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Terra da Garoa: Capítulo 24

Novela de Édy Dutra
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TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 24
 


CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR


HENRIQUE: - Aconteceu. E uma coisa muito séria. Por que você não me falou que esteve com o Joaquim hoje?

Raquel se surpreende com a pergunta de Henrique.

RAQUEL: - Henrique, eu ia te falar (pausa)

HENRIQUE (interrompe): - E mais... Por que você escondeu de mim que deitou com ele em Portugal e que o Joaquim pode ser o pai deste filho que você está esperando?!

Henrique fica a encarar Raquel, ansioso pela resposta de seus questionamentos.



CENA 01. APTO RAQUEL. INT. NOITE.

Continuação do capítulo anterior. Henrique pressiona Raquel.

HENRIQUE: - E então, Raquel? Por que você ia me esconder essa história toda da gravidez, do Joaquim...?

RAQUEL: - Eu não ia esconder nada de você, Henrique. Eu ia te falar sim.

HENRIQUE: - Ah, ia? Ia quando? Depois de fazer um teste de DNA para saber qual dos dois é o pai do seu filho?

RAQUEL: - Não fala assim comigo, Henrique!

HENRIQUE: - E você quer que eu fale como, Raquel?

Henrique caminha de um lado a outro, procura se acalmar. Silêncio na sala do apto de Raquel. Henrique respira fundo, encara Raquel.

HENRIQUE: - Você dormiu com ele mesmo?

RAQUEL: - Foi uma única vez. Eu estava de pileque, depois de um aniversário de uma amiga num barzinho... Eu nem lembro direito. E foi ele quem me falou desse fato.

HENRIQUE: - E agora? O que a gente faz?

RAQUEL: - Eu acredito no nosso amor, Henrique. Eu sei que esse filho que eu estou esperando aqui dentro de mim é seu. Nada tira isso da minha cabeça nem do meu coração.

HENRIQUE: - Pra você não há dúvidas?

RAQUEL: - Confesso que eu fiquei na corda bamba sim, mas agora eu estou convicta. Esse filho é seu, Henrique.

HENRIQUE: - E se não for, Raquel? Se o Joaquim for mesmo o pai dessa criança?

RAQUEL: - A gente vai se amar igual e depois teremos outro filho... (aproxima-se de Henrique, toca seu rosto) Não podemos deixar que isso destrua o nosso amor, Henrique.O Joaquim não sabe o que tá dizendo.

HENRIQUE: - Será, Raquel? Será que ele viria de Portugal apenas por uma mentira e com o propósito de separar a gente?... Eu preciso de um tempo pra pensar. (se afasta)

RAQUEL: - Mas Henrique...

HENRIQUE: - Por favor, Raquel. Eu preciso de tempo...

Henrique vai embora. Raquel fica sozinha, apreensiva. Começa a chorar, entristecida.

CENA 02. CASA SANTIAGO. INT. NOITE.

Stefany, Carol e Robson juntos, assistindo a um filme. Stefany e Carol vidradas na TV, mas Robson parece estar longe.

STEFANY: - Mas essa mocinha é muito burra! Indo em direção ao bandido!

CAROL (a Robson): - Você viu isso, amor?

Carol percebe que Robson não presta atenção.

CAROL: - Robson!... Amor, você não está prestando atenção no filme! Assim não vai entender o final.

ROBSON: - Desculpa...

CAROL: - Aconteceu alguma coisa, meu amor? Você está tão estranho desde que chegou aqui. Não quer mais ver o filme?

ROBSON: - Na verdade esse filme não está me prendendo não...

STEFANY: - A gente poderia ter pego uma comédia então, ao invés de suspense.

ROBSON: - Não, não é nada disso... Carol, eu preciso falar com você um instante.

STEFANY: - Bem, eu vou lá na cozinha preparar um sanduíche, porque me deu fome... Fiquem à vontade. 

Stefany sai. 

CAROL: - Pensei que você tivesse gostado da ideia de me curtir um pouco, aproveitar que meus pais saíram...

ROBSON: - Eu gosto de você, Carol.

CAROL: - Mas então o que está acontecendo?

ROBSON: - Acontece que, eu não posso mais me enganar e enganar você.

CAROL: - Do que você está falando, Robson?

ROBSON: - Estou falando de amor, Carol. De amor... Você é uma garota muito especial, tem um coração enorme. Mas eu não posso continuar com você se não é amor o que eu sinto.

CAROL (surpresa): - Robson... O que é isso que você está me dizendo?

