TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 16
CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR
JOAQUIM: - Raquel?! Mas o que é isso? Por que você está com essa mala?
RAQUEL: - Eu só vim me despedir, Joaquim.
JOAQUIM: - Como assim? Você vai embora?!
RAQUEL: - Sim. Eu estou voltando pro Brasil.
Joaquim se surpreende com a revelação de Raquel.
CENA 01. APTO JOAQUIM. INT. NOITE.
Continuação do capítulo anterior. Joaquim se surpreende com a revelação de Raquel.
JOAQUIM: - Como assim ir embora?! Me explica isso direito, Raquel!
RAQUEL: - Joaquim, eu pensei muito, muito mesmo... Eu não posso mais ficar aqui em Portugal.
JOAQUIM: - Bem que eu percebi que você estava estranha. Aconteceu alguma coisa que você não quer me dizer. Pois diga, Raquel. Eu quero saber!
RAQUEL: - Por favor, Joaquim, não me pergunte nada não. Eu não posso falar nada... Eu só quis vir aqui te dizer, porque acho que você merece saber. Você se tornou uma pessoa muito especial pra mim e eu não poderia ir embora sem me despedir.
JOAQUIM: - E você vai voltar para o Brasil assim, sem me dizer mesmo o porquê, sem nada? Difícil saber mesmo se eu sou especial pra você...
Raquel se aproxima de Joaquim, segura suas mãos.
RAQUEL: - Você é especial, sim, Joaquim...
JOAQUIM: - Mas é por causa do Henrique que você está voltando, não é?
Raquel desvia o olhar. Joaquim coloca a mão sobre seu queixo, vira o rosto de Raquel para de encontro ao seu. Os dois trocam olhares.
JOAQUIM: - E o meu amor por você? Como fica nessa história?
RAQUEL: - Eu não sei, Joaquim... Sinceramente, eu não sei...
Raquel se afasta. (sobe trilha “Tem que Ser Você” – Victor e Léo) Joaquim fica a observá-la. Raquel pega a mala, vai até a porta. Ela se vira, para olhar Joaquim, que continua a observá-la, com os olhos marejados. Raquel também, emociona-se.
RAQUEL: - Adeus, Joaquim!
Raquel vai embora. Joaquim não contém as lágrimas.
CENA 02. TÁXI. INT. NOITE.
Raquel, dentro de um táxi, enxuga as lágrimas.
RAQUEL: - Agora é enfrentar mais esse desafio na minha vida... Força Raquel! Força...
(fade out trilha “Tem que Ser Você” – Victor e Léo)
CENA 03. JOCKEY CLUB. SALÃO NOBRE. INT. NOITE.
A presença de Donato acaba gerando um certo mal estar na festa. Humberto se aproxima dele, o leva para um canto, junto com Liza. Do palco, Henrique ordena que a banda volte a tocar, para aliviar o clima tenso.
HUMBERTO: - Você não deveria ter aparecido!
DONATO: - A empresa é minha também, tenho parte nisto tudo!
LIZA: - Eu tentei detê-lo, mas não consegui.
HUMBERTO: - Vocês dois vão ir embora daqui agora!
DONATO: - Mas nem pensar!
HUMBERTO: - Você quer botar tudo a perder? O plano de pegar a grana? Aqui tem advogados, gente importante que podem prejudicar todo o processo vendo você assim, dando vexame na festa.
DONATO: - Eu não estou dando vexame!
Neste instante, Maria Alice se aproxima.
MARIA ALICE: - Ele vai ir embora sim, mas antes, nós vamos ter uma conversa.
Donato encara Maria Alice.
MARIA ALICE: - Liza, Humberto, o que estão esperando? Saiam, eu quero falar a sós com este homem.
Humberto e Liza se afastam. Maria Alice e Donato se encaram.
CENA 04. APTO ROBSON. INT. NOITE.
Robson se surpreende com a revelação de Carol.
