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Terra da Garoa: Capítulo 15

Novela de Édy Dutra
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TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 15
 


CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR


CAM foca no rosto de Raquel em frente ao espelho, no banheiro. Ela está apoiada na pia, expressão séria. Raquel no balcão ao lado da pia a caixinha de um teste de gravidez. 

Raquel analisa a caixa, já aberta. Na outra mão, ela está com o dispositivo utilizado para a realização do teste. Raquel se encara diante do espelho. 

RAQUEL: - Grávida... Eu estou grávida!



CENA 01. APTO RAQUEL. BANHEIRO. INT. / SALA. INT. NOITE. 

Continuação do capítulo anterior. Raquel descobre que está grávida.

RAQUEL (com o teste na mão): - Não pode ser... Como eu não desconfiei disso antes! (apreensiva) Ai, e agora?! 

De repente, a campainha do apto toca. Raquel joga o teste no cesto do lixo, vai para a sala, apressada. Ao atender a porta, se surpreende ao ver Joaquim.

JOAQUIM: - Oi Raquel.

RAQUEL: - Joaquim?!

JOAQUIM: - Eu só quero saber como tu estás... A gente não se falou mais depois do Centro de Estudos.

Raquel abraça Joaquim, fortemente. Ele se mostra surpreso com a reação dela.

JOAQUIM: - O que foi? Aconteceu alguma coisa?

RAQUEL: - Apenas me abraça, Joaquim. Eu só preciso de um abraço, muito forte agora, por favor!

Joaquim a abraça. Raquel tenta se reconfortar nos braços de Joaquim.

CENA 02. HOTEL. APTO DONATO. INT. NOITE.

Donato deitado no sofá, quando Liza chega ao apto.

LIZA: - Boa noite, pai!

DONATO: - Onde é que você se meteu durante todo o dia, Liza?!

LIZA: - Ué, pai... Eu fui atrás de um emprego, já que o senhor não se coçou pra nada.

DONATO: - Eu não me cocei pra nada?! Estou tratando de arrumar nossa vida pra sempre!

LIZA: - Dar golpe nas pessoas não arruma a vida de ninguém. Eu estou farta dessa história toda.

DONATO: - Mas você não vai cair fora agora... Vai pra onde? Dormir embaixo da ponte?

LIZA: - Eu sei que não tenho pra onde ir. Mas assim que eu juntar uma grana com o novo serviço, eu saio daqui.

DONATO: - E vai trabalhar de quê, eu posso saber? Faxineira? Limpando banheiro?

LIZA: - Recepcionista no restaurante mais fino da cidade.

DONATO: - O quê?! Tá de brincadeira comigo, não tá?

LIZA: - Não, não estou. Eu fui lá fazer uma entrevista e eles gostaram de mim que já me contrataram. Amanhã à noite eu começo... Eu falei pra você que a minha experiência nos trabalhos das feiras lá no interior iriam servir pra alguma coisa.

DONATO: - Quer saber, faça da sua vida o que você quiser. Se mate de trabalhar pra ganhar uma merreca. Depois que eu estiver com as mãos na grana da empresa de azeite, quem vai sair daqui sou eu! Rumo à Europa.

LIZA: - E como você vai fazer tudo isso sozinho?

DONATO: - Não tô sozinho. Teu irmão tá me ajudando.

LIZA: - E você acha que ele vai fazer tudo isso por amor ao pai que ele nunca conheceu e que do nada surgiu na vida dele? Desculpa pai, mas eu não sei não...

DONATO: - Tá falando isso porque não conhece o Humberto. Ele é ambicioso, tem faro pra essas coisas... Vai cuidar de tudo direitinho.

LIZA: - Por ele ter todas essas qualidades é que eu fico com o pé atrás... Bom, vou tomar um banho e depois pedir o jantar pra recepção.

Liza sai. Donato fica pensativo.

CENA 03. APTO BARRETO. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

Barreto, Tarsila e Stefany à mesa, jantando.

BARRETO: - Nuno não vem jantar?

STEFANY: - Eu chamei ele, mas não moveu um dedo... Tá lá no quarto dele, com cara de parede.

TARSILA: - Ele deve estar pensando na loucura que fez.

BARRETO: - Como assim? O que foi que o Nuno fez?

Neste instante, Nuno entra na sala, senta-se à mesa.

NUNO: - Não fiz nada não, pai.

STEFANY: - Agora até eu quero saber, gente!

NUNO: - Eu já falei que não fiz nada...

TARSILA: - Se você não quer falar para o seu pai, por vergonha talvez do seu erro, eu mesma conto... O Nuno matou aula da faculdade pra se encontrar com uma garota no shopping hoje.

