na festa do Prêmio Designer Paulista. Bárbara fica surpresa.
BÁRBARA: - Mas que palhaçada é essa?! É o Daniel mesmo?!
KEYLLA MARA (lendo a nota do site): - A artista plástica Jaqueline Namura e seu amigo, o jogador de futebol Daniel Azevedo.
BÁRBARA: - Desgraçada! Amigos, amigos... Tá na cara que ela quer fisgar o meu homem!
AIMÉE: - Mas você conhece ela?
BÁRBARA: - Sim... Ela quase atropelou o Daniel num dia em que eu fui atrás dele no alojamento e ele fugiu de mim. Pelo visto, ela deve ter feito muito mais do que prestar socorro. Japonesa sem noção!
KEYLLA MARA: - Ela é bem bonita.
BARBARA: - Não torra, Keylla Mara! Não torra! Eu já estou nos nervos! Ele nem me disse que ia sair... Mas isso não fica assim.
AIMÉE: - O que você vai fazer, Bárbara?
BÁRBARA: - Vou ter que ter uma conversa bem séria com essa oriental safada. Aimée, procura aí o endereço dessa mulherzinha aí. Amanhã mesmo eu quero falar com essa artista plástica. E se duvidar, ela vai precisar de uma boa plástica mesmo porque eu to disposta a arranhar toda a cara dela!
Aimée e Keylla Mara riem, enquanto Bárbara tenta se controlar, olhando a foto de Daniel e Jaqueline juntos.
CENA 04. MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA. INT. NOITE.
No palco montado no imenso salão, o mestre de cerimônias e uma assistente segurando o troféu, se preparam para fazer o anúncio da premiação.
Carlos, Dalva, Paula e Santiago estão juntos. Paula com pensamento longe.
SANTIAGO: - Mais um pouco vocês não chegam a tempo.
CARLOS: - Dalva não encontrava um colar...
SANTIAGO: - Mulheres e sua vaidade. Nos fazem perder um tempo precioso.
DALVA: - Ficamos bonitas para nós e para vocês e é assim que vocês agradecem? (risos) Paula, fala alguma coisa.
PAULA (distraída): - Oi, desculpa gente, eu não estava prestando atenção na conversa.
DALVA (se aproxima de Paula): - Você está bem? Você e o Santiago discutiram antes da gente chegar? Você está tão estranha...
PAULA: - Não, está tudo bem. Deve ser a bebida. Tomeis uns goles e como não estou acostumada a beber... Vou pegar uma água depois.
De longe, Paula vê Robson, que a encara. Paula desvia o olhar.
ROBSON: - Eu dei a maior mancada com a Paula, Ulisses.
ULISSES: - Mancada por que?
ROBSON: - Me precipitei. Mas eu não posso perder ela assim.
ULISSES: - Perder o que não se tem é impossível, Robson.
ROBSON: - E quem disse que eu não a tenho? É só uma questão de tempo.
ULISSES: - Você ta ficando louco mesmo, Robson... (risos) Você viu a Lenara por aí? Já vão anunciar o prêmio e eu não a vi aqui.
ROBSON: - Pois é, não vi também.
No palco, Aroldo discursa.
AROLDO: - É com muito prazer que o Grupo Arquiteta Sampa promove mais uma vez o prêmio Designer Paulista. Neste ano, grandes artistas concorrem a esse prêmio, de reconhecimento nacional... Desde já, declaro que todos os indicados podem dizer que são vencedores. Só o fato de terem sido selecionados por nós e figurar na lista dos candidatos, já é um grande passo na carreira de todos...
Claude e Monique se aproximam de Jaqueline e Daniel.
MONIQUE: - Gente, já vão anunciar o prêmio e a Lenara sumiu do salão.
JAQUELINE: - Sumiu? Não, ela deve estar por aí.
CLAUDE: - Confesso que desde que nós chegamos, eu não a vi mais.
DANIEL: - Isso aqui ta lotado. Talvez não seja tão fácil achar ela no meio dessa multidão.
CLAUDE: - Eu vou dar uma procurada.
MONIQUE: - Eu vou com você.
Claude e Monique se afastam.
No palco, o mestre de cerimônia anuncia o vencedor do prêmio.
MESTRE DE CERIMÔNIA: - E o vencedor do prêmio Designer Paulista deste ano é... (ele abre o envelope com o nome do vencedor) Lenara Campos da Rocha!
Aplausos ecoam pelo salão, à espera de Lenara subir ao palco. Jaqueline procura pela amiga, mas não a encontra.
Caminhando pelo corredor, Monique encontra uma sala com a porta aberta e enxerga que há alguém caído no chão.
MONIQUE: - Tem alguém ali!
Monique e Claude entram na sala e se surpreendem ao ver Lenara caída, com o rosto machucado e com o vestido rasgado. Os dois se apressam para ajudá-la.