ROBSON: - Espera aí garota... Você só pode estar brincando.
CAROL: - Eu jamais brincaria com algo tão sério assim, Robson. Eu vim até para dizer que estou gostando de você e isso é a mais pura verdade.
ROBSON: - Mas, a gente não pode, não é certo... Você falou disso com a sua mãe?
CAROL: - Eu já disse que não! Minha mãe nem sabe que eu estou aqui.
ROBSON: - Olha só, Carol, isso que você disse estar sentindo pode ser só um afeto, uma atração boba. A gente não tem nada a ver, o meu lance é com sua mãe e vai além de uma simples atração e (pausa)
CAROL (interrompe): - Para de me tratar como se eu fosse uma adolescente bobinha, Robson! (se aproxima) Não está vendo que eu já sou praticamente uma mulher?
Carol fica bem próxima de Robson, cara a cara com ele.
CAROL: - Uma mulher que pode te fazer feliz tanto quanto qualquer outra...
Carol beija Robson, que de início hesita, mas acaba se deixando levar pelo charme da garota. Os dois caem sobre o sofá, aos beijos.
CENA 05. GALERIA DE ARTE. INT. NOITE.
Jaqueline conversa com Claude e Monique. De longe, Daniel a observa, acompanhado de Bárbara.
MONIQUE: - Mas essa tal de Bárbara é uma sonsa mesmo, viu?
JAQUELINE: - Sonsa nada, Monique. Aquela lá é bem esperta... E o Daniel com ela. Ai que raiva!
CLAUDE: - Calma, Jaque! Não vai estragar sua noite por causa disso! A exposição é um sucesso. Deixa eles pra lá...
Daniel não tira os olhos de Jaqueline, Bárbara puxa o rosto dele levemente, encarando-o.
BÁRBARA: - Acho que já deu de ficar olhando a japonesa atrevida né? Agora eu estou aqui do seu lado, sou sua namorada oficial diante da imprensa e fica chato você ficar de olho em outras mulheres.
DANIEL: - Pode parar com esse papo chato, por favor? Esa história de namorada não vai colar por muito tempo.
BÁRBARA: - Claro que vai! Ainda mais agora que você vai ser a estrela corinthiana!
Carlos e Dalva se aproximam do casal.
CARLOS: - Dalva, este aqui é o Daniel, a grande aposta do Cortinthians para este ano. Eu que fiz as negociações.
DALVA: - Parabéns, Daniel! O Carlos falou muito bem de você, das suas jogadas, da sua habilidade com a bola nos pés.
DANIEL: - Oh, que isso! Muito obrigado, seu Carlos! Devo tudo isso à você.
BÁRBARA: - E a mim também, né, meu amor? Que estava o tempo todo ali, te incentivando, te mostrando o caminho certo a seguir. (beija Daniel) Meu tesouro!
DALVA: - Sua namorada é?
BÁRBARA: - A própria. Bárbara Silva, eleita por três vezes consecutivas a melhor rainha de bateria do carnaval de São Paulo.
DALVA: - Nossa, parabéns!... Eu queria tanto aprender a sambar, não sei dar um passinho se quer! (risos)
BÁRBARA: - É, olhando assim dá pra ter uma noção de que tu não tem a malemolência não, mas vai lá na escola de samba qualquer hora que eu te ensino... (a Daniel) Vem amor, vamos olhar mais um pouco dos rabiscos, quero dizer, das telas da Jaqueline.
Bárbara sai de mãos dadas com Daniel.
DALVA: - Bem expansiva essa namorada do Daniel, não?
CARLOS: - Essa daí é daquelas Maria-chuteiras profissionais... Daniel que abre o olho, porque essa aí é chave de cadeia!
CENA 06. JOCKEY CLUB. SALÃO NOBRE. INT. NOITE.
Henrique se aproxima de Lenara.
LENARA: - Gente, quem era esse cara que chegou aqui causando todo esse clima?
