Brincadeirinha
de Ricardo Stefoni
Monalisa vê o sorriso de Nicole.
Ela muda seu trajeto e vai em direção ao trio de
garotas, sem tirar os olhos da garota sorridente. É uma adolescente, seu corpo
ainda é de menina, mas sua postura lembra uma femme fatal de thriller policial.
Em especial, seu sorriso. E ela só tem olhos para ele, sentindo seus pelos se
arrepiarem.
Só quando chega mais perto repara nas outras
duas garotas, uma delas a menina de óculos que senta na primeira fileira nas
aulas de química em que ela leciona e a outra uma colega que está sempre com
Nicole, uma garota grande que poderia fazer papel de guerreira viking em algum
seriado de época.
Vê a jovem de óculos assustada. Nicole e sua
colega ficam paradas assim que percebem a presença da professora.
- Olá garotas. Está tudo bem aqui? – diz
Monalisa.
- Olá professora! Claro que está. Estamos só
conversando! – diz Nicole.
As outras duas garotas concordam. A garota
grande com um sorriso sarcástico, a de óculos com um sorriso forçado. Monalisa
reconhece aquela expressão. Mais do que isso, reconhece a expressão do sorriso
de Nicole. Sente sua barriga gelar ao ter que encarar aquela garota. Lembra-se
de quinze anos atrás, quando ela era a garota tímida tentando sobreviver a mais
um dia de aula.
- Tem certeza que está tudo bem? – ela diz,
colocando a mão no ombro da garota de óculos.
A garota a encara. Quase consegue ouvir as
súplicas e o choro através daquelas lentes. Sente o ombro dela tremendo. Mesmo
assim a resposta é rápida e direta:
- Sim, está tudo bem professora. Só estamos
conversando.
Monalisa respira fundo. Olha para ela, em
seguida encara as duas meninas que estão com ela. Nicole continua sorrindo, com
seus olhos emitindo uma confiança que chega a machucar. A garota grande não
sorri mais. Parece um animal acuado, preparando sua defesa. A professora se
aproxima dela e diz:
- Vamos conversar, nós três. Vamos até a sala da
diretora, sim?
A garota grande começa a gaguejar. Olha para a
de óculos, olha para sua amiga. De repente não é mais uma viking, e sim uma
criança grande desamparada. Mas não Nicole. Ela, sorrindo com ainda mais
brilho, diz:
- Porque deveríamos? Está tudo bem. Não pode nos
obrigar.
Ela não apresenta qualquer hesitação. Não parece
ser uma garota de doze anos. Mesmo com seu corpo ainda em desenvolvimento, sua
presença aterroriza. Até mesmo Monalisa se sente intimidada. A professora olha
para a garota grande e diz:
- Você é a Olivia, né?
A garota confirma, com o rosto assustado. A
professora continua:
- Nicole tem razão. Vocês não precisam me
obedecer. Porém lembre-se que eu também não preciso aceitar suas súplicas quando vier me
pedir nota no final do ano. E olhando sua última prova, você vai precisar.
Olivia arregala os olhos e segura os braços de
Monalisa. Agarra a professora como se fosse uma amiguinha mais nova. E quase
aos prantos diz:
- Por favor! Eu juro que não estava fazendo
nada! Diga para ela!
A garota de óculos olha para a professora e,
derramando uma lágrima, confirma com o rosto.
Monalisa retira as mãos de Olivia de seu ombro e
diz:
- Então você não terá problemas em ir à
diretoria e esvaziar seus bolsos. Porque o medo? Tenho certeza que não
encontraremos nada neles, ou estou errada?
Olivia, cada vez mais assustada, pega um batom
de dentro de seu
bolso e entrega para a garota de óculos. Diz:
- Toma.
- E?
- E desculpa.
- Não para mim. Para ela!
Olivia olha para a garota e repete o pedido. A
garota agradece, em um sussurro tão baixo que não sai som.
- Mas você é uma frouxa mesmo! – diz Nicole,
dando um tapa em Olivia.
Monalisa faz um sinal para a garota de óculos ir
embora, mas esta hesita e
encara Nicole, até que está faz um sinal para ela com a cabeça, lhe dando
permissão para fugir. Monalisa olha para as duas e diz:
- Prestem atenção, as duas! Até vocês se
formarem, eu estarei de olho em vocês. A cada menina que eu ver chorando em um
canto no corredor, eu irei vir visitá-las! Serei o
pesadelo de vocês, estão me ouvindo?
Olivia continua de cabeça baixa. Porém Nicole da
um passo em sua direção, encarando-a de frente, segura seu braço e diz:
- Não professora querida. Eu serei seu pesadelo.