CLAUDE: - Lenara! O que aconteceu?!
LENARA: - Me leva daqui, pelo amor de Deus. Eu não tenho forças nem de ficar em pé.
MONIQUE: - Machucaram você!
LENARA: - Uma louca invejosa, disse que eu não merecia estar aqui... Gente que sempre quis me ver pelas costas. Não pensei em existir gente má assim. Eu sempre fui tão bondosa...
CLAUDE: - Não fala nada não, nós vamos tirar você aqui. Monique, vê se não tem ninguém aí perto ou fotógrafos na saída.
Monique vai até a porta.
MONIQUE: - Ninguém não.
LENARA: - Ninguém pode me ver assim, Claude! Ninguém!
CLAUDE: - Calma! Vai ficar tudo bem. Eu vou levar você até o meu carro. Depois te levo pra casa.
LENARA: - Ótimo... Que ódio! Hoje era pra ser o meu dia!
MONIQUE: - Podem sair!
Claude ajuda Lenara a se levantar e sai com ela da sala, junto com Monique.
No salão, o burbuninho começa, já que Lenara não aparece para pegar o prêmio.
JAQUELINE: - Acho que eu vou ir lá buscar o prêmio pra ela. É minha amiga. Alguma coisa deve ter acontecido...
DANIEL: - Faz isso mesmo, Jaque.
Jaqueline vai até o palco para receber o prêmio. Ela fala aos presentes.
JAQUELINE: - Como vocês podem ver, a Lenara não pode estar aqui para receber este prêmio, devido a um contratempo, mas certamente, ela ficará muito feliz em saber que foi a grande vencedora. Muito obrigado a todos pelo reconhecimento.
Jaqueline é aplaudida e desce do palco.
ULISSES: - Alguma coisa aconteceu com a Lenara. Vou tentar ligar pra ela.
ROBSON: - Vai lá.
Ulisses se afasta. De longe, Robson troca olhares com Paula, que tenta disfarçar.
CENA 05. PORTUGAL. APTO HENRIQUE. INT. NOITE.
Raquel e Henrique conversam, abraçados, deitados na cama, envoltos pelo lençol.
RAQUEL: - Nunca iria imaginar... Nem nos meus mais loucos pensamentos...
HENRIQUE: - O que?
RAQUEL: - Que eu ia estar aqui, nos braços de um homem tão especial, do outro lado do oceano... (risos)
HENRIQUE: - Confesso que eu também não tinha pensado em nada disso. O destino nos prega cada peça.
RAQUEL: - Ou nos reserva presentes especiais.
Os dois se beijam.
HENRIQUE: - E agora, o que vai ser?
RAQUEL: - Não sei... Eu não estou com fome, mas se você quiser (pausa)
HENRIQUE (risos): - Não, não é isso... Tô falando da gente.
RAQUEL: - Como assim?
HENRIQUE: - O que vai ser da gente agora? Amanhã eu quero chegar de mãos dadas com você no centro de estudos. Pra mostrar para todo mundo que a gente está junto.
RAQUEL: - Sério?! Ai Henrique, sei não. Não acha que a gente deve manter isso um pouco em segredo?
HENRIQUE: - Segredo? Não tem porquê fazer isso, Raquel. A gente se gosta. Nos declaramos um para o outro. Fizemos amor! Esconder pra quê?
RAQUEL: - Não digo em esconder... Digo em preservar. Justamente por isso tudo que você disse. Foi tudo tão lindo. Ainda está sendo, mágico! Vamos guardar um pouco disso só pra gente, pra curtir bem esse momento. Depois sim, a gente espalha pro mundo.
HENRIQUE: - Se você prefere assim, ta certo. (beija Raquel) Pelo bem do nosso amor.
RAQUEL: - Pelo início da nossa felicidade!
Os dois se beijam, apaixonados.
CENA 06. CASA QUEIROZ. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.
Gurgel, Maria Alice, Tarsila e Barreto jantam juntos, na sala de estar da casa da família Queiroz.
TARSILA: - Há quanto tempo que não jantávamos aqui nesta sala? Os últimos encontros sempre foram na fazenda.
MARIA ALICE: - Agora vamos precisar ficar um pouco mais aqui na cidade. Até para o Gurgel poder se tratar melhor.
GURGEL: - Ela fala como se eu fosse um doente.
BARRETO: - A Maria Alice só está sendo uma esposa zelosa, Gurgel.
MARIA ALICE: - Esse turrão, Barreto, tem sempre um resmungo na ponta da língua. (risos)
TARSILA: - E Henrique, como está?
MARIA ALICE: - Está muito bem, Tarsila! Estudando muito em Portugal!
GURGEL: - Eu sempre acreditei que fiz a escolha certa. O Henrique voltará muito bem preparado para gerenciar a empresa e as nossas estratégias de produção.
