TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 18
CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR
HENRIQUE: - A gente vai dar um jeito nisso. Com o tempo, a Lenara vai entender toda essa história.
RAQUEL: - Será? Vai ser muito frustrante, Henrique... A Lenara está apaixonada por você!
HENRIQUE: - Mas é você quem eu amo, Raquel! Eu amo você!
Henrique beija Raquel, apaixonado. Os dois escutam os aplausos dramáticos de Lenara, na porta da sala.
LENARA (aplaudindo/irônica): - Até quando vocês iriam me esconder essa droga toda?!
RAQUEL (surpresa): - Lenara! O que você está fazendo aqui?
LENARA: - Cala essa boca, sua falsa! Agora eu sei o real motivo da sua volta. Foi pra ficar com o meu noivo, sua vagabunda!
Lenara encara Raquel.
CENA 01. JOCKEY CLUB. SALA. INT. DIA.
Continuação do capítulo anterior. Lenara flagra Henrique e Raquel.
HENRIQUE: - Lenara, fica calma, eu posso explicar tudo!
LENARA: - Fica quieto, Henrique! Não preciso de explicação nenhuma! Está tudo muito claro na minha mente... A Raquel, minha melhor amiga, querendo ficar com o meu noivo!
RAQUEL: - Lenara, a história não é simplesmente assim.
LENARA (grita): - É sim!
Lenara tenta conter as lágrimas. Henrique se aproxima dela, para abraçá-la, mas Lenara se esquiva.
LENARA: - Sai daqui, agora, Henrique.
HENRIQUE: - Mas eu (pausa)
LENARA: - Eu quero falar a sós com a minha... (encara Raquel) Amiga.
HENRIQUE: - Lenara, eu acho melhor (pausa)
RAQUEL: - Deixa, Henrique. A gente tá precisando mesmo conversar.
Henrique hesita um pouco, mas acaba saindo da sala.
RAQUEL: - É bom a gente não demorar muito. Estão todos lá fora esperando pelo seu casamento, se é que vai sair mesmo o casamento.
LENARA: - E por que não sairia?
RAQUEL: - Depois do que você viu aqui, eu pensei que (pausa)
LENARA: - Você acha mesmo que eu vou entregar o Henrique de mão beijada pra você, Raquel? (ri, debochada) Nem nos meus piores pesadelos isso aconteceria. Você é uma falsa, uma invejosa, que voltou só para pegar o Henrique de mim, mas escuta aqui... Isso não vai acontecer, nunca!
RAQUEL: - Eu e o Henrique nos conhecemos bem antes disso tudo, Lenara. Lá em Portugal.
LENARA: - Então você é a mulher que fez ele sofrer feito cachorro de rua, é isso?! Mas é muita cara de pau sua, Raquel, voltar e querer corrigir o erro, levando ele de mim, que o amparei quando você o fez chorar rios!
RAQUEL: - Tudo não passou de um engano, Lenara. O Henrique sabe que eu não tive culpa de nada.
LENARA: - Você sempre se fazendo de santinha, de vítima. Pra cima de mim não, Raquel. Te conheço muito bem.
RAQUEL: - Conhece mesmo? Se você me conhecesse de verdade, saberia que eu seria incapaz de trair uma amiga desse jeito. Eu só estou aqui porque tudo isso é verdade e é sério.
LENARA: - Já chega! Eu não quero ouvir a sua voz, sua vagabunda!
RAQUEL: - Lenara!
LENARA: - Eu quero você fora do meu casamento, está ouvindo? Fora!
Lenara parte para cima de Raquel, lhe acertando um tapa no rosto. Raquel se apoia sobre uma mesa que está próxima da parede. Lenara continua sua agressão, puxando o cabelo de Raquel e acertando mais um tapa no rosto da moça, que cai no chão. Lenara a encara. Raquel chora.
LENARA: - Não adianta chorar, sua vadia... A partir de hoje, qualquer coisa que você tentar fazer para separar o Henrique de mim, você vai se ver comigo. Eu te destruo, Raquel! Agora vai embora daqui, piranha! Vagabunda!
Lenara sai da sala. Raquel, aos poucos, se levanta. Seu vestido está sujo e o canto de sua boca revela um pequeno corte, sangrando. Raquel chora, entristecida.
CENA 02. JOCKEY CLUB. ENTRADA. INT. DIA.
Maria Alice encara a mulher à sua frente. Humberto a questiona.
HUMBERTO: - Quem é essa mulher, mãe, fala?
MARIA ALICE: - Essa mulher é uma golpista, Humberto. Vamos embora.
MULHER: - Eu não acredito que você vai fazer isso comigo, Alice... Eu vim especialmente para a festa do seu filho, um dia tão especial.
MARIA ALICE: - Justamente por ser especial, você não deveria ter aparecido! Vá embora! (a Humberto) Venha comigo, agora, Humberto! Vamos logo!
Maria Alice se afasta. Humberto a segue, sem antes olhar para a tal mulher, que o encara na porta do clube.
MULHER: - É Alice... Sempre com medo de perder. Mas agora chegou a minha vez. Me aguarde...
CENA 03. JOCKEY CLUB. SALÃO NOBRE. INT. DIA.
Maria Alice e Humberto retornam ao salão.
HUMBERTO: - Por que você não me disse quem é aquela mulher? Qual é o seu medo? O que você está me escondendo?
MARIA ALICE: - Já chega, Humberto! Eu não quero falar sobre isso! Hoje é o dia do seu irmão, vamos deixar essa história pra lá, por favor!
Henrique se mostra um tanto apreensivo. Jaqueline se aproxima dele.
JAQUELINE: - Onde está a Raquel?
HENRIQUE: - Ficou na sala com a Lenara.
JAQUELINE (surpresa): - Como é que é?! Com a Lenara?!
HENRIQUE: - Pior que eu já estou arrependido de ter deixado as duas lá... A Lenara viu o nosso beijo.
JAQUELINE: - Meu Deus, Henrique!
HENRIQUE: - Acho que eu vou voltar lá e tentar fazer alguma coisa!
Henrique segue em direção à porta, quando Lenara surge, surpreendendo a todos.
HENRIQUE: - Lenara!
LENARA: - O que foi, Henrique? Ia fugir do casamento, meu amor? Agora é um pouco tarde demais pra isso, não acha?
