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Terra da Garoa: Capítulo 14

Novela de Édy Dutra
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TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 14
 


CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR


Na tela do computador, o e-mail de Raquel sinaliza a chegada de uma nova mensagem. 

LENARA: - Chegou?

RAQUEL: - Chegou... 

Raquel se mostra receosa em abrir o e-mail, mas clica na mensagem. O corpo do e-mail se abre. Raquel abre a foto em anexo. Em poucos segundos, a foto de Henrique toma a tela do pc. 

LENARA: - E então, Raquel, já abriu? Me fala, o meu novo amor é ou não é lindo? 

Raquel fica sem reação diante da foto de Henrique no computador.



CENA 01. PORTUGAL. CENTRO DE ESTUDOS.INT. DIA. 

Continuação do capítulo anterior. Raquel fica chocada ao descobrir que Henrique vai se casar com Lenara. Ela conversa com Lenara pelo telefone, enquanto vê a foto de Henrique no computador. 

LENARA: - E aí, Raquel? O que você me diz? Tirei a sorte grande, não?

RAQUEL: - Claro, amiga... Ele é realmente... bonito.

LENARA: - Bonito? Ele é lindo! (risos)

RAQUEL: - Eu vou precisar desligar agora, Lenara... Muito obrigada pela ligação, pelo convite para madrinha...

LENARA: - Eu que agradeço por você ter aceitado! E eu vou ficar ainda mais feliz quando te ver pessoalmente, no meu casamento. Quero te dar um abraço do tamanho do céu! Só eu mesma pra tirar você daí de Portugal!

RAQUEL: - Grande abraço, Lenara! Beijo!

LENARA: - Beijo amiga, se cuida. 

Raquel desliga o telefone. Ela não consegue segurar e começa a chorar. (sobe trilha “I Look To You” – Whitney Houston)

RAQUEL: - Então é com ela que ele vai casar? Com a minha melhor amiga.

Ela se levanta, caminha até um canto do laboratório, disfarça para que ninguém a veja chorando.

RAQUEL: - Por que isso, meu Deus? Por que ele?...

(fade out trilha “I Look To You” – Whitney Houston)

CENA 02. EMPRESA AZEITE QUEIROZ. INT. DIA.

Humberto entra em sua sala. Donato está sentado no sofá, sentindo-se poderoso.

DONATO: - E aí, como acha que foi? Ele sentiu a pressão que eu fiz nele?

HUMBERTO: - Você chega a ser patético tentando bancar o durão.

DONATO: - Até o nosso teatrinho funcionou, na sua entrada na sala.

HUMBERTO - Não teve teatro nenhum. O que eu disse é realmente verdade... Mas enfim. O Henrique não sentiu pressão nenhuma, mas uma coisa você pode ter certeza. Ele não vai vender a empresa antes da festa da empresa. Tudo o que ele não vai querer agora é tratar de uma transação dessas.

DONATO: - Então o que a gente faz?

HUMBERTO: - A gente espera, oras... E você, não pisa mais aqui.

DONATO: - Como não?!

HUMBERTO: - Deixa que eu cuido dessa parte de falar com o Henrique. Eu tenho mais jeito nisso, afinal, foi pra isso que você me procurou.

DONATO: - Mas eu quero ficar por dentro do que está se passando.

HUMBERTO: - Eu vou te manter informado. Agora, o quanto menos você estiver por aqui e quanto menos nos verem juntos, melhor. Entendeu?

DONATO: - Entendi sim, filho.

HUMBERTO: - E não me chama de filho, droga! Não sou nada seu.

DONATO (levanta-se): - Você pode querer que eu não ande aqui dentro da empresa, ok. Mas não pode negar o meu sangue que corre aí nas tuas veias. É eterno, Humberto. Eterno. Por isso que somos tão parecidos, embora você não concorde. 

Donato sai. 

HUMBERTO: - Sujeito petulante!... Querendo colocar as asinhas de fora. Mas ele não sabe com quem está lidando. Não sabe mesmo! 

CENA 03. RESTAURANTE. INT. DIA. 

Ulisses e Robson almoçam juntos. 