MARIA ALICE: - O Humberto também, Gurgel, está sendo um ótimo diretor, te auxiliando...
GURGEL: - É, ele está se esforçando.
Maria Alice troca olhares com Tarsila, reprovando o comentário de Gurgel.
BARRETO: - Pelo pouco que eu vi, o Humberto está se saindo muito bem, Gurgel.
GURGEL: - Não tenho mesmo do que reclamar.
TARSILA: - E onde ele está? Pensei que iria estar aqui conosco.
GURGEL: - Ele foi nesta festa de premiação do Designer Paulista. Foi representando a empresa. Eu não tenho muita paciência para marcar presença nestes eventos.
BARRETO: - Falando em eventos, tudo certo para o lançamento do novo produto da empresa?
GURGEL: - Tudo na mais perfeita ordem! Pena que o Henrique não estará presente ainda. Mas vamos realizar o lançamento mesmo assim.
Gurgel sente uma pontada. Os demais se preocupam.
GURGEL: - Ai...
MARIA ALICE: - O que foi, Gurgel?!
GURGEL: - Me deu uma pontada aqui no peito...
MARIA ALICE (aflita): - Ai meu Deus, o que será?!
BARRETO: - Calma, gente... Gurgel, você já tomou os remédios?
GURGEL: - Eu tomei, antes mesmo de vocês chegarem.
MARIA ALICE: - Eu mesma dei o coquetel pra ele.
GURGEL: - Mas agora está passando...
TARSILA: - É preciso cuidar disso. Já aconteceu outras vezes?
GURGEL: - Nunca, primeira vez. Mas agora passou. Foi só aquela fisgada, sabe?
TARSILA: - Mesmo assim é bom cuidar, Gurgel. Com o coração não se brinca.
MARIA ALICE: - Por isso a importância de tomar os remédios sempre, nos horários certos e na quantidade certa.
GURGEL (enfado): - Pronto gente, já passou. Podemos voltar a comer, ok?
Todos voltam a jantar.
CENA 07. MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA. INT. NOITE.
Daniel e Jaqueline conversam num ponto.
JAQUELINE: - Esse troféu é lindo. A Lenara vai ficar feliz por ter vencido.
DANIEL: - Pena que ela não veio buscar... O que será que aconteceu pra ela ter sumido assim?
JAQUELINE: - Eu não sei. E agora eu não encontro nem o Claude e a Monique... Você se importa de ficar aqui? Vou ver se eu encontro esses dois.
Jaqueline se afasta. Daniel observa a festa, quando é abordado por Carlos.
CARLOS: - Daniel Azevedo?
DANIEL (surpreso): - Sim, sou eu.
CARLOS: - Muito prazer. Carlos Schneider. Empresário.
Os dois se cumprimentam.
DANIEL: - Empresário é?
CARLOS: - Sim, do ramo de esportes. Muita coincidência de achar você por aqui. É um dos nomes mais comentados entre os grupos de negócio.
DANIEL: - É mesmo?! Nossa, nem eu sabia!
CARLOS: - Nós ainda nos encontraremos. Estou para fazer uma visita nos treinos do Itaclube. Espero vê-lo jogar.
DANIEL: - Modéstia à parte, verá um craque em campo!
CARLOS: - Assim espero... Acho que vamos poder manter uma boa parceria, Daniel.
Daniel sorri, esperançoso.
CARLOS: - Boa festa! Até breve!
DANIEL: - Obrigado!
Carlos se afasta.
DANIEL: - Empresário! O cara é empresário! Daniel, é a tua chance de crescer, meu chapa!
Paula vai saindo do banheiro feminino, quando Robson a encontra e a leva para um canto, sem serem vistos.
PAULA: - O que é isso?! Está ficando louco, Robson?
ROBSON: - Estou. Louco por você.
(sobe trilha “Sem Poupar Coração” – Nana Caymmi) Paula e Robson trocam olhares.
PAULA: - Alguém pode nos ver...
ROBSON: - Mas tem um lugar onde ninguém vai poder ver a gente.
Robson entrega um pequeno bilhete nas mãos de Paula, que abre e se surpreende.
PAULA: - Motel?!
ROBSON: - Não é o ideal, mas pelo menos a gente vai poder ficar sozinho. É o que eu mais quero e tenho certeza que você também quer...
PAULA: - É arriscado! Eu não posso!
ROBSON: - Eu vou lá conforme o combinado aí no bilhete... Te esperando.
Robson se afasta. Paula fica pensativa, esboça um sorriso diante da ousadia de Robson. Dalva se aproxima. (fade out “Sem Poupar Coração” – Nana Caymmi)
DALVA: - Paula, que demora hein! Estamos te esperando lá na mesa.
PAULA (guardando o bilhete na bolsa): - Banheiro estava cheio...
