Terra da Garoa: Capítulo 10 - WebTV - Compartilhar leitura está em nosso DNA

O que Procura?

HOT 3!

Terra da Garoa: Capítulo 10

Novela de Édy Dutra
Compartilhe:




TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 10
 


CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR


Humberto dirige. Olhar tenso.

HUMBERTO: - Mas que droga! (olha no retrovisor) Henrique, vai chorar em casa! Me deixa em paz!

Em seu carro, Henrique segue Humberto.

HENRIQUE: - Você precisa me explicar o que aconteceu, Humberto. O que você fez é inadmissível!

Humberto acelera o carro e passa no sinal que está ficando vermelho, enquanto Henrique não consegue passar. Neste instante, Lenara vai atravessando a avenida quando Henrique tenta frear o carro para não atropelar Lenara, que nem percebe o veículo se aproximando.



CENA 01. AVENIDA PAULISTA. EXT. NOITE. 

Continuação do capítulo anterior. Humberto acelera o carro e passa no sinal que está ficando vermelho, enquanto Henrique não consegue passar. Neste instante, Lenara vai atravessando a avenida quando Henrique tenta frear o carro para não atropelar Lenara, que nem percebe o veículo se aproximando. 

Henrique consegue frear o carro e o som dos pneus assusta Lenara, que olha para o carro parado em sua frente. As luzes dos faróis em seu rosto, ela tenta olhar para o interior do carro e percebe Henrique, um tanto apreensivo. Lenara se surpreende pela beleza do rapaz. Henrique desce do carro rapidamente e se aproxima de Lenara. 

HENRIQUE: - Você está bem?!

LENARA: - Sim, estou bem. Acho que só um pouco assustada. Por pouco você não me atropela.

HENRIQUE: - Me desculpa. Eu estava errado mesmo, andando numa velocidade um pouco mais alta. Aqui é perigoso.

LENARA: - Parecia que estava fugindo.

HENRIQUE: - Estava era indo atrás de uma pessoa, mas agora já perdi de vez... Bem, se você está legal, eu vou indo nessa. 

Henrique se afasta, voltando para o carro. Lenara então finge uma dor no pé. Henrique retorna. 

LENARA: - Ai, ai meu pé.

HENRIQUE: - O que foi?

LENARA: - Acho que dei mal jeito aqui no pé. Talvez com o susto, tive que parar bruscamente a caminhada. Dei mal jeito.

HENRIQUE: - Tem uma clínica médica aqui perto, eu te levo para eles darem uma olhada.

LENARA: - Não, não precisa não...

HENRIQUE: - É o mínimo que eu poderia fazer. Quase machuquei você.

LENARA: - Eu aceito sua ajuda, ou melhor, sua companhia para um jantar. Já vai me fazer bem melhor. 

Os dois trocam olhares. 

HENRIQUE: - E onde você pretende ir?

LENARA: - Gourmet Paulista, logo ali... Vamos? Eu estou vendo que você está bem aflito, precisa relaxar. Dirigir desse jeito pode ser mais perigoso do que se imagina

HENRIQUE: - Tem razão. Bem, vamos indo então. Eu te ajudo. 

Lenara apoia o braço em Henrique, fingindo uma pequena dificuldade para caminhar. Henrique a ajuda a entrar no carro.  

CENA 02. CASA QUEIROZ. QUARTO MARIA ALICE. INT. NOITE.

Maria Alice conversa com Tarsila.

MARIA ALICE: - Que dia infernal, meu Deus! Eu nunca pensei em passar por isso... Uma tragédia!

TARSILA: - Procure se acalmar, Maria Alice. O pior já passou.

MARIA ALICE: - Não, Tarsila. O pior está por vir!... O Donato retornou, mas não vai ficar longe de mim nem dos meninos. Eu estou sentindo isso... Eu nunca entendi realmente o porquê que o Gurgel queria distância do irmão. Agora eu sei bem... Donato é mau caráter, Tarsila.

TARSILA: - Será que ele realmente não voltou apenas para tentar conquistar o filho?

MARIA ALICE: - Tá na cara que não! Ele veio pelo dinheiro, achando que o Gurgel deixou alguma coisa pra ele!... ele nunca procurou saber do Humberto, nem quando estava longe.

TARSILA: - Desculpa me intrometer assim, Maria Alice, mas somos amigas. Acho que tenho essa liberdade com você.

MARIA ALICE: - Claro, Tarsila. Não sei o que seria de mim sem você aqui, me apoiando.

TARSILA: - E a mãe do Humberto? Quem é essa mulher que você tanto abomina?

Maria Alice hesita um pouco em falar. Senta-se na cama, suspira e decide abrir o jogo com Tarsila.

MARIA ALICE: - Vilma...

TARSILA: - É esse o nome dela?

MARIA ALICE: - É. E como o Donato falou, ela foi realmente o grande amor da vida do Gurgel... Mas era uma mulher da vida. Não podia se prender a ninguém por causa disso. Mesmo assim, conquistava os homens. Quando eu conheci o Gurgel, ele já tinha se envolvido com ela. Mas eu proporcionei pra ele o que ela não iria lhe dar nunca: carinho, afeto...

TARSILA: - E dinheiro. O Gurgel só conseguiu abrir o comércio dele graças ao investimento de seu pai, não é?