HENRIQUE: - O que foi que aconteceu? Onde está a Raquel?
LENARA: - A Raquel tomou vergonha na cara e não vai participar da cerimônia.
HENRIQUE: - Como é que é?
LENARA: - Isso mesmo que você ouviu... (fala alto, aos convidados) Atenção pessoal, vai começar a cerimônia. Aos padrinhos, peço que fiquem nos locais demarcados. Vamos começar o casamento!
CLAUDE: - Mas, onde está a Raquel, meu par?
LENARA: - Desculpa, Claude, mas você não poderá mais ser o padrinho. A Raquel teve um probleminha e foi embora. Eu sinto muito. Mas os padrinhos agora serão apenas Barreto e Tarsila, Jaqueline e Humberto.
MARIAALICE: - Lenara, que história é essa?!
LENARA: - Agora eu não tenho tempo, sogrinha. Vamos logo com isso gente! Esse vestido é quente, não dá mais pra ficar muito tempo com ele.
Os convidados um tanto surpresos com a atitude da noiva, se organizam para a cerimônia. Jaqueline e Humberto ficam juntos, assim como Tarsila e Barreto. Henrique se posiciona ao lado de Lenara e vai entrando com ela pelo salão. À frente deles, Otávio segue com um pequeno cesto, jogando pétalas de rosas pelo tapete onde os noivos vão passar. Os dois conversam entredentes, enquanto se encaminham para o pequeno altar onde o juiz de paz os aguarda.
HENRIQUE: - Vocês brigaram não é?
LENARA: - E você queria o que? Aquela piranha estava tentando tirar você de mim, mas ela nunca vai conseguir. Você é meu Henrique. Pra sempre.
Tarsila conversa com Barreto, discretamente.
TARSILA: - Aconteceu mesmo alguma coisa para a Raquel não participar. Alguma coisa grave. Eu vi quando ela chegou no salão. Ir embora assim, de repente...
BARRETO: - Vá saber. É uma pena. Ela e a Lenara são tão amigas.
TARSILA: - Será que brigaram?
Barreto dá de ombros.
JAQUELINE: - Elas brigaram, com certeza...
HUMBERTO: - Mas por quê brigariam? Não são tão amigas?
JAQUELINE: - São... Ou eram...
Lenara e Henrique chegam ao altar. Otávio fica ao lado de Maria Alice. Por entre os convidados, Stefany tira várias selfies.
NUNO: - Ei, acho que já deu né, Stefany?
STEFANY: - Meu querido, eu estou no casamento do ano! Meus seguidores precisam ver isso.
Nuno olha o celular, impaciente.
STEFANY: - Ela não respondeu a sua mensagem não?
NUNO: - Ainda não. Faz uns dias que ela não fala comigo.
STEFANY: - Vai ver o traficante prendeu a Aimée num cativeiro.
NUNO: - Isso é coisa que se brinque, Stefany?
STEFANY: - Tá bom, desculpa. Ah, desencana, Nuno. Daqui a pouco ela aparece de novo e fala com você.
NUNO: - Assim espero... Se bem que eu to pensando em sair daqui da festa e ir lá pra Itaquera atrás dela.
STEFANY: - Você tá louco?! A mãe te mata!
NUNO: - Morrer eu vou de qualquer jeito, seja pelas mãos da nossa mãe ou pela saudade que eu estou da Aimée.
CENA 04. JOCKEY CLUB. EXT. DIA.
Caminhando do lado de fora do Jockey, na calçada, Raquel chora, entristecida. Ao fundo, Claude aparece, chama por ela.
CLAUDE: - Raquel!
Raquel para, vira-se para ele. Claude se aproxima, a abraça. Raquel chora nos braços de Claude.
CLAUDE: - O que foi que aconteceu, Raquel?! A Lenara disse que você teve um problema e que teve que ir embora, ficou todo mundo sem entender! O casamento tá rolando lá dentro.
RAQUEL: - Foi horrível, Claude...
CLAUDE: - Horrível o quê?
RAQUEL: - A Lenara flagrou eu e o Henrique juntos.
CLAUDE: - Você e o Henrique? Mas... Raquel, não me diga que vocês...
RAQUEL: - Eu e o Henrique já nos conhecíamos de antes... Lá de Portugal.
CLAUDE: - Não acredito. É verdade isso?
RAQUEL: - É verdade, Claude. Nós estávamos apaixonados um pelo outro, até que ele teve que voltar, a gente perdeu contato e quando a Lenara me disse que iria se casar com ele, eu fiquei sem chão. (chora)
CLAUDE: - Calma, amiga, não chora... Faz assim, vamos lá pra casa, você se acalma, a gente conversa... Vem, vamos.
Claude sai abraçado com Raquel.
CENA 05. HOSPITAL. QUARTO DALVA. INT. DIA.
Dalva está deitada na cama do hospital, respirando com a ajuda de aparelhos. Ela está dormindo. Carlos sentado no sofá em frente à cama, olhando para ela. Dalva está com aparência abatida, muito magra. De repente, Cássio entra no quarto.
CÁSSIO: - Como é que ela tá?
CARLOS: - Está dormindo agora... Os médicos conseguiram salvá-la de uma parada respiratória.
CÁSSIO: - Que inferno isso!
CARLOS: - Agora não adianta a gente ficar lamentando. O que a gente precisa é rezar para que ela fique bem logo!
CÁSSIO: - Se eu estivesse perto dela quando tudo isso aconteceu...
CARLOS: - Agora você quer chorar? Nunca deu a mínima para a sua mãe.
CÁSSIO: - Não fala isso!
CARLOS: - Cássio... Você sempre foi um irresponsável, nunca se importou com nada! E agora quer se redimir? Você precisa é tomar jeito na vida, tentar, pelo menos tentar, dar algum motivo de orgulho pra sua mãe, pra ela ter pelo menos uma ponta de felicidade!
CÁSSIO: - Olha quem falando em felicidade, o cara que viu ela se afundar mas não ajudou porque estava muito ocupado cuidando dos seus jogadores de futebol. Você só pensa em dinheiro, pai!
CARLOS: - Dinheiro esse que você gasta com essas porcarias que fuma e cheira e que só trazem desgraça!
De repente, a enfermeira entra no quarto, séria.
ENFERMEIRA: - Por favor! Isso aqui é um hospital! Respeitem!