HENRIQUE: - Donato, irmão do meu pai. E pai do Humberto.
LENARA: - Pai do Humberto?
HENRIQUE: - É uma longa história... Agora me preocupa a mamãe querer ficar a sós com ele.
Na mesa, Tarsila e Barreto conversam.
BARRETO: - Esse Donato só sabe trazer confusão. Por pouco não termina com a festa.
TARSILA: - Tá na cara que esse homem voltou só pelo dinheiro da família. Não foi pela paternidade do Humberto não. Aliás, o Humberto está pouco se lixando para ele.
BARRETO: - Eu não sei não. Humberto anda muito estranho ultimamente. Na empresa, tem aparecido pouco, e tem sido visto em pequenos encontros com o Donato.
TARSILA: - É mesmo?
BARRETO: - É o comentário que rola na empresa...
Afastados do salão, Maria Alice e Donato conversam.
MARIA ALICE: - A nossa conversa agora será definitiva, Donato. Eu não quero mais saber de você envolvido em qualquer coisa que diga respeito à minha família, entendeu?
DONATO: - Alice... Às vezes você parece tão esperta, tão segura. Mas no fundo é tão bobinha. Você sabe muito bem que eu estou aqui por causa da minha empresa.
MARIA ALICE (firme): - A empresa não é sua! Nunca foi! Deixe de bobagem, Donato!
DONATO: - Pare você de ficar negando a verdadeira história! Você mais do que ninguém sabe que fui eu quem emprestou dinheiro pro Gurgel para que ele pudesse criar tudo isso aqui. Ele não tinha nada, Alice! Gurgel foi mesmo um baita de um esperto, porque na primeira oportunidade que teve, me mandou pra bem longe!
MARIAALICE: - Você lave essa boca suja para falar do meu marido! Ele era um homem maravilhoso, e eu o amava muito!
DONATO: - Seu marido, seu marido... Agora é fácil falar do seu maridinho querido, que você amava ele. Mas você, por um acaso, chegou a falar pra ele das cartas de amor que nós trocávamos?
Maria Alice fica sem reação.
DONATO: - Pelo seu silencio, eu acredito que não... Que coisa estranha, hein, Alice? Você e o Gurgel formavam um casal tão lindo! Parecia nunca ter havido segredo entre vocês e justo você, a dona da verdade, escondia que trocava cartas de amor com o cunhado!
Maria Alice dá um tapa no rosto de Donato.
MARIA ALICE: - Você é um homem sujo, Donato! Eu me arrependo até os dias de hoje por ter um dia me apaixonado por você. Graças a Deus, eu abri meus olhos a tempo de não cometer a maior burrice da minha vida, que seria ter me casado contigo.
Donato encara Maria Alice, sério.
MARIA ALICE: - Agora vá embora daqui. Você não é bem-vindo nesta festa, nesta família.
DONATO: - Mesmo a família também sendo minha, eu vou respeitar a sua vontade, Alice. Mas saiba que, logo logo, eu estarei pegando tudo o que é meu por direito. E aí eu quero ver aonde você vai colocar essa sua empáfia toda.
Donato se retira do salão. Maria Alice suspira, num misto de alívio e cansaço. Atrás dela, Liza se aproxima.
LIZA: - Dona Maria Alice?
MARIA ALICE(vira-se): - Liza...
LIZA: - Meu pai foi embora?
MARIA ALICE: - Foi.
LIZA: - A senhora quer que eu me retire também?
MARIA ALICE: - Não, Liza. Pode ficar. Eu sei que você não compartilha dessa loucura do seu pai, felizmente. Pode ficar na festa, a não ser que queira ir com ele. A escolha é sua.
LIZA: - Eu agradeço, dona Maria Alice. Obrigada. Eu vou ficar.
MARIA ALICE: - Então venha, tem lugar na minha mesa. Sente-se conosco.
Enquanto isso, em sua mesa, Paula, discretamente, envia uma mensagem pelo seu celular para Robson. CAM foca no visor do aparelho.