ROBSON: - Eu sei que pode ser difícil, mas eu não amo você. E a gente continuar junto não é justo. Eu ainda amo a sua mãe. Amo muito, de verdade. 

Carol não consegue segurar as lágrimas. Robson leva a mão para segar o rosto dela, mas Carol se afasta. 

CAROL: - Por favor, Robson, não encosta em mim... Essas foram as palavras mais tristes que eu já ouvi da sua boca.

ROBSON: - Mas pode ter a certeza que são as palavras mais verdadeiras que saíram da minha boca e do meu coração. Para o meu e para o seu bem, Carol.

CAROL: - Minha mãe... Então você ama a dona Paula... Mas você sabe que ela nunca será sua, não sabe? Ela nunca vai se separar do meu pai.

ROBSON: - Isso não vem ao caso agora. O que importa é que a gente se ama e vamos dar um jeito de viver esse amor.

CAROL: - Pode ir embora da minha casa, Robson. Por favor.

ROBSON: - Eu só quero que você entenda tudo isso um dia.

CAROL: - Vai embora! 

Robson vai embora da casa. Carol cai em prantos no sofá. Stefany entra na sala, apressada e abraça a amiga. 

CAROL: - Você não estava na cozinha não?

STEFANY: - Jura que eu ia pra cozinha né, amiga? Quando o Robson disse que queria falar contigo eu suspeitei que fosse algo sério... Nossa, ele e sua mãe...

CAROL: - Show de horrores, Stefany. Eu pensei que finalmente tinha encontrado um cara bacana, mas eu me iludi.

STEFANY: - Mas pensa por um lado, Carol... ele foi sincero, por mais doloroso que fosse. Imagina, vocês namorando, noivos e ele e sua mãe se encontrando nas tuas costas? Não dá né? Melhor que ele vá mesmo procurar o rumo da vida dele. E você logo logo encontra outro cara bacana.

CAROL: - Você fala como se fosse fácil.

STEFANY: - Fácil não é, eu sei, mas não custa nada tentar né? Dar uma chance pro coração.

CAROL: - Então por que você não dá uma chance pro Igor, que morre de amores por você?

STEFANY: - Porque agora o assunto é Carol e não Stefany! Foca no teu caso, amiga. No meu deixa quieto... 

Stefany abraça Carol, que chora nos braços da amiga.

CENA 03. SALÃO DE FESTAS. INT. NOITE.

Uma festa da alta sociedade acontece num salão de festas decorado com requinte e sofisticação. Pessoas trajando roupas de gala. Num dos pontos da festa, Paula e Tarsila conversam. Santiago e Barreto próximos delas, também conversam.

TARSILA: - Eu não sei o que fazer com o Nuno, Paula! Ele a cada dia passa dos limites... Agora está escondido na periferia, feito um marginal!

PAULA: - Tarsila, por favor. Nuno não fez nada demais. Ele está querendo viver a vida mais livre.

TARSILA: - Nada demais?! Quero ver se você ia dizer isso se fosse a Carol que tivesse arrumado um bandido pra namorar e fugisse de casa pra ir viver com ele.

PAULA: - Claro que não diria isso. Mas o Nuno não está vivendo com nenhuma bandida.

TARSILA: - Bandida sim. Alpinista social. Estelionatária!

PAULA: - Eu acho isso tudo um exagero, Tarsila. O Nuno sempre foi tão sensato nas decisões dele. Agindo assim você vai acabar se afastando do seu filho cada vez mais. Deveria apoiá-lo.

TARSILA: - Eu? Apoiar o Nuno com aquela favelada interesseira? Jamais! 

CENA 04. CASA ULISSES. INT. NOITE.

Fernanda e Ulisses assistem ao jogo do Corinthians na TV.

ULISSES: - Mas esse Daniel é muito bom! Cara brinca de jogar futebol!

FERNANDO: - Ela morava lá no bairro. Agora tá num bom apartamento nos Jardins.

ULISSES: - Jogador de futebol bom assim, quando ganha uma oportunidade de ouro como essa, logo fica em ascensão. Melhorar de vida é um dos primeiros passos.

De repente a TV mostra Marcelo no estádio.

ULISSES: - Esse aí é o novo jogador. Marcelo, meio-campo. Eu não conhecia, mas o clube tá apostando. É de Itaquera também.

Fernanda fica sem reação ao ver Marcelo na TV.