MARIA ALICE: - Meu pai foi fundamental na minha vida e no meu casamento. Gurgel aceitou se casar comigo, mesmo amando aquela mulher. E eu sempre soube disso, mas eu amava o  Gurgel e acreditava fielmente que ele iria me amar e esquecer a Vilma. Só que eu não conseguia engravidar, dar um filho para ele, que era o seu grande sonho.

TARSILA: - E onde entra o Donato nessa história?

MARIA ALICE: - O Donato também era apaixonado pela Vilma. E ela, piranha que era, andou com ele também, mas para fazer ciúmes no Gurgel, que estava de casamento marcado comigo. E aí ela engravidou do Donato. Logo depois do nosso casamento, ela apareceu lá em casa, com o Humberto nos braços, afirmando que não iria ficar com a criança porque iria embora para o Rio de Janeiro...

FLASHBACK. 30 ANOS ATRÁS. CASA GURGEL. INT. DIA.

Uma mulher morena, cabelo preso, vestido preto, aparência nervosa, carrega um bebê enrolado em um pano branco, em seus braços. Ela e Gurgel conversam.

GURGEL
: - Eu não tenho nada a ver com essa história, Vilma. Você e o Donato que foram inconsequentes. Não pensaram antes de cometer essa besteira.

VILMA: - Como não tem nada a ver? Foi você quem mandou seu irmão pra bem longe daqui! Eu não posso ficar com essa criança.

GURGEL: - Então dê para alguém.

VILMA: - Você não aceita, não é, Gurgel? No fundo, você sente inveja do seu irmão por causa disso. Você queria que esse filho fosse seu.

GURGEL: - Não diga uma bobagem dessas, Vilma.

VILMA: - Então fala na minha cara que é mentira! Fala!

Gurgel desvia o olhar.

VILMA: - Eu só confio em você para cuidar do meu filho.

MARIA ALICE (entra na sala): - Nós cuidaremos dele.

GURGEL (surpreso): - Maria Alice? Você estava aqui?!

MARIA ALICE: - Eu ouvi tudo, Gurgel... Realmente, essa criança não tem culpa dos pais que a geraram. Ela não pode pagar pelos erros deles. Vilma, pode seguir o seu destino. Nós cuidaremos do seu filho.

VILMA: - Maria Alice, eu jamais pensei que você fosse tomar essa atitude por mim.

MARIA ALICE: - Não é por você. É pela criança.

Maria Alice se aproxima de Vilma, que lhe entrega Humberto, bebê.

VILMA: - Eu tenho certeza que ele será uma criança muito feliz aqui.

MARIA ALICE: - Amor e carinho não faltará. Não é, Gurgel?

Gurgel não responde.

VILMA: - Eu vou embora então.

GURGEL: - Já vai tarde, Vilma... Eu agora tive a certeza que casei com a mulher certa. Seria um erro ficar com você.

VILMA: - Você nunca vai me deixar, Gurgel. Eu não estarei com você de corpo presente, mas ficarei guardada aí dentro de você. E cada vez que você olhar para o meu filho, vai lembrar de mim. Eu sei disso.

MARIA ALICE: - Vai embora, Vilma! Saia da minha casa agora! E não volte mais!

Vilma vai embora, sem olhar para trás. Gurgel se aproxima de Maria Alice.

GURGEL: - Você não poderia ter feito isso.

MARIA ALICE: - Eu fiz o que é o certo. Nós vamos cuidar dessa criança como se fosse nosso filho. Com todo amor, carinho e educação que ela merece.

VOLTA À CENA ATUAL.

MARIA ALICE: - O Gurgel se esforçava para tratar o Humberto como filho. Ele estava se saindo bem como pai, até que eu descobri que estava grávida do Henrique. Foi aí que tudo mudou. Ele queria um filho sangue do sangue dele e o Henrique foi o presente de Deus. Ele passou a ignorar o Humberto, que sofreu muito com isso durante todos esses anos. (chora)

TARSILA (segura a mão de Maria Alice): - Nossa, Maria Alice... Eu imagino o quanto deve ter sido difícil para você enfrentar isso.

MARIA ALICE: - Eu precisava mostrar o tempo todo para o Gurgel que o Humberto, mesmo não sendo filho dele, de sangue, era um filho também, entende? Estava junto ali, recebendo educação, criação. Eu dei muito amor a ele! E eu queria tanto que o Gurgel também fizesse o mesmo.

TARSILA: - O Humberto cresceu sentindo essa indiferença do pai. Talvez isso explique um pouco esse jeito dele mais fechado.

MARIA ALICE: - Graças a Deus, o Humberto e o Henrique sempre tiveram uma boa relação. Eu não iria aguentar ver a minha família dividida... Mas agora, depois de tudo isso, eu preciso juntar os cacos do vaso que eu cuidei tanto... Mais uma batalha na minha vida, Tarsila.

TARSILA: - E você vai vencer. Se precisar, pode contar comigo para o que der e vier... Agora eu preciso ir e você precisa descansar.

MARIA ALICE: - Claro, vá mesmo. Seu marido e seus filhos estão te esperando. Sabe que eu fico muito feliz de ver você e sua família linda. Era o que eu queria para mim também. Aproveite muito isso, Tarsila.