DALVA: - O que foi? Você está diferente... Paula, está acontecendo alguma coisa que você não quer me contar?
PAULA: - Nada, não, Dalva. Está tudo bem. (risos) Tudo bem.
DALVA: - Então vamos logo!
As duas caminham por entre os convidados do salão, passando por Fernanda, que está em uma rodinha, acompanhando Humberto.
HUMBERTO: - Pegue uma bebida pra mim, por favor.
FERNANDA: - Claro.
HUMBERTO (cochicha / malicioso): - E se prepara, porque daqui a pouco nós vamos embora. E eu quero você só pra mim.
Fernanda sorri e se afasta. Ela vai até a ilha e pega uma taça de champanhe com um barman e ao retornar, acaba esbarrando em Ulisses, virando a bebida na camisa dele.
FERNANDA: - Nossa! Como eu sou desastrada! Me desculpe!
ULISSES: - Tudo bem, acidentes acontecem.
Ulisses e Fernanda trocam olhares. Ela desvia.
FERNANDA: - Sujou sua camisa, espero que não manche.
ULISSES: - Não tem problema. Eu nem gostava tanto dessa camisa.
FERNANDA: - Mas em você fica muito bonita.
ULISSES: - Você acha?
FERNANDA: - Eu acho.
Fernanda sorri. Um garçom vai passando, ela pega outra taça de champanhe. Troca olhares com Ulisses novamente e sai. Ulisses se mostra encantado.
ULISSES: - Que mulher é essa?
Jaqueline volta ao encontro de Daniel.
JAQUELINE: - Não encontrei ninguém. Será que foram embora?
DANIEL: - Talvez sim.
JAQUELINE: - Mas nem me avisaram nada... que estranho. Bem, amanhã eu passo lá no apartamento da Lenara para levar o troféu dela... Agora eu quero é curtir um pouco com você.
Jaqueline beija Daniel.
DANIEL: - Gostei muito do seu jeito de curtir (risos)
Os dois se beijam, felizes.
CENA 08. APTO LENARA. INT. NOITE.
Claude e Monique deixam Lenara em casa.
LENARA: - Me deixa aqui no sofá.
CLAUDE: - Você não quer ir pro quarto, Lenara? Deitar na cama é melhor!
LENARA: - Não, me deixa aqui!
Claude ajuda Lenara a sentar no sofá.
MONIQUE: - Eu nunca tinha visto uma coisa dessas. E você não conseguiu chamar um segurança, nem nada?
LENARA: - Não deu tempo! A louca me agarrou com tudo. Invejosa!
CLAUDE: - Óbvio que você vai dar queixa na polícia, né? Uma pessoa assim precisa ser presa!
LENARA: - Não vale a pena, Claude.
CLAUDE: - Não vale a pena?! Lenara, essa mulher te bateu, terminou com a sua noite!
LENARA: - Eu não quero ficar me envolvendo com polícia agora, gente! Já deu, passou, pronto!... Quer saber, eu preciso ficar sozinha agora. Muito obrigada pela ajuda de vocês.
MONIQUE: - Tem certeza?
LENARA: - Absoluta. O que eu mais quero agora é um bom banho e minha cama.
CLAUDE: - Qualquer coisa, pode me ligar.
MONIQUE: - Pra mim também.
LENARA: - Muito prestativos. Obrigada. Agora, por favor, me deixem sozinha.
Claude e Monique saem do apto. O telefone de Lenara começa a tocar. Ela olha a chamada.
LENARA: - Ulisses?! Ai não, que pé no saco!
Lenara joga o telefone longe. Levanta-se do sofá, caminha até o espelho que está pendurado na parede, se olha. Passa a mão pelo rosto, machucado pelos cortes.
LENARA: - Vaca, vaca, vaca, vaca (grita) Vaca! (raiva) Inferno! (chora) Meu rosto... Desgraçada! Corna! (ri) Belo par de chifres que eu te coloquei. Kátia chifruda... (alisa o rosto) Vaca!
CENA 09. MOTEL LUXO. QUARTO. INT. NOITE.
Humberto empurra Fernanda para a cama, enquanto tira a camisa. Fernanda abre o vestido nas costas. Humberto se deita sobre ela, selvagem, beijando o pescoço da moça.
FERNANDA: - Nossa, você está bem animado, hein?
HUMBERTO (seco): - Eu detesto opiniões durante o sexo.
FERNANDA: - Desculpa. Eu só pensei que (pausa)
HUMBERTO (interrompe): - Você não está aqui para pensar. Está aqui pra me satisfazer, como toda vagabunda faz.
FERNANDA: - Não precisa me tratar assim.
HUMBERTO (se afasta): - Quer dizer que a vadia agora quer ser tratada como gente?
FERNANDA: - Eu sou gente!