CARLOS: - Desculpe...
ENFERMEIRA: - Na próxima vez vou ter que pedir para que vocês deixem o local.
CARLOS: - Não será preciso. Mais uma vez, nos desculpe.
A enfermeira sai do quarto. Cássio se aproxima de Dalva, acaricia o seu rosto. Dalva permanece dormindo.
CÁSSIO: - Mãe... Eu sei que você vai sair dessa. Vai dar tudo certo.
CARLOS: - Você também poderia sair dessa, Cássio. Faça isso não só por você, mas pela sua mãe também.
Cássio encara Carlos, se afasta de Dalva e vai embora. Carlos fica pensativo.
CENA 06. JOCKEY CLUB. INT. DIA.
Lenara e Henrique trocam alianças. Lenara, sorridente. Henrique tentando esconder o seu constrangimento diante dela.
HUMBERTO: - Engraçado. O Henrique não parece tão feliz hoje.
JAQUELINE: - E certamente ele não está.
HUMBERTO: - O que você quis dizer?
JAQUELINE: - Nada não... Pensei alto...
JUIZ: - Pode beijar a noiva.
Henrique e Lenara trocam olhares.
LENARA: - Este é o dia mais feliz da minha vida. Nada e nem ninguém separa você de mim agora.
Lenara se aproxima, beija Henrique, que não corresponde. Ela se afasta, o encara.
HENRIQUE: - Depois de tudo o que aconteceu e você ainda se casou comigo.
LENARA: - Isso só prova o meu amor por você. Agora vamos curtir a nossa festa. Hoje é o nosso dia!
Lenara segura a mão de Henrique, vira-se para os convidados e sorri. Os aplausos ecoam pelo salão. Os padrinhos são convidados a assinar o livro de testemunhas.
Enquanto isso, Nuno vai saindo escondido do salão, quando é flagrado por Stefany.
STEFANY: - Você já vai? Não vai nem cumprimentar os noivos?
NUNO: - Eu não posso ficar mais tempo aqui, Stefany. Eu preciso ir atrás da Aimée.
STEFANY: - Ai, mano, por favor, não vai se meter em confusão!
NUNO: - Você não vem comigo?
STEFANY: - Tá louco? De perder toda essa festa, champanhe e gente bonita? Obrigada! Boa sorte lá! E qualquer coisa, me liga!
Nuno vai embora.
No altar, Humberto cumprimenta Henrique.
HUMBERTO: - Felicidades na sua vida, Henrique.
HENRIQUE: - Muito obrigado, meu irmão, por você ter aceito ser meu padrinho mesmo diante das nossas desavenças com relação à empresa e (pausa)
HUMBERTO: - Eu pensei em desistir sim, mas isso só traria ainda mais discórdia... Acho que já fiz a minha parte de bom ser humano por hoje. Seja feliz.
Humberto abraça Henrique e segue para cumprimentar Lenara. Os dois se encaram.
HUMBERTO: - Posso abraçar a minha afilhada de casamento?
LENARA: - Claro.
Humberto abraça Lenara, sussurra em seu ouvido.
HUMBERTO: - Que delícia sentir o seu perfume, te tocar...
LENARA (sussurra): - Já chega, por favor.
HUMBERTO: - Já estou até imaginando nós dois sozinhos.
LENARA (se afasta): - Muito obrigada pela presença, Humberto.
Humberto sorri, sacana e sai do altar, caminhando em direção à porta do salão. Ele passa pela mesa de Donato, que o observa. Enquanto segue para a saída, Humberto é parado por Maria Alice.
MARIA ALICE: - Aonde você vai, Humberto?
HUMBERTO: - Vou pra casa, mãe.
MARIA ALICE: - Pra casa? Mas por quê? Não vai ficar para a festa do seu irmão?
HUMBERTO: - Já fiz muita coisa pelo Henrique hoje. Estou cansado. Agora eu vou pra casa. E não precisa se preocupar, eu estou bem. Só não estou com saco para festa de casamento hoje.
Humberto sai. Maria Alice fica a observá-lo e se afasta. Donato, na mesa, se levanta.
LIZA: - Aonde você vai, pai?
DONATO: - Acho que vou embora.
LIZA: - Já?!
DONATO: - É... Me deu vontade.
LIZA: - Mas pai, agora que vai começar a festa, vai ser servido o bufê.
DONATO: - Coma você então, Liza, porque eu vou indo embora. Tchau.
Donato sai da mesa e segue apressado para a saída.
CENA 07. JOCKEY CLUB. EXT. DIA.
Humberto vai saindo do Jockey em seu carro quando Donato bate na janela do carona. Humberto baixa o vidro.
DONATO: - Vai saindo filho?
HUMBERTO: - Não, vou curtir a festa daqui de dentro do carro mesmo. Claro que eu vou embora.
DONATO: - Poderia dar uma carona para o seu pai, não?
HUMBERTO: - Se você me chamar de filho de novo eu vou fazer o favor de jogar esse carro todo em cima de você, sem dó nem piedade. Nunca que eu vou ser filho de um cara como você.
DONATO: - Falando assim parece que me despreza, mas não esquece que você herdou de mim esse sangue de ambição, de ganância e sede pelo poder. Temos muita coisa em comum, meu filho, quero dizer, Humberto. (entra no carro) Vamos nessa agora.
Humberto sai do pátio do Jockey com o carro e pega a rua, quando avista a tal mulher que queria entrar na festa. Ela ainda está parada em frente ao Jockey. Humberto para o carro próximo.
DONATO: - O que foi?
HUMBERTO: - Eu preciso falar com aquela mulher.
DONATO: - Que mulher?
HUMBERTO: - Aquela ali parada logo em frente.
Humberto desce do carro e caminha em direção à mulher. Donato, de dentro do carro, se surpreende ao vê-la.
DONATO: - Essa não... Não pode ser!
Humberto se aproxima da mulher.
MULHER: - Não precisa me mandar embora, eu já estou saindo mesmo.
HUMBERTO: - Eu não vim mandar você embora. Aliás, eu nem viria falar com você, mas é que me intrigou essa situação toda. A Maria Alice conhece você e você a conhece, tanto é que disse que é da família. Quem é você afinal?
Donato se aproxima dos dois.
DONATO: - Finalmente nos reencontramos, Vilma.
VILMA: - Donato... Quantos anos!