TARSILA: - Minha família é meu maior tesouro. 

As duas se abraçam. 

TARSILA: - Fique bem, ta?

MARIA ALICE: - Obrigada. Obrigada por tudo. 

Tarsila sai. Maria Alice fica sozinha no quarto, pensativa. 

CENA 03. CASA SANTIAGO. SALA. INT. NOITE. 

Santiago, Paula e Carol jantam. 

CAROL: - Aí a Stefany me disse que teve o maior barraco lá na casa dos Queiroz.

SANTIAGO: - E agora você virou fofoqueira, Carolina?

CAROL: - Não é fofoca, pai. É um acontecimento histórico. Os Queiroz sempre foram tão discretos.

PAULA: - Eu estou curiosa! O que aconteceu?

CAROL: - Parece que o filho mais velho não é filho do Gurgel, o falecido.

PAULA: - Minha nossa!

SANTIAGO: - Ainda bem que eu não fui na casa deles. Detesto esse tipo de situação. Exposição total da intimidade da família.

PAULA: - Nossa! Que história!

CAROL: - Bafo total... Falando em bafo, eu vou com a Stefany e com os meninos numa festa junina que vai ter lá em Itaquera.

SANTIAGO: - Itaquera? Meu Deus!

PAULA: - O que foi, Santiago? Um lugar como qualquer outro desta cidade.

SANTIAGO: - Vocês e essa mania de ver bondade e normalidade em tudo... (levanta-se da mesa) Eu vou para o escritório.

PAULA: - Pensei que você fosse ir dormir. Já não trabalhou demais por hoje?

SANTIAGO: - Eu nem passei no escritório, Paula. Aquele velório e enterro roubaram parte do meu dia. Preciso adiantar o trabalho. Boa noite para vocês.

PAULA: - Eu te espero para dormir.

SANTIAGO (saindo): - Não precisa. 

Santiago sai. Paula desvia o olhar. 

CAROL: - Está tudo bem entre vocês, mãe?

PAULA: - Está sim, filha. Tudo bem. 

O celular de Paula toca. Ela vê a chamada de Robson e recusa. 

CAROL: - Ué, por que você não atendeu?

PAULA: - Não era nada importante... 

O telefone toca novamente. Paula se mostra incomodada, recusa novamente a ligação. 

CAROL: - Acho que é importante sim. Você não quer atender na minha frente, é isso?

PAULA: - Não é isso, minha querida. Você sabe que eu não gosto de ser incomodada durante o jantar... 

O telefone sinaliza a chegada de uma mensagem. Paula lê. 

MOSTRA O VISOR DO TELEFONE: PRECISO VER VOCÊ. ESTOU MORRENDO DE SAUDADE. BEIJO. ROBSON

Paula disfarça. 

CAROL: - Bom, eu vou pro meu quarto.

Carol levanta-se da mesa e sai. Paula espera um instante e retorna a ligação.

PAULA (ao telefone): - Você está louco? Ligando pra mim à essa hora, Robson?

Carol, escondida na entrada da sala, observa a conversa de Paula.

PAULA (ao telefone): - Não, Santiago não estava por perto não, mas a minha filha estava. (TEMPO) Eu também estou com saudade de você. Amanhã? Não, amanhã não tem como. Tenho um monte de coisas pra resolver lá na loja... Mas eu te ligo pra gente marcar. (T) Eu te ligo, querido, não se preocupa. (T) Adoro você. Beijo. (desliga)

Paula suspira.

CAROL: - Minha mãe está tendo um caso?... Não acredito!

Carol se mostra surpresa e se afasta.

CENA 04. CASA ZULEICA. QUARTO BÁRBARA. INT. NOITE.

Bárbara conversa com Zuleica.

ZULEICA: - Já preparei seu vestido para o casamento na roça, minha filha! Vai ser a noiva mais linda que essa escola de samba já viu numa festa junina!

BÁRBARA: - Você é demais, mãe!

ZULEICA: - Já fiz também a roupa do noivo, mas vai ficar na sorte, né? Não sei nem quem vai usar. Tem que rezar pra roupa ficar certinha.

BÁRBARA: - Nem precisa de roupa pro noivo, mãe. Ele vai ser um noivo moderno.

ZULEICA: - Tu já sabe quem vai ser?

BÁRBARA: - O Daniel, né, mãe? É óbvio!

ZULEICA: - Bárbara! O Daniel acho que nem vai aparecer nesta festa, filha... Vai colocar em risco todo o teatro do casamento?

BÁRBARA: - Ele vai ir na festa, mãe. Ele sempre vai. E desta vez ele vai ser o noivo. E vai casar comigo lá. De verdade.

ZULEICA: - Eu não sei o que esse rapaz te fez pra você ficar virada assim.

BÁRBARA: - Eu amo o Daniel, mãe. E essa festa vai ser marcante pra nossa vida. Primeiro porque ele vai deixar de lado aquela japonesa aguada e depois porque finalmente vai viver comigo.

ZULEICA: - Bárbara, minha filha. Não vai fazer nada para não se machucar depois.

BÁRBARA: - Depois dessa, mãe, eu vou é sair vitoriosa. A senhora vai ver. 

CENA 05. RESTAURANTE GOURMET PAULISTA. INT. NOITE. 