HOJE NÃO DEU, MAS AMANHÃ NOS VEREMOS DE NOVO. BEIJO DA SUA AMADA. PAULA.
Paula envia.
SANTIAGO: - Que tanto que você mexe nesse telefone, Paula. Depois reclama que eu não consigo desligar dos compromissos.
PAULA: - Só estava falando com a Carol, querido. Perguntando se está tudo bem com ela. Preocupação de mãe.
SANTIAGO: - Carol está ótima, está em casa, bem cuidada. Não sei porquê ela não quis vir.
ULISSES: - Os jovens hoje quase não acompanham os pais nos compromissos mais formais.
SANTIAGO: - Ouso dizer que nem nos mais informais...
CENA 07. APTO ROBSON. INT. NOITE.
Robson e Carol aos beijos no sofá, quando o telefone dele sinaliza a chegada de uma mensagem. Robson se afasta de Carol, pega o celular e lê a mensagem de Paula.
CAROL: - Deixa o telefone pra lá, vem pra cá, vem...
ROBSON: - A gente não pode continuar, Carol. Você precisa ir embora.
CAROL: - Mas por quê?! Você não está com cara de quem não estava gostando...
ROBSON: - Não disse isso, eu gostei, só que não é certo. A gente não pode ir além.
CAROL: - Foi a minha mãe, não é? Foi ela que mandou mensagem pra você...
ROBSON: - Foi.
CAROL: - Tudo bem, eu entendi. (levanta-se do sofá, pega a bolsa) Eu não vou desistir fácil de você, Robson. Pode ter certeza.
Carol vai embora do apto de Robson, que se mostra dividido.
ROBSON: - E agora, o que eu faço? A mãe ou a filha?!
CENA 08. JOCKEY CLUB. SALÃO NOBRE. INT. NOITE.
Na mesa, Henrique, Lenara, Maria Alice, Humberto e Liza. Humberto não tira os olhos de Lenara, que procura disfarçar.
LENARA: - Eu vou até o toalete.
Lenara levanta-se da mesa e sai. Humberto a segue com os olhos.
HENRIQUE: - O que tem achado de São Paulo, Liza?
LIZA: - A maior cidade que eu já vi na minha vida!... Mas estou gostando. Até já arrumei um emprego.
MARIA ALICE: - É mesmo?! Que bom!
LIZA: - Comecei a pouco, mas estou gostando muito.
HUMBERTO: - A conversa está muito empolgante, mas eu vou cumprimentar uns fornecedores lá no outro lado. Com licença.
Humberto se levanta e vai em direção aonde Lenara foi. Disfarçando, ele sai para fora do salão e é abordado por ela.
LENARA: - Já chega de ficar me encarando na mesa! Quase que o seu irmão percebe!
HUMBERTO: - O Henrique nunca vai perceber qualquer coisa entre nós dois, a não ser que você diga.
LENARA: - Não há nada entre nós dois e nem vai haver!
HUMBERTO: - Essa atitude que você está tendo, é atitude de quem pensa pequeno. De quem quer remar numa pequena canoa tendo um iate à disposição para desbravar o oceano. Acorda, Lenara! Primeiro a gente pega o dinheiro da família, depois a gente foge daqui. Europa, Estados Unidos, Austrália...
LENARA: - Eu não preciso roubar o dinheiro da família. Eu estarei casada com o Henrique, já irei usufruir de tudo isso.
HUMBERTO: - Não se ele descobrir que a futura esposa dele é capaz de dormir com um empresário para ganhar um prêmio importante. Cheio dos bons princípios que ele é, acho que ele não iria casar com uma pessoa assim. Não acha?
LENARA: - Você está me chantageando, Humberto?
HUMBERTO: - Estou te dando a opção da escolha... (aproxima-se dela, sussurra em seu ouvido) Eu sei que você vai fazer a escolha certa.