ULISSES: - Fica eu aqui falando dos jogadores e acho que você nem sabe o que é o quê no futebol (risos, percebe Fernanda) O que foi, amor? Aconteceu alguma coisa?

FERNANDA: - Não, nada não, querido.

ULISSES: - Tem certeza? Você tá estranha.

A TV mostra Marcelo de novo, Fernanda fica incomodada, levanta do sofá.

FERNANDA: - Eu vou buscar mais cerveja. Quer?

ULISSES: - Por favor...

Fernanda sai. Ulisses fica desconfiado.

ULISSES: - Ela ficou estranha com esse cara na tv...

CENA 05. APTO LENARA. INT. NOITE.

Henrique chega ao apto de Lenara, um tanto cabisbaixo e se surpreende ao ver a mesa de jantar posta, candelabros com velas acesas e Lenara, sentada à mesa, cabeça baixa, olhar distante.

HENRIQUE: - Lenara?

Lenara levanta o olhar devagar, até seus olhos encontrarem os olhos de Henrique.

LENARA: - Você esqueceu, não é? Do nosso jantar hoje.

HENRIQUE: - Droga... (aproxima-se de Lenara) Desculpa, Lenara. Eu estava com a cabeça a mil, cheio de coisas... Me perdoa.

LENARA: - Pensei que esse filho fosse importante pra você, Henrique. Que eu fosse importante.

HENRIQUE: - Você é importante, Lenara! E nossa, esse filho... Ele veio num momento especial.

LENARA: - Especial?

HENRIQUE: - Sim, especial. (senta-se à mesa) É um momento importante para mim, como homem, como empresário e agora, futuro pai. É o peso da maturidade. E você está me ajudando a viver isso. Obrigado.

LENARA: - Eu amo você.

Os dois trocam olhares.

HENRIQUE: - Podemos aquecer o jantar novamente?

LENARA: - Você pode aquecer se quiser. Eu vou dormir, se não se importa. Esse início de gravidez já me deixa indisposta.

HENRIQUE: - Claro, entendo. Descanse.

Lenara beija Henrique e sai da sala. Henrique fica pensativo.

CENA 06. ARENA CORINTHIANS. VESTIÁRIO. INT. NOITE.

Os jogadores do Corinthians comemoram a vitória no jogo. Daniel chega no vestiário e é ovacionado pelos colegas.

DANIEL: - Valeu galera! Esse jogo foi demais hein!

JOGADOR 01: - Tem música pro Fantástico, Daniel!

DANIEL: - Eu sei,brother!

(sobe trilha “Negro Lindo” Léo Santana) Daniel começa a dançar no vestiário, animado. Os jogadores vão na onda. Clima de descontração.

De repente, Marcelo chega no local, reencontra Daniel. (fade out “Negro Lindo” Léo Santana)

DANIEL (surpreso): - Marcelão!

MARCELO: - Daniel! Que jogaço hein mano! 

Os dois se abraçam. Daniel é abordado por outro jogador.

JOGADOR 02: - Vem Daniel, fazer a selfie pro instagram!

Daniel faz pose com o outro jogador. Marcelo observa. Outro jogador se aproxima.

JOGADOR 03: - Daniel, vem, vem, cara! Pro twitter!

Daniel e outros jogadores fazem a foto, sob os olhares atentos de Marcelo.

MARCELO (a si mesmo): - Até aqui ele é a estrela... Mas por pouco tempo.

DANIEL (se aproxima): - Falando o quê aí, Marcelão?

MARCELO: - Eu? Nada não. Tava pensando alto aqui, dos gols que você fez. Massacre hein, brother!

DANIEL: - A gente faz o que tem que fazer. E eu não faço sozinho, tem todo time aí comigo. Foi um grande jogo. E Marcelo, que bom que logo você também tá aqui jogando com a gente. Quem diria, nós dois, estrelas no Timão!

Daniel sorri, feliz, enquanto Marcelo finge.

CENA 07. CASA AIMÉE. INT. NOITE.

Aimée está na sala, quando a campainha da casa toca, incessantemente.

AIMÉE: - Será o Nuno?!

Aimée se apressa em abrir a porta, quando Cássio entra na casa.

AIMÉE: - Cássio?

CÁSSIO: - Desculpa vir assim sem avisar, Aimée, mas a coisa é séria.

AIMÉE: - O que foi? O Leopardo pegou o Nuno?!

CÁSSIO: - Não, mas ele tá com muita raiva. De vocês dois.

AIMÉE: - Ai meu Deus!