BARRETO: - Tarsila, isso não é nenhuma loucura.  Nuno sabe das suas responsabilidades, mas fazer isso uma vez não é pra tanto...

TARSILA: - O problema é que essa menina não é do nosso meio, Barreto. Ela é lá de Itaquera. Zona leste, periferia. Com uma cara de ladra...

NUNO: - A Aymée não é ladra, mãe!

STEFANY: - A mamãe descobriu?!

TARSILA: - Então você já sabia desse casinho do seu irmão, Stefany?

STEFANY: - Sim, mãe... A gente ficou sabendo já na festa junina que a gente foi.

BARRETO: - Gente, calma... Isso não quer dizer nada. De onde ela veio, onde mora.

NUNO: - Foi isso que eu tentei explicar pra mamãe, mas ela não quer acreditar!

STEFANY: - Imagina se ela descobre do outro cara.

NUNO: - Fica quieta, Stefany!

TARSILA: - Que outro cara?! Essa garota é casada? Tão jovem assim?

NUNO (repreende Stefany): - Viu só o que você fez?!

BARRETO: - Diga,Stefany. O que tem ainda nessa história toda?

STEFANY: - Essa garota, Aymée, é namorada de um dos caras mais perigosos lá da região.

TARSILA: - Mas era só o que me faltava! Nuno, você está proibido de ver, de falar com essa garota, me entendeu?! Imagina, meu filho andando com mulher de traficante!

NUNO: - Chega, gente! Não quero ninguém mandando na minha vida!

BARRETO: - Nuno, isso é sério! Esses bandidos não perigosos, capazes de qualquer coisa!

NUNO: - A Aymée não é namorada dele. Ele é que fica atrás dela, mas ela não gosta dela. Ela gosta de mim.

TARSILA: - Óbvio que ela vai gostar de você. Favelada do jeito que é, viu um rapaz bonito, rico, como você, ela vai é dar um jeito de se arrumar às suas custas. E de quebra trazer o marginal junto!... Definitivamente, você terminou com o meu dia, Nuno. 

Nuno se entristece, levanta-se da mesa e sai.

STEFANY: - Nuno, espera!

Nuno não dá ouvidos à Stefany.

STEFANY: - Eu não deveria ter falado... Mania de não segurar a língua dentro da boca.

TARSILA: - Você fez muito bem em ter dito, Stefany. Seu irmão não pode mais nem pensar nessa tal de Aymée. Mulher de traficante. Era só o que me faltava.

BARRETO: - Não vai ser brigando com ele que nós vamos conseguir alguma coisa. Talvez o Nuno realmente esteja gostando, apaixonado por essa garota.

TARSILA: - Mas nunca que eu vou deixar o Nuno ficar com essa moça. Tá na cara que isso é um golpe, tá na cara!... E você, Stefany, também.

STEFANY: - Ih, também o quê, mãe?!

TARSILA: - Quero longe da zona leste, de Itaquera, de periferia. Não quero saber de vocês metidos nessas redondezas aí. Estamos entendidas?

STEFANY: - Tá certo, ok, entendi... 

CENA 04. APTO HENRIQUE. INT. NOITE. 

Henrique abre a porta do apto e Lenara entra, se jogando nos braços do noivo.

LENARA: - Oi meu amor!

HENRIQUE: - Lenara! Que surpresa! Por que não avisou que vinha? Minha mãe acabou de sair daqui... (a beija)

LENARA: - Sua mãe é uma fofa!... Ah se eu falasse que vinha não seria mais surpresa... Deixei o Otávio em casa com a Rita e vim correndo pra cá.

HENRIQUE: - E como ele tá?

LENARA: - Um amor! Ansioso pro casamento!...

HENRIQUE: - Que moleque bacana. Gosto dele.

LENARA: - Ele também adora você. Não só ele... Eu também adoro. Amo, amo muito!

HENRIQUE: - Ama é?

LENARA: - Demais!... Eu me sinto, a cada minuto, a mulher mais sortuda e feliz do mundo. Sortuda por ter achado vocêno meio destes mais de dez milhões de habitantes desta cidade (risos) e feliz porque você é a razão da minha vida a partir de agora. 

(sobe trilha “Ainda Bem” – Marisa Monte)

LENARA: - Eu não vejo a hora deste casamento acontecer. De entrar linda de branco e ver você me esperando, a troca de alianças, os amigos reunidos, tudo.

HENRIQUE: - Eu também não vejo a hora disso tudo acontecer. Está perto. Amanhã teremos a festa da empresa e depois já vem o nosso grande dia.

LENARA: - Mas antes do grande dia, eu quero ter com você hoje, uma grande noite... 