DONATO: - Algumas décadas.
HUMBERTO(a Donato): - Você também a conhece?
DONATO: - E muito bem... Essa mulher é a sua verdadeira mãe, Humberto. Vilma.
Humberto fica surpreso com a revelação. Ele encara Vilma. Ela permanece impassível diante do olhar dele.
HUMBERTO: - Vilma... Então é você a minha mãe biológica.
VILMA: - Sim, sou eu.
HUMBERTO: - E age assim, como se nada tivesse acontecido? Você tem noção de tudo o que essa mentira criada por vocês causou?
VILMA: - Por vocês não! Pela Alice e pelo Gurgel, aquele orgulhoso...
HUMBERTO: - Eu não posso acreditar nisso. É muita coisa para um dia só. Eu posso saber que diabos você veio fazer aqui, dona Vilma?
VILMA: - Exigir o que é meu por direito! Grana, dinheiro, money, bufunfa!
DONATO: - Essa aí é mais ligeira que o vento!
VILMA: - A convivência contigo me ensinou muita coisa, Donato.
DONATO: - Convivência comigo, fala sério. Ficamos poucas vezes. Você era rameira, mulher da vida. Só queria saber de homem rico.
VILMA: - Eu precisava pensar no meu futuro oras!
HUMBERTO: - Pelo amor de Deus, vocês não vão ficar discutindo o passado de vocês dois aqui.
DONATO: - Uma conversa bem família, eu diria.
HUMBERTO: - Já chega...
Humberto vai até o carro.
VILMA: - Acho que ele vai embora.
DONATO: - Não! Ele precisa me dar uma carona! Estou num hotel do outro lado da cidade!
VILMA: - Hotel é? Posso saber com que dinheiro?
DONATO: - Não é da sua conta.
Humberto retorna, entrega um papel para Vilma.
HUMBERTO: - Aí está o endereço do meu apartamento. Aparece lá hoje à noite. Eu quero saber tudo sobre essa história de vocês. Do Gurgel, da Maria Alice, do Donato, de você... Esse nó todo que virou a minha vida depois que vocês dois começaram a aparecer.
VILMA: - Pode deixar que eu irei sim, Humberto. Com certeza.
HUMBERTO: - O fato de não me chamar de filho já te faz ganhar pontos comigo.
VILMA: - Nunca quis ser mãe. Te chamar de filho nem combina comigo.
Humberto a encara. Volta para o carro.
DONATO: - Humberto, me espera! Eu vou junto!
Os dois entram no carro. Humberto quieto, pensativo.
DONATO: - Essa mulher é uma cobra, Humberto! Abre o olho com ela!
HUMBERTO: - Não se preocupa que eu já estou grande e vacinado.
DONATO: - Só estou te alertando. Eu sei bem o que eu to falando.
Humberto liga o carro e parte. O carro passa por Vilma, que fica observando.
CENA 08. ARENA CORINTHIANS. INT. DIA.
Torcedores estão presentes na Arena Corinthians para prestigiar a apresentação de Daniel. A Fiel está na arquibancada, fazendo cânticos com muita animação.
No corredor, a caminho do campo, Daniel está acompanhado de Macedão e Rosa.
MACEDÃO: - Que orgulho, Daniel! Hoje é a tua estréia e logo logo você já vai estar em campo jogando pelo Coringão!
DANIEL: - To nervoso, professor...
ROSA: - Não precisa ficar nervoso, meu filho! Vai dar tudo certo! Estou rezando por você.
Daniel beija Rosa.
(sobe trilha “Partida de Futebol” – Skank)
Daniel, Rosa e Macedão entram no gramado. Fogos de artifício explodem. Os torcedores vibram. Daniel acena para todos. Em seguida, sobe no pequeno palco montado no meio do campo, onde recebe a camisa 10 do clube para vestir; Ele a veste, mais fogos explodem. Com a bola nos pés, Daniel faz algumas embaixadinhas e joga a bola para o público, que vibra.
De baixo, Rosa e Macedão observam Daniel, felizes.
ROSA: - Que Deus continue sempre iluminando os caminhos do meu filho.
MACEDÃO: - Amém!... Ele merece mesmo, todo sucesso do mundo!
Daniel acena para o público, posa para fotos.
(fade out “Partida de Futebol” – Skank)
CENA 09. QUADRA UNIDOS DA ZONA LESTE. INT. DIA.
A quadra da escola de samba está lotada. Muita gente para prestigiar o evento da coroação da nova rainha da bateria. A bateria faz seu aquece na frente do palco, vestindo as camisetas que estampam o rosto de Aimée.
No camarote da presidência, Aimée, Jair e Leopardo observam a festa.
JAIR: - Eu nunca vi essa quadra tão lotada!
LEOPARDO: - Também pudera né, presidente! A nova rainha é adorada por todos na comunidade!
JAIR: - E será uma bela rainha, sem sombra de dúvidas!... Bom, eu vou indo lá para dar início a coroação!
Jair se afasta. Aimée observa a festa, séria, calada. Leopardo se aproxima.
LEOPARDO: - E então, minha preta. Tá gostando da sua festa?
AIMÉE: - Essa festa não é minha. Não é pra mim, eu já disse isso pra você.
LEOPARDO: - Não sei porque você insiste em dizer que isso não é pra você. Aimée, o sonho de toda passista é brilhar na frente da bateria e eu estou te proporcionando isso. O que é que há de errado nessa historia toda?
AIMÉE: - Você comprou o cargo. Isso é que está errado. E de quebra, destruiu a minha amizade com a Bárbara.
LEOPARDO: - Aquela nojentinha? Você merece coisa melhor, amizades melhores. Se ela fosse sua amiga, ia estar aqui, te aplaudindo. Pra você ver como ela também não ia com a sua cara.
AIMÉE: - Você não sabe o que está dizendo. É ridículo isso tudo.
LEOPARDO (segura Aimée pelo braço, firme): - Você nem pensa em desistir, ta legal? Senão você já sabe o que acontece.
AIMÉE: - Vai me bater?
LEOPARDO: - Claro que não... Mas posso dar um susto nos seus amiguinhos lá do centro comunitário. Sabe como é, acidentes podem acontecer.
AIMÉE: - Por que você faz isso comigo?
LEOPARDO: - Não faço nada, minha preta... Eu só amo você. Tudo o que eu faço é por amor.