ULISSES: - Até que os móveis que o Santiago apresentou são interessantes. Tem um layout bacana, são bonitos mesmo.

ROBSON: - Pra ser sincero, eu não prestei atenção em nada.

ULISSES: - Eu percebi. Tinha horas que dava pra acreditar que você estava na lua! (risos)

ROBSON: - Mas eu não estava não, meu amigo. Estava aqui na Terra mesmo. Mais precisamente no meu apartamento.

ULISSES: - Ih, o que ta pegando?

ROBSON: - Ontem uma garota invadiu meu apê atrás da Paula. Era a Carol, a filha dela.

ULISSES: - Sério?! Mas como isso?!

ROBSON: - Sei lá. Quando vi ela já estava lá dentro, e a gente acabou discutindo, eu segurei ela firme e aí a Paula chegou também, acabou flagrando a gente junto.

ULISSES: - Calma! Calma, calma, calma... Me explica essa história direito, Robson! Mãe e filha no teu apartamento, é isso?

ROBSON: - Isso mesmo. Em resumo, a filha descobriu que a mãe tem um amante, neste caso, eu.

ULISSES: - Cara, tu tem noção do que isso significa?!

ROBSON: - Significa que eu e a Paula podemos nos afastar. Ela ficou muito balançada, nem voltou...

ULISSES: - Significa muito mais! O fim do seu emprego, até da sua vida, talvez! 

Neste instante, Ulisses enxerga Fernanda numa das mesas do restaurante. 

ROBSON: - Eu sei, eu sei... Eu e a Paula nos arriscamos nessa história, mas... (percebe Ulisses) O que foi?

ULISSES: - Acho que é a Fernanda lá naquela mesa, lá no fundo, atrás de você.

ROBSON: - Aquela moça que trabalha lá no centro comunitário?

ULISSES: - Ela mesma.

ROBSON: - Vai lá falar com ela, cara! Ela ta sozinha?

ULISSES: - Não sei, não consigo ver... 

De repente, Fernanda se levanta da mesa, pega sua bolsa. Um homem (negro, 50 anos, alto, magro) de terno e maleta, estilo executivo, sai logo atrás dela. Fernanda usa um vestido justo, sensual. Ulisses estranha. 

ULISSES: - Não, ela não ta sozinha. Está indo embora agora.

ROBSON: - E estava com quem?

ULISSES: - Um amigo, talvez.

ROBSON: - Amigo?

ULISSES: - É, acho que sim... Bom, vamos voltar ao nosso assunto de antes. Você sabe se a garota falou alguma coisa para o pai?

ROBSON: - Não sei. Acho que não. Hoje na reunião Santiago me tratou normal... Talvez ela tenha desistido, ou a Paula conseguiu convencê-la a não falar nada, sei lá... 

Ulisses se mostra pensativo, enquanto Robson segue falando. 

CENA 04. ATELIER JAQUELINE. INT. DIA. 

Jaqueline conversa com uma mulher loira, 50 anos, cabelos ondulados, pele bronzeada. 

MULHER: - Essa será uma das exposições mais comentadas na mídia, pode ter certeza, Jaqueline. Eu, como curadora, fico extremamente feliz. Seus quadros são lindos! Parecem fotos mesmo!

JAQUELINE: - Que bom ouvir isso, Bartira. Há tanto tempo a gente queria trabalhar juntas, então agora chegou a hora!

BARTIRA: - O pessoal do transporte da galeria vem buscar os quadros amanhã mesmo. Pra já deixar tudo organizado para a exposição.

JAQUELINE: - Ótimo. E são esses mesmos que você escolheu? Você não quer ver mais algum?

BARTIRA: - Acho que já selecionei um bom número. Deixei alguns pré-selecionados para uma próxima que eu estou pensando em organizar, no Rio.

JAQUELINE: - Que maravilha!

BARTIRA: - Se prepare para viajar com esse seu novo trabalho, Jaqueline. Você é uma grande artista... Bom, agora eu vou indo nessa. Nos falamos!

JAQUELINE: - Claro! 