Lenara beija Henrique, calorosa. Os dois se abraçam e caem sobre o sofá, Lenara sobre Henrique. Ainda aos beijos, ela tira a camisa dele. Os dois trocam carinhos no sofá. 

CENA 05. APTO RAQUEL. SALA. INT. NOITE. 

(fade out “Ainda Bem” – Marisa Monte)

Raquel sentada no sofá. Joaquim vem da cozinha, trazendo duas canecas de chá, oferece uma para Raquel, que bebe um gole. 

JOAQUIM: - Camomila. Vai te fazer bem.

RAQUEL: - Obrigada, Joaquim...

JOAQUIM: - Então, não vai mesmo me falar o que foi que te deixou assim?

RAQUEL: - Eu prefiro não dizer.

JOAQUIM: - Tem a ver com o Henrique, com certeza.

RAQUEL: - Não, tem nada a ver com o Henrique.

JOAQUIM: - Então o que é, me fala. Eu quero te ajudar.

RAQUEL: - Na verdade, tem a ver com o Henrique sim...

JOAQUIM: - Eu sabia. Vamos, pode dizer.

RAQUEL: - Ele vai se casar mesmo, de verdade, lá no Brasil.

JOAQUIM: - E isso mexe tanto com você?

RAQUEL: - É o homem que eu amo! 

Joaquim desvia o olhar. 

RAQUEL: - Desculpa, Joaquim. Sei que deve doer pra você ouvir isso, mas é a verdade e eu não posso esconder.

JOAQUIM: - Tudo bem. Eu preciso me acostumar com isso... Assim como você precisa se acostumar ao fato de que o Henrique está seguindo a vida dele lá no Brasil. Você deveria fazer o mesmo. Ficar aí chorando por alguém não quer mais saber da gente não adianta nada.

RAQUEL: - Nessas horas eu sinto uma falta das minhas amigas... (fala baixo, a si mesma) Quero dizer, agora só da Jaque...

JOAQUIM: - Bom, amanhã eu preciso estar cedo lá na hora do Centro de Estudos. Então, eu vou indo nessa. Está melhor?

RAQUEL: - Estou sim. Obrigada, Joaquim. De verdade. 

Raquel abraça Joaquim, de forma carinhosa. Joaquim retribui o abraço. 

RAQUEL: - Até amanhã! 

Raquel abre a porta. Joaquim vai embora. Raquel fecha a porta, se recosta, pensativa. 

RAQUEL: - Grávida... 

CENA 06. TRANSIÇÃO DO TEMPO. 

Imagens de São Paulo ao amanhecer. Mostra a Avenida Paulista, o trânsito, a movimentação das pessoas. 

CENA 07. GALERIA DE ARTE. INT. DIA. 

Os quadros para a exposição de Jaqueline estão sendo colocados na galeria, ocupando o espaço do local. Jaqueline e Bartira acompanham tudo, cada detalhe. 

BARTIRA: - Será a maior exposição da galeria. A imprensa se fará presente e muita gente confirmou que também estará aqui.

JAQUELINE: - Eu não sei se fico mais feliz ou mais nervosa! (risos) Parece a primeira vez que eu estou expondo minhas telas.

BARTIRA: - É pra ficar feliz, Jaqueline!... Seu trabalho é incrível. Esse retrato da periferia que você fez, tão leve, tão harmonioso. Suas telas parecem fotos! 

Um funcionário se aproxima, chamar Bartira, que se afasta de Jaqueline, deixando-a sozinha no salão principal da galeria, observando os quadros. De repente, ouve-se passos de salto alto e palmas. Jaqueline se surpreende ao ver Bárbara entrando no local. 

BÁRBARA (batendo palmas, debochada): - Parabéns, Jaqueline. Até que ficaram direitinhos seus rabiscos.

JAQUELINE: - O que você está fazendo aqui, Bárbara?!

BÁRBARA: - Vim ver de perto a sua nova exposição, afinal você retratou meu bairro aqui, não é? Quero saber se fez tudo direitinho, se não inventou nada que não seja verdade.

JAQUELINE: - Mas é muita petulância sua, garota. 

Bárbara caminha por entre os caros, faz caras esnobes para as pinturas. 

JAQUELINE: - Já viu tudo? Agora pode ir embora.

BÁRBARA: - Ainda tenho cinco minutos.

JAQUELINE: - Cinco minutos pra quê? Olha só, Bárbara, eu não estou com tempo, hoje é um dia importante, eu preciso deixar tudo isso organizado para a noite, então, não toma mais o meu tempo tá?

BÁRBARA: - Seu se preocupa, meu amor. O que eu tenho pra te dizer é rápido.

JAQUELINE: - Fala logo então.