HUMBERTO: - Você é um simples brinquedo, garota. Desde quando prostituta é gente? Se manca.
Fernanda sai da cama, começa a fechar o vestido e calçar os sapatos.
HUMBERTO: - Onde você vai? Está indo embora?
FERNANDA: - Não sou obrigada a ficar aqui ouvindo desaforos.
HUMBERTO: - Já ouviu coisa pior em quartos muito piores do que este aqui...
FERNANDA: - Assim como também já estive com clientes melhores também.
HUMBERTO: - Vai embora então, vadia. Pode ir. Também não vai receber um centavo!
FERNANDA: - E eu nem quero o seu dinheiro não. Deve ser tão sujo quanto a sua falta de caráter.
Fernanda sai do quarto. Humberto fica sozinho no quarto.
HUMBERTO: - Vagabunda...
CENA 10. TRANSIÇÃO DO TEMPO
Imagens de Lisboa ao amanhecer. Mostra plano geral da cidade.
CENA 11. PORTUGAL. CENTRO DE ESTUDOS. INT. DIA.
No pátio, Joaquim cuida da horta, regando e plantando as hortaliças.
Ele está distraído, cuidando das plantas, quando percebe alguém ao seu lado. Ele levanta a cabeça para observar e se surpreende ao ver Raquel.
JOAQUIM (sorri/feliz): - Raquel!
RAQUEL (simpática): - Bom dia, Joaquim!
JOAQUIM: - O que você está fazendo aqui?
RAQUEL: - Cheguei um pouco mais cedo e não te achei em lugar algum. Daí eu lembrei de um lugar onde você poderia estar. Aqui na horta!
JOAQUIM: - Maravilhoso começar o dia lidando com a terra, plantando, regando, colhendo. E agora com você aqui, meu amanhecer ficou completo.
(sobe trilha “Tem que Ser Você” – Victor e Léo)
RAQUEL: - Eu também quero ajudar! O que tem aí pra fazer?
JOAQUIM: - Não, Raquel, vai sujar suas mãos com a terra! Eu não tenho nem luvas pra você...
RAQUEL: - Deixa de ser bobo, Joaquim. Eu quero poder ajudar. Vai ser um prazer mexer na terra. E você vai me ensinar tudo! Como se planta direitinho, preparar o adubo...
JOAQUIM: - Pra mim vai ser um prazer! Venha cá, vou te mostrar aqui, as cenouras que você vai colher.
Joaquim e Raquel caminham pela horta, conversando animados sobre o plantio. (fade out trilha “Tem que Ser Você” – Victor e Léo)
CENA 12. EMPRESA QUEIROZ. SALA PRESIDÊNCIA. INT. DIA.
Humberto leva os remédios para Gurgel tomar.
HUMBERTO: - Trouxe aqui na bandeja seus remédios, papai.
GURGEL: - Deixa aí, que depois eu tomo.
HUMBERTO: - Depois não. Está na hora.
GURGEL: - Tudo bem...
Humberto vai pegar o copo com água, enquanto Gurgel conversa.
GURGEL: - Nem sei porque eu estou tomando esses remédios. Ontem eu tomei o coquetel que sua mãe preparou e depois senti umas pontadas no peito. (sobe trilha “Turtango Instrumental”)
HUMBERTO (se atenta): - Pontadas?!
GURGEL: - Sim, uma coisa estranha. Mas depois passou.
Humberto se aproxima da bandeja, sempre de costas para Gurgel.
HUMBERTO; - Mas mesmo assim é melhor tomar os remédios, papai. Vai que aconteça isso de novo?
GURGEL: - Tomando ou não tomando pode acontecer.
HUMBERTO: - Mas os remédios estão aí para prevenir.
Humberto finge preparar o coquetel, mas não o faz. Ele leva o copo com água pura para Gurgel, que bebe sem desconfiar.
GURGEL: - Nossa... Parece água pura. Acho que meu paladar nem consegue mais distinguir os sabores.
HUMBERTO: - Talvez seja alguns dos efeitos colaterais.
GURGEL: - É, talvez... Você não me falou como estava a premiação ontem. Quem é o novo vencedor do prêmio?
HUMBERTO: - A festa estava boa e o vencedor é uma mulher que não apareceu para pegar o prêmio. Desprestígio total... Bom, vou indo para minha sala. Qualquer coisa, só chamar.
Humberto sai. (fade out trilha “Turtango Instrumental”)
CENA 13. APTO LENARA. QUARTO. INT. DIA.
Jaqueline conversa com Lenara no quarto desta.
JAQUELINE: - Amiga, eu estou chocada! Como isso?
LENARA: - Nem eu sei, Jaque. Só sei que a louca me bateu e fugiu.
JAQUELINE: - Que absurdo!
LENARA: - Mas eu te agradeço por ter ido lá pegar o troféu pra mim. Obrigada.