As duas se despedem. Bartira vai saindo do atelier, no mesmo instante em que Daniel vai chegando. 

JAQUELINE: - Daniel?

DANIEL: - Eu disse que a nossa conversa ainda não tinha terminado, lembra?

JAQUELINE: - Olha só, Daniel, se você veio até aqui pra falar da Bárbara, eu não (pausa)

DANIEL(interrompe): - Ei! Deixa eu falar! Fica quieta um pouco!

JAQUELINE: - Ai, ta bom... Fala então, o que você tem pra me dizer?

DANIEL: - Lembra aquele dia que eu saí daqui, pra reunião?

JAQUELINE: - O que tem?

DANIEL: - Era o meu empresário... Eu vou jogar no Corinthians, Jaque. Eu vou ser jogador de time grande!

JAQUELINE (surpresa / feliz): - Eu não acredito! 

(sobe trilha “Sunday Morning” – Maroon 5) Jaqueline se abraça em Daniel, que a segura firme, girando. Ele a coloca no chão. Os dois trocam olhares.

JAQUELINE: - Eu estou muito feliz por você, de verdade.

DANIEL: - E eu estou ainda mais feliz em poder dividir esse momento com você.

Os dois se beijam, carinhosos.

JAQUELINE: - Eu amo você.

Os dois se abraçam, e se beijam, apaixonados.

CENA 06. BOUTIQUE PAULA E TARSILA. INT. / CORREDOR SHOPPING. DIA.

(fade out trilha “Sunday Morning” – Maroon 5) Maria Alice conversa com Tarsila.

MARIA ALICE: - Henrique me ligou aflito, dizendo que Donato foi atrás dele, querendo a parte na empresa. Um absurdo!

TARSILA: - Esse Donato só quer se dar bem, meu Deus!

MARIA ALICE: - Ele teve a coragem de dizer que a empresa e toda nossa fortuna foi construída em cima do dinheiro dele!

TARSILA: - Algo me diz que ele não vai sossegar enquanto não levar uma grana boa dessa história, o que seria um erro tremendo!

MARIA ALICE: - Nós vamos contatar nossos advogados. O Donato não vai encostar um dedo no nosso patrimônio.

TARSILA: - Pode contar comigo para o que precisar.

MARIA ALICE: - Obrigada minha amiga. E desculpe vir aqui assim, sem avisar, mas eu precisava desabafar com alguém.

TARSILA: - Imagina, Maria Alice. Venha sempre que quiser...

Maria Alice se despede de Tarsila, que a acompanha até a porta da boutique. Maria Alice sai. Tarsila observa o movimento do shopping na porta da loja quando avista Nuno e Aimée. Os jovens caminham de mãos dadas, olhando as vitrines, quando trocam um beijo no meio do corredor.

TARSILA: - Mas isso é inacreditável e inadmissível!

Tarsila sai da loja e vai até Nuno e Aimée.

AIMÉE: - Tem cada vestido lindo aqui!

NUNO: - Você gostou? Vamos entrar. Eu compro pra você.

AIMÉE: - Jura? Não, eu não posso aceitar...

NUNO: - É um presente, oras... Vamos entrar.

Neste instante, Tarsila se aproxima.

TARSILA: - Você não ouviu a moça dizer que não pode aceitar, Nuno? Melhor respeitar a sábia decisão dela.

NUNO (surpreso): - Mãe!

TARSILA: - Pensei que estivesse na faculdade hoje.

NUNO: - É, eu... Eu saí mais cedo, então...

TARSILA: - Então aproveitou para vir gastar o tempo no shopping com essa daí...

AIMÉE: - Essa daí não, me desculpa, senhora, mas (pausa)

TARSILA (interrompe / firme): - Essa daí sim... Nuno, meu filho, de onde você conhece essa garota?

NUNO: - Mãe, eu e a Aimée já somos amigos há um tempo e só estamos aproveitando um pouco. Nada demais.

TARSILA: - Nada demais, nada demais... Nada demais pra você que tem dinheiro, porque pra ela deve estar sendo tudo de bom esse pequeno passeio com direito a presente, direto de um dos shoppings mais caros de São Paulo.

