Dentre as atrações das festividades do padroeiro da cidade, há um parque de diversões, uma área de vendas de comes e bebes, além da área destinadas as atrações musicais. Todas as festividades religiosas já haviam se encerrado. Odilon e Odílio chegam antes das sete horas. Neste momento dois violeiros e um sanfoneiro tocam modas caipiras.
Odilon se dirige para onde está Tereza e sua mãe. Ausente, Pedro estava de serviço na fazenda de Irineu. Odílio, sem passar para cumprimentar a família da namorada de Odilon, se dirige para junto de vereadores e secretários da prefeitura, além de outros empresários, e alguns importantes proprietários de fazendas menores, sítios e chácaras da região.
– O seu Irineu não deu folga pro Pedro nem hoje? Vá ser sovina assim, lá longe! – se revolta Odilon.
– Fazer o que né, Odilon. Ele precisa desse emprego – lamenta Creuza.
Branca chega juntamente com sua filha, Aurora. Elas puxam duas cadeiras e sentam-se, somando-se ao grupo. Todos as cumprimentam. Elas, assim como Tereza e Creuza estão muito bem arrumadas e maquiadas, usando belos vestidos.
Odilon e Tereza decidem dar uma volta.
– Nossa, Creuza, como a Tereza tá bonita hoje! – diz Branca.
– O vestido foi um presente que o Odilon trouxe de São Paulo – diz Creuza, orgulhosa.
– Deve de ter custado uma fortuna. Deve ser dessas lojas chiques que têm lá, né? – especula, Branca.
– Não sei. Às veiz ela fica feliz até quando ele traz frutas pra ela.
– Eu tenho certeza que um dia o seu Odílio vai namorar a minha Aurora – diz Branca sorrindo.
– Mas ele é diferente do Odilon. É uma pessoa mais fechada. O Odilon é um amor de pessoa. O Odílio é muito sério, só pensa em trabaio – explica Creuza, fazendo um gesto esquisito com as mãos.
Os músicos começam a tocar a música “Flor Serrana”, de Cascatinha e Inhana. Creuza fecha os olhos e diz:
– Eu gosto dessa música.
As três prestam atenção na música. Creuza parece sentir a música entrar pelas seus ouvidos e atingir todo o seu corpo. Com os olhos fechados, ela balança o corpo no ritmo da melodia.
Tereza e Odilon chegam. Ela tem uma maçã do amor nas mãos. Odilon traz mais três; uma para cada mulher. Todas agradecem.
– Ô, seu Odilon, será que se a Aurora for falar co seu Odílio, ele vai ser gentil com ela? – pergunta Branca.
– Ué! Por que ele não seria? – estranha, Odilon.
– Sei lá, às vezes ele parece tão incomodado quando a gente fala com ele.
– Mas se for incômodo, a gente deixa o seu Odílio lá cos amigos dele, mamãe – diz Aurora.
– Se quiser ir falar com ele, vai, Aurora. Ele é meio bicho do mato, mas é o jeito dele. Pede pra ele pagar um suco procê – aconselha Odilon.
Aurora sorri. Ela tem cabelos castanhos claros e belos olhos azuis. O sorriso mostra dentes perfeitos. Apesar do desespero de Branca em arranjar um compromisso para Aurora, ela realmente gosta de Odílio e sente carinho por ele. Para ela, a diferença de idade não é problema; Odílio com seus quarenta e poucos anos seria um ótimo esposo para ela, que tem apenas 19. E como o mundo é injusto: enquanto homens jovens brigam e às vezes até saem na mão por Aurora, ela só tem olhos para Odílio, que não lhe dá a mínima.
– Será que ele não vai se irritar, seu Odilon? – questiona Branca.
– Vai nada, uai.
Aurora se levanta e vai até onde estão Odílio e seus amigos. Ela pede licença e fala com ele. Odílio beija-lhe a mão e oferece uma cadeira. Permanecem ali por um tempo e depois saem para um passeio. Eles caminham, olhando as barracas de doces. Odílio lhe oferece um doce; Aurora aceita. Ao saírem da barraca, Odílio oferece o braço para ela. Ela caminha, falante e sorridente; Odílio caminha, calado e sem prestar atenção em absolutamente nada do que ela lhe diz.
Tereza
direção
Carlos Mota
Cristina Ravela
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