Humberto se afasta, encara Lenara, sorri, sacana.
HUMBERTO: - Nós vamos nos dar muito bem, Lenara. Melhor do que você imagina.
Humberto sai.
LENARA: - Droga! Agora esse encosto no meu pé!...
Num outro ponto, Fernanda caminha pelo salão quando é abordada por Ulisses.
ULISSES: - Trabalhando, Fernanda?
FERNANDA (surpresa): - Ulisses?!
ULISSES: - Pelo visto você não largou essa vida não.
FERNANDA: - O que eu faço da minha vida só diz respeito a mim.
ULISSES: - Quem é aquele cara que está com você?
FERNANDA: - Não te interessa! Para de ficar me controlando! E não me segue, por favor.
ULISSES: - Por que não? O cliente pode não gostar, é isso?
FERNANDA: - É! É isso sim! O cliente pode não gostar e eu ficar numa pior.
ULISSES: - Mas eu sempre vou estar aqui para te amparar, seja na situação que for!
Ulisses segura a mão de Fernanda. Os dois trocam olhares.
ULISSES: - Fernanda, eu te (pausa)
FERNANDA (interrompe / soltando-se): - Eu preciso ir, Ulisses.
Fernanda se afasta, apressada. Ulisses a observa ir, em meio aos demais convidados da festa.
Lenara retorna à mesa. Humberto já está sentado.
MARIA ALICE: - A festa está linda.
HENRIQUE: - Eu proponho um brinde para a gente comemorar.
Todos na mesa erguem suas taças. Humberto encarando Lenara.
HENRIQUE: - Eu brindo ao sucesso da nossa empresa. Que nada nem ninguém abale esse momento grandioso que nós estamos vivendo agora.
HUMBERTO: - Eu também quero brindar!... Aos novos ares que teremos daqui pra frente. Com certeza, será um grande momento, de muitas parcerias e de conquistas.
Eles brindam. CAM abre o plano. Mostra o salão nobre repleto de pessoas, a banda tocando no palco, a festa rolando com todo seu glamour e requinte.
CENA 09. TRANSIÇÃO DO TEMPO.
São Paulo ao amanhecer. Vista aérea da cidade, na linha horizontal. Ao fundo, o sol nascendo, iluminando os grandes prédios. (sobe trilha “We Just Don't Care” – John Legend)
CENA 10. AEROPORTO. INT. DIA.
Raquel desembarca no aeroporto e avista Jaqueline. Raquel deixa sua mala e se apressa para abraçar a amiga. As duas se abraçam fortemente, emocionadas. Não dizem nada uma a outra, apenas o contato do abraço.
(rola trilha “We Just Don't Care” – John Legend)
CENA 11. TAKES SÃO PAULO
Mostra o Parque do Ibirapuera, a Rua 25 de Março, a Praça da Sé, a movimentação da Avenida Paulista.
CENA 12. APTO RAQUEL. INT. DIA.
(fade out “We Just Don't Care” – John Legend) Raquel já em seu apto, sentada no sofá ao lado de Jaqueline.
JAQUELINE: - Confesso que eu fiquei assustada com a sua ligação na madrugada! Eu tinha acabo de chegar da exposição e você me ligando naquela hora...
RAQUEL: - Eu não tinha pra quem ligar, amiga. Desculpa.
JAQUELINE: - Imagina, Raquel! O que importa é que você está aqui. Mas eu fiquei mesmo foi curiosa pra saber porque você não queria o pessoal todo junto lá pra te receber no aeroporto. Nem a Lenara, já que somos amigas.
RAQUEL: - Pois então, Jaque. A Lenara está dentro do contexto de toda essa minha volta para o Brasil.
JAQUELINE: - Pensei que você fosse voltar só mais próximo do casamento, que aliás, está sendo produzido em tempo recorde.
RAQUEL: - Eu também pensei que voltaria mais tarde, mas não tive como ficar em Lisboa... Aconteceu uma coisa muito séria lá e, a Lenara acabou envolvida nessa história toda que eu nem sei como resolver.
