Funerária Dois Irmãos: Capítulo 29

FUNERÁRIA DOIS IRMÃOS - CAPÍTULO 29

 

            O prefeito Eurico entra na relojoaria de Odílio. Estantes e balcões expõem relógios, correntes, gargantilhas, pulseiras. Há todo tipo de joias: douradas, prateadas, com pedras preciosas. Há também belas caixinhas de músicas. O local é muito limpo, organizado e muito iluminado. Duas atendentes que usam uniformes compostos por camisas de botões azuis e saias roxas que vão até a altura dos joelhos, estão do lado de dentro do balcão.

         Odílio está numa pequena sala dos fundos. Lá há uma mesa, com máquina datilográfica e alguns papéis. De lá, ele ouve uma das atendentes dizer: “Bom dia, prefeito! O senhor está bem?”. Num salto, Odílio corre até a frente da loja.

         – Olá, amigo Eurico.

         – Meu amigo, Odílio. Tudo bem?

         – Tudo. No que podemos te ajudar? – diz Odílio.

         – Tô procurando uma lembrancinha.

         Odílio faz um sinal com a mão para a atendente se afastar; ela obedece. Os dois começam a caminhar por dentro da loja, com Eurico Prates prestando atenção em todas as peças expostas nos balcões. Eurico fala bem baixinho:

         – Eu tô procurando um reloginho ou uma caixinha de música bem bonitinha pra minha nova secretária, sabe?

         Odílio exibe uma expressão de surpresa.

         – E a dona Adelaide? – questiona, Odílio.

         – Cê sabe como são as pessoa, né? Começa a trabalhar, é bastante prestativa, mas depois de um tempo, já não trabalha como antes e vai ficando preguiçosa; não faz mais o serviço do jeito que a gente quer... Eu tive que demitir. E agora ela foi morar com uma prima em Caçapava – explica o prefeito.

         – Ah. Por isso que faz tempo que eu não vejo ela.

         – Você recomenda arguma coisa, amigo Odílio?

         Odílio atravessa para o lado de dentro do balcão e retira uma caixa de dentro de um gaveta.

         – Olha só esses relógios, Eurico. Tenho certeza que qualquer mulher ficaria honrada em ganhar um desses.  

         Eurico aponta para um dos relógios.

         – Vou levar esse aqui.

         Odílio pergunta discretamente, sem que as atendentes escutem:

         – Vai levar algum presentinho pra dona Leocádia?

         Eurico só balança a cabeça negativamente sorrindo. “Embrulhe para presente, por favor”, diz Odílio para uma das atendentes. Eurico se dirige para o caixa, onde a outra atendente já o aguarda.

         – Muito obrigado, Eurico – diz Odílio, já voltando para a sua salinha. Eurico acena para ele, sorridente.

escrita por

Marcelo Caronesi

elenco

Odilon

Odílio
Tereza

delegado Ferreira

Onça-parda

tema

Canções de Assassinato 

intérprete

Confraria da Costa

direção
Carlos Mota

produção

Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

REALIZAÇÃO

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