Várias pessoas saem pela porta da igreja. No meio delas, estão Odílio e Odilon. Logo que eles descem as escadas, uma voz começa a gritar:
– Seu Odílio! Seu Odílio.
Odilon para; Odílio continua a andar, fingindo não escutar a voz que chama pelo seu nome. Branca e Aurora param e cumprimentam Odilon. “Acho que ele não escutou, dona Branca”, diz Odilon. Ele, então, grita o nome do irmão:
– Odílio! Ô, Odílio!
Odílio, fulo da vida, para e se vira.
– Óia, a dona Branca e a dona Aurora – diz Odilon, sorrindo.
Eles alcançam Odílio, que ficou parado esperando.
– Bom dia, seu Odílio – diz Branca, sorridente.
– Bom dia, dona Branca.
Aurora aproxima seu rosto no de Odílio e lhe dá um beijo no rosto, bem próximo à sua boca e pegando sua mão.
– Bom dia, Odílio.
– Bom dia, Aurora.
“Vou ali. Encontrei a Tereza, a dona Creuza e o Pedrinho”, diz Odilon, deixando Odílio na companhia de Branca e Aurora.
Logo que chega até onde está a família de Tereza, um homem, que também assistia à missa passa por eles. Ele tem um dos braços engessado. Creuza se assusta.
– Nossa, seu Juvenal. Que foi que aconteceu cocê?
– Nem sei explicar, dona Creuza. Tava lá no boteco do Samir outro dia de tarde e quando fui sair, a sela do cavalo se sortô. Eu tive sorte, que foi só o braço.
– Teve sorte mesmo – diz Creuza, surpresa.
– Vou indo. Inté mais procêis – se despede, Juvenal.
Enquanto estavam parados conversando com Juvenal, todos observavam Odílio caminhando rumo à praça, tendo um braço laceado com Aurora, e o outro, com Branca.
– Como a Branca tenta empurrá a Aurora pro seu irmão! Ela não desiste! – comenta Creuza.
– Mas a senhora é fofoqueira, né mamãe! – repreende Pedro.
– Ocê me respeita, viu seu moleque! – reclama Creuza.
Tereza intervém a favor do irmão.
– Todo mundo sabe que a dona Branca vive tentando arrumar compromisso pra Aurora. Primeiro foi com o secretário Fagundes. Depois que não deu em nada, ela tentou fazer ela namorar com o filho do seu Irineu. O rapaz vive mais no Rio de Janeiro do que aqui. Que danado um rapaz de cidade grande vai querer com uma caipira daqui?
– Mas eu não tô namorando cocê? Eu não gosto docê? – pergunta Odilon.
Tereza apenas sorri e abraça o namorado.
– Mas ocê é diferente de todos os homens do mundo, Odilon.
– Seu irmão não pensa em casar, Odilon? – pergunta dona Creuza.
– Ele só vive pro trabaio, só fala de trabaio. Não pensa em namoro, em divertimento, em viagem, em nada. A vida dele é só trabaiá. Mas ele gosta de viver assim, né. Fazer o que? Aconselhar a gente aconselha, mas ele não dá atenção... – lamenta Odilon.
Tereza
direção
Carlos Mota
Cristina Ravela
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