JAQUELINE: - É o mínimo que eu poderia fazer, né, Lenara. Eu fiquei sem entender o sumiço, achei melhor ir La buscar o prêmio e te entregar depois. Deixei lá na sala.
LENARA: - Vou pedir pra Rita guardar depois senão o Tavinho é capaz de quebrar.
JAQUELINE: - Imagina, seu filho não faria isso.
LENARA: - Ele é um bruto às vezes, Jaque. Só quem convive pra saber... Mas eu não quero falar dele não. Quero saber de você e do rapaz que estava contigo, o garotão lá de Itaquera! (risos)
JAQUELINE: - O Daniel! Nossa, foi um fofo! Me diverti muito com ele...
LENARA: - E está apaixonada.
JAQUELINE: - Sim, estou! Nas nuvens!
LENARA: - Só toma cuidado, né, Jaque? Você é rica, é conhecida. Às vezes os caras se aproximam só pra dar o golpe.
JAQUELINE: - Mas o Daniel é diferente, Lenara. Ele é verdadeiro, eu vejo isso nele. Sinto isso!
O telefone de Lenara começa a tocar.
LENARA: - Jaque, me alcança o telefone. Deve ser o Ulisses. Me ligou ontem, mas não atendi. Não estava com saco.
JAQUELINE (entrega o celular): - Coitado, Lenara...
LENARA (surpresa): - É a Raquel! (atende) Raquel! Como você está amiga?! (TEMPO) Que ótimo! A Jaque ta aqui comigo!
JAQUELINE: - Beijão Raquel! Te adoro!
LENARA (ao telefone): - Você ouviu? (TEMPO) Ai amiga, estamos com saudades! (TEMPO) Aproveitando muito aí? (TEMPO) Já, mas que ligação mais rápida! (TEMPO) Tá bom, eu vou esperar hein! Beijo! (desliga)
JAQUELINE: - Já desligou?
LENARA: - Está quase na hora da aula dela começar. Mas está amando o curso, gostando de tudo e também morrendo de saudade de nós!
Lenara e Jaqueline se abraçam.
CENA 14. PORTUGAL. CENTRO DE ESTUDOS. INT. DIA.
Raquel desliga o telefone, olhos marejados.
JOAQUIM: - Você gosta mesmo dessas suas amigas.
RAQUEL: - Elas são praticamente a minha família. A saudade é muito grande.
JOAQUIM: - Mas pra você não se sentir sozinha, eu também posso ser sua família aqui.
RAQUEL: - Você já é, Joaquim. Um amigo incrível!
JOAQUIM: - Mas eu quero ser um pouco mais do que um simples amigo.
Joaquim se aproxima de Raquel e lhe rouba um beijo, deixando-a surpresa.
JOAQUIM (sorri): - Você vai ver, Raquel! Você vai ver!
Joaquim se afasta. Raquel leva a mão aos lábios, esboça um sorriso, balançada com o beijo. Neste instante, Henrique se aproxima, surpreendendo-a.
HENRIQUE: - Sonhando acordada?
RAQUEL: - Henrique!... Não, não, pensando apenas.
HENRIQUE: - Posso saber no quê ou seus pensamentos são invioláveis?
RAQUEL: - Estava pensando nas minhas amigas lá em São Paulo. Falei com elas a pouco e bateu uma saudade, só isso.
HENRIQUE: - Eu também falei a pouco com a minha mãe. Perguntei sobre o meu pai e ela me garantiu que ele está bem. Já fico mais aliviado.
RAQUEL: - Que ótimo!... Bom, eu preciso lavar as mãos e ir pra aula.
HENRIQUE: - Pois é, fiquei surpreso de te encontrar aqui na horta.
RAQUEL: - Comecei hoje! (risos) É bom, uma terapia.
HENRIQUE: - Terapia é estar do seu lado agora. Me deixa leve, leve...
RAQUEL: - Eu preciso ir Henrique, senão minha nota vai ficar pesada, pesada de tão baixa! (risos)
HENRIQUE: - Você é aplicada, vai tirar de letra!
Os dois caminham em direção aos pavilhões do centro universitário, animados.
CENA 15. HMÓVEIS. INT. DIA.
Ulisses conversa com Robson.
ULISSES (segurando o jornal): - Olha aí, sessão de fofocas... “Esposa do diretor do prêmio Designer Paulista pede divórcio. Litígio à caminho”. (deixa jornal na mesa)
ROBSON: - Nossa, quanto sensacionalismo...
ULISSES: - Imprensa faz loucuras!... Falando em prêmio, liguei para Lenara várias vezes e ela não me atende. Mas a Rita garantiu que ela está em casa.
ROBSON: - Só você mesmo pra ficar correndo atrás da Lenara. Ela não te atende porque não quer, simples.
