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Funerária Dois Irmãos: Capítulo 18

Novela de Marcelo Caronesi
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FUNERÁRIA DOIS IRMÃOS - CAPÍTULO 18




 

            Odílio chega na cozinha. O café está pronto e Odilon está sentado à mesa.

         – Hum. Faz tempo que não via uma mesa tão bonita – elogia ironicamente, Odílio.

         – Senta aí, pra tomar um cafezinho, Odílio.

         Odílio senta-se, enche uma caneca com café, puxa um pão e a tigela de manteiga.

         – Tava querendo falar um negócio cocê. Nem dormi direito o resto da noite – diz Odilon.

         – O que tanto te incomodou durante a madrugada?

         – Óia só, Odílio. Vamo continuar do jeito que tavaCê faz os trabaio quando achar que tem que fazer. Eu continuo cuidando dos enterro. Se você quiser, eu preparo os enterro sozinho – explica Odilon.

         Odílio, com a cabeça baixa, balança demonstrando negação.

         – Eu não mandei você se meter comigo. Você invadiu meu quarto porque quis. E quer saber? Eu também andei pensando umas coisas à noite.

         – O que que ocê andou pensando, Odílio? Pode dizer, que se for arguma coisa que eu teja fazendo errado, eu começo a fazer certo – se dispõe Odilon.

         – Como eu te falei de madrugada, eu tava precisando de uma pessoa pra me ajudar numas outras coisas que vinha pensando; alguém inteligente e esperto. Em dar fim às pessoas, não tinha jeito, tinha que ser eu sozinho. Eu vou continuar fazendo tudo sozinho.

         Odilon ergue as mãos para o alto.

         – Graças a Deus! Quem bom que ocê pensou direitinho.

         Odílio sorri. E então começa a falar:

         – Não se alegre não, meu amigo. Você não tem ideia de como é extremamente difícil dar fim a essas pessoas. Até a um idoso, envolve riscos. Eu sei que você é burro e muito bunda-mole pra fazer alguma coisa, mas acho que você não vai ter problemas em me auxiliar.

         – Ah, mas eu não sei fazer as coisa. Você sempre foi um sujeito muito esperto, astuto, meu irmão sempre falou dessas suas qualidade. Já eu? Eu sou uma anta, Odílio. Eu não nasci pra ser criminoso; realmente ocê tava certo. Eu só vou terminar atrapalhando tudo – explica Odilon.

         Odílio sorri e diz:

         – Ah, mas não tem problema. Eu te ensino tudo. Talvez você termine virando um bandido tão bom ou até melhor do que eu.

         – Vô nada. Eu acho até perigoso eu fazer uma cagada. Nós dois pode ir preso – justifica Odilon.

         Odílio coloca a mão sobre o ombro de Odilon.

         – Eu confio em você. Tenho certeza que você não vai fazer nenhuma cagada.

         Odílio toma o último gole de café, puxa um maço de cigarros, coloca um na boca e oferece para Odilon.

         – Anda. Pega um cigarro aí pra relaxar.

         Odilon pega um cigarro. Odílio acende o seu e leva o fósforo até o cigarro que está na boca de Odilon. Ele sorri e diz para Odilon:

         – Você, além de sócio na funerária, agora é meu comparsa nas mortes.

         Odilon traga e solta a fumaça, bastante preocupado.

escrita por
Marcelo Caronesi

elenco
Odilon
Odílio
Tereza
delegado Ferreira
Onça-parda

tema
Canções de Assassinato 

intérprete
Confraria da Costa

direção
Carlos Mota

produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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