Teresa Urze
Sinopse: Poema que fala das raízes e da sua ligação com as memórias.
A casa da minha infância dorme deitada nas faldas do Marão,
dorme num tempo sabendo a frescura e o silêncio.
A casa é a luz coada das pequenas janelas tricotadas pelas mãos da avó,
cheias de nódulos e veias grossas.
Cheira ao linho dos lençóis que a mãe mudava todas as semanas.
Cheira a Verão generoso nas cerejas que o pai tirava da cerdeira.
Cheira à voz ondulante do fado saída do gira-discos nas manhãs de domingo.
Depois cheira a flores…
As flores em cacos de barro, as flores em panelas sem asas,
as flores em bacias de esmalte rotas.
As flores e a mãe, na varanda, na jarra da sala.
Um pingo de água e as flores,
sete palmos de terra e as flores.
A sombra teimosa dos castanheiros esparramada pelo souto em frente,
os ouriços a rir-se e as crianças inventando baloiços nos ramos,
e das folhas tripartidas das figueiras costurando saias, chapéus, sapatos…
Ao longe, seios fartos vestidos de verdura, fragas, fumos…
Passos escondidos ou cantantes pegados às pedras irregulares das ruas,
seixos rasando as árvores, a casa dos avós, aletria, mimo.
E beijos molhados nas bochechas.
Na umidade das lembranças,
a casa respira o último hálito da gente que passou.
Histórias de amores proibidos, de crimes passionais, de gritos de crianças ao nascer,
de lágrimas, de morte.
A casa vela uma parte da menina que ali havia e às vezes foi feliz.
UM DIA
Hiatus
Sinopse: Poesia sobre Meio Ambiente
Um dia o homem,
Respirou,
E aprendeu a importância do ar
Um dia o homem,
Soube ouvir,
Dos pássaros o belo cantar
Um dia o homem,
Preservou,
As árvores, seu habitat
Um dia o homem,
Contemplou,
O que nunca mais existirá
Um dia o homem
Se banhou,
Nas águas cristalinas do mar
Um dia o homem,
Amou,
Todas as espécies
Que há
Um dia o homem,
Foi homem.
E aprendeu a respeitar
A terra, a água, o ar.
Um dia.
OLHOS DA SAUDADE
Asternauta
Sinopse: O tempo, a vida e a Terra
Corre a vida por meandros
Desliza o tempo em estilhaços
A brisa noturna contorna um domo
O som da luz invade o espaço
Cristais de gelo refletem as cores
Do sol e a lua num enlaço
Terra e mar em comunhão
No elo cíclico de um abraço
Pelo vale ecoa um grito
Silenciando a liberdade
Batem as asas no horizonte
Longe dos olhos da saudade
Toca o sino no crepúsculo
Adormecendo a cidade
Sonho plácido distância
Da pura e tenra idade
NOSSA CASA COMUM¹
Luciano Dídimo
Sinopse: Soneto hendecassílabo no ritmo "galope à beira-mar" (tônicas na 2a, 5a, 8a e 11a sílaba de cada verso)
Um grito sofrido no mundo ressoa,
A Terra reclama de quem lhe saqueia.
O clima já muda, nossa água escasseia,
Espécies se extinguem e o fim se apregoa.
Os homens voltados à própria coroa,
Fechados em si, com ganância na veia,
Não querem saber se o ambiente se enfeia.
Sucumbe o planeta e ninguém se atordoa.
As nossas florestas não são descartáveis,
Tesouros de Deus ofertados ao homem,
Nós todos devemos ser mais responsáveis.
Planeta de todos: a casa comum,
As suas riquezas aos poucos consomem.
Que seja um por todos e todos por um!
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1. Soneto hendecassílabo no ritmo "galope à beira-mar"
O GRITO DA NATUREZA
Maroel Bispo
Sinopse: O texto retrata o descaso dos homens pelos rios e florestas, causando tristeza na natureza e profunda revolta no coração de um homem.
O que farão os homens, quando eu, sem poder ouvir
o canto dos pássaros, começar a prantear?
Eles destruíram as florestas, dizimaram as frondosas árvores,
e entre os pássaros reina o pesar.
O que farão os homens, quando eu, sem poder me banhar nos rios
e praias, me sentir entristecido?
Eles poluíram os mares e ansiosos pelo progresso,
construíram prédios, deixando o cosmos abatido.
O que farão os homens, quando, a mãe natureza ferida,
se revoltar? Chega de maldade!
Urge que façamos algo! Os homens ensandeceram!
Sorveram o cálice da insanidade.
Ela [a natureza], grita e ninguém faz nada! Ele geme de dor
E muitos ignoram o seu fim.
Até quando? Perplexo eu questiono: Até quando?
Nunca chorei tanto assim.
OURILÂNDIA DO NORTEFlavio Machado
Sinopse: Poema sobre a situação de uma cidade no Estado do Pará
as motocicletas levam a cidade
pelos acostamentos
o rapaz do mercado embrulha sonhos
em sacolas de plástico
levarão cem anos para desaparecer
não há rastros de onça
quilômetros de pastagens
destruíram as florestas
a estrada é uma linha reta de solidão
servindo de rota
para capatazes e caminhões
o suor sangra pelos poros
as chuvas do inverno trocado
na linha do equador
cobrindo as casas
a pressa dos homens não assusta a manhã
a vida não se sustenta sobre tênues esperanças
OLHA O HOMEM!
George Venâncio
Sinopse: Um poema sobre o desmatamento e um pedido de perdão à Terra
Voa voa colibri,
lá vem o homem
trazendo junto da espingarda e do machete
a chave do trator.
Por isso, rapidamente bata as asas
– Debandada –
todo bicho da floresta já sabe
que o homem vem aí.
As coisas se confundem.
Os reis da floresta
correm de medo;
e por mais rápido que
queiram correr as plantas – Espanto!
já derrubaram mais uma.
O homem em sua ganância ninguém segura,
até Mapinguari correu dali.
E a Mãe Terra segura suas lágrimas
de dor.
E por todo amor que ainda tem por nós
peço, nos perdoe!
Cuidarei, mesmo que sozinho,
do que restou de ti.
NATURAL
Moacir Luís Araldi
Sinopse: Crise hídrica no mundo nunca esteve tão iminente.
Havia matos, rios e morros
Ao natural oferecendo belezas,
Não foi escutado o pedido de socorro
Modificou-se a natureza.
Havia frutas, hortaliças e cereais
puros para a mesa
Envenenados por produtos industriais
Alterando-se a natureza.
Havia ar saudável oxigenando a vida
Destruiu-se pulmões verdes ao desmatar
pelo desequilíbrio de uma raça suicida.
Apesar dos sinais, prevalece a prepotência,
O homem finge não saber que no futuro
a maior carência será
a água para beber.
Poema escrito por
Teresa Urze
Hiatus
Asternauta
Luciano Dídimo
Maroel Bispo
Flavio Machado
George Venâncio
Moacir Luís Araldi
CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima
André Garcia
Eliane Rodrigues
Francisco Caetano
Gisela Peçanha
Lígia Diniz Donega
Paulo Luís Ferreira
Pedro Panhoca da Silva
Rossidê Rodrigues Machado
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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