Monalisa trava. Mal consegue respirar. Nicole se
aproxima mais e dá um beijo em seu rosto. Então a solta, dá uma gargalhada e
diz:
- É brincadeirinha!
E vai embora. E quando se afasta Monalisa
consegue respirar novamente.
****
Monalisa passa a chave na porta. É o momento em
que se sente verdadeiramente segura.
Está em sua casa, sua fortaleza. Ali é o local
apenas dela, onde as preocupações ficam para fora. Até que pisa em uma
bonequinha que faz um barulho, e se lembra que há mais alguém naquele lar.
Logo seu cachorro aparece latindo e abanando o
rabo.
- Boa tarde, Hulk! – ela diz.
Seu
pequeno companheiro faz sua festa particular, lambendo e latindo.
- Estava com saudades! Eu também! Eu vou tomar
um banho quentinho e depois a gente janta!
Ela levanta e deixa sua bolsa em cima da bancada
que divide a sala da cozinha. Olha seu celular e responde as mensagens
relevantes. Vê uma mensagem de Renato lhe dando boa noite. Seu coração chega a
palpitar. Ela respira, fecha as mensagens e deixa o aparelho ao lado da bolsa.
Sobe as escadas rumo ao segundo andar, já sentindo a água quente lhe tirar o
suor e o estresse do dia.
Vai até seu quarto, retira a roupa e abre o
armário. Olha para o lado e vê Hulk a encarando, no último degrau. Ela sorri e
diz:
- Qual pijama eu devo escolher? O rosa ou o
branco?
O cachorro continua a encarando enquanto ela
mostra os dois conjuntos. Ela pega o branco e coloca no armário.
- Hoje está mais fresco, vou usar o rosa. Fique
vigiando para ninguém roubar meu pijaminha!
O cachorro late, ela solta uma gargalhada e
entra no banheiro.
****
Monalisa sai do banho enrolada na toalha. Seca
os cabelos, passa um creme hidratante e um desodorante.
Olha-se no espelho, ainda um pouco embaçado. Por
um momento, através do vapor, vê a garotinha baixinha e magricela que todo dia
tentava passar despercebida da escola. Os anos passaram. Seus cabelos ensebados
hoje são longos e brilhantes, motivos de orgulho, e sua pele cheia de espinhas
é lisa e hidratada.
Mas ela ainda está sozinha.
Sai do banheiro e vai até o quarto. Toma cuidado
para ver se Hulk não está no caminho, não foram poucas vezes que pisou nele.
Chega ao cômodo, joga a toalha em cima da cama e percebe que seu pijama não
está lá.
- Hulk! Não acredito que fez isso de novo! – ela
grita.
Ela abre o armário e pega o pijama branco.
Coloca o shorts e a blusa. Diz mais uma vez:
- Onde você está seu sapeca?
Ela desce as escadas, esperando ouvir
algum latido. Chama pelo companheiro mais uma vez, mas não tem resposta.
Chega ao térreo, procurando por todos os lados.
Os brinquedos continuam espalhados, mas não há sinal de seu cachorro. Continua
chamando por ele, já com um semblante preocupado.
E então vê o cachorro no quintal, do lado de
fora da casa, pela porta de vidro da cozinha.
- Mas como você saiu? – ela diz, indo até a
porta.
O cachorro abana o rabo, lambendo o vidro.
Monalisa força a fechadura e não consegue abrir. Percebe que está trancada.
- Espere, vou abrir a porta da sala!
A professora vai até a frente da casa e percebe
que a porta também está trancada. E a chave não está na fechadura, onde ela
tinha certeza ter deixado.
Olha para a janela da sala. Percebe o cadeado
travado entre as duas folhas de vidro. Olha mais uma vez para o cachorro do
lado de fora, tentando entender como ele pode ter saído. Sente um frio enorme
na barriga quando começa a pensar nas respostas do mistério.
Vai até a bancada. Olha para a sua bolsa em cima
da bancada. Seu celular não está mais lá.
- O que está acontecendo aqui? – ela diz, se
encolhendo e olhando para todos os lados.
E ouve duas risadas debochadas como resposta.
Duas risadas vindas do interior da casa.
- Quem está aí?
As risadas aumentam. Ela dá um passo para trás,
olhando para a sala e para a cozinha. Olha para a escada, mas também não vê
nada ali.
- Por favor, quem está aí?
- Ela não quer brincar! – diz uma voz conhecida,
vinda de trás do sofá.
Monalisa olha assustada e vê uma mulher com seu
sorriso psicótico e seu olhar fulminante, segurando um celular e filmando-a.