AIMÉE: - Eu não quero presente nenhum, senhora. Não precisa se preocupar porque o Nuno não vai gastar nada comigo.

TARSILA: - É melhor ele não gastar nem dinheiro e nem tempo com você, minha querida. De longe eu vi que você não é boa companhia pro meu filho.

NUNO: - Mãe!

AIMÉE (a Nuno): - A gente não deveria ter vindo pra cá mesmo. Não era nem pra gente ter saído... 

Aimée vai embora apressada. Nuno pensa em ir atrás, mas Tarsila o impede. 

TARSILA (segura Nuno pelo braço): - Não quero você andando aqui no shopping com essa moça da periferia, Nuno.

NUNO: - Mãe, o lugar onde ela mora não tem nada a ver com a pessoa que ela é.

TARSILA: - Até parece que você não sabe, meu filho, que essa gente de periferia só tem uma coisa na cabeça: tomar o nosso dinheiro, as nossas coisas. Está na cara que essa garota é uma aproveitadora e ainda vai te colocar em maus lençóis! 

Nuno solta-se de Tarsila e vai embora. 

TARSILA: - Era só o que me faltava... Meu filho com uma favelada. 

(sobe trilha “Fica Só Olhando” – Anitta) 

CENA 07. CASA PAULA. QUARTO CAROL. INT. DIA. 

Carol sentada na poltrona, pensativa, enquanto Stefany, em frente ao espelho, faz passos de dança stiletto, com o rádio ligado. 

STEFANY (dançando): - Minha nossa, eu preciso sair pra dançar! Estou ficando enferrujada! Olha isso, Carol! (percebe Carol) Ei, amiga! 

Stefany desliga o som (corta trilha “Fica Só Olhando” – Anitta), senta-se ao lado de Carol. 

STEFANY: - O que foi amiga? Você está tão quieta.

CAROL: - Desculpa, Stefany... Eu chamei você aqui pra gente conversar, dar risada, só que eu não consigo. Essa história da minha mãe ter um amante não me sai da cabeça.

STEFANY: - Mas você já não foi lá no apartamento do cara? Já não descobriu tudo? Acho que sua mãe viu o que realmente vale a pena e deixou ele.

CAROL: - Será?

STEFANY: - Confesso que eu fiquei surpresa quando você me disse que sua mãe tinha um amante. Só que não é o perfil da Paula isso. Vai ver foi só um surto de loucura. Todo mundo tem.

CAROL: - Então eu acho que meu surto está querendo começar.

STEFANY: - Como assim?

CAROL: - Esse rapaz, o amante da minha mãe, o Robson... Acho que ele mexeu comigo.

STEFANY: - Para tudo! Como é que é? Tu ta gostando do amante da tua mãe?!

CAROL: - Fala baixo!

STEFANY: - Quase impossível! Eu quase explodi com essa possibilidade! Carol, você realmente está entrando em surto!

CAROL: - O que eu faço amiga?!

STEFANY: - Se afasta desse cara, não chega nem perto. E esquece esse assunto de uma vez por todas. Parece coisa de novela, filha e mãe gostando do mesmo cara. Eu hein! 

Stefany se afasta, liga o som (sobe trilha “Fica Só Olhando” – Anitta) e volta a dançar em frente ao espelho, enquanto Carol fica pensativa, na poltrona. 

CENA 08. TRANSIÇÃO DO TEMPO. 

Imagens de São Paulo ao anoitecer. Mostra a cidade iluminada, o Monumento aos Bandeirantes, o Anhamgabaú, o Teatro Municipal, a Avenida Paulistsa. (fade out trilha “Fica Só Olhando” – Anitta) 

CENA 09. APTO LENARA. QUARTO OTÁVIO. INT. NOITE. 

Lenara conversa com Otávio. Rita também está presente no local. 

OTÁVIO: - Casar?!

LENARA: - Isso mesmo, filho! A mamãe vai se casar! Com o Henrique!

OTÁVIO: - Mas vocês não eram só amigos?

LENARA: - Agora somos noivos!