JAQUELINE: - Ai amiga, está me deixando preocupada! Fala logo o que foi?
RAQUEL: - Você chegou a conhecer o Henrique, o noivo da Lenara?
JAQUELINE: - Sim, eu sei quem é. Não tivemos muito contato pois a gente se viu sempre muito rápido. Eu estava trabalhando demais pra fazer a exposição... Mas o que tem ele?
RAQUEL: - O Henrique, Jaque, é o cara com quem eu me envolvi lá em Lisboa.
Jaqueline se surpreende.
JAQUELINE: - O Henrique?! Mas como assim, Raquel?!
RAQUEL: - Ele estava lá, fazendo curso de agronomia, para ajudar nos projetos da empresa da família dele.
JAQUELINE: - Sim, a família Queiroz, da produção de azeite.
RAQUEL: - E nós estudávamos no mesmo lugar, acabamos nos conhecendo e nos apaixonando.
JAQUELINE: - Raquel! Eu tô chocada!
RAQUEL: - Mas aí o pai dele faleceu e ele teve que voltar para o Brasil. Depois disso, nós perdemos contato. E quando a Lenara me chamou para ser madrinha do casamento e me mandou a foto dele, eu fiquei perplexa! Jaque, eu amo o Henrique mais que tudo nesse mundo!
JAQUELINE: - Mas isso é loucura! Agora ele vai casar com a Lenara! Será que ele sabe que vocês duas são amicíssimas?
RAQUEL: - Não sei!... Mas é muita loucura. Mas não só isso que me fez voltar. Tem ainda um ponto central nessa história toda.
JAQUELINE: - Fala logo Raquel, porque eu já estou tendo um troço aqui no sofá!
RAQUEL: - Eu estou grávida. Grávida do Henrique.
Jaqueline se choca.
JAQUELINE: - Raquel! Ai meu Deus, amiga! Eu não sei nem o que dizer!
RAQUEL: - Foi por isso que eu voltei,Jaque. O Henrique precisa saber disso. Não posso esconder isso dele. Muito menos da Lenara, que é a minha amiga.
JAQUELINE: - Amiga! Quanta coisa você passou sozinha lá em Portugal!
Jaqueline abraça Raquel.
JAQUELINE: - Agora você está aqui, eu estou do seu lado, tá? A gente vai conseguir resolver essa história da melhor maneira possível.
RAQUEL: - Assim eu espero,Jaque. Mas com certeza, um de nós três, entre eu, o Henrique e a Lenara, vai sair sofrendo nessa história.
JAQUELINE: - Calma... Não pensa nisso agora. Você precisa mesmo é descansar dessa viagem. Aproveita que tá em casa, toma um banho, come alguma coisa...
RAQUEL: - Antes disso, eu quero rever o Claude, a Monique, o pessoal lá do restaurante. Estou com uma saudade deles!
JAQUELINE: - Bom, se é assim, eu te dou uma carona até lá. Assim a gente já aproveita e come por lá também.
RAQUEL: - Ótimo!
CENA 13. ALOJAMENTO ITACLUBE. QUARTO. INT. DIA.
Daniel arruma suas coisas no quarto do alojamento, coloca roupas na mala. Marcelo entra no local, para na porta, surpreso ao ver Daniel. Aos poucos, se aproxima de Daniel.
DANIEL: - É Marcelão, chegou a hora.
MARCELO: - A sua hora... Pensei até que já estivesse fora daqui.
DANIEL: - Eu vim pegar as minhas coisas. Logo logo você também vai estar fazendo o mesmo.
MARCELO: - Logo logo quando, Daniel? Quando se lembrarem que eu existo?
DANIEL: - Tudo tem sua hora, Marcelo. Você é um baita de um jogador, tem tudo pra dar certo, brother!
MARCELO: - E porquê você e não eu, Daniel? Anda, me fala? O que é que você tem que eu não tenho!