Uma mulher não. Uma garota.
Ela engole seco. Seu coração acelera. A garota
sai de trás do móvel e começa a caminhar a passos lentos em sua direção.
- O que foi professora? Achei que era valente.
- O que você faz aqui? Como entrou?
A garota começa a caminhar em sua direção.
Monalisa sente o coração acelerado. O sorriso daquela garota congela sua alma.
Nicole, ainda filmando, diz:
- Sabe professora, como você me ensinou bastante
coisa, vou lhe retribuir.
Monalisa dá mais um passo para trás. Olha para
os lados, apavorada. Nicole, a poucos passos dela, continua:
- Se um dia você se ver no meio de um incêndio, a primeira pergunta que
deve fazer é como sair dali com vida e não como começou o fogo.
- Você é louca! – grita Monalisa.
Então sente uma mão forte lhe tapar a boca e
seus pulsos são torcidos atrás das costas. Olivia ri enquanto a agarra. Nicole
fica na sua frente e acaricia seus cabelos, dizendo:
- Você não deveria se preocupar em como entramos
e sim se vai continuar viva quando a brincadeirinha acabar!
****
Monalisa
acompanha as duas garotas andando pela cozinha.
Nicole
está sentada na cadeira da bancada, se divertindo com seu celular. De vez em
quando bate uma foto, dá uma risada e responde alguns áudios de assuntos variados.
Olivia, por sua vez, coloca algumas maquiagens e equipamentos em cima da mesa.
Hulk continua do lado de fora, observando a cena pelo vidro que separa a
cozinha do interior da casa.
-
Acabei! Está tudo aqui! – diz Olivia.
-
Ah, finalmente! Vamos começar a brincadeirinha! – diz Nicole.
Se
pudesse falar, Monalisa perguntaria quais as intenções da garota. Mas no
momento está com uma fita adesiva na boca, assim como nos pulsos e nos tornozelos,
presos na cadeira. Só lhe resta acompanhar e a dar leves gemidos.
Nicole
leva seu celular até a professora e começa a filmar. Diz:
-
Aqui está a bela professora de química, a formosa Monalisa. Não é aquela que
tem um sorriso enigmático, mas também será alvo de uma obra de arte. A Lili irá
mostrar toda a sua destreza deixando a querida professora mais bonita ainda.
Vamos lá Lili, mostre seu talento!
A
garota grande pega seu kit de maquiagens e começa a passar no rosto da
professora. Monalisa solta um rosnado e vira o rosto. A garota começa a passar
pó em todo seu rosto. Monalisa solta o urro mais alto que consegue pela mordaça, ainda insuficiente para
que qualquer pessoa fora da casa ouça. Quando o pó em excesso se acumula ela
solta um espirro, que faz Nicole cair na gargalhada.
-
É isso aí! Vamos embelezar a professora!
Olivia
gargalha e encara a face totalmente branca da professora. Pega um lápis e
começa a desenhar em sua bochecha. Monalisa ameaça virar o rosto, mas tem seus
cabelos agarrados, com força.
Nicole
se aproxima e diz, em um tom de voz perturbador:
-
Professora, eu acho que você não entendeu. Você vai brincar com a gente, quer
queira ou não! Entenda, eu e a Lili aqui somos duas aranhas brincalhonas e você
é a mosquinha que caiu na nossa teia!
Olivia
solta uma gargalhada e volta a riscar a bochecha da professora, que não tenta
mais resistir. A garota desenha uma lágrima grande em cada bochecha e escreve
“chorona” na testa. Então pega o batom e desenha um lábio enorme por cima da
fita adesiva que tapa a boca de sua vítima,
enquanto Nicole sorri e continua filmando.
-
Lili, você está ótima! Acho que vai ser maquiadora profissional quando se
formar!
Nicole
desliga o celular, deixa em cima do balcão e caminha até a professora. Olivia
dá um passo para trás e diz:
-
E você Niqui? Já pensou no que vai ser?
-
Ah sim minha amiga!
Nicole
pega uma tesoura enorme de cima da mesa e coloca em frente ao rosto de
Monalisa, que arregala os olhos e solta mais um gemido. A garota começa a
passar o instrumento bem de leve em seu rosto e começa a descer pelo pescoço,
em direção aos seios. Faz um leve corte na blusa da professora e diz:
-
Meu sonho é ser cardiologista. Vamos ver se sei transplantar um coração?
Olivia
cai na gargalhada, enquanto Monalisa respira ofegante. Começa a chorar e fecha
os olhos no momento que Nicole corta toda sua blusa, transformando seu pijama
em um trapo.
