Odilon está dormindo tranquilamente em sua cama, até despertar com alguém gritando pelo seu nome, pelo de Odílio e com batidas na porta. Olha para o relógio e vê que ainda são 5:18 da manhã. Ele se levanta e, ao abrir a porta do quarto, dá de encontro com Odílio. A voz continua a chamá-los.
– Seu Odílio! Seu Odilon!
– Quem tá chamando? – pergunta para Odílio.
– Ué. Sei lá.
Os dois vão até a porta da sala. Odílio gira a chave na fechadura. Dão de cara com dois policiais.
– Que que houve, homem? Que que aconteceu pra vocês virem aqui uma hora dessa? – pergunta irritado, Odílio.
– Cêis nos perdoe, mas o delegado Ferreira pediu pra chamar ocêis. É uma urgência. O Tião Bigode tá lá estirado, morto, no meio da praça – explica um dos policiais.
– Faz o seguinte: vocês vão indo na frente, que nós vamos trocar de roupa e já vamos pra lá – diz Odílio.
Vinte minutos após os policiais retornarem para a praça, Odilon e Odílio chegam. Vários curiosos estão em volta do defunto próximo ao coreto, além do delegado Ferreira e alguns outros policiais.
– E então, doutor Ferreira, o que houve aí com o Tião? – indaga Odílio, acendendo um cigarro.
Ferreira coça o rosto. Depois mantém os dedos dobrados sobre o queixo e levanta o indicador na bochecha.
– À primeira vista, eu diria que foi um ataque cardíaco.
– Vai levar ele pro hospital pra fazerem algum exame nele pra confirmar? – questiona Odílio.
Montado em seu cavalo, o fazendeiro Irineu Magalhães aparece na praça e ri, ao ver o cadáver de Tião.
– Ih! Esse pingaiada morreu de tanto beber. Esses bebum terminam tudo assim.
O delegado acena pro fazendeiro e logo se vira para os dois “irmãos”.
– O que que vocês acham? Vocês acham que precisa de exame?
Odílio começa a falar como que um especialista.
– Olha, a gente sabe que o Tião bebia e fumava além da conta, né? Tem alguém da família que pode decidir se quer um exame, uma autópsia?
– Não. Esse disgramado não tinha nem família. A mãe morreu, o pai morreu no álcool e no cigarro, e os outros dois irmãos também foram do mesmo jeito. Acho que todos eles tinham problema de coração – esclarece o delegado Ferreira.
– Então, talvez não tenha necessidade, né? – diz Odílio.
– Pois é. Eu vou lá na prefeitura pedir pra arranjarem um carro pra levar o corpo desse pobre coitado lá pra funerária docêis. Vocês fazem os procedimentos, que o prefeito Eurico acerta cocêis depois – explica Ferreira.
– Certo. Então nós vamos lá abrir a funerária e começar a preparar tudo – diz Odílio.
Odílio e Odilon saem do meio do grupo de pessoas que cercam o defunto do Tião Bigode. Algumas pessoas chegam, fazendo o sinal da cruz e dizendo coisas do tipo: “que Deus o guarde”, “que agora tenha a paz que nunca teve em vida”.
Tereza
direção
Carlos Mota
Cristina Ravela
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