Fernanda e Ulisses estão em uma das mesas. 

FERNANDA: - Eu não esperava um convite tão rápido. E muito menos para vir aqui.

ULISSES: - Não gostou?

FERNANDA: - Eu amei! Esse restaurante é lindo! E a companhia é maravilhosa também.

ULISSES: - Sério, obrigado! Você também é maravilhosa, Fernanda. Em todos os sentidos. Bonita, educada, muito interessante... 

Ulisses coloca sua mão sobre a mão de Fernanda, na mesa. Os dois trocam olhares. Clima romântico. De repente, o telefone dela toca na bolsa. 

FERNANDA: - Desculpa.

ULISSES: - Tudo bem, pode atender. 

Fernanda vê a chamada de CLIENTE ITAIM BIBI no visor do telefone. Ela atende. 

FERNANDA (ao telefone): - Oi prima. (T) Sim, eu estou na rua. (T) Agora?  Não, eu não posso... (T) Tá bom, não te preocupa.(T) Tá, eu sei. (T) Isso, eu te encontro aí na sua casa. (t) Beijo. (desliga)

ULISSES: - O que foi? Algum problema?

FERNANDA: - Minha prima, discutiu com o marido, brigou. Ele saiu de casa e agora ela está lá, abalada, com as crianças. Uma família um pouco conturbada.

ULISSES: - Nossa, acredito.

FERNANDA: - Eu preciso ir, infelizmente.

ULISSES: - Claro, eu entendo. Eu te levo até lá.

FERNANDA (levantando-se): - Não! Não precisa. Eu pego um táxi aqui mesmo.

ULISSES: - E quando eu te vejo de novo, fora do Centro Comunitário?

FERNANDA: - Eu te ligo. 

Antes de sair, Fernanda dá um selinho em Ulisses. 

FERNANDA: - Obrigada pelo encontro.

ULISSES: - Obrigado pelo beijo. 

Fernanda se afasta, indo em direção à saída. Ela passa por Henrique e Lenara, que vão chegando juntos ao restaurante. Ulisses se surpreende.  Lenara e Henrique sentam-se em uma das mesas. 

HENRIQUE: - Embora eu goste de sair para jantar fora, neste restaurante eu ainda não tinha vindo.

LENARA: - Jura?! Não pode ser verdade que você não conheça o Gourmet Paulista.

HENRIQUE: - Conheço apenas de nome.

LENARA: - Então hoje você vai saber o porquê que ele é um dos melhores restaurantes do país. E ainda com uma companhia especial. (risos) Modéstia a parte, eu não sou uma mulher qualquer.

HENRIQUE: - Tenho certeza que não. E é uma mulher de muito bom gosto, pelo o que eu posso ver.

LENARA: - Você também. Além de muito bonito.

HENRIQUE: - Obrigado. 

Henrique sorri, mas logo fecha o sorriso, entristecido. 

LENARA: - O que foi? Falei alguma coisa errada?

HENRIQUE: - Nada não... É que hoje foi um dia muito difícil pra mim. Eu perdi meu pai, mas eu estava fora do país. Cheguei hoje para dar um adeus, mas não tive tempo.

LENARA: - Nossa, Henrique... Eu nem sei o que dizer. Você perdendo o pai e eu aqui, me auto elogiando. Que vergonha, desculpa.

HENRIQUE: - Tudo bem... Sabe que, nesses poucos instantes em que estamos juntos, eu acabei esquecendo um pouco dessa tragédia toda.

LENARA: - Henrique, no que eu puder ajudar para te deixar melhor, só me dizer.

HENRIQUE: - Obrigado, Lenara... Obrigado pela força. Você poderia nem querer olhar na minha cara depois do quase acidente que eu provoquei e no entanto está aqui, me dando a maior força.

LENARA: - Eu só estou fazendo isso porque eu vi que você é um cara legal... E tenho certeza que vai superar tudo isso. 

Os dois trocam olhares, enquanto Ulisses os observa, de longe. 

CENA 06. PORTUGAL. APTO RAQUEL. INT. NOITE. 

Raquel, deitada em sua cama, pensativa. 

FLASHBACK. CAP 07. CENA 13. 

JOAQUIM: - Mas pra você não se sentir sozinha, eu também posso ser sua família aqui.

RAQUEL: - Você já é, Joaquim. Um amigo incrível!

JOAQUIM: - Mas eu quero ser um pouco mais do que um simples amigo.

Joaquim se aproxima de Raquel e lhe rouba um beijo, deixando-a surpresa.

JOAQUIM (sorri): - Você vai ver, Raquel! Você vai ver!

VOLTA À CENA ATUAL.

Raquel levanta da cama.

RAQUEL: - Raquel, onde você está com a cabeça?! O Joaquim é seu amigo, só!... Preciso falar com o Henrique, saber como foi tudo lá...

Ela pega o telefone, disca o número de Henrique.

CENA 07. CARRO HENRIQUE. INT / RESTAURANTE GOURMET PAULISTA. INT. NOITE.

O celular de Henrique toca, dentro do carro dele. CAM foca no visor do telefone, mostrando o nome RAQUEL.

Enquanto isso, Henrique e Lenara conversam.

LENARA: - Então você é filho do Gurgel Queiroz? Gente, sua família é poderosíssima!