OTÁVIO: - Mas eu não quero não. Não quero o Henrique no lugar do meu pai.

RITA: - O Henrique não vai ficar no lugar do seu pai, Tavinho. Você deveria ficar feliz, agora sua mãe não vai mais ficar sozinha.

OTÁVIO: - Mesmo assim, eu não quero. Eu queria a mamãe só pra mim. Assim agora ela não vai mais querer ficar comigo.

LENARA: - Oh, meu filho... (a Rita) Pode nos deixar a sós, um pouquinho. Eu quero falar com ele.

RITA: - Claro. Eu vou arrumar as coisas pro jantar.

Rita sai do quarto. Lenara desfaz-se da expressão meiga. Fica séria.

LENARA: - Eu não tenho paciência para seus mimos. Eu vou me casar com o Henrique e nós vamos ir morar com ele.

OTÁVIO: - Não!

LENARA: - E você vai começar a me obedecer, está ouvindo? Senão eu vou ser obrigada a te deixar num colégio interno!

OTÁVIO: - Meu pai não vai gostar de saber disso.

LENARA: - Seu pai nem vai ficar sabendo. Ele não vai ir no casamento. E outra, se você abrir a boca pra ele, eu juro que quebro todos os seus brinquedos idiotas e te deixo de castigo por uma semana, um mês, sem televisão, e sem comida.

OTÁVIO: - Eu não posso ficar sem comida. Todo mundo precisa comer.

LENARA: - Mas se você não andar na linha comigo, vai ficar sem comer.

OTÁVIO: - Bruxa! 

Lenara puxa a orelha de Otávio com força. 

LENARA: - Pede desculpas agora!

OTÁVIO: - Está me machucando!

LENARA: - Pede desculpas, peste!

OTÁVIO: - Desculpa! 

Lenara solta Otávio, que corre para a cama, com a mão na orelha, chorando.

LENARA: - Não quero ouvir um piu seu, está ouvindo?

Lenara vai saindo do quarto, quando se vira.

LENARA: - E hoje você já vai ficar sem jantar.

Lenara fecha a porta, no instante em que Rita se aproxima.

RITA: - Já está tudo pronto, dona Lenara... Ué, o Otávio não vai jantar?

LENARA: - Ele disse que não está com fome, que está cansado... Agora ele fica correndo a tarde toda naquela porcaria de centro comunitário. Por um lado até é bom. Ele chega cansado, dorme e não me incomoda. Mas eu vou jantar, Rita.

RITA: - Eu vou falar com ele, pra saber se não quer um lanche ou (pausa)

LENARA (interrompe): - Eu já disse que ele está cansado e que não vai ir jantar! Qual a parte que você não entendeu, Rita?! 

Rita se cala. 

LENARA: - Vem, vamos deixar meu anjo descansar.

As duas se afastam do quarto.

CENA 10. CASA ULISSES. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Ulisses e Fernanda conversam, sentados no sofá.

FERNANDA: - Sua casa é muito bonita, Ulisses. Parabéns.

ULISSES: - Obrigado!

FERNANDA: - Não se sente muito sozinho nesta casa enorme?

ULISSES: - A gente acaba costumando. Às vezes o Otávio vem pra cá e a gente se diverte bastante. Mas no mais, ficar sozinho em casa, pra mim não é o problema. O problema maior é ficar sozinho sem ninguém pro coração. 

Fernanda esboça um sorriso, desvia o olhar. 

ULISSES: - E você não se sente sozinha? E eu não estou falando de moradia não...

FERNANDA: - Às vezes é ruim sim, mas com a vida que eu levo, é complicado ter alguém.

ULISSES: - Que vida você leva?

FERNANDA (levanta-se): - Acho que já está na minha hora.

ULISSES (levanta-se): - Não fuja, Fernanda. Hoje eu estava no mesmo restaurante que você. Te vi almoçando com um sujeito, seu vestido, você e aquele cara tinham uma intimidade. Você é casada? Ou você é daquelas que mente pra cada cara que conhece?

FERNANDA: - Não, Ulisses, não é isso...