CÁSSIO: - Eu vim até aqui para te falar que o Leopardo está cego de ódio e vai colocar fogo no Centro Comunitário amanhã.

AIMÉE: - Ele vai mesmo cumprir a ameaça?!

CÁSSIO: - Está armando tudo com os outros capangas. Eu me recusei. Acho isso uma injustiça imensa. As crianças não podem pagar por nada disso. Ele me expulsou do bando quando eu falei que não ia ajudar no plano.

AIMÉE: - Obrigada Cássio... Só que agora, o que a gente vai fazer?! Já é noite! Amanhã de manhã pode estar tudo em chamas!

CÁSSIO: - A gente precisa fazer alguma coisa mesmo, mas nem eu sei. Vim direto pra cá.

AIMÉE: - Talvez o Nuno ainda esteja na casa do amigo dele, do Igor. Vem comigo, Cássio, a gente pode encontrar ele lá. O Nuno pode saber o que fazer.

CENA 08. APTO DANIEL. EXT / INT. NOITE.

Em frente ao prédio onde Daniel mora, Bárbara está toda produzida, com um vestido justo, salto alto, periguete, acompanhada por dois rapazes, paparazzi. Eles estão escondidos atrás de arbustos para não serem vistos, do outro lado da rua.

PAPARAZZI 01: - Tem certeza que é aqui mesmo que ele mora?

BÁRBARA: - Mas você trabalha na revista Famoso Tudo e não sabe que o Daniel Silva mora aqui? O cara tá estourado no Corinthians mano!

PAPARAZZI 02: - Sei não... To achando que esse seu flagrante aí, Bárbara, vai dar em nada...

BÁRBARA: - E alguma vez eu dei furo com vocês? Naquele flagrante lá no Guarujá, a rainha da bateria fazendo top less, não deu pano pra manga? Até convidada pra posar nua eu fui!

PAPARAZZI 01: - Mas é que antes você ainda estava por cima. Agora você não está nem na Unidos da Zona Leste.

BÁRBARA: - Mas é por isso mesmo que eu preciso de vocês, meus chuchus! Eu, a e-ter-na rainha de bateria da Unidos da Zona Leste, eleita a melhor do carnaval de São Paulo, de caso com a nova sensação do Timão! Pensa! É foto e flagra pra capa de revista!

PAPARAZZI 02: - Vem chegando um carro ali!

BÁRBARA: - É ele! Estão deixando ele ali! Eu vou lá agora! 

Daniel desce do carro e quando vai entrando no portão do prédio, ouve o chamado de Bárbara. 

BÁRBARA: - Daniel! 

(sobe trilha “Vai Estar na Minha” – Negra Li) Bárbara atravessa a rua sensual, chamando a atenção de Daniel com sua beleza e sensualidade.

DANIEL: - Bárbara?!

BÁRBARA: - Oi meu queridão! (abraçando Daniel)

Os paparazzi aproveitam cada momento de aproximação dos dois para fazerem os registros.(baixa trilha “Vai Estar na Minha” – Negra Li)

DANIEL: - O que você está fazendo aqui, à essa hora?

BÁRBARA: - Eu vim aqui te ver, meu amor!

DANIEL: - Me ver? Já não me viu lá no jogo?

BÁRBARA: - Nossa, Daniel! Como você é romântico hein!... Mas eu não vou brigar com você. Eu vim aqui, matar as saudades.

Bárbara coloca a mão sob a camisa de Daniel, alisando o abdômen do rapaz. Os paparazzi registram.

DANIEL (se esquiva): - Hoje não, Bárbara. Eu estou muito cansado e nem estou com cabeça pra isso.

BÁRBARA: - Daniel, você vai me dispensar, assim?

Bárbara dá um giro para mostrar o corpo, só que perde o equilíbrio. Daniel se apressa e a segura, evitando que ela caia. Quando Daniel abraça Bárbara, os fotógrafos fazem o registro.

BÁRBARA: - Ui! Você me salvou! Meu herói!

DANIEL: - Salvei, mas não estarei com você na hora de agradecer. Até porque eu conheço bem o seu jeito de agradecer... (risos)

BÁRBARA (ri, maliciosa): - Safado!

DANIEL: - Boa noite, Bárbara!

Daniel vai saindo, quando Bárbara o puxa pelo braço e lhe rouba um beijo. Daniel se afasta, surpreso.

BÁRBARA: - Só pra você não esquecer de mim. Aliás, você nunca vai esquecer. E em breve, estaremos juntos, Daniel. Eu e você.