Aimée se solta, vira-se para a quadra, continua olhando a festa, quando, de repente, percebe a chegada de Nuno. Ele, lá embaixo, procura por ela, quando a avista no camarote. Aimée abre um sorriso, misto de alegria e alívio. Nuno também sorri pra ela, quando percebe que Leopardo está junto dela no camarote. Leopardo percebe o sorriso de Aimeé e tenta buscar o que está acontecendo, mas não vê nada.
LEOPARDO: - Tá rindo do quê? Ou melhor, pra quem?
AIMÉE: - Pra ninguém, oras! Nem sorrir eu posso mais é?
LEOPARDO: - Pode, claro que pode... Só pensei que (pausa)
AIMÉE: - Não pensa nada, Leopardo. Não pensa...
Aimée sai do parapeito do camarote. Leopardo se aproxima, fica olhando, procurando, até que percebe Nuno o encarando lá de baixo. Os dois ficam a se encarar por um instante, até que Nuno segue caminhando por entre as pessoas, fazendo Leopardo o perder de vista. Nuno encontra Igor na festa.
IGOR: - Cara, você demorou! Pensei que tivesse se perdido!
NUNO: - O casamento lá demorou um pouco, tive que fazer um tempo ainda...
IGOR: - E tua irmã, não veio contigo?
NUNO: - Acha que a Stefany vai perder festa de rico pra vir na escola de samba da periferia?
IGOR: - Pelo menos pra me ver, talvez...
NUNO: - Tira o cavalinho da chuva, brother. Minha irmã é uma patricinha de carteirinha...
IGOR: - Mas eu não desisto não... E você, já falou com a Aimée?
NUNO: - Ela ta lá no camarote com aquele bandido.
IGOR: - Eu ainda acho que não é uma boa você tentar falar com ela hoje, aqui, meu irmão. Os capangas do Leopardo estão todos aí, de bituca.
NUNO: - Nada vai me impedir de chegar perto dela, Igor. Nada.
Enquanto isso, Zuleica e bárbara chegam na quadra da escola. Elas avistam Keylla Mara e senta-se à mesa com ela.
KEYLLA MARA: - Juro que achei que você não viria, Bárbara.
BÁRBARA: - Acha mesmo que eu ia perder isso tudo? Chorei tudo o que tinha que chorar já, Keylla Mara. Agora eu quero é dar a volta por cima.
ZULEICA: - É assim que se fala, minha filha!
BÁRBARA: - Esse reinado da Aimée já começou errado. Quem dá rasteira, um dia também cai. E eu quero estar assistindo tudo isso, de credencial lá no Anhembi.
KEYLLA MARA: - Você já sabe o que vai fazer pro próximo carnaval?
BÁRBARA: - Ainda não sei...
ZULEICA: - Eu tenho uma amiga que é da Unidos de São Lucas, a gente pode ver pra você ser musa lá, filha.
BÁRBARA: - Tá louca, mãe? São Lucas nem na TV aparece!... Eu sou musa de escola grande, grupo Especial!... Vou falar com umas parceiras minhas lá da Pompéia, comunidade da Águia de Ouro. Ou até mesmo na Rosas, na Tom Maior... Uma coisa é certa. Sem desfilar eu não fico!
CENA 10. CASA SANTIAGO. INT. DIA.
Santiago está no escritório de casa, quando Paula entra no local.
PAULA: - Eu vou até o shopping fazer umas compras, não demoro.
SANTIAGO: - Tudo bem.
Paula vai saindo, quando Santiago a chama.
SANTIAGO: - Paula, espera.
Paula se vira, aguardando Santiago.
SANTIAGO: - A gente precisa conversar.
PAULA: - Precisamos?
SANTIAGO: - Sim, precisamos. Sente-se aqui.
Paula senta-se à mesa, em frente a Santiago.
PAULA: - O que foi Santiago?
SANTIAGO: - Pode parecer que eu esteja desligado do mundo daqui de casa, das questões da nossa família. Mas tem coisas que não tem como não perceber.
PAULA (disfarça): - Eu não sei do que você está falando, querido.
SANTIAGO: - Nem desconfia?
PAULA: - Não...
SANTIAGO: - O que está acontecendo entre você e a Carol?
Paula hesita em responder.
SANTIAGO: - Eu percebi que a amizade de vocês duas deu uma estremecida. E das grandes. Vocês eram tão amigas, tão confidentes... Agora praticamente não dividem o mesmo espaço na casa. O que há?
PAULA: - Não há nada, Santiago. É impressão sua.
SANTIAGO: - Não me faça de bobo, Paula... Eu sei que tem alguma coisa entre vocês. E se você não me contar, eu vou perguntar para a Carol para saber.
PAULA: - Não tem nada mesmo, Santiago, estou te falando... Talvez seja essa fase adolescente da Carol, sei lá. Às vezes os jovens gostam de ficar mais sozinhos, enfim.
SANTIAGO: - Sei...
PAULA: - Olha só, querido, não se preocupa, ta? Eu e a Carol estamos nos dando muito bem. Só estamos com outras atividades, outras prioridades momentâneas. Mas esse carinho de mãe e filha sempre continua.
SANTIAGO: - E o carinho pelo pai da sua filha. Continua também? (encosta sua mão sobre a mão de Paula)
PAULA: - Sempre.
Paula sorri para Santiago, levanta-se e vai saindo, quando ele a chama novamente.
SANTIAGO: - Paula?
PAULA: - Mais alguma coisa, querido?
SANTIAGO: - Meu beijo... Já que o nosso carinho continua para sempre. Nada melhor do que celebrá-lo então.
Paula, um tanto sem jeito, se aproxima de Santiago e o beija, um selinho, casto. Sorri, e vai embora. Santiago fica pensativo.
CENA 11. IBIRAPUERA. EXT. DIA.
(sobe trilha “We Just Don't Care” – John Legend)
Mostra imagens gerais do parque do Ibirapuera. Muitas pessoas passeiam pelo local, crianças brincam, aproveitando o dia de sol. Sentados no gramado, com uma toalha e uma cesta de piquenique, Carol e Robson curtem o dia. (fade out trilha “We Just Dont Care” – John Legend)
ROBSON: - Sabe há quanto tempo eu não fazia isso? Anos!