HENRIQUE: - Não digo poderosa não... Meu pai erguei tudo com muito trabalho.

LENARA: - Claro, desculpe, eu me expressei mal. Eu quis dizer que vocês são bem abastados e de muito prestígio também.

HENRIQUE: - Agora com a morte do meu pai, eu ainda não sei como vai ficar o destino da empresa.

LENARA: - Você assume, oras!

HENRIQUE: - Não é simples assim. É preciso uma reunião do conselho para decidir. Meu irmão também é um dos diretores...

LENARA: - Mesmo sem conhecer o seu irmão, eu sei que você é capaz de comandar a empresa da família.

HENRIQUE: - Obrigado... Eu mal conheço você e já abri toda minha vida, praticamente.

LENARA: - Sinal que eu lhe inspiro confiança... Você não tem ninguém para conversar assim? Um amigo? Ou, uma namorada?

HENRIQUE: - Eu conheci uma pessoa, enquanto eu estive fora. Uma pessoa muito especial. Mas eu tive que voltar. E agora, com tudo isso, eu não sei como vamos ficar.

LENARA: - Eu não quero ser pessimista, mas agora você aqui e essa tal pessoa lá fora, um relacionamento à distância assim é complicado. Não acha?

HENRIQUE: - Eu acredito no amor, Lenara. O amor sendo verdadeiro, é capaz de superar tudo.

LENARA: - E eu acredito no destino, Henrique. Ele coloca pessoas inimagináveis no nosso caminho. Pessoas que são capazes de virar a nossa cabeça e mexer com o nosso sentimento com um simples olhar.

Lenara encara Henrique. (sobe trilha “Ainda Bem” – Marisa Monte)

HENRIQUE: - Nossa, isso é tão profundo.

LENARA: - Isso é verdadeiro. 

Os dois ficam a se olhar. Em sua mesa, Ulisses termina de beber o vinho, levanta-se e vai até Henrique e Lenara, surpreendo os dois. (fade out trilha “Ainda Bem” – Marisa Monte)

ULISSES: - Curtindo a noite, Lenara?

LENARA: - Ulisses?!

ULISSES: - E o Otávio?

LENARA: - Está em casa, com a Rita...

ULISSES: - Não vai me apresentar o seu amigo novo?

LENARA: - Claro. Henrique, este aqui é o Ulisses, meu ex-chefe e que vive correndo atrás de mim para voltar para a empresa dele. Ulisses, esse aqui é o Henrique, empresário, e uma pessoa incrível.

ULISSES: - Como vai?

HENRIQUE: - Tudo bem.

ULISSES: - Você só esqueceu de dizer que eu também sou pai do seu filho, Lenara.

LENARA: - Mero detalhe... (a Henrique): - Vamos embora, Henrique?

HENRIQUE: - Vamos, claro. Eu vou pagar a conta. (vai até o caixa)

LENARA (cochicha para Ulisses): - Aproveita a noite, Ulisses, e cuida um pouco mais da sua vida e para de bancar o ex-marido ciumento. É ridículo.

Lenara e Henrique saem. Ulisses tenta controlar o ciúme.

CENA 08. APTO HUMBERTO. INT. NOITE.

Humberto deitado em sua cama, lágrimas correm de seus olhos. Ele dá um soco no colchão, com raiva.

HUMBERTO: - Inferno! Inferno!... Pobre... Eu estou pobre!

CENA 09. APTO LENARA. INT. NOITE.

Henrique deixa Lenara em casa. Ela entra, ele fica na porta.

LENARA: - Tem certeza que não quer entrar? Você já subiu até aqui! Fica mais um pouco, relaxa...

HENRIQUE: - Eu agradeço, mas eu preciso ir pra casa. E outra, o cara lá do restaurante não iria gostar.

LENARA: - O Ulisses?... Ele é um sem noção, não dá bola pra ele.

HENRIQUE: - Eu to brincando... Preciso ir mesmo. Obrigado pela companhia. Eu nem sei como agradecer.

Lenara beija Henrique na boca.

LENARA: - Já agradeceu.

HENRIQUE: - Que rápida!

LENARA: - As oportunidades precisam ser abraçadas na hora que surgem, senão elas passam e a gente não aproveita. E depois se arrepende.

HENRIQUE: - Eu vou indo nessa. A gente se fala.

LENARA: - Eu tenho certeza que vamos nos dar super bem, Henrique. Pode apostar.

Henrique sorri, vai embora. Lenara fecha a porta. (sobe trilha “Ainda Bem” – Marisa Monte) Lenara se joga no sofá, rindo, satisfeita.

LENARA: - É ele! É ele o novo rico da minha vida!

(fade out “Ainda Bem” – Marisa Monte)

CENA 10. CASA QUEIROZ. INT. NOITE. 

Henrique chega em casa, a sala está escura. Apenas a luminária ao lado do sofá acesa. Maria Alice está no sofá. 

HENRIQUE: - Mãe? 

Maria Alice se levanta rapidamente, vira-se para Henrique. Seus olhos marejam. 

MARIA ALICE: - Meu filho!

Henrique deixa a mala no chão e se abraça em Maria Alice. Os dois se confortam, emocionados.

MARIA ALICE: - Ai, meu filho! Que bom te ter aqui!