ULISSES: - Então me fala, é o quê então? Aquela vez eu estava com você no Gourmet Paulista e você teve que sair apressada logo depois que seu telefone tocou. À noite é quase difícil ficar com você, porque sempre tem algum compromisso urgente!

FERNANDA: - Não tenho culpa dessa minha vida agitada, Ulisses.

ULISSES: - Que vida, Fernanda?! Que vida é essa que você esconde? Nem parece a mesma funcionária do Centro Comunitário!

FERNANDA (grita): - Vida de garota de programa, Ulisses! 

Ulisses se cala, chocado. Fernanda o encara, com olhos marejados. 

FERNANDA: - Era isso que você queria saber?

ULISSES: - Isso é sério?

FERNANDA: - Essa é a minha vida, Ulisses. A Fernanda, funcionária dedicada no centro comunitário, é uma prostituta. Gostou de saber? 

Fernanda pega sua bolsa no sofá e sai da casa de Ulisses, apressada. Ulisses fica sem reação diante da revelação de Fernanda. 

CENA 11. CASA DALVA. SALA DE JANTAR. INT. NOITE. 

Dalva, Carlos e Cássio na mesa do jantar. 

DALVA: - Eu quero aproveitar que os dois amores da minha vida estão aqui comigo, neste momento raro, para anunciar que eu concluí a pintura dos quadros para a minha nova exposição.

CARLOS: - Mas isso é maravilhoso, Dalva!

CÁSSIO: - Que legal, mãe! Parabéns!

DALVA: - Em breve estarei acertando a data com a galeria. Logo logo estarei expondo meus quadros por São Paulo novamente.

CARLOS: - Eu estou muito orgulhoso de você, meu amor. Será um retorno triunfante, com certeza.

DALVA: - Vai ser sim, sem dúvidas! 

De repente, Dalva começa a tossir. Tem um pequeno excesso. 

CÁSSIO: - Está tudo bem, mãe?

DALVA: - Está sim... Apenas uma irritação na garganta.

CARLOS: - Tem certeza que é isso mesmo? Essa tosse assim, estranha, de repente.

DALVA (firme): - É isso sim, Carlos, já falei. Não tem nada demais... Vamos continuar o jantar. 

Dalva bebe um gole d’água, pra disfarçar. 

CENA 12. APTO HENRIQUE. INT. NOITE. 

Henrique conversa com Maria Alice. 

MARIA ALICE: - Hoje eu estive no shopping, conversei com a Tarsila... Acabei falando com ela sobre a tentativa do seu tio de querer parte do nosso patrimônio.

HENRIQUE: - O Donato é um oportunista. Mas não sei até onde ele iria para conseguir dinheiro.

MARIA ALICE: - Aquele homem é capaz de qualquer coisa, Henrique...

HENRIQUE: - Mas não vamos nos preocupar por antecipação. Ele não vai conseguir destruir nada do que meu pai construiu...

MARIA ALICE: - Ele não vai atrapalhar a nossa felicidade. A sua felicidade, afinal, seu casamento agora é o assunto mais urgente da família. (risos)

HENRIQUE: - É verdade, mãe. Um grande passo pra mim.

MARIA ALICE: - E você está certo dessa decisão, meu filho? Está feliz de verdade com esse casamento?

HENRIQUE: - Está me perguntando isso por que acha tudo muito rápido, não é?

MARIA ALICE: - Estou mesmo, acertou. A Lenara me parece ser sim uma moça muito querida, uma mulher independente, sabe o que quer. Mas eu quero saber o que você quer. É ela mesmo a mulher da sua vida? 

Henrique fica pensativo. 

FLASHBACK. CAP 06. CENA 14. 

RAQUEL: - Às vezes eu preciso me beliscar pra saber se tudo isso que está acontecendo comigo não é um sonho, sabe?

HENRIQUE: - Tudo isso o quê?

RAQUEL: - A viagem, os estudos, Portugal, que eu estou amando conhecer... (vira-se para Henrique) Você.

HENRIQUE: - Eu?!

RAQUEL: - Você mexeu comigo, Henrique, não vou negar.

HENRIQUE: - Seus olhos dizem isso.