CAROL: - É mesmo? Passear, curtir o parque, nada?
ROBSON: - Nada... Totalmente voltado pro trabalho. E pra academia, que faço à noite. Não abro mão do exercício físico. Mas assim, relaxar ao ar livre, ver as crianças brincando, os donos passeando com seus cachorros, essa pouco de vida. Isso fazia tempo.
CAROL; - Vou pedir para o meu pai diminuir a sua carga de trabalho. Assim você tem mais tempo para aproveitar o dia e também ficar comigo! (risos)
ROBSON: - Nem brinca com uma coisa dessas, Carol. Não sei qual pode ser a reação do seu pai quando souber do nosso lance.
CAROL: - Meu pai é tranqüilo.
ROBSON: - Não parece lá na empresa.
CAROL: - É porque lá é o local de trabalho, precisa mesmo ter uma postura mais séria... O pior já passou.
ROBSON: - Como assim, o pior já passou? Tá falando do quê?
CAROL: - Da minha mãe. O problema todo dessa história é ela. Mas assim que a gente oficializar o nosso namoro pra todo mundo, ela vai largar do nosso pé. Pode apostar.
Robson se cala, pensativo.
CAROL: - Eu vou comprar um sorvete, você quer?
ROBSON: - Não obrigado.
CAROL: - Fica aqui com as coisas, eu já volto!
Carol beija Robson e sai. Robson fica pensativo, quando Ulisses, que fazia corrida, se aproxima.
ULISSES: - Que milagre é esse, parceiro?! Você aproveitando o dia no Ibirapuera?!
ROBSON: - Pra você ver como andam as coisas!
ULISSES: - Tá sozinho? Não né! Pergunta idiota a minha. Quem é que ta aí com você? A mulher do chefe?
ROBSON: - Pior que não, Ulisses. Está a filha dela, a Carol.
ULISSES: - Robson! Cuidado com essa história rapaz! Isso não termina bem, você sabe.
ROBSON: - Mas é que eu estou envolvido, poxa... A Carol está me trazendo um gás de juventude muito bom... só que ao mesmo tempo eu estou sentindo falta da maturidade da Paula, da mulher de verdade, sabe?
ULISSES: - Não, não sei. Essa confusão toda na qual você se meteu só aumenta, pelo o que eu posso ver.
ROBSON: - Mas eu vou dar um jeito, pode deixar... E você, se exercitando um pouco?
ULISSES: - É, tentando também aliviar um pouco a cabeça. Tanta coisa acontecendo nos últimos dias...
ROBSON: - Chegou a conversar com a Lenara sobre a história do Otávio?
ULISSES: - E você acha que a dona Lenara iria parar a vida dela para cuidar do filho?... Há essa hora ela deve estar se esbaldando no casamento.
ROBSON: - Era hoje é?!
ULISSES: - Sim, era. Lá no Jockey Club... Coitado do noivo, mais um trouxa pra lista dela. Mas ela que me aguarde. Se a coisa não se endireitar, eu vou pedir a guarda do Otávio pra mim. Não dá mais pra ficar do jeito que está.
ROBSON: - Pensa tudo com calma, Ulisses... Não esquece que o Otávio é uma criança ainda.
ULISSES: - Pois é, eu sei... Bom, vou indo nessa, nos falamos no escritório!
ROBSON: - Tá certo. Boa corrida!
Ulisses se afasta, segue seu exercício, enquanto Robson permanece no local, observando o parque, as pessoas.
CENA 12. JOCKEY CLUB. INT. DIA.
Liza está sozinha na mesa, quando Monique se aproxima.
MONIQUE (puxando a cadeira): - Posso?
LIZA (surpresa): - Claro!
Monique senta-se ao lado de Liza.
MONIQUE: - Eu vi que você estava sozinha, resolvi te fazer companhia.
LIZA: - Muito gentil da sua parte. Obrigada.
MONIQUE: - De onde você conhece a família do noivo?
LIZA: - Na verdade, eu faço parte da família. Sou prima dele. Nossos pais eram irmãos.
MONIQUE: - Nossa, não sabia!
LIZA: - Nem eu sabia direito. Descobri a pouco tempo.
MONIQUE: - E onde está o seu pai?
LIZA: - Já foi pra casa. Na verdade, foi atrás do meu irmão, do Humberto. Aposto que foram falar sobre negócios, dinheiro. Só disso que eu meu pai sabe falar, desde que a gente chegou em São Paulo.
MONIQUE: - Bom, então agora a gente fica juntas, pra nenhuma ficar sozinha... Eu estava com o Claude, mas ele também foi embora.
LIZA: - Você sabe o que aconteceu com a outra madrinha?
MONIQUE: - Não sei, mas também gostaria de saber...
Num dos pontos da festa, Jaqueline aborda Lenara.
JAQUELINE: - Pode falar, Lenara. O que aconteceu entre você e a Raquel?
LENARA: - Nada demais, Jaque. Eu não quero falar sobre esse assunto. Vamos curtir a festa, que está maravilhosa!
JAQUELINE: - Mas eu quero falar com você sobre isso e agora. Vamos, fala!
LENARA: - Tá legal. A Raquel é uma vabagunda, sem vergonha, que estava dando em cima do meu noivo e eu vi, bem na hora. Eu dei uns bons tapas na cara daquela falsa, que era o que ela merecia e pronto. Ela não teria a cara de pau de assistir a cerimônia, até porque eu não deixaria. Por isso que ela foi embora. Pronto, foi isso que aconteceu.
JAQUELINE: - Meu Deus, Lenara! Você bateu na Raquel?!
LENARA: - Bati. E se for preciso, bato de novo, pra ela aprender a não tentar roubar o marido das outras. E você abre o olho, porque ela pode fisgar o seu jogadorzinho também.
Lenara se afasta, deixando Jaqueline sozinha.
Numa das mesas, Maria Alice se mostra um tanto apreensiva. Henrique se aproxima.
HENRIQUE: - O que foi, mãe? Parece preocupada.
MARIA ALICE: - Eu? Imagina, meu filho. Não é nada não...
HENRIQUE: - O Humberto já foi, não é?
MARIA ALICE: - Já sim...
HENRIQUE: - Queria que ele tivesse aproveitado um pouco mais da festa com a gente.