-
Eu ainda não aprendi anatomia, mas acho que o coração fica aqui, entre estes
belos seios. Se eu fizer um corte fundo aqui eu acho o coração, não acho Lili?
Olivia
não responde. Apenas ri, desta vez mais contida. Nicole continua:
-
Ou será que é aqui no umbigo? Não sei, acho que eu devo cortar tudo logo, aí eu
encontro né? O que acha Lili?
-
Niqui, eu acho que...
-
Vamos professora querida! Você não quer um coração novo? – grita Nicole,
fazendo Olivia dar um pulo e Monalisa arregalar os olhos, desesperada.
Então
Nicole começa a gargalhar. Alguns segundos depois Olivia começa a gargalhar
também. Monalisa respira mais aliviada, mas ainda apavorada.
-
Não se preocupe professora. Não vou cortar seu coração fora. Não quero ser
cardiologista. Sabe o que eu quero ser? Uma cabeleireira!
Nicole
pega um cacho de sua professora e começa a alisar. E diz:
-
Seu cabelo é muito bonito. Muito mesmo, você deve cuidar muito dele. Mas eu vou
te deixar mais bonita ainda! Veja só!
E
antes que Monalisa perceba, a garota corta o cacho fora. Olivia dá uma
gargalhada um pouco assustada, mas Nicole eleva o tom. Monalisa geme mais alto
e arregala os olhos enquanto vê seu cacho nas mãos da garota. Nicole o coloca
na frente da professora, rindo em deboche.
-
Não está lindo? Ah, acho que preciso cortar mais, para igualar. O que acha
Lili?
-
Niqui, não sei, será que...
E
antes que Olivia termine a garota enche sua mão com o cabelo da professora e
começa a cortar, como um açougueiro depenando um frango. Ri enquanto Monalisa
começa a chorar. Suas lágrimas caem junto com seus
fios. Nicole cantarola uma melodia enquanto continua cortando. Vira-se para
Olivia e diz:
-
Pega o espelho!
Olivia,
ainda assustada, obedece. Quando retorna, Nicole dá seu sorriso final e mostra
para Monalisa o resultado.
A
professora vê seus cabelos destruídos, parecendo um calouro que acaba de
receber um trote. Começa a chorar mais forte.
-
Ficou lindona! Não ficou Lili?
Olivia
não responde. Continua olhando, hesitante.
-
Lili?
-
Sim, ficou sim! Uma gata!
-
Eu diria mais que parece uma cadela! O que acha?
Ela
dá um tapa no rosto de Monalisa e gargalha alto. Olivia não tem reação. Nicole
então lhe passa outra ordem:
-
Lili, acho que ela não quer brincar. Vamos ver se o Totó ali quer. Vai buscar
aquele saco de pulgas.
Olivia
olha para o cachorro, que ainda observa a cena. Monalisa geme mais alto e tenta
se libertar, se debate com toda a força, mas sem sucesso. E assiste a garota
grande ir até a porta e pegar seu pequeno companheiro no colo.
Ela
respira forte. Tenta mais uma vez libertar os braços, mas não tem sucesso.
Olivia chega até ela com Hulk no colo. Diz:
-
O que iremos fazer?
-
Nós brincaremos do jogo do xixi e do saco.
-
Nossa Niqui, você não vai colocar um saco na professora né? Não acha que está
indo longe demais?
-
Claro que não farei isso com ela né? Ela não é uma pirralha chata do segundo
ano. Não, vamos fazer isso com o Totó aqui.
-
O que?
-
Fica tranquila,
ele vai sobreviver.
-
Niqui...
Nicole
para e encara sua amiga. Apesar de ter metade do seu tamanho, seu olhar parece
de uma serpente contra um ratinho. Olivia paralisa. Nicole se vira para
Monalisa e diz:
-
Vou contar a brincadeirinha. Eu quero que você mije. Entendeu? Quero ver uma rodela
bonitinha no meio deste shortinhos branco tão fofo que você usa.
Monalisa
fica encarando, sem acreditar no que está vivendo. Olha para Olivia, mas esta
não a encara de volta. Nicole pega um saco de lixo e vai até o cachorro. E diz:
-
A brincadeira é simples. Nosso Totó aqui vai ficar dentro do saco e vamos
torcer para que o ar ali dentro dure. Enquanto isso você vai fazer xixi. Quando
fizer eu solto o Totó. É simples, não é?
Monalisa
arregala mais os olhos e nega com a cabeça, desesperada. Nicole gargalha e pega
o cachorro, colocando-o
dentro do saco. Olivia assiste passiva, quase atordoada. Nicole gira o saco e
amarra, garantindo que não fique nenhuma entrada de ar. E segura o saco,
gargalhando enquanto o cachorro começa a latir e a se debater.