BÁRBARA: - Sabe pra onde eu to indo agora? Pro Parque São Jorge. Estou indo acompanhar o Daniel na assinatura do contrato com o Corinthians. 

Jaqueline se surpreende. 

JAQUELINE: - Era hoje? Mas o Daniel nem me disse nada.

BÁRBARA: - Não falou pra você é? Oh... Sinal de que você não é importante assim na vida dele. Mas não se preocupa porque desamparado ele não fica! Pode continuar cuidando dos seus desenhinhos aí que eu vou lá prestigiar o meu homem no momento mais importante da vida dele. 

Bárbara encara Jaqueline, abre um sorriso de deboche e sai, poderosa. Jaqueline fica entristecida. 

CENA 08. JOCKEY CLUB. SALÃO NOBRE. INT. DIA. 

Humberto, Henrique e Barreto caminham pelo salão. 

BARRETO: - Como vocês podem ver, o espaço está ficando perfeito.

HUMBERTO: - Perfeito nunca fica, Barreto...

HENRIQUE: - Mas eu acho que está tudo em ordem. O lançamento do novo azeite será logo mais e será um sucesso!

BARRETO: - Eu preciso ir até a secretaria, fiquem à vontade. Qualquer coisa, só mandar me chamar.

HENRIQUE: - Está certo, Barreto. Obrigado. 

Barreto sai. Humberto observa a decoração do local, que está sendo finalizada. Henrique se aproxima. 

HENRIQUE: - Você pensou bem?

HUMBERTO: - Pensei bem no quê?

HENRIQUE: - Nessa história do Donato. Ele quer levar uma parte na empresa, e você como filho dele (pausa)

HUMBERTO (interrompe): - Sim eu pensei e já me decidi. Eu vou querer uma parte desse patrimônio sim. Não é justo que eu saia dessa história de mãos abanando.

HENRIQUE: - Humberto, pensa bem! Dilacerar o patrimônio da família por causa de um jogo de interesses?

HUMBERTO: - Que família, Henrique? Eu não tenho família nenhuma. Minha vida toda foi uma mentira. É justo que eu seja ressarcido por causa disso.

HENRIQUE: - Mas não dessa forma. Pensa na mamãe!

HUMBERTO: - É a sua mãe, Henrique. Você já parou pra pensar que tudo gira em torno de você? Sua família, sua empresa... Agora vem o seu casamento.

HENRIQUE: - Eu ainda quero você como padrinho do meu casamento. Eu não deixei de te considerar meu irmão, embora eu discorde da sua atitude perante os negócios.

HUMBERTO: - Eu só estou querendo o que é meu por direito.

HENRIQUE: - Você nem sabe se essa parte que você exige é sua mesmo.

HUMBERTO: - Veremos. Mesmo assim, eu lutarei por ela. 

Humberto encara Henrique e sai, porém, vira-se. 

HUMBERTO: - Não se preocupe. Eu serei seu padrinho de casamento ainda. 

Humberto vai embora. Henrique fica pensativo. 

CENA 09. PQ SÃO JORGE. SALA IMPRENSA. INT. DIA. 

A sala de imprensa do Corinthians está lotada de jornalistas, para cobrir a apresentação de Daniel como novo jogador do clube. Macedão e Carlos estão presentes. Daniel se mostra ansioso. 

DANIEL: - Aí professor, eu não paro de tremer!

MACEDÃO: - Deve ser a ansiedade, Daniel. Calma que vai dar tudo certo. Hoje é o teu dia.

CARLOS: - Eles vão te chamar para a mesa. 

O diretor de futebol do clube anuncia a contratação de Daniel, que é chamado para o centro da bancada. (sobe trilha “Negro Lindo” – Léo Santana) 

Daniel sobe, fica entre o diretor de futebol e o presidente do clube, que lhe entrega a camisa de número 10 para que ele vista. Daniel veste a camisa do Corinthians e posa para inúmeras fotos. 

PRESIDENTE: - Tenho certeza, Daniel, que você trará muitas alegrias para a nossa torcida. A Fiel está apostando em você!

DANIEL: - Pode acreditar, presidente, que eu vou dar o máximo de mim para alegrar esse bando de loucos! 

Daniel posa para fotos ao lado do presidente do clube e do diretor de futebol, quando avista Bárbara entrando na sala. O vestido justo e o andar sensual atrai a atenção de todos. (fade out trilha “Negro Lindo” – Léo Santana) 

CARLOS: - Mas quem é aquela moça?

MACEDÃO: - Ah não... O que é que a Bárbara está fazendo aqui?! 

Bárbara se aproxima da bancada. 

DANIEL (surpreso): - Bárbara?!

BÁRBARA: - Eu só vim aqui pra desejar boa sorte, muito sucesso e que a gente brilhe cada vez mais!