Daniel entra no prédio. Bárbara espera ele sair para voltar junto aos paparazzi.

BÁRBARA: - E aí, pegaram muita coisa?

PAPARAZZI 01 (mostra a câmera): - Olha aqui!

BÁRBARA (empolgada): - Menino! Vocês arrasam hein!

PAPARAZZI 02: - Isso porque você não viu essa aqui.

O paparazzi 02 mostra a foto do beijo. Bárbara vibra.

BÁRBARA: - Isso era tudo o que eu precisava! Voltar para as revistas, ficar famosa, uma escola de samba de ponta me chama para desfilar e eu volto a reinar na frente de uma bateria poderosa no Anhembi! Adeus vacas magras! Bárbara tá voltando com tudo!

(sobe trilha “Vai Estar na Minha” – Negra Li)

CENA 09. TRANSIÇÃO DO TEMPO.

Imagens de SP ao amanhecer. Mostra os prédios da cidade, vista aérea do trânsito. Mostra a movimentação na avenida Paulista. Mostra as linhas do metrô, zona leste. (fade out “Vai Estar na Minha” – Negra Li).

CENA 10. CENTRO COMUNITÁRIO. INT. DIA.

O Centro Comunitário está vazio. Salete e Fernanda estão apreensivas. Nuno, Aimée e Igor estão no local.

NUNO: - Ainda bem que vocês conseguiram avisar aos pais que hoje o centro não abriria.

SALETE: - Mas eu estou morrendo de medo, gente! Esse Leopardo é um bandido! Precisa estar atrás das grades!

CÁSSIO: - Ele é capaz de qualquer coisa.

FERNANDA: - Imagina, colocar fogo aqui com as crianças no local? Coisa de gente doente!

IGOR: - Mas agora no lugar as crianças estamos nós.

AIMÉE: - Eu não me perdoaria nunca... Se o Leopardo colocar fogo aqui, vai ser por minha culpa.

FERNANDA: - Não diga isso, Aimée! Você é vítima também desse canalha. Não se culpe. 

Cássio se aproxima. 

CÁSSIO: - Lá fora não tem ninguém. Mas é bom ficar de olho, porque eles podem agir muito rápido.

SALETE: - Meu Deus, tomara que nada de ruim aconteça!

NUNO: - Não vai acontecer, Salete, fica tranquila. Eu tenho um plano. Acho que vai dar certo. 

Nuno começa a falar seu plano para o grupo. 

CENA 11. BARRACO LEOPARDO. INT. DIA. 

Leopardo vai saindo do barraco com um grupo de capangas, quando Marcelo surge.

LEOPARDO: - Ei eiei! Tu não é o branquelo, novo jogador do Coringão que apareceu na TV ontem, mano?

MARCELO: - Sim, eu mesmo.

LEOPARDO: - Iiih, o que tu tá fazendo aqui, cara?! Ih, já sei. Não precisa nem dizer... Veio pegar um remedinho né? (risos)

MARCELO: - Remedinho?

LEOPARDO: - Pó, fumo, bala... Coisas que essa gente aí como você vai virar, usa pra se divertir.

MARCELO: - Bem, eu vim aqui atrás disso mesmo, mas não é pra mim.

LEOPARDO: - É o que todo mundo fala, mano. “Não é para consumo próprio”. Mas eu sei que é. Tem gente aí, que é meu cliente há anos. Mando mercadoria até pro estrangeiro, brother.

MARCELO: - Mas então, eu não quero demorar muito aqui. Será que você poderia arrumar um pouco de pó pra mim? Não quero grandes quantidades não. Um mínimo que seja.

LEOPARDO: - Chega aí... (aos capangas) Ei rapaziada, me esperem aqui! Ninguém avança sem meu sinal! 

Os capangas concordam. 

LEOPARDO: - Vem, vamos la dentro que eu te mostro o material e tu escolhe.

Leopardo entra no barraco novamente. Marcelo o segue, cuidando para não ser visto por mais ninguém.

CENA 12. APTO HUMBERTO. INT. DIA.

Vilma conversa com Humberto, enquanto tomam café da manhã.

VILMA: - Levantou cedo hoje, Humberto.

HUMBERTO: - Precisava colocar a cabeça para funcionar. Lançar a empresa no mercado o quanto antes.

VILMA: - Que ótimo! Essa empresa de fundos de investimento precisa ser um sucesso!

HUMBERTO: - Arrecadar muita grana, que irá para o nosso bolso depois.