HENRIQUE: - Mãe... Você não sabe o quanto eu agradeço por estar recebendo esse seu abraço.

MARIA ALICE: - Eu te amo tanto, meu filho

HENRIQUE: - Agora nós vamos ficar mais juntos do que nunca, mãe. Eu, você e o Humberto.

MARIA ALICE: - Isso se seu irmão me perdoar.

HENRIQUE: - Mas então realmente aconteceu algo... Eu cheguei em São Paulo e fui direto ao cemitério quando eu vi o Humberto, mamãe, pisoteando o túmulo do papai.

MARIA ALICE (chocada): - Ele fez isso?!

HENRIQUE: - Eu fui atrás dele, mas não consegui... Por que ele fez isso, mãe?

MARIA ALICE: - É uma longa história, meu filho... Se já é difícil para mim, para o seu irmão é pior ainda.

HENRIQUE: - Eu quero saber, mãe. De tudo.

MARIA ALICE: - Eu vou te contar, meu filho. Mas antes, me abraça mais uma vez? Estou morrendo de saudade de você, do seu carinho.

HENRIQUE: - Eu também, mãe. Amo você!

Os dois se abraçam, fortemente.

CENA 11. TRANSIÇÃO DO TEMPO.

(sobe trilha “We Just Don't Care” – John Legend) Imagens de São Paulo ao amanhecer. Mostra a ‘Selva de Pedra’ e toda sua movimentação, metrô, trânsito nas rodovias, as pessoas no parque do Ibirapuera, no centro da cidade. Alternância entre dia e noite, mostrando a cidade iluminada, as avenidas movimentadas. Corta para o sol iluminando a cidade.

Legenda na tela: DIAS DEPOIS.

CENA 12. CASA DALVA. SÓTÃO. INT. DIA.

(fade out trilha “We Just Don't Care” – John Legend) Dalva organiza o cavalete com a tela em branco, para iniciar sua pintura. O sótão da casa está limpo e organizado. Seu material de trabalho está disposto sobre uma bancada, ao fundo. 

Dalva pega um banco, coloca em frente ao cavalete. Senta-se. Encara a tela em branco. Pega o pincel, molha na tinta da palheta. Pensa em pintar, mas hesita, perde a ideia. Repousa o pincel. Encara a tela novamente, tenta iniciar mais uma vez, mas desiste. Dalva se levanta, vai até a janela. Olha para a rua. Pensa, volta-se para o sótão, vai até um pequeno armário, ao lado da porta. Abre o armário e puxa uma gaveta. Retira um maço de cigarros. 

Dalva fica em dúvida se pega um cigarro ou não. Ela decide por tirar um cigarro do maço. Fecha a porta do sótão e abre a janela. Em seguida, pega numa outra gaveta um isqueiro e acende o cigarro. Dá uma tragada, sente-se aliviada. 

Ela se senta novamente diante da tela em branco. Com o cigarro na boca, pega o pincel e inicia a sua pintura. 

CENA 13. CASA LEOPARDO. INT. DIA. 

Leopardo conversa com Cássio. 

CÁSSIO: - Então você vai mesmo na festa junina da escola de samba, hoje?

LEOPARDO: - Claro que vou! E a Aimée vai comigo.

CÁSSIO: - Eu acho arriscado você aparecer assim lá na escola. Pessoal não gosta de você, Leopardo.

LEOPARDO: - Olha a minha cara de preocupação com isso, Cássio. Até parece que não me conhece. Já falei que, se eu quisesse, botava aquilo lá abaixo. Mas eu não quero. Gosto da escola também... E amo a Aimée. Ela ficaria triste se eu fizesse alguma coisa.

CÁSSIO: - Quem diria, Leopardo apaixonado.

LEOPARDO: - Tá tirando uma com a minha cara, mané?!

CÁSSIO: - Claro que não! (risos)

LEOPARDO; - Tô sentindo que essa festa vai ser muito boa, mano... Escreve o que eu to te falando. Vai ficar marcada.

CÁSSIO: - O que tu vai aprontar, Leopardo?

LEOPARDO: - Eu? Nada! Por isso mesmo que a festa vai ficar marcada. Pela primeira vez eu vou numa festa pra curtir mesmo!  

Leopardo ri, debochado. 

CENA 14. EMPRESA AZEITE QUEIROZ. SALA PRESIDÊNCIA. INT. DIA. 

Henrique sentado na mesa, assinando alguns papéis, quando percebe a entrada de alguém na sala. Ele levanta o olhar. Vê Humberto. 

HENRIQUE: - Humberto! Finalmente apareceu! Esses dias todos sem dar uma notícia cara! A mamãe está muito preocupada com você!

HUMBERTO: - Sua mãe, não é Henrique? Acredito que você já deve estar sabendo de tudo.

HENRIQUE: - Eu fiquei sabendo sim, a nossa mãe me contou. Independente do que aconteceu, eu considero você meu irmão. Mas não te perdôo pelo o que você fez no túmulo do nosso pai.

HUMBERTO; - Ele é seu pai! Não é nada meu!

HENRIQUE: - Ele criou você como filho, portanto é seu pai também!

HUMBERTO: - Criou como filho... Ele sempre me desprezou e você sabe disso! Era o filho preferido dele. Tanto é que agora está sentado aí, na mesa da presidência.