DANIEL: - A gente?!

BÁRBARA: - Claro! 

Bárbara vira-se para os jornalistas. 

BÁRBARA: - Pra quem ainda não me conhece, o que eu acho difícil, eu sou Bárbara Silva, a rainha da bateria da Unidos da Zona Leste, eleita três vezes seguidas a melhor rainha de bateria do carnaval de São Paulo e também, namorada do Daniel aqui!

DANIEL: - O quê?!

BÁRBARA: - Vem amor, vem posar para as fotos! 

Bárbara faz pose enquanto Daniel fica sem reação. Os fotógrafos fazem diversos registros de Bárbara, que faz caras e bocas para as lentes. 

MACEDAO: - Essa não... 

CENA 10. RESTAURANTE GOURMET PAULISTA. INT. DIA. 

Monique conversa com Liza, em frente à tela touchscreen, na recepção do restaurante.  

MONIQUE: - Aí quando os clientes que têm reserva chegam, você marca neste espaço aqui. (clica na tela)

LIZA: - Entendi.

MONIQUE: - Também não se surpreenda se algum artista famoso aparecer por aqui. O nosso restaurante é muito frequentado pela classe artística.

LIZA: - Nossa, isso é tão bacana!

MONIQUE: - Só não pode ficar tietando. Lembre-se que esse é o seu trabalho e não um local de lazer. E o artista quando vem aqui, quer comer de uma boa comida e não ser importunado.

LIZA: - Claro, entendi... E neste espaço aqui, o que eu faço? (com a mão sobre a tela)

MONIQUE: - E neste espaço aqui do menu, você... 

Neste instante, Monique coloca sua mão sobre a mão de Liza. As duas trocam olhares. Ficam em silêncio. 

MONIQUE: - Você... Você coloca os demais clientes sem reserva. Até para ter o controle das mesas ocupadas. 

Liza vira sua mão, deixando as palmas das mãos se tocarem. Liza esboça um sorriso, Monique afasta a mão. 

MONIQUE (sem jeito): - Acho que você agora consegue mexer aí sozinha.

LIZA: - Claro, consigo sim... Obrigada, Monique. Você é muito atenciosa.

MONIQUE: - Imagina. No que precisar, só me chamar. 

Monique sai. Liza fica pensativa. 

CENA 11. PQ SÃO JORGE. EXT. DIA. 

Macedão, Carlos e Daniel vão saindo da sede do Corinthians, quando Bárbara se apressa para alcança-los. 

BÁRBARA: - Me esperem!

MACEDÃO: - Que bonito hein, Bárbara! O rapaz nem estreou no time e já está bombando nas redes sociais!

BÁRBARA: - Jura?!

CARLOS: - Sim, depois do show que você deu na sala de imprensa, não se fala em outra coisa. O casal Bárbara e Daniel já é comentário em tudo quanto é lugar.

BÁRBARA: - Que maravilha! Viu só Daniel? O que achou da minha aparição?

DANIEL: - Eu achei o fim da picada se você quer saber. Não era nada pra você ter inventado que eu sou seu namorado, Bárbara. A gente não está junto!

BÁRBARA: - Mas vamos ficar, oras! Agora não dá pra desmentir assim!

DANIEL: - Não me interessa... Você foi é se aproveitar da situação toda, quer status. Me deixa em paz! 

Daniel entra no carro junto com Carlos e Macedão. 

BÁRBARA: - Não ganho nem uma carona pra casa?

DANIEL: - Você veio pra cá como?

BÁRBARA: - De Ônibus!

DANIEL: - Então volta de ônibus. 

O carro sai. 

BÁRBARA: - Ah, Daniel! Você não me escapa. Você vai ser meu sim. Meu e de mais ninguém! 

CENA 12. TRANSIÇÃO DO TEMPO. 

São Paulo ao anoitecer, mostra as luzes da cidade, os prédios. Mostra a Avenida Paulista iluminada. 

CENA 13. APTO ROBSON. INT. NOITE. 

Robson está ao telefone, sentado no sofá. 

ROBSON (ao telefone): - Não Ulisses, eu vou ficar em casa mesmo. Ainda preciso rever uns relatórios lá da empresa. (T) Aproveita bem a festa. Não é todo dia que a Azeites Queiroz faz um evento grande desses! (risos) Valeu! (desliga) 

A campainha toca. 

ROBSON: - Visita inesperada... 

Robson vai até a porta. Ao abrir, se surpreende ao ver Carol. 

ROBSON: - Você?!

CAROL: - Posso entrar?

ROBSON: - Se for para me atacar como da outra vez, pode dar meia volta e ir embora, garota.

CAROL: - Calma! Eu vim em paz!...