VILMA: - Mas é preciso fazer tudo com cuidado, você sabe. Não podemos deixar furo.

HUMBERTO: - Não vamos deixar furo, dona Vilma. O Humberto aqui sabe o que está fazendo... Inclusive já marquei uma reunião com um parceiro meu, que também tem experiência no negócio. Ele vai me dar umas dicas.

VILMA: - Sempre cercado de boas companhias. Com exceção daquela loura abusada.

HUMBERTO: - Por um acaso você fala da Lenara?

VILMA: - Existe outra loura abusada em São Paulo, biscateira, safada, ordinária, que a gente olha na cara dela e já vê que ela é terrível!

HUMBERTO: - Embora você despeje todas essas qualidades da Lenara, não vá achando que eu vou deixar de gostar dela, porque isso eu não farei... Lenara será muito útil.

VILMA: - Não vai me dizer que você está pensando em colocá-la junto no lance da empresa falsa?!

HUMBERTO: - Não, isso não. A Lenara será útil para eu ver o Henrique destruído, atirado, na pior. E corno. (ri, debochado) Tem noção? Eu tracei a mulher do meu irmão!

VILMA: - Nossa, Humberto! Desceu o nível agora. Tracei... Que bruto.

HUMBERTO: - E o pior é que eu quero mais. Mais!

VILMA: - Você nunca está satisfeito, não é?

HUMBERTO: - Insaciável é meu nome.

VILMA: - Cuidado... Não vá querer por na mala algo pesado demais para carregar...

HUMBERTO (levanta-se): - Almoçamos juntos?

VILMA: - Claro. No lugar de sempre. 

Humberto veste seu terno e sai. Vilma pensativa. 

VILMA: - Lenara... Essa piranha ainda vai me dar trabalho. Estou vendo... 

CENA 13. APTO LENARA. INT. DIA.

A campainha toca. Lenara chega na sala, ainda de camisola, cara de sono. Abre a porta. É Ulisses, chega com Otávio.

LENARA: - Ulisses? Otávio?! O que vocês estão fazendo aqui?

ULISSES: - Desculpa vir sem avisar, Lenara, mas ligaram do Centro Comunitário e hoje não vai ter aula. Eu preciso trabalhar e o Otávio não pode ficar sozinha lá em casa.

OTÁVIO: - Por isso o papai me trouxe.

Otávio se abraça em Lenara, carinhoso. Ela não demonstra carinho.

LENARA: - E precisava ser cedo assim?

ULISSES: - Já passam das nove horas, Lenara. Não é tão cedo.

LENARA: - Esqueci que você levanta com as galinhas... (solta-se de Otávio) Ai Tavinho, já deu. Pode ir lá para o seu quarto e não faz muito barulho não! 

Otávio se despede de Ulisses, com um forte e carinhoso abraço, e sai. 

ULISSES: - Você, nem para abraçar seu filho quando ele chega.

LENARA: - Ai, Ulisses, o que é? Lição de moral agora não dá né?

ULISSES: - E o Henrique, como ele tá? Como vocês estão?

LENARA: - O Henrique tá bem. Já foi trabalhar. Outro que levanta cedo. Já deve estar na empresa, tirando o sustendo da nossa família.

ULISSES: - Nossa família?

LENARA: - Sim, Ulisses. Eu estou grávida.

ULISSES (surpreso): - Grávida?!

LENARA: - Sim. Grávida. Gravidíssima. Gostou?

ULISSES: - Nossa... Eu nem sei o que dizer... Parabéns! O Tavinho nem me disse nada.

LENARA: - Ele não sabe.

ULISSES: - Conte com cuidado pra ele, Lenara. As crianças nessa idade sentem ciúmes, um apego muito forte. Normal que se sintam ameaçados quando chega um novo elemento na família.

LENARA: - O Otávio já tá bem grandinho pra ficar tendo essas crises. Mas pode deixar que eu sei cuidar e falarei com ele na hora certa e do jeito certo, ok? Agora pode ir.

ULISSES: - Tá certo. Tenha um bom dia.

LENARA: - Idem.

Lenara fecha a porta.

LENARA: - Eu preciso urgentemente engravidar de uma vez. Mas calma, Lenara. É o período fértil. Logo mais vem a resposta positiva... Agora, eu preciso fazer uma visita importante. Continuar com o plano.

CENA 14. CASA SANTIAGO. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Paula toma café, sozinha à mesa, quando Carol chega.

PAULA: - Oi filha, bom dia.