ULISSES: - Só queria saber porque ela não buscou o prêmio, só isso...
ROBSON: - Era o comentário geral do salão. Mas eu nem me importei muito. Só tenho cabeça para hoje à noite.
ULISSES: - Por quê? Quais os planos?
ROBSON: - Vou me encontrar com a Paula.
ULISSES: - Tá maluco?! Vai se encontrar com a mulher do Santiago, é isso?
ROBSON: - Eu deixei um bilhete pra ela. Vou esperar no lugar marcado. Só resta saber se ela vai ir ou não.
ULISSES: - É claro que ela não vai! A Paula não é disso. E você está se arriscando.
ROBSON: - Eu estou é vivendo, Ulisses, ao contrário de você que só fica pensando numa mulher que não te quer. E ainda pior, só quer o teu dinheiro.
ULISSES: - Mas sabe, ontem, no meio daquela confusão toda, eu ainda consegui esbarrar numa moça tão bonita... Teve uma troca de olhares, mas ela sumiu depois no meio do povo.
ROBSON: - Tão distraído que perde até mulher!
ULISSES: - Me deixa, Robson!... Mas agora você falando em distração, a professora do Otávio me disse que ele precisa de uma ajuda, um acompanhamento psicológico talvez.
ROBSON: - Sério? Mas por que?
ULISSES: - Ele não tem tido um comportamento um tanto satisfatório. Apresenta alguns quadros de agitação ou distração quase total... E eu não sei o que eu faço.
ROBSON: - Cara, por que você não leva o seu filho lá no centro comunitário onde a Salete, minha prima, trabalha? É lá em Itaquera. Ela atende inúmeras crianças e com certeza ela vai saber lidar direito com o moleque. Sabe como é escola, às vezes muitos alunos, os professores não conseguem dar a devida atenção a todos.
ULISSES: - Você acha que é uma boa?
ROBSON: - Vai na minha. Tenho certeza. E ele vai gostar. Tem oficinas de música, tem esporte, as crianças fazem várias atividades. Vai fazer bem pra ele também.
ULISSES: - Eu vou fazer isso mesmo. Vou conversar com a Lenara também.
ROBSON: - Se ela finalmente atender você. (risos)
ULISSES: - Palhaço. Vai cuidar do seu encontro com a mulher do teu chefe, vai... (risos)
CENA 16. ATELIER JAQUELINE. INT. DIA.
Jaqueline organiza seu material no atelier. O espaço é amplo, com vista para a Avenida Paulista. Quadros estão expostos nas paredes, e alguns cavaletes espalhados pelo local. Jaqueline está concentrada organizando suas coisas quando escuta passos marcados pelo salto de um sapato se aproximando. Jaqueline se vira para a ver quem chega e se surpreende ao ver Bárbara.
JAQUELINE: - Você?
BÁRBARA: - Bonitinho esse quartinho onde você coloca seus quadros.
Jaqueline observa Bárbara caminhar pelo atelier, esnobe. Bárbara observa a prateleira com alguns troféus e certificados.
BÁRBARA: - Eu também tenho meus prêmios. Já fui eleita melhor rainha de bateria de são Paulo por três anos consecutivos.
JAQUELINE: - Meus parabéns! Certamente você deve sambar muito bem. Aprendeu desde criança.
BÁRBARA: - Não aprendei. É de berço. É dom. assim como eu também tenho o dom de conquistar tudo aquilo que eu quero. (encara Jaqueline) Principalmente quando o assunto é homem.
JAQUELINE: - Como foi que chegou aqui, hein, Bárbara?
BÁRBARA: - A internet hoje mostra muita coisa, Jaqueline. As pessoas acham que estão abalando, mas na verdade, estão é perdendo a noção do ridículo.
JAQUELINE: - Seu caso então, não é?
BÁRBARA: - Você se acha mesmo, né, Jaqueline Namura? Artista plástica. Metida a besta!
JAQUELINE: - Alto lá! Pode parar por aí!
BÁRBARA: - Quem você pensa que é para ficar arrastando o Daniel pra tudo quanto é lugar com você? Ele não é seu brinquedo não, ta ouvindo?
JAQUELINE: - Como eu não pensei nisso... Você está aqui por causa do Daniel.
BÁRBARA: - Óbvio! (irônica) E por que mais eu estaria aqui? Por ser sua fã?
JAQUELINE: - Em primeiro lugar, eu não arrastei o Daniel. Eu o convidei e ele aceitou. Ou seja, ele foi porque quis. E confesso que adorou. E eu também adorei. Ele é um cara muito legal e está me fazendo bem.
BÁRBARA: - Está te fazendo bem? Falando assim até parece que tem alguma coisa com ele.
JAQUELINE: - Mas eu tenho. A gente está junto.