MARIA ALICE: - Você sabe como é seu irmão. Depois daquela história toda, ele não se sente mais na família, o que é um grande erro... Ainda mais com o Donato falando bobagens pra ele.
HENRIQUE: - Não vamos pensar nos problemas agora. Vamos curtir a festa, este dia especial.
MARIA ALICE: - Tem razão, meu filho. Vamos aproveitar esse dia especial, porque você merece, toda felicidade deste mundo!
Enquanto isso, Tarsila fica aflita ao saber que Nuno foi atrás de Aimée.
TARSILA; - E você deixou ele sair?!
STEFANY: - Amarrar o Nuno no pé da mesa eu não iria conseguir, mãe...
TARSILA: - Mas isso é um absurdo!
Barreto se aproxima.
BARRETO: - O que foi gente?
TARSILA: - O Nuno, Barreto! Ele foi atrás daquela favelada!
STEFANY: - Não fala assim, mãe! A moça é tão legal...
TARSILA: - Moça... Faz-me rir, Stefany. Aquela lá não é moça nem aqui nem na China!... O Nuno só pode estar ficando louco, arriscando a própria vida pra ficar do lado de uma picareta, que só quero o dinheiro dele! O nosso dinheiro!
BARRETO: - Calma, Tarsila, por favor!... Agora não temos o que fazer. Logo mais ele está de volta.
TARSILA: - Ou não, Barreto. Ou se voltar, pode voltar machucado, baleado. Tem de tudo naquele buraco chamado Itaquera!
STEFANY: - Nossa mãe! Agora você se superou... Vou até pra pista dançar porque ficar aqui ouvindo você falar essas baboseiras todas, me deixa louca!
(sobe trilha “Fica Só Olhando” – Anitta)
A música começa a tocar na pista. Henrique e Lenara dançam. Stefany se aproxima, começa a dançar também. Henrique puxa Stefany para o centro da pista. Todos em volta começam a observá-la, admirados. Stefany dança o stiletto, com passos ousados, sensuais, fazendo caras e bocas. CAM abre o plano, mostrando a pista de dança com Stefany ao centro, dando show.
CENA 13. CASA CLAUDE. INT. DIA.
(sobe trilha “Fica Só Olhando” – Anitta)
Raquel conversa com Claude, sentados no sofá da casa dele.
CLAUDE: - Que história, hein, minha amiga!...
RAQUEL: - Pois é, Claude. E olha que quando eu embarquei no avião aqui rumo à Lisboa, eu não esperava que fosse viver tudo isso.
CLAUDE: - E o rapaz lá que você deixou em Portugal, o Joaquim? Você tem falado com ele?
RAQUEL: - Não, não falei mais...Desde que eu cheguei aqui no Brasil de volta, eu não consigo parar de pensar em outra coisa senão neste filho que eu estou esperando do Henrique.
CLAUDE: - O Henrique sabe deste filho?
RAQUEL: - Sabe. Eu falei pra ele hoje. Tomei coragem e contei tudo.
CLAUDE: - E mesmo assim ele se casou com a Lenara?!
RAQUEL: - Não é tão simples assim, Claude. Olha o quanto de gente que estava lá no salão para ver o casamento. A mãe dele, amigos... Desistir de tudo não seria fácil mesmo. E mais a Lenara ainda, imagina o choque!... Eu amo o Henrique, muito! Mas eu sei que pra ele é complicado.
CLAUDE: - Mas agora como é que vai ser, você e o Henrique? E essa criança? E mais a Lenara, louca!...
RAQUEL: - Não sei, Claude... Eu só sei que eu preciso tocar minha vida. Não posso ficar esperando as coisas caírem do céu.
CLAUDE: - E o que você quer dizer com isso?
RAQUEL; - Eu já tinha um dinheirinho guardado, de uma poupança que eu ia fazendo. Eu vou usar essa grana pra investir no meu próprio restaurante.
CLAUDE: - Raquel, isso é maravilhoso!
Claude e Raquel se abraçam.
CLAUDE: - E você pode contar comigo para o que você precisar, ouviu? Terei o maior prazer em te ajudar nessa empreitada!
RAQUEL: - Que bom, meu amigo. Obrigada pela força, pelo ombro amigo pra chorar, por tudo mesmo.
CENA 14. UNIDOS DA ZONA LESTE. INT. DIA.
No palco da quadra da escola, Aimée recebe a faixa e a coroa de rainha da bateria, das mãos de Jair. A bateria faz o rufar dos tambores, para saudar sua nova soberana. Aimée, sorridente, vai até a beira do palco, agradece, sob os aplausos calorosos do público. De longe, Bárbara a olha com inveja, desgosto.
Aimée é levada por Jair até à frente da bateria, comandada por Candinho.
CANDINHO: - Bem-vinda minha rainha!
AIMÉE: - Obrigada, mestre! Vamos fazer um belo trabalho.
CANDINHO: - Eu não tenho dúvidas!
Nuno fica próximo, para ver a apresentação de Aimeé. Leopardo está no camarote, observando tudo. Candinho dá o comando da bateria, que começa a tocar. Aimée começa a sambar, sob os aplausos do público. Os olhos de Aimée encontram os de Nuno.
(sobe trilha “Mulher” – Projota)
Aimée, sambando, se aproxima de Nuno, que se encanta com ela. Leopardo, do camarote, vê a cena e fica atônito. Cássio chega no camarote.
CÁSSIO; - Foi mal aí, chefe, demorei pra chegar porque fui no hospital ver a minha mãe e (pausa)
LEOPARDO (interrompe): - Não me interessa, Cássio! Desce comigo agora! Tenho que dar um jeito num mané que ta de olho na Aimée!
CÁSSIO: - É sério?!
LEOPARDO: - Vem logo!
Aimée e Nuno ficam bem próximos, sorrindo um para o outro, enquanto Leopardo e Cássio caminham por entre as pessoas, abrindo espaço até a área do show. Aimée e Nuno estão cara a cara, prestes a se beijar, quando Leopardo se aproxima e empurra Nuno. (corta trilha “Mulher” – Projeta) O público se assusta. A bateria para de tocar. Cássio se aproxima, afastando Aimée de Leopardo e Nuno.
LEOPARDO (encara Nuno): - O que é brother?! O que tu quer aqui, meu irmão?
AIMÉE: - Para Leopardo, deixa ele!