CAROL (seca/firme): - Bom dia só se for pra você.

PAULA (surpresa): - O que foi, minha filha?!

CAROL: - Não se faça de sonsa, dona Paula. Porque eu sei que por dentro, você deve estar dando pulos de alegria!

PAULA: - Eu posso saber do que eu estou sendo acusada e por quê?!

CAROL: - Você conseguiu o que queria. Agora vai ter o Robson todinho pra você.

PAULA: - Como assim?!

CAROL: - O Robson terminou o namoro comigo, mãe. E sabe o que ele disse? Que é apaixonado por você! Que não consegue te esquecer... Que você é a mulher que ele quer! 

Paula se surpreende. 

CAROL: - Impossível acreditar que isso aconteceu. Eu estava tão feliz.

PAULA: - Carol, eu sinto muito.

CAROL: - Pelo amor de Deus. A sua falsa compaixão eu não preciso... Eu sei muito bem o que você quer agora. Vai lá. Corre para os braços dele! Vai atrás do Robson! Engana o boboca do meu pai, vai viver a vida secreta que você quis! Vai! 

Carol sai da sala. Paula fica pensativa. 

CENA 15. CENTRO COMUNITÁRIO. EXT. DIA. 

Leopardo chega com seus capangas, para em frente ao portão do centro comunitário. No pátio, Salete, Fernanda, Nuno, Cássio, Aimée e Igor.

LEOPARDO: - Então estão todos aqui... Bando de idiotas. Vieram virar cinzas junto com essa joça toda que eu vou queimar?

SALETE: - Por favor, Leopardo! Não faça isso! As crianças não tem culpa!

LEOPARDO: - Todo mundo que se envolve com essa ordinária aí (aponta para Aimée) tem culpa! Ela se deixou levar por vocês... E por esse filho da mãe aí (aponta para Nuno).

AIMÉE: - Não faz uma loucura dessas, Leopardo. Não prejudique ainda mais a sua vida!

LEOPARDO: - Cala a boca, Aimée! Você é a maior decepção da minha vida! 

Leopardo faz sinal para os capangas, que carregam galões de gasolina e começam a jogar no muro do Centro Comunitário. De repente, duas viaturas da polícia chegam, sem alarde, na rua. Leopardo se surpreende. 

LEOPARDO: - O que é isso?! 

Um camburão surge no fundo da rua, com sirene ligada. Policias armados saem de trás dos esconderijos e cercam o bando de Leopardo. 

NUNO: - Nós chamamos a polícia, Leopardo. Você não vai prejudicar mais ninguém.

LEOPARDO: - Seu playboy desgraçado!

POLICIAL: - Larguem os galões! Todos com as mãos para cima. 

Leopardo hesita. Rapidamente, ele saca uma arma, escondida na bermuda e atira em direção ao grupo dentro do Centro Comunitário. Nuno se joga sobre Aimée, a protegendo. Os dois caem no chão. Salete, Fernanda e Igor se jogam no chão. Um dos policiais, armado, atira em Leopardo, atingindo-o no braço. Leopardo deixa cair a arma no chão. Tenta escapar, mas é pego pelos policiais. 

CENA 16. RESTAURANTE RAQUEL. INT. DIA.

A reforma do restaurante está quase pronta. Raquel caminha pelo salão onde vai funcionar o estabelecimento. Acompanha feliz a organização do espaço, quando se surpreende com a chegada de Lenara.

RAQUEL: - O que você está fazendo aqui?

LENARA: - Nossa! Forma mais hostil de desejar bom dia!

RAQUEL: - Impossível desejar ter um bom dia com você, Lenara.

LENARA: - Então é aqui que você vai fazer a pocilga toda...

RAQUEL: - Aqui será o meu restaurante.

LENARA: - Pena de quem vier aqui comer da sua comida, Raquel. Comida feita por gente de caráter duvidoso, que rouba marido de amiga.

RAQUEL: - De novo essa história, Lenara? Já chega! Você veio aqui pra quê, afinal? Acabar com o meu dia, é isso? Já conseguiu, agora pode ir embora!

LENARA: - Mas eu ainda não terminei. Só vim aqui pra te dar uma notícia muito boa.

RAQUEL: - Qual?

LENARA: - Eu estou grávida. 

Raquel se surpreende. 

LENARA: - Grávida do Henrique.

RAQUEL: - Não pode ser verdade. Ele não me disse nada!