BÁRBARA: - Então pode tratar de não ter mais nada! O Daniel é o meu homem, está ouvindo?
JAQUELINE: - O Bárbara, por favor, dá meia volta e sai daqui do meu atelier? Eu tenho muita coisa pra fazer e não to com tempo para ficar de conversa fiada com você.
Bárbara segura firme o braço de Jaqueline.
BÁRBARA: - Eu já te falei. O Daniel é meu homem. Trata de se afastar dele de uma vez por todas. Senão eu não me responsabilizo pelos meus atos... Está bem avisada.
Bárbara solta Jaqueline e vai embora, na pose, poderosa. Jaqueline fica pensativa.
JAQUELINE: - Louca...
CENA 17. TRANSIÇÃO DO TEMPO
Mostra a cidade de São Paulo ao anoitecer.
CENA 18. MOTEL. QUARTO. INT. NOITE.
Robson está no local, sozinho, sentado na cama. Ele olha o relógio, um tanto desanimado.
ROBSON: - Não adianta, Robson. Ela não vem mesmo.
Robson se levanta para abrir a porta do quarto, quando se depara com Paula.
ROBSON (surpreso): - Você veio!
Os dois trocam olhares.
CENA 19. PORTUGAL. APTO RAQUEL. INT. NOITE.
Raquel e Henrique se beijam na sala do apto dela.
HENRIQUE: - Muito bonito o seu cantinho também.
RAQUEL: - É bem menor que o seu e também menos sofisticado. Mas eu gosto da simplicidade dele.
HENRIQUE: - Muito bem decorado também.
RAQUEL: - O Joaquim que me deu umas dicas. Entre um prato e outro que a gente preparava na aula, ele me explicava um jeito de colocar o sofá, um quadro, umas flores...
HENRIQUE: - Esse Joaquim é tão prestativo, não?
RAQUEL: - Ele é incrível.
HENRIQUE: - Ele é também caidinho por você.
RAQUEL: - Para, Henrique, nada a ver. Eu e o Joaquim somos só amigos.
HENRIQUE: - Eu nem falei nada sobre você e o Joaquim. Mas pelo o que você disse eu posso confirmar mesmo que ele gosta de você.
RAQUEL: - Vamos mudar de assunto?
HENRIQUE: - Tá fugindo, Raquel?
RAQUEL: - Não estou fugindo de nada, Henrique. Só estou dizendo que o Joaquim é meu amigo e o carinho que ele tem por mim é de amizade, só isso. Assim como eu também tenho amizade por ele. Eu amo você, Henrique. Você.
HENRIQUE: - Desculpa, desculpa. Não quero brigar não. Também te amo. Muito! Ciúme bobo (risos)
RAQUEL: - Tudo bem... (sorri, meiga)
HENRIQUE: - Tem água?
RAQUEL: - Na cozinha, dentro da geladeira.
Henrique se afasta, Raquel fica pensativa.
FLASHBACK. CENA 13.
JOAQUIM: - Mas pra você não se sentir sozinha, eu também posso ser sua família aqui.
RAQUEL: - Você já é, Joaquim. Um amigo incrível!
JOAQUIM: - Mas eu quero ser um pouco mais do que um simples amigo.
Joaquim se aproxima de Raquel e lhe rouba um beijo, deixando-a surpresa.
JOAQUIM (sorri): - Você vai ver, Raquel! Você vai ver!
VOLTA À CENA ATUAL.
Raquel disfarça, para que Henrique não perceba sua insegurança quando ao sentimento por Joaquim.
CENA 20. EMPRESA QUEIROZ. ESTACIONAMENTO. INT. NOITE.
Humberto e Gurgel estão caminhando no estacionamento, em direção ao carro, quando Gurgel sente-se mal.
HUMBERTO: - O que foi, papai?
GURGEL: - Não sei, senti uma pontada aqui no peito... Ai!
HUMBERTO: - Papai, tenta se controlar. Estamos quase chegando no carro, não morra aqui no estacionamento. (ri, debochado)
GURGEL: - Não é hora de brincadeiras... (sente dores) Ai! Ai meu coração!
Gurgel se apoia em Humberto, que se afasta, deixando Gurgel cair no chão. Humberto certifica-se de que não há ninguém além dos dois no estacionamento. Gurgel caído no chão, sente dores no peito.
GURGEL (fraco): - Humberto, me ajude, meu filho... (ergue a mão)
Humberto encara Gurgel por um tempo. Em seguida, dá um tapa na mão do pai, empurrando-a.
HUMBERTO (sério, frio): - Eu quero mais é que você morra. Velho imundo.
Gurgel agoniza no chão, sob o olhar frio de Humberto.
Édy Dutra
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa
atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel
trilha sonora
Tem que Ser Você - Victor e Léo
Turtango Instrumental
Bruno Olsen
Diogo de Castro
Israel Lima
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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