RAQUEL: - Consegue ver o que os meus olhos dizem?

HENRIQUE: - Consigo porque eles falam a mesma coisa que os meus falam. 

Henrique segura a mão de Raquel, carinhoso. 

HENRIQUE: - Quando eu cheguei aqui, eu também não esperava viver nada disso... Mas bastou a gente se encontrar para eu encontrar um sentido a mais nessa loucura toda.

RAQUEL: - Eu não quero ser infantil, em acreditar num conto de fadas. Acho que somos adultos e sabemos bem o que queremos um do outro.

HENRIQUE: - Está dizendo isso por quê?

RAQUEL: - Eu já sofri por amor e sei como é difícil suportar tudo. Não quero sofrer de novo.

HENRIQUE: - Eu seria incapaz de te fazer sofrer. Até porque, se você sofrer, eu vou estar sofrendo também... Raquel, eu estou amando você. 

(sobe trilha “I Look to You” – Whitney Houston) Raquel olha fixamente para Henrique. 

HENRIQUE: - O nosso beijo foi mágico, eu só tinha vontade de ficar perto de você o dia inteiro... Nosso passeio agora a pouco foi incrível.

RAQUEL: - É amor à primeira vista.

HENRIQUE: - Eu estou sendo correspondido?

RAQUEL: - À altura. E com toda certeza. Eu também estou te amando, Henrique. Eu também estou te amando... 

Os dois trocam olhares. Aos poucos, seus lábios se aproximam e eles se beijam, apaixonados. Henrique leva Raquel, pela mão, até sua cama. Raquel se deita, Henrique deita-se ao seu lado, acaricia seu rosto. Os dois se beijam novamente, entre carícias. 

Raquel abre a camisa de Henrique, despindo-o da peça. Henrique solta o cabelo de Raquel e tira-lhe a blusa. Entre beijos e abraços, os dois vão se despindo de suas roupas, até ficarem completamente nus. CAM foca de cima, Henrique deitado sobre Raquel. 

RAQUEL: - Está sendo tão especial pra mim. Obrigada pelo carinho comigo.

HENRIQUE: - Você merece. Nós merecemos esse momento.

RAQUEL: - Amo você.

HENRIQUE: - Eu amo você. 

Henrique beija Raquel, com carinho e amor. 

VOLTA À CENA ATUAL. 

MARIA ALICE: - Henrique! Estou falando com você...

HENRIQUE: - Desculpa mãe... Respondendo sua pergunta. É ela sim. É a Lenara a mulher da minha vida.

MARIA ALICE: - Que bom, meu filho... Eu torço muito pela sua felicidade. 

Maria Alice abraça Henrique, carinhosa. 

CENA 13. PORTUGAL. APTO RAQUEL. INT. NOITE. 

Raquel está na cozinha do apartamento, preparando um café, quando sente-se com enjoo. Ela sai apressada para o banheiro. Dá um tempo e sai do local. 

RAQUEL: - Já faz dois dias que eu estou assim. Isso não é normal não. 

Raquel fica pensativa. 

CENA 14. FARMÁCIA. INT. NOITE. 

Raquel entra numa farmácia, vai até o balcão, fala com o vendedor. 

CENA 15. APTO RAQUEL. BANHEIRO. INT. NOITE. 

CAM foca no rosto de Raquel em frente ao espelho, no banheiro. Ela está apoiada na pia, expressão séria. Raquel no balcão ao lado da pia a caixinha de um teste de gravidez. 

Raquel analisa a caixa, já aberta. Na outra mão, ela está com o dispositivo utilizado para a realização do teste. Raquel se encara diante do espelho. 

RAQUEL: - Grávida... Eu estou grávida!


novela de
Édy Dutra
 
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
 
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
 
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
 
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
 
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa

atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
 
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel

participação especial
Vera Fisher como Bartira
  
trilha sonora
Sunday Morning – Maroon 5
Y Look To You – Whitney Houston
Fica Só Olhando - Anitta

produção
 Bruno Olsen
 Diogo de Castro
 Israel Lima


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


 
REALIZAÇÃO



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