LEOPARDO (encara Aimeé): - Fica na tua, preta! O assunto aqui é de homem pra homem!
JAIR: - Jaguatirica, por favor!
CÁSSIO: - É Leopardo, presidente!
JAIR: - Sem confusão aqui na quadra!
LEOPARDO; - Eu só quero saber o que esse mané ta querendo aqui na nossa escola... Todo engomadinho...
Igor se aproxima de Nuno.
IGOR: - Sujou, cara, vamos embora!
NUNO: - Não vou embora, não, Igor. Eu vou ficar.
IGOR: - Tá louco?!
LEOPARDO: - Ih, quer dizer que o mané é valente?
NUNO: - Não sou nenhum mané não, cara.
LEOPARDO: - Ah não é não? Então tu é o quê, brother. Me explica.
NUNO: - Sou é homem. E muito mais homem que você, que se esconde atrás dessa figura aí de poderoso, mas não sabe nem tratar uma mulher como se deve, com respeito e amor.
Leopardo não gosta dos dizeres de Nuno.
LEOPARDO: - Mas tu é muito abusado hein, playboy! Sabe o que a gente faz com caras desse teu tipo aí? A gente dá uma lição neles pra eles nunca mais pisarem aqui cantando de galo. Por que quem manda aqui não é ave nenhuma. É o leopardo!
Leopardo empurra Nuno, que cai no chão, mas se levanta rapidamente. Em seguida, Nuno tenta empurrar Leopardo, mas este se defende e acerta um soco em Nuno, que cai no chão novamente.
AIMÉE: - Nuno! Não!
ZULEICA: - Sabia que isso não ia dar certo!
BÁRBARA: - Até em briga a Aimée ta envolvida...
KEYLLA MARA: - Gente, a coisa ta séria mesmo!
Leopardo levanta Nuno e rasga sua camisa. Nuno consegue se soltar. Jair e Candinho se metem.
JAIR: - Já chega! Já chega!
CANDINHO (a Igor): - Ei parceiro, leva teu amigo daqui, senão a coisa fica pior!
IGOR (puxa Nuno): - Vem cara, vamos embora!
Nuno vai saindo, sendo levado por Igor. Seus olhares encontram os de Aimée, marejados.
JAIR: - E você, Leopardo, por favor, contenha-se! Nossa escola é um lugar de família e não de brigas e confusões!
LEOPARDO: - Eu sei presidente, isso não vai mais acontecer.
JAIR: - Assim espero.
Jair se afasta. Leopardo se aproxima de Aimée, a encara. Aimée o olha séria, calada.
LEOPARDO: - Ninguém vai se aproximar de ti, preta. Tu é minha e acabou... (a Cássio) Vem, Cássio, vamos voltar pro camarote. Quero ver o final do show.
AIMÉE: - Não vai ter mais show. Você acabou com tudo, Leopardo! Com tudo!
Aimée se afasta. Cássio pensa em ir atrás dela, mas Leopardo o impede.
LEOPARDO: - Deixa ela ir... Outra hora eu acalmo a fera... (a Candinho) Toca ficha mestre, não deixa a festa esfriar.
Candinho dá o comando para a bateria, que volta a tocar, para tentar animar o clima da festa.
CENA 15. TRANSIÇÃO DO TEMPO.
Imagens de SP ao anoitecer. Mostra as rodovias da cidade, iluminadas, a Avenida Paulista, os arranha-céus com as luzes acesas.
CENA 16. HOTEL LUXO. QUARTO. INT. NOITE.
Henrique entra com Lenara nos braços, na suíte de um hotel de luxo. Ele a coloca no chão, próxima da cama.
LENARA: - Que romântico, meu amor! Entrar comigo nos braços na nossa noite de núpcias! Parece coisa de filme!
HENRIQUE: - Gostou do hotel?
LENARA: - Me parece bom... Pena que você não conseguiu tirar mais uns dias de folga. A gente poderia ter ido viajar. Europa, Nova York. Uma lua-de-mel de verdade.
HENRIQUE: - É, infelizmente os negócios tomaram todo meu tempo. Mas a gente pode ver tudo isso com calma.
Lenara abraça Henrique e o empurra para a cama, subindo sobre ele.
LENARA: - Então não vamos perder tempo... Eu quero aproveitar ao máximo essa noite com você aqui.
Lenara beija Henrique, que pouco corresponde. Ela vai tirando a blusa dele, mas ele não ajuda. Lenara para.
LENARA: - O que foi, meu amor? Está cansado, é isso? Prefere tomar um banho de banheira, pra relaxar e depois a gente continua?
HENRIQUE: - Não, não é isso. (levanta-se da cama) É outra coisa.
LENARA: - O que é então?
HENRIQUE: - É nós dois, Lenara.
LENARA: - Como assim, nós dois, Henrique?
HENRIQUE: - Não tem clima.
LENARA: - Mas Henrique, nós estamos casados! Temos todo o clima do mundo aqui pra gente aproveitar!
HENRIQUE: - Não, nós não temos... Pelo menos eu não tenho. Não sei se eu consigo.
LENARA: - Está com medo de falhar, é isso? (ri) Henrique, que bobagem!
HENRIQUE: - Não é isso, Lenara. Eu não consigo mais é ver em você a mulher que eu quero.
Lenara se choca.
LENARA: - Como é que é?! Que história é essa, Henrique?!
HENRIQUE: - É a verdade, Lenara.
LENARA: - Eu te amo, poxa!
HENRIQUE: - Mas eu não sei se te amo ainda!
LENARA: - Foi a Raquel, não foi? Foi aquela vadia que colocou um monte de bobagem na sua cabeça! (se agarra em Henrique) Ela é uma falsa, ela ta querendo nos separar, meu amor! Não acredita nela, por favor!
HENRIQUE: - Lenara, a história não é bem assim. Tem mais coisa envolvida que você nem imagina.
LENARA (se afasta): - Como o quê, por exemplo?
HENRIQUE: - Como um filho.
LENARA (surpresa): - O quê?!
HENRIQUE: - A Raquel está grávida, esperando um filho meu.
Lenara encara Henrique, incrédula.
Édy Dutra
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa
atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel
Fica Só Olhando - Anitta
We Just Don't Care – John Legend
Mulher – Projota
É Uma Partida de Futebol – Skank
produção
Bruno Olsen
Diogo de Castro
Israel Lima
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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