ROBSON: - Sua mãe sabe que você tá aqui?

CAROL: - Não. Minha mãe nem sonha que eu te procurei.

ROBSON: - Então eu acho melhor você sair...

CAROL: - Por favor! É importante... 

Robson hesita, mas deixa Carol entrar no apto. 

CAROL: - Eu vou ser breve, porque eu ficar me enrolando muito, eu acabo ficando nervosa e deixo de falar tudo o que eu preciso.

ROBSON: - Claro, como quiser... Então, o que você tem pra me dizer?

CAROL: - Primeiro, eu quero te pedir desculpas pelo o que aconteceu aqui no seu apartamento naquele dia. Eu estava muito nervosa, com raiva da minha mãe, por tudo o que eu descobri.

ROBSON: - Sua mãe não tem culpa de nada, Carol. Aconteceu.

CAROL: - Eu sei... Depois eu pensei melhor e vi que realmente, quando o coração da gente escolhe uma coisa, não tem como controlar.

ROBSON: - Exatamente... A gente não pode julgar.

CAROL: - E tem mais uma coisa que eu preciso te dizer, que vem a ter ligação justamente com isso...

ROBSON: - Com o coração? Sentimento?

CAROL: - Exatamente... Robson, eu acho que... Eu acho que estou gostando de você. 

Robson se surpreende com a revelação de Carol. 

CENA 14. GALERIA DE ARTE. INT. NOITE.

(sobe trilha “We Just Don't Care” – John Legend) A galeria de arte de Bartira está repleta de visitantes e fotógrafos, para a exposição de Jaqueline. Enquanto o público prestigia as obras, inspiradas nas pessoas e no cotidiano de Itaquera, a artista posa para fotos. (sobe trilha “We Just Don't Care” – John Legend)

CLAUDE: - Gente, a Jaque é realmente um sucesso! Olha quanta tela linda!

MONIQUE: - Bem que você podia comprar uma e colocar lá no restaurante, Claude. Ficaria divino.

CLAUDE: - Você me deu uma ótima ideia, Monique! Me ajuda a escolher uma! 

Os dois caminham por entre as pessoas na exposição, passando próximos de Carlos e Dalva. 

DALVA: - Eu já tinha ouvido falar nessa moça, Jaqueline Namura. Mas jamais poderia imaginar o quão talentosa ela é...

CARLOS: - Realmente, ela é uma artista e tanto. 

Neste instante, Bartira se aproxima do casal, acompanhada de Jaqueline. 

BARTIRA: - Jaqueline, eu quero te apresentar... Esses aqui são Carlos e Dalva. A Dalva é também artista plástica, uma das mais talentosas que eu já vi!

JAQUELINE: - Nossa, que maravilha! Muito obrigada pela presença de vocês aqui na minha exposição.

DALVA: - Eu queria te parabenizar pelas telas. São de uma sutileza incrível.

JAQUELINE: - A ideia era essa mesmo. Captar, de forma sutil, toda essa energia que é Itaquera, que é a zona leste.

CARLOS: - E por quê Itaquera?

JAQUELINE: - Eu queria fugir um pouco da minha redoma, sabe? Ouvi falar tanto da zona leste, mas sempre de forma depreciativa. Mas eu sempre acreditei que era impossível um bairro, uma região não ter nada de bom. Então decidi desbravar tudo o que podia. E encontrei uma maravilha, um bairro acolhedor, de gente batalhadora, um bairro de cultura, de expressão. E o resultado taí!

DALVA: - Nós moramos em Itaquera, mas em todos esses anos morando lá, eu nunca consegui ter esse olhar que você trouxe. Eu gosto do bairro e agora passei a gostar mais ainda!

JAQUELINE: - Que bom que consegui despertar esse sentimento em vocês!

BARTIRA: - Bem, vejo que estão se dando bem! Eu vou dar mais uma volta, ver se está tudo ok. Fiquem à vontade!

JAQUELINE: - Obrigada! 

Bartira se afasta. 

JAQUELINE: - E você, Dalva, está expondo seus quadros? Confesso que pouco ouvi falar de você.

DALVA: - É, eu andei um pouco afastada das artes, mas agora estou retomando. Em breve estarei fazendo uma nova exposição.

CARLOS: - A Dalva esteve expondo por muitos anos na Europa.

JAQUELINE: - Europa é incrível! Faz um tempinho que não faço trabalhos lá, mas acho genial... E quando você fizer sua exposição, eu quero ir hein!

DALVA: - Claro! Será convidada de honra! 

Jaqueline sorri, se afasta, quando de repente encontra Daniel. (sobe trilha “Sunday Morning” – Maroon Five) 

JAQUELINE: - Daniel...