HENRIQUE: - Eu fui escolhido pelo conselho. Você sabe que eu nunca tive pretensão alguma de ser presidência da empresa.

HUMBERTO: - Não me parece, Henrique. Você está tão a vontade aí.

HENRIQUE: - Para com isso, Humberto. Baixa a guarda, cara. Pelo menos fala com a mamãe. Ela quer o seu perdão.

HUMBERTO: - O meu perdão? (ri, debochado) Ela e o seu pai fizeram da minha vida uma mentira! Agora acha que tudo fica bem com um simples, “eu te perdôo”?

HENRIQUE: - Impossível acreditar que você sinta tanto ódio assim deles.

HUMBERTO: - Se você estivesse no meu lugar, também sentiria.

HENRIQUE: - Se eu estivesse no seu lugar, eu iria considerar tudo o que eles fizeram por mim, tudo o que me deram. Isso com certeza pesaria muito.

HUMBERTO: - Duvido que pesaria mais do que saber que agora você não tem mais nada na vida, a não ser a roupa do corpo.

HENRIQUE: - Eu pensei que o amor pela família valesse mais do que o bem material, Humberto.

HUMBERTO: - Essa sua bondade ainda vai te levar para o fundo do poço, Henrique. Você ainda vai sofrer tanto quanto eu estou sofrendo. 

Humberto sai apressado da sala. 

HENRIQUE: - Humberto, espera! 

Henrique vai atrás dele. 

CENA 15. EMPRESA AZEITE QUEIROZ. EXT. DIA. 

Humberto vai entrando em seu carro, estacionado do lado de fora da empresa, quando Donato o surpreende. 

DONATO: - Aonde você vai tão apressado, filho?

HUMBERTO: - Donato?!

DONATO: - Pode me chamar de pai, Humberto. Eu esperei tanto tempo por isso.

HUMBERTO: - Então você vai morrer esperando. Você jamais vai me ver proferir essa palavra pra você. Você não é nada meu, nada.

DONATO: - Eu te dei a vida, Humberto. Não é justo você me tratar assim. Eu voltei para ficar perto de você.

HUMBERTO: - Pois se era pra isso, teria sido melhor nem ter vindo.

DONATO: - E você preferiria ficar vivendo uma mentira?

HUMBERTO: - Aquela mentira me fazia tão bem. Eu estava prestes a ser presidente desta empresa e você, com a sua revelação idiota e encenação de pai amoroso acabou com tudo. Me esquece, seu verme! 

Humberto entra no carro e vai embora. Henrique chega na rua, vê o carro de Humberto partir. Ele enxerga Donato. 

HENRIQUE: - Donato! 

Donato se afasta. De repente, Henrique é surpreendido pela chegada do carro de Lenara. 

HENRIQUE: - Lenara! Que surpresa boa!

LENARA (sai do carro): - Eu sou sempre uma boa surpresa, meu querido...

HENRIQUE: - E a que devo a honra desta visita?

LENARA: - Já faz dois dias que você não dá sinal de vida. Então vim até aqui saber como você está.

HENRIQUE: - Agora que eu sou presidente da empresa, minha vida ficou bastante corrida. Teremos em breve o lançamento de um novo produto, então imagine o trabalho que eu estou tendo.

LENARA: - Eu imagino. Então, eu vim aqui te convidar para relaxar comigo, mais tarde. O que acha?

HENRIQUE: - Lenara, acho que nós já conversamos sobre isso.

LENARA: - Você já me disse que está com aquela pessoa lá de fora na cabeça e tal. Mas Henrique, ela está longe! Até quando você vai ficar se guardando?

HENRIQUE: - Não posso fazer nada se eu gosto dela.

LENARA: - E será que ela está tendo essa mesma consideração por você? Já se passaram tantos dias que você está aqui no Brasil, longe. Será que ela também está se guardando pra você?

HENRIQUE: - Eu acredito que sim. A gente prometeu um para o outro.

LENARA: - Mas agora eu estou aqui, te pedindo uma chance. Por favor, me deixa ficar perto de você... 

Lenara beija Henrique. 

LENARA: - Eu só quero uma oportunidade. Eu sei que eu posso te fazer um homem muito feliz... Você sabe onde eu moro. Só chegar. 

Lenara entra no carro e sai. Henrique fica pensativo. 

CENA 16. PORTUGAL. APTO RAQUEL. INT. DIA. 

Raquel e Joaquim fazem trabalho juntos para o curso. Eles terminam de decorar uns pratos de receitas refinadas. 

RAQUEL: - Você acha que assim está bom?

JOAQUIM: - Está maravilhoso! Nossa, você sabe decorar um prato como ninguém! Este nosso menu é de comer com os olhos!

RAQUEL: - E no fundo é isso que a gente precisa fazer. Impressionar o cliente primeiro pelo visual, depois pelo sabor... Fotografa aqui pra mim. 

Joaquim pega a máquina fotográfica e tira fotos do prato. Em seguida, tira fotos de Raquel. 

RAQUEL: - Não, Joaquim! É foto só do prato! (risos)

JOAQUIM: - Deixa de bobagem, Raquel! Você é uma ótima modelo! (tira fotos)

RAQUEL: - Quer dizer que além de chef, você também é almeja ser fotógrafo é?