DANIEL: - Marcelo, você é meu amigão cara, te considero um irmão. Mas essa sua inveja é muito ruim. Ninguém vai longe desse jeito.
MARCELO: - Não é inveja. É o sentimento de injustiça. Era eu quem dava os passes para você fazer o gol aqui no campo. Eu que levava a bola lá do fundo para os teus pés lá na frente. Eu que armava as jogadas! Eu! Eu! E agora quem é que vai para o estrelato do futebol? Você! Acha isso justo?
DANIEL: - Eu acho que cada um fez a sua parte, irmão! Não tem essa de injustiça!
MARCELO: - Fala pra mim, Daniel, fala... O que você fez para ser escolhido, fala?
DANIEL: - Eu não fiz nada, Marcelo! Tá maluco?
MARCELO (provocador): - Pode falar... Aquele tal de Carlos tem uma cara de oportunista. Fala aí pra mim, o que você fez? Ofereceu sua namoradinha pra ele? A Bárbara? Ela é outra que é capaz de qualquer coisa pra aparecer!
Daniel dá um soco em Marcelo, que cai sobre a cama.
DANIEL: - Cala essa sua boca, Marcelo!
MARCELO: - Vai ser desse jeito que você vai se comportar no vestiário do clube? Brigando com os colegas?
DANIEL: - Se algum deles vier falar qualquer tipo de bobagem, como você está dizendo, será assim, desse jeito que a coisa vai acontecer.
Daniel fecha sua mala, encara Marcelo.
DANIEL: - De coração, irmão... Humildade sempre. Só assim você vai chegar aonde quer.
Daniel sai do quarto. Marcelo, com a mão no rosto, fica pensativo.
CENA 14. QUADRA UNIDOS DA ZONA LESTE. INT. DIA.
Sentados numa mesa próximos do palco da quadra da escola de samba, Jair conversa com Leopardo.
JAIR: -Você sabe que eu não sou favorável À sua presença aqui dentro da quadra, não é?
LEOPARDO:- Não se preocupa, Jair. Hoje eu vim em paz. Aliás, como eu tinha te dito antes, vim te propor um negócio.
JAIR: - Que tipo de negócio?
LEOPARDO: - Eu sei que a escola este ano tá passando por um momento difícil, que precisa de investimento pra colocar o próximo carnaval na rua. As concorrentes estão firmes e fortes aí! Vai-Vai, Mocidade Alegre, Rosas de Ouro, até a vizinha aqui, a Nenê.
JAIR: - A gente está tentando buscar mais parceiros, mas está difícil. E o Darci, o carnavalesco, só quer materiais caros! Estou enlouquecendo!
LEOPARDO: - Pois então, mano, se tu quiser, eu posso ajudar a escola, dando um gás pro carnaval.
JAIR: - Quando você diz ‘dando um gás’, você quer dizer...
LEOPARDO: - Grana, presidente. Grana alta. Tu sabe que eu sou um empresário conhecido aqui.
JAIR: - Empresário é? Sei... Escuta aqui, seu jaguatirica...
LEOPARDO: - É Leopardo, mano! Leopardo!
JAIR: - Seu Leopardo, eu não quero seu dinheiro sujo aqui na minha escola não. Nós aqui somos honestos, está ouvindo?
LEOPARDO: - Deixa de bobagem, presidente! Dinheiro é dinheiro, poxa! Vai querer ver a escola no grupo de acesso então?
JAIR: - Claro que não! Eu ralei muito para levar a escola pro especial. Pro acesso eu não volto!
LEOPARDO: - Mas se ficar do jeito que está, a escola volta rapidinho... Pensa bem, presidente, eu só estou te oferecendo uma parceria. Não se preocupa que essa grana eu nem vou pedir de volta. Eu cresci nessa escola também, eu só quero ajudar.
JAIR: - Com certeza você não vai pedir a grana de volta, mas vai querer algo em troca.