DANIEL: - Eu não poderia deixar de vir aqui te prestigiar... 

Jaqueline sorri, os dois trocam olhares. Aos poucos vão se aproximando. 

BÁRBARA: - Eu também não poderia deixar de vir, né? 

(fade out trilha “Sunday Morning” – Maroon Five) Jaqueline fecha o sorriso, encara Bárbara, que se aproxima e coloca o braço sobre o ombro de Daniel. Usando um microvestido vermelho, Bárbara chama atenção pela beleza de seu corpo e seu jeito ousado. Logo, fotógrafos cercam Daniel e Bárbara. 

FOTÓGRAFA: - É o Daniel, nova contratação do Corinthians e sua namorada, Bárbara Silva!

JAQUELINE(surpresa): - Namorada?!

DANIEL: - Não, gente, não é isso!

BÁRBARA: - Pode assumir, Daniel! Não é preciso fazer segredo pra ninguém! 

Bárbara encara Jaqueline, debochada, enquanto posa para fotos. Jaqueline procura disfarçar sua tristeza, se afastando deles. Daniel repreende Bárbara.

DANIEL: - Para com essa história maluca de namoro, entendeu? A gente não tem nada, Bárbara! Não deveria nem ter me seguido!

BÁRBARA: - Vai querer negar nossa história agora? Quando tu era frangote lá no bairro me queria. Agora que tá grandão não quer? Quer ver eu fazer um sarandeio aqui na exposição?

DANIEL: - Não vai fazer nada...

BÁRBARA: - Então vem, vamos dar uma volta, ver esses quadrinhos feios que a japonesinha fez... E agora você é jogador de time grande, vai poder comprar um monte dessas coisas de arte. É chique, é fino... 

Jaqueline, num canto, seca as lágrimas para que ninguém veja. Bartira se aproxima. 

BARTIRA: - Você gosta desse rapaz, não gosta?

JAQUELINE: - Eu sou apaixonada por ele... Mas desse jeito, não dá pra levar, Bartira.

BARTIRA: - Calma, Jaque. Eu sei que dói, mas hoje é a sua noite. A exposição está sendo um sucesso. Estamos dividindo as atenções com a mega festa da família Queiroz. Não desanime. Eu sei que você ainda vai ser feliz. E esse moço está entre os motivos da sua felicidade, pode acreditar. 

Jaqueline sorri, meiga, abraça Bartira. 

JAQUELINE: - Obrigada!

BARTIRA: - Agora vem, tem jornalista da Argentina, do México e da Suíça querendo falar com você! 

As duas voltam para o salão, ainda cheio, movimentado. 

CENA 15. JOCKEY CLUB. SALÃO NOBRE. INT. NOITE. 

No salão nobre do Jockey Club, uma festa de requinte para o lançamento do novo azeite da Empresa Queiroz. Diretores, além de convidados, mulheres trajando longo e homens de ternos. Sofisticação na decoração, que mistura tons de verde, branco, amarelo e dourado. Um palco ao fundo do salão, exibe, num telão de led, imagens da produção do novo azeite, desde a colheita da oliva até a industrialização. 

Em uma das mesas, Ulisses, Santiago e Paula conversam. 

SANTIAGO: - Até cheguei a pensar que eles não fariam essa festa de lançamento, após a morte do Gurgel. Sinal de que os negócios da família não estavam centralizados na figura dele.

ULISSES: - De certa forma até estavam, só que eles conseguiram conduzir bem após o baque. Está sendo uma grande festa.

PAULA: - Adorei a decoração. De muito bom gosto.

SANTIAGO: - E Robson, por que não veio? 

Paula disfarça. 

ULISSES: - Eu liguei pra ele, mas ele disse que tinha uns relatórios para analisar, enfim... 

Ulisses troca olhares, cúmplices, com Paula.Num outro ponto do salão, Henrique e Lenara conversam. 

LENARA: - Que festa linda, meu amor!

HENRIQUE: - Linda está você! A mulher mais bonita desta festa, com certeza.

LENARA: - Mulher do presidente, preciso estar bem, à altura do que ele merece! 

Os dois trocam um beijo. Barreto se aproxima. 

BARRETO: - Desculpa atrapalhar o momento romântico do casal, mas Henrique, os jornalistas estão querendo uma palavra sua sobre o novo produto, a festa. Acho que podemos dar início ao discurso de apresentação.

HENRIQUE: - Claro, vamos! 

Henrique acompanha Barreto. Humberto se aproxima de Lenara. 

HUMBERTO: - E lá vai o presidente falar...

LENARA: - Seu irmão nasceu pra isso. Fala de forma brilhante.

HUMBERTO: - Mas convenhamos que é chato, não é? 

Lenara ri, sem jeito. 

HUMBERTO: - Não precisa ficar envergonhada. Pode concordar comigo. Essa festa toda, isso tudo é chato. Tá ok, o champanhe é bom, mas essa pompa toda é chata, esse protocolo...

LENARA: - Você está falando sério mesmo?

HUMBERTO: - Estou. E sei que no fundo você concorda comigo... Até o Henrique é chato.

LENARA: - Eu não acho...

HUMBERTO: - Óbvio que você não vai achar nada nele chato, muito menos vai dizer isso pra mim. Mas pode dizer, eu já não sou nada dele. Nem irmão sou mais... Mas como eu falei, você não precisa dizer, mas pode pensar. 

Henrique já no palco e faz seu discurso, diante o telão. 

HENRIQUE: - O nosso novo azeite extra virgem foi feito com as olivas de nossa fazenda do sul do estado. Nossa técnica agrícola é uma das mais avançadas do mercado... 

HUMBERTO: - Eu sei que você está com o Henrique pela grana também. 

Lenara muda postura diante dos dizeres de Humberto. 

LENARA: - Não estou entendendo onde você quer chegar com essa conversa, Humberto.

HUMBERTO: - Está entendendo sim... Eu sei que você é muito mais esperta do que isso. Ou você esqueceu que eu estava na festa do prêmio Designer Paulista? Eu sei o porquê que você não foi receber seu prêmio.

Num outro ponto, Ulisses, de sua mesa, observa um homem chegar acompanhado de Fernanda e sentando-se em outra mesa, do outro lado do salão.

ULISSES: - E quem é aquele senhor que chegou lá na outra mesa?

SANTIAGO: - Hans Shmidt, empresário alemão. Se não me engano, a empresa dele vendeu máquinas para a produção dos azeites. Por quê a pergunta?

ULISSES: - Nada não...

PAULA: - A moça que está com ele é muito bonita... Não acha, Ulisses?

ULISSES (sem jeito): - Sim, bonita mesmo...

LENARA: - Acho que a gente já pode parar a conversa por aqui.

HUMBERTO: - Tenho amigos influentes, e sabe como é, as pessoas se conhecem... E aí o Aroldo comentou com um amigo, que disse pra outro, pra outro até chegar aos meus ouvidos... Você é realmente ardilosa.

HENRIQUE: - Aprovado por todos os órgãos de fiscalização competentes, o novo azeite extra virgem da Empresa Queiroz também atende às exigências nutricionais para ser utilizado numa alimentação saudável...

LENARA: - Já chega desse seu comentário infame. Com licença.

Lenara vai saindo quando Humberto a segura pelo braço, discreto.

HUMBERTO: - Você é tão ambiciosa quanto eu. Eu sei que a gente pode fazer muito mais se unirmos forças... Vamos arrancar toda grana dessa família!

HENRIQUE: - Aplausos para o novo azeite Queiroz!

A imagem do produto surge no telão, sob os aplausos do público. Humberto solta o braço de Lenara. Os dois disfarçam, aplaudindo. Os aplausos cessam, porém, escuta-se apenas alguém aplaudindo. As pessoas procuram para ver de onde vem os aplausos, quando Donato vai entrando no salão, acompanhado de Liza.

LIZA (um tanto sem jeito): - Chega pai, acho que já deu de aplausos.

DONATO: - Bela apresentação! A nossa empresa está de parabéns!

Maria Alice, na mesa com Tarsila, se mostra chocada.

MARIA ALICE: - Esse desgraçado teve a audácia de aparecer aqui?!

TARSILA: - É muita provocação!

As pessoas olham para Donato, com estranheza, surpresas pela aparição dele.

DONATO: - O que foi gente? Até parece que não gostaram de me ver aqui...

Donato encara Maria Alice.

CENA 16. PORTUGAL. APTO JOAQUIM. INT. NOITE.

Joaquim abre a porta do apto e vê Raquel, com uma mala. Ela entra no apto dele.

JOAQUIM: - Raquel?! Mas o que é isso? Por que você está com essa mala?

RAQUEL: - Eu só vim me despedir, Joaquim.

JOAQUIM: - Como assim? Você vai embora?!

RAQUEL: - Sim. Eu estou voltando pro Brasil. 

Joaquim se surpreende com a revelação de Raquel.


novela de
Édy Dutra
 
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
 
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
 
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
 
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
 
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa

atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
 
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel

trilha sonora
  Negro Lindo – Léo Santana
Sunday Morning – Maroon 5
We Just Don't Care – John Legend
Ainda Bem – Marisa Monte

produção
 Bruno Olsen
 Diogo de Castro
 Israel Lima


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


 
REALIZAÇÃO



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