LENARA: - Epor que ele iria te dizer alguma coisa? O Henrique é meu marido e nossos planos de casal ficam só entre nós.

RAQUEL: - Isso é mentira! Você está querendo me atingir só porque sabe que o filho que eu estou esperando é do Henrique.

LENARA: - Tem certeza? Olha que eu conheço gente que pode contestar essa sua afirmação.

RAQUEL: - Você... Não... Você conheceu o Joaquim?!

LENARA: - Claro. Ótimo rapaz. Bonitão, hein! Te deu bem indo pra cama com ele lá em Portugal.

RAQUEL: - Cala a boca!

LENARA: - Transa com ele e depois vem dizer que o filho é do Henrique. Francamente, Raquel. Você está se saindo uma ótima de uma vagabunda! 

Raquel acerta um tapa em Lenara. 

LENARA: - Maldita.

RAQUEL: - Como é que você soube dessa história toda?

LENARA: - O próprio Joaquim me contou... Foi eu quem o trouxe para o Brasil, Raquel.

RAQUEL: - Por que você fez isso, Lenara?!

LENARA: - Porque essa é a confirmação de que você é uma piranha, Raquel. Deita com um lá do outro lado do oceano e vem aplicar o golpe da barriga aqui no Brasil? Chega!

RAQUEL: - O Joaquim não merece ser vítima das suas armações, Lenara!

LENARA: - O Henrique não merece ficar acreditando nessa sua mentira, Raquel. Se afasta do Henrique, porque agora ele vai ter um filho de verdade e com toda certeza, para criar. 

Lenara vai saindo, quando vira-se para Raquel. 

LENARA: - E esse tapa, vai ter volta. Desgraçada.

Lenara sai.

RAQUEL: - Não pode ser verdade... Lenara grávida do Henrique! Joaquim no Brasil... É muita coisa pra mim.

CENA 17. HMÓVEIS. SALA ROBSON. INT. DIA.

Robson está em sua sala, trabalhando, quando Paula invade a sala.

ROBSON: - Paula?! O que você está fazendo aqui?!

PAULA: - Eu precisava fazer isso!

Paula se abraça em Robson e o beija. Os dois se beijam apaixonadamente. (sobe trilha “Sem Poupar Coração” – Nana Caymmi)

ROBSON: - Você tá louca?

Robson fecha a porta.

ROBSON: - Imagina se alguém entra aqui e nos flagra!

PAULA: - A Carol me contou... Que vocês terminaram.

ROBSON: - Eu não podia mais me enganar e nem enganar a Carol. É você quem eu amo, Paula.

PAULA: - Eu também amo você, Robson!

ROBSON: - Então vamos viver juntos! Vem comigo! Vamos ficar juntos pra sempre. Eu e você! 

Os dois se beijam, apaixonados. (sobe trilha “Sem Poupar Coração” – Nana Caymmi) 

CENA 18. RESTAURANTE. INT. DIA.

Humberto e Vilma almoçam num restaurante. A TV está ligada no noticiário.

VILMA: - E então, como foi a reunião com o seu parceiro? Ele te passou todos os truques?

HUMBERTO: - Sim. Amanhã mesmo nossa empresa está no mercado, ganhando clientes. O fato de eu ser um Queirós ajuda muito. Passa credibilidade. Embora não saibam que meu caráter não tem crédito nenhum.

Os dois riem. Pegam suas taças de vinho, brindam, sorridentes. De repente o sorriso de Humberto vai se desfazendo.

VILMA: - O que foi Humberto? Parece que viu um fantasma.

HUMBERTO (sério): - A televisão.

Vilma olha para a TV. O noticiário está passando uma reportagem.

REPÓRTER: - O carro foi encontrado numa rua abandonada, quilômetros de distância aonde o atropelamento teria acontecido. Donato Malheiros Queirós, foi atropelado e o possível acidente ganhou ares de crime. A perícia constatou que a velocidade do carro aumentou antes do choque com Donato e que, após a batida, o carro parou e seguiu novamente, acelerando.

VILMA: - Não pode ser!

HUMBERTO: - Encontraram o carro, Vilma. A arma do crime!

Humberto se mostra apreensivo.


novela de
Édy Dutra
 
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
 
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
 
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
 
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
 
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa

atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
 
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel

trilha sonora
Negro Lindo – Léo Santana
 Vai Estar na Minha – Negra Li
 Sem Poupar Coração – Nana Caymmi


produção

 Bruno Olsen
 Diogo de Castro
 Israel Lima


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


 
REALIZAÇÃO



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