LEOPARDO: - Claro, senão não seria uma parceria.
JAIR: - E o que você quer em troca, Lepardo?
LEOPARDO: - Eu ajudo a escola com a grana e em troca, eu quero a Aimée, a minha deusa de ébano, reinando sozinha à frente da bateria.
JAIR (surpreso): - Como é que é? Você está propondo que eu tire a Bárbara e coloque a Aimée à frente da bateria, é isso?
LEOPARDO: - Não é uma simples troca, presidente... Pensa na grana, no carnaval dos sonhos que você vai fazer! No título que a comunidade vai ganhar!...
Jair fica pensativo.
LEOPARDO: - Então, aceita a minha proposta?
CENA 15. HMÓVEIS. SALA ROBSON. INT. DIA.
Robson está em sua sala quando Paula entra de surpresa.
ROBSON: - Paula?!
Paula se aproxima de Robson, os dois se beijam.
PAULA: - Eu soube que o Santiago teria uma reunião fora e então eu vim aqui pra ver você, antes do nosso encontro mais à noite. Estava morrendo de saudade!
Os dois se beijam.
ROBSON: - Ei, calma Carol, alguém pode entrar aqui e ver a gente assim.
Paula se afasta, surpresa.
PAULA: - Carol?!
ROBSON: - O que foi?
PAULA: - Você me chamou de Carol, Robson.
ROBSON: - Eu? Não, você entendeu errado, Paula.
PAULA: - Eu entendi e foi muito bem!...Por que, Robson? Você esteve com a minha filha?
Paula encara Robson, esperando uma resposta.
CENA 16. RESTAURANTE GOURMET PAULISTA. RECEPÇÃO / SALA CLAUDE. INT. DIA.
Lenara e Henrique conversam com Claude no restaurante.
LENARA: - Eu falei para o Henrique que fazia questão do bufê do restaurante e ele topou.
HENRIQUE: - Queremos o melhor da gastronomia paulistana no nosso casamento.
CLAUDE: - E eu fico muito feliz pelo convite e aceito com certeza!
LENARA: - Não é um simples convite, Claude. Nós estamos contratando os serviços do restaurante.
CLAUDE: - Eu sei, Lenara. E podem ter certeza que se depender de mim, será o melhor bufe de casamento que esta São Paulo já viu!
Enquanto isso, Jaqueline e Raquel chegam na recepção. Liza as recebe.
LIZA: - Olá!
JAQUELINE; - Oi! O Claude e a Monique estão aí?
LIZA: - Estão sim. O senhor Claude está em reunião na sala dele.
JAQUELINE: - Nós só vamos dar uma passadinha pra dar um oi pra ele. Não é nada importante a reunião, é?
LIZA: - Não, nada não. Podem ir.
JAQUELINE: - Já pode separar uma mesa pra nós duas?
LIZA: - Claro, separo sim.
RAQUEL: - Você é nova aqui, não é?
LIZA: - Sim. Me chamo Liza, a nova recepcionista.
RAQUEL: - Prazer, Liza. Eu sou a Raquel.
LIZA: - Então você é a famosa Raquel! Nossa, seu Claude fala tanto de você! Prazer em conhecê-la!
RAQUEL: - Obrigada! E você, bem-vinda ao melhor restaurante de são Paulo!
Jaqueline e Raquel seguem em direção à sala de Claude. Ao chegar no corredor, Claude abre a porta e Lenara e Henrique vão saindo do local.
LENARA (surpresa): - Raquel!
Raquel se surpreende ao ver Henrique e Lenara. Henrique fica sem reação diante da presença de Raquel. Os dois trocam olhares. (sobe trilha “I Look To You” – Whitney Houston)
Édy Dutra
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa
atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel
Tem Que Ser Você – Victor e Léo
We Just Don't Care - John Legend
I Look To You – Whitney Houston
produção
Bruno Olsen
Diogo de Castro
Israel Lima
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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