-
Vamos professora querida! Quero ver uma rodela aí no meio das pernas!
Olivia
fica parada. Olha assustada para a cena. Nicole gargalha e continua segurando
forte o saco. Não para de gritar:
-
Vamos! Xixi! É só fazer xixi!
-
Professora, por favor, faça xixi! – implora Olivia.
Nicole
continua segurando forte o saco. Monalisa chora, as lágrimas jorram em seu
colo. Olivia vai até ela e coloca a mão em seu ombro, como se para dar apoio
moral. Os segundos passam, mas a única coisa que sai da mulher são as lágrimas.
Nicole diz:
-
Sabe professora, problemas para mijar é uma coisa séria. Talvez você deva
procurar um médico. Um urologista. Pode te dar uma infecção, e falam que a dor
é grande.
Monalisa
não escuta. Continua de cabeça baixa, chorando. Olivia chora junto, dizendo:
-
Vamos professora! Por favor!
Nicole
gargalha. Durante alguns segundos aquela cozinha vira a sala de um hospício.
Nicole gritando e berrando, Monalisa e Olivia chorando. Até que após mais
alguns segundos Olivia grita:
-
Ela fez! Veja Niqui, ela fez xixi!
-
Fez?
-
Sim! Veja!
Nicole
joga o saco no chão e caminha até a professora. Olha para a cadeira, vê a
enorme poça de urina e gargalha. Pega seu celular e bate uma foto, dizendo:
-
Viu só? Não é divertido?
-
Niqui! Niqui! – grita Olivia, com o cachorro no colo.
-
O que foi?
-
Ele morreu!
Nicole
observa a amiga com o cachorrinho nos braços, em prantos, acariciando. Ele não
apresenta qualquer reação. Ela encara Nicole desesperada, e vê a amiga dar com
os ombros e dizer:
-
Então acho que você perdeu esta rodada, querida professora. Vá ao urologista
ver isso.
-
Niqui! Chega! Fomos longe demais!
-
O que você quer dizer?
-
Isso não é mais brincadeira! Você está louca! Para mim acabou!
Dizendo
isso ela vai até a professora e começa a remover a fita de seu pulso. Nicole
caminha até o seu lado e diz:
-
Tem razão, acho que isso deixou de ser brincadeira.
-
Desculpe professora, eu não...
E
antes que Olivia possa terminar a frase recebe uma tesourada no pescoço. Remove
o objeto e leva as mãos até a ferida, tentando parar o jato de sangue que
espirra na professora. Nicole diz:
-
Eu já estava cansada de você mesmo! Ter que aguentar este seu cheiro de fritura
todo dia! Fique aí, junto com este cachorro sarnento, como o saco de banha que
você é! Agora eu vou terminar o serviço e amanhã a internet vai contar como uma
aluna gorda e fedida invadiu a casa da bela professorinha de química para satisfazer
suas vontades lésbicas nojentas e as duas se mataram! Tão triste!
Olivia
aos poucos perde a cor. Junto com o sangue deixa escorrer duas lágrimas. Nicole
cospe em cima de seu corpo, se vira para a professora e diz:
-
Agora vamos acabar com isso!
-
Com certeza, sua louca! – diz Monalisa, de pé.
Nicole
é pega de surpresa e deixa cair a tesoura. Logo as duas estão no chão, se
batendo. Rolam pelo chão, batendo nas cadeiras e nos móveis. Monalisa tenta
agarrar o pescoço da garota, mas esta se mostra mais forte do que ela esperava
e após rolarem mais uma vez Nicole acaba sentada em cima da professora,
segurando seus braços. Encosta seu rosto no de Monalisa, solta uma risada e lhe
dá uma lambida.
-
Para você não sentir saudades do seu Totó!
-
Sua desgraçada!
Nicole
solta os braços da professora e começa a enchê-la de tapas. Monalisa tenta
defender o rosto enquanto a garota gargalha. De repente ouve um barulho
conhecido. Seu celular tocando, dentro do bolso da garota. Nicole para os
tapas, tentando identificar de onde vem o som, mas antes que possa reagir
Monalisa pega a tesoura e enfia na garganta de sua aluna.
Levanta
e deixa a garota agonizando. Pega seu celular e atende.
É
Renato.
E
enquanto ouve o rapaz, ela respira, solta o ar e diz, surpreendendo até mesmo
seu interlocutor:
-
Sim, aceito. Só vou tomar um banho e te encontro lá. Beijos!
CAL - Comissão de Autores Literários
Bruno Olsen
Cristina Ravela
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