JOAQUIM – Se você quiser, eu posso ser.

RAQUEL; - Não entendi. 

Joaquim se aproxima de Raquel, tira uma fotos dos dois juntos. 

JOAQUIM: - Eu posso ser o que você quiser.

RAQUEL: - Você precisa ser o que você quiser. E não o que eu quero.

JOAQUIM: - Aí é que você se engana. Quando eu estou com você, eu perco o poder de decisão... Faço loucuras. 

Joaquim rouba um beijo de Raquel, tira a foto. Raquel se afasta. 

RAQUEL: - Não Joaquim! Para... Já disse que não gosto quando você faz isso.

JOAQUIM: - Tudo bem, não faço mais. Uma foto então carinhosa, de amigos.

Raquel posa ao lado de Joaquim, que tira a foto. 

JOAQUIM: - Não sei porque você insiste em resistir aos meus encantos.

RAQUEL: - Insisto porque nós somos amigos apenas.

JOAQUIM: - O Henrique está longe!

RAQUEL: - Apenas fisicamente, mas pra mim é como se ainda estivesse aqui do meu lado. O amor dele está aqui comigo, eu sinto isso e respeito também. Gostaria que você entendesse.

JOAQUIM: - Eu vou respeitar, mas entender, não sei se consigo...

RAQUEL: - Vamos mudar de assunto? Estava tudo tão bem... Então, esse foi o último prato do menu. Tem mais alguma coisa pra gente fazer?

JOAQUIM: - Você não olhou lá no e-mail o que a professora mandou? 

Raquel vai até o seu computador, olha o e-mail. 

RAQUEL: - Não, era isso mesmo... Agora é só mandar as fotos para o pessoal que vai fazer a impressão do cardápio e está tudo ok.

JOAQUIM: - Pode deixar que eu passo as fotos.

RAQUEL: - Ótimo. Enquanto você faz isso, eu vou tomar um banho. Hoje tem a despedida da Aninha. Você vai?

JOAQUIM: - Claro. Te acompanho nessa.

RAQUEL: - Então ta. Não demoro. 

Raquel se retira. Joaquim vai até o computador, passar as fotos da câmera para o PC. Enquanto faz a transferência, ele vasculha o computador e percebe que Raquel deixou o e-mail aberto. 

Joaquim verifica se Raquel já está no banho. Ele seleciona as fotos que tirou com ela, escolhe duas: a do beijo roubado e a última, onde os dois aparecem sorridentes, felizes, abraçados. 

JOAQUIM: - Estou fazendo isso pelo nosso amor, Raquel. 

Joaquim começa a escrever uma mensagem no e-mail. Ele coloca a foto em anexo. 

JOAQUIM: - Destinatário... Henrique!... Enviar. Agora a gente exclui o e-mail enviado para não deixar vestígios e pronto!... agora é só esperar o caminho ficar livre. Sem o Henrique na praça, a Raquel é só minha. 

CENA 17. TRANSIÇÃO DO TEMPO. 

Imagens de são Paulo ao anoitecer. Mostra a cidade iluminada, suas ruas e avenidas movimentadas durante a noite. 

CENA 18. APTO HENRIQUE. QUARTO. INT. NOITE. 

Henrique sai do banheiro, secando os cabelos, liga o notebook sobre a bancada do quarto. O computador sinaliza a chegada de um e-mail. 

HENRIQUE (feliz): - Raquel! 

Ele abre o e-mail e se surpreende ao ver as fotos de Raquel e Joaquim juntos, em clima romântico. 

HENRIQUE: - O que significa isso? 

Henrique lê a mensagem no corpo do e-mail. CAM foca na tela do PC. 

“É este o homem que eu amo de verdade. Só agora eu percebi. Não me ligue nem me procure. Seja feliz aí no Brasil que eu serei feliz aqui, em Portugal. Abraço. Raquel” 

Logo abaixo, aparecem a fotos de Joaquim e Raquel se beijando e na outra, abraçados, um ao outro. Olhando o e-mail, incrédulo, Henrique se lembra da conversa com Lenara. 

“LENARA: - Você já me disse que está com aquela pessoa lá de fora na cabeça e tal. Mas Henrique, ela está longe! Até quando você vai ficar se guardando?

HENRIQUE: - Não posso fazer nada se eu gosto dela.

LENARA: - E será que ela está tendo essa mesma consideração por você? Já se passaram tantos dias que você está aqui no Brasil, longe. Será que ela também está se guardando pra você?” 

HENRIQUE: - Por que, Raquel? Por quê?! 

Henrique observa as fotos, com lágrimas nos olhos.


novela de
Édy Dutra
 
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
 
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
 
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
 
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
 
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa

atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
 
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel
 
trilha sonora
We Just Don't Care – John Legend
Ainda Bem – Marisa Monte
Turtango Instrumental
 
produção
 Bruno Olsen
 Diogo de Castro
 Israel Lima
        

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.



REALIZAÇÃO



Copyright 
© 2014 - WebTV
www.redewtv.com

Todos os direitos reservados
Proibida a cópia ou a reprodução

Compartilhe:

Capítulos de Terra da Garoa

No Ar

Terra da Garoa

Comentários:

0 comentários: