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Terra da Garoa: Capítulo 26

Novela de Édy Dutra
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TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 26
 


CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR


LENARA
: - Então fala. O que tá acontecendo?

HUMBERTO: - Você não vai falar pra ninguém? Estou me abrindo contigo.

LENARA: - Deixa de ser bobo, Humberto. Fala logo!

HUMBERTO: - Fui eu o responsável pelo acidente do Donato.

Lenara se surpreende.


CENA 01. MOTEL. QUARTO. INT. NOITE.
 

Continuação do capítulo anterior. Humberto revela para Lenara que foi o assassino de Donato. 

HUMBERTO: - Eu matei o Donato, Lenara. Eu estava dirigindo o carro que a polícia encontrou.

LENARA (surpresa): - Como é que é?! (sai da cama, num salto) Você está querendo me dizer que é um assassino, é isso?!

HUMBERTO: - Eu não deveria ter te falado! Droga!

LENARA: - Você é louco, Humberto!

HUMBERTO: - Não! Já chega!

LENARA: - Como... Mas como você teve coragem?!

HUMBERTO: - Eu precisava ficar com o dinheiro!... Tudo isso é meu! Por direito! Por toda uma vida rejeitado, preterido pelo Gurgel, por todos daquela família... Eu só quero o que eu mereço!

LENARA: - E para isso é preciso matar?

HUMBERTO: - Foi a única solução. A Vilma me incentivou e eu aceitei.

LENARA: - Eu vou embora. Essa conversa já está me deixando com medo.

Lenara começa a se vestir. Humberto se aproxima dela, a abraça.

HUMBERTO: - Por favor, não me deixa sozinho nessa...

LENARA: - Você não está sozinho. Tem aquela velha chata da Vilma.

HUMBERTO: - Não, Lenara... É você quem eu quero do meu lado.

LENARA: - Impossível. Eu sou casada com o seu irmão. É ele quem eu quero.

HUMBERTO: - Mesmo depois que ele fique pobre?

LENARA: - O Henrique nunca ficará pobre, Humberto. Coloca isso na sua cabeça. Ainda temos muito dinheiro para gastar nessa vida.

HUMBERTO: - Você se acha esperta demais, mas não enxerga um palmo à sua frente... A empresa não vai sobreviver muito tempo, Lenara. Esse racha que o Donato causou, e que de fato eu também colaborei, abalou todas as estruturas... Em breve a Azeite Queirós vai começar a perder mercado, ações, espaços e chegará à falência.

LENARA: - É impossível.

HUMBERTO: - Tudo é possível, minha amada... Tudo. E isso não está longe de acontecer. E quando isso acontecer, eles terão que vir beijar os meus pés para terem a minha ajuda. Eu quero ver o Henrique na lama. Sem nada!

LENARA: - Esse ódio todo... A troco de quê?

HUMBERTO: - Você ainda vai sofrer na pele a rejeição, Lenara. E aí sim você vai saber o porquê das minhas ações. 

Lenara encara Humberto, termina de se vestir.

LENARA: - Eu vou indo agora.

HUMBERTO: - Por favor! Não fale nada pra ninguém desse meu segredo. Eu confio muito em você.

LENARA: - Claro. Não falarei. Pode ficar tranquilo.

Lenara vai embora. Humberto volta pra cama, senta. Fica pensativo.

CENA 02. RESTAURANTE RAQUEL. INT. NOITE.

Henrique e Raquel ao beijos no salão do restaurante.

RAQUEL: - Henrique, isso é loucura! Imagina se alguém entra aqui?

HENRIQUE: - Alguém quem? A Lenara é que não vai ser...

RAQUEL: - Aí é que você se engana. Ela adora vir dar uma incerta por aqui...

HENRIQUE: - Mas agora você não vai precisar se preocupar com ela.

RAQUEL: - Por que não?

HENRIQUE: - Porque eu decidi que vou colocar tudo em pratos limpos com ela. Hoje mesmo eu me separo da Lenara.

RAQUEL: - Henrique! Tem certeza? Assim?!

HENRIQUE: - Eu não quero mais adiar a minha felicidade, Raquel. Eu não amo a Lenara. Eu amo você!

RAQUEL: - Eu também te amo Henrique. Muito!... Mas eu tenho medo do que ela possa fazer, tentar te prejudicar.

HENRIQUE: - Ela não vai fazer nada. A Lenara precisa entender que não vai haver felicidade entre eu e ela. Ela precisa é seguir a vida dela... Porque eu vou seguir a minha do teu lado, Raquel. Do teu lado. 

Henrique abraça Raquel, a beija, apaixonado. 

CENA 03. CT CORINTHIANS. INT. NOITE. 

Daniel fica aflito em meio ao flagra.

DANIEL: - Polícia?! Mas eu já falei que isso não é meu!

MARCELO: - Daniel, fica calmo...

DANIEL: - Como é que eu vou ficar calmo, mano?! Encontraram drogas nas minhas coisas e eu vou ficar calmo?!

TÉCNICO: - Mas essa sua alteração não é normal também, Daniel. Se não é sua, não tem porque ficar assim, não acha?

DANIEL: - Eu fico nervoso, poxa! É a minha carreira, minha vida em jogo por causa disso!

MARCELO: - Pensasse melhor antes de trazer isso pra cá...

DANIEL: - Falou o quê, Marcelo?

MARCELO: - Eu? Não, nada não...

DANIEL: - Eu ouvi você falando, cara. Repete aí!

MARCELO: - Eu só acho que você poderia assumir seu erro e acabar logo com essa situação.

DANIEL: - Assumir erro?! Marcelo! Tu me conhece desde moleque, cara! Você sabe que eu nunca fui envolvido com essas coisas...

MARCELO: - Tudo bem, Daniel... Mas vem a fama, o poder, o dinheiro. A cabeça acaba dando uma virada. Eu não te culpo por isso, brother. Mas acho que precisa de ajuda. 

Daniel fica olhar incrédulo para Marcelo, que o encara impassível.

TÉCNICO: - Venha, Daniel. Infelizmente vamos ter que ir para a delegacia.

CENA 04. QUADRA UNIDOS DA ZONA LESTE. INT. NOITE.

A diretoria está reunida na quadra da Unidos da Zona Leste, em torno de uma grande mesa. Jair, na ponta, coordena o encontro. De um lado, Rosa, Candinho e outros diretores. Do outro, Zuleica, Keylla Mara e Bárbara (com cara de enfado).

JAIR: - Bem, como vocês sabem... Com a prisão do nosso patrocinador (pausa)

ZULEICA: - Aquele bandido pra quem você ia vender a honra da nossa escola, não é Jair?!

JAIR: - Dona Zuleica, por favor... Permita que eu continue.

ZULEICA: - Claro... Falei só para deixar bem claro o tipo de gestão que você quer implantar na escola. Mancomunada com traficantes.

ROSA: - Confesso que eu também não gostei dessa postura, Jair...

JAIR: - Mas então gente... Foi por isso mesmo que eu convoquei essa reunião aqui e chamei a todos. Inclusive você, Bárbara. Primeiramente para me desculpar pelas minhas ações impensadas... Eu estava, e ainda estou, com a cabeça fervilhando, buscando soluções para colocar nossa escola na avenida. O Anhembi nos espera com muita expectativa e não podemos deixar nossa comunidade sem o prazer do desfile.

BÁRBARA: - E onde eu me encaixo nisso? Se nem na escola eu vou desfilar? 

Neste instante, Aimée entra na quadra, junto com Nuno, trazendo a faixa e a coroa de rainha da bateria.

AIMÉE: - Você vai desfilar sim, Bárbara.

BÁRBARA (surpresa): - Aimée?

AIMÉE: - Eu pedi para o Seu Jair chamar você aqui para te entregar o que é de direito.

Aimée se aproxima de Bárbara e lhe passa a faixa e a coroa de rainha da bateria. Bárbara se emociona.

AIMÉE: - Eu te peço desculpas, amiga, pelo mal estar que eu te causei. Esse posto não é e nunca será meu. A rainha da bateria da Unidos da Zona Leste é você, Bárbara! Linda e soberana!

BÁRBARA (emocionada): - Ai amiga! Eu nem sei o que dizer... Muito obrigada!

As duas se abraçam, emocionadas.

KEYLLA MARA: - Viva! A nossa rainha está de volta!

Todos aplaudem Bárbara, enquanto Aimée coloca a faixa e a coroa na amiga. Bárbara sorri, feliz.

JAIR: - Seja bem-vinda ao seu lar, Bárbara!

ZULEICA: - Que felicidade, minha filha! Que orgulho!

BÁRBARA: - Obrigada pessoa! Eu só tenho a agradecer o carinho de todos vocês comigo! E dizer que, o quanto antes eu preciso de uma festa de coroação! Com imprensa e tudo mais, presidente!

JAIR: - Claro, claro...

ROSA (cochicha com Candinho): - E ela não desiste de aparecer...

CANDINHO: - Essa aí nunca vai descer do salto. Nunca. Mas é figura marcante da escola. De certa forma eu estou feliz de ver a Bárbara de novo à frente da minha bateria.

ROSA: - Isso eu não posso negar. Ela é a marca da Unidos da Zona Leste...

O telefone de Rosa toca e ela vê a chamada de Daniel. Ela se afasta para atender.

ROSA (ao telefone): - Oi meu filho! Bom que você ligou! Estamos numa reunião aqui na quadra e... (pausa) Como é que é?! Como isso, Daniel?! (aflita) Polícia?!

As pessoas começam a prestar atenção em Rosa, que deixa o telefone cair no chão.

JAIR: - Rosa?!

ZULEICA: - Rosa, está bem, minha amiga?

ROSA: - O Daniel... Está preso.

BÁRBARA: - Preso?!

Rosa sente-se tonta. Candinho a socorre e Rosa desmaia em seus braços.

KEYLLA MARA: - Eu vou pegar uma água pra ela! (saindo)

CANDINHO: - Rosa! Fala comigo! Rosa!

BÁRBARA: - Como assim, o Daniel está preso?! Da onde isso?!

Candinho e Zuleica tentam reanimar Rosa, que fica desacordada.

CENA 05. APTO LENARA. INT. NOITE.

Lenara chega em casa, e se surpreende ao ver Henrique brincando com Otávio.

HENRIQUE: - Nossa, você tem brinquedos muito legais, Otávio!

OTÁVIO: - Eu sei... Pena que quase ninguém brinca comigo. Só você, meu pai e a Rita. (enxerga Lenara) Mamãe!

Otávio corre e abraça Lenara.

LENARA: - Ai Tavinho! Devagar!

OTÁVIO: - Saudade de você, mãe.

LENARA: - É, meu amor? Que legal...

OTÁVIO: - O Henrique estava brincando comigo, com meus carrinhos e heróis!

LENARA: - Eu vi... Vocês dois se dão muito bem.

HENRIQUE: - Impossível não se dar bem com uma criança como o Tavinho.

LENARA: - Agora pega seus brinquedos e vai pro quarto, Tavinho. A mamãe quer falar com o Henrique.

OTÁVIO: - Mas eu e o Henrique estamos brincando ainda e (pausa)

LENARA (grita): - Agora, Otávio! 

Otávio se assusta e sai apressado da sala. 

HENRIQUE: - Não há necessidade de tratar o garoto assim, Lenara!

LENARA: - Ai Henrique, por favor! Eu tive um dia estressante... Só quero paz.

HENRIQUE: - Bela forma de conseguir paz, gritando com seu filho... E antes de qualquer coisa, seria muito bom se você olhasse com mais cuidado pra ele. O Tavinho precisa de atenção, Lenara.

LENARA (se joga no sofá): - Tavinho é mimado, isso sim. Mas agora vai vir o nosso bebê e tudo ficará em paz. Nossa família!

HENRIQUE: - Lenara, presta atenção no que eu estou te falando! É sério! O Otávio precisa de atenção.

LENARA: - Eu também preciso de atenção e você não está nem aí pra mim. Nem pra mim e nem para o seu filho que eu estou carregando aqui dentro. Nosso casamento precisa de atenção, Henrique!

HENRIQUE: - Pois bem. Já que você não quer falar sobre o seu filho, vamos falar sobre o nosso casamento. Ou melhor, sobre o fim dele. 

Lenarase levanta, surpresa com os dizeres de Henrique. 

LENARA: - Como é que é?! 

Nesse instante, Rita chega na sala.

RITA: - Oi dona Lenara. Nem vi a senhora chegar... Quer que eu sirva o jantar agora?

LENARA: - Eu quero é que você suma da minha frente, Rita. Agora!

Rita vai da sala, apressada.

LENARA: - Você falou o quê?

HENRIQUE: - Eu ainda nem falei. Mas vou falar com você sobre o fim do nosso casamento.

LENARA: - Você bebeu alguma coisa enquanto eu estava fora, é isso?

HENRIQUE: - Não, Lenara. Eu tomei foi juízo da minha vida. Não vale a pena continuar e você sabe disso.

LENARA: - Eu sei é que você está ficando louco, Henrique! Não existe fim do nosso casamento!

HENRIQUE: - Existe, Lenara. Ele já começou há algum tempo. Talvez você não tenha percebido... Nos não estamos felizes.

LENARA: - Eu estou!

HENRIQUE: - Mas eu não estou!... E um casamento não é feito da felicidade de uma só pessoa e sim, de duas... É duro dizer isso, mas eu não amo você, Lenara.

Lenara não se segura e acerta um tapa no rosto de Henrique.

LENARA: - Você não tem o direito de me dizer uma coisa dessas, Henrique!

HENRIQUE: - Eu sei que você está sofrendo... Mas eu não posso seguir adiante, me enganando e enganando você também. O meu coração não está aqui. E você sabe muito bem...

LENARA: - A vagabunda da Raquel! Vagabunda!

HENRIQUE: - Chega, Lenara!

LENARA: - Chega você!... A sua vida é do meu lado, Henrique! Tem a empresa, tem a família, tudo!

HENRIQUE: - Eu vou dar toda a ajuda que nosso filho precisar, quanto a isso você não se preocupa. Mas a partir de agora, a minha vida não será mais junto da sua...

LENARA: - Não!

HENRIQUE: - Amanhã, se você quiser, podemos conversar na empresa, para acertarmos os detalhes da separação com os advogados.

LENARA: - Você não sabe o erro que está cometendo, Henrique.

HENRIQUE: - Erro eu cometeria se continuasse a fugir da minha verdadeira felicidade.

Henrique vai embora. Lenara fica parada na sala, de pé, incrédula.

LENARA: - Fim de casamento? Grana? Luxos? Nada mais?! Nunca!... Eu não posso morrer na praia... E a droga dessa criança que não gera aqui na minha barriga! Maldita fonte de renda!... Mas se eu não vou ter um filho do Henrique, a vadia da Raquel também não vai!

Rita chega na sala.

RITA: - A senhora precisa de alguma coisa, dona Lenara?

LENARA: - Saco, Rita! Me erra!

RITA: - Desculpa, dona Lenara, mas é que eu ouvi a discussão... Acabou o casamento, é isso?

LENARA: - Acabou é a minha paciência! Eu preciso de ar!... (pega a bolsa e vai saindo) Fica essa noite aqui com a praga do Otávio. Tem tudo aí em casa.

Lenara sai, batendo a porta.

RITA: - Ai, meu Deus!... Pelo visto vem bomba por aí...

CENA 06. MANSÃO QUEIRÓS.QUARTO LIZA. INT. NOITE.

Liza conversa com Monique, deitadas na cama. Liza recostada sobre Monique, que afaga Liga com cafuné.

LIZA: - Que bom que você veio, Monique... Desculpa por ter te tirado do convívio dos teus amigos agora à noite.

MONIQUE: - Nem esquenta, Liza, não precisa se desculpar não... Eu o Claude tínhamos ido até o restaurante da Raquel ver como estão as coisas.

LIZA: - E está bonito mesmo?

MONIQUE: - Está lindo! A gente até já pegou os convites da inauguração. E você vem comigo.

LIZA: - Nossa, que show!... Mas não sei se estou no clima de festa, sabe? Não consigo tirar a imagem daquela mulher, de turbante na calçada, vendo meu pai ser atropelado e depois ela entra no carro e vai embora.

MONIQUE: - Que mulher é essa?

LIZA: - A Vilma! Eu tenho certeza que era ela!... E nada me tira da cabeça que ela planejou tudo para ficar com o dinheiro do meu pai.

MONIQUE: - Nossa! Que história hein!E esse dinheiro todo que o seu pai pegou na divisão da empresa... Está com quem?

LIZA: - Com o Humberto. E é isso que eu entendo também... Ou melhor, eu até entendo, mas desconfio.

MONIQUE; - É, tem alguma coisa que não fecha aí.

LIZA: - O Humberto mora com a Vilma e nem por um instante, desconfia dela. Aliás, eu não lembro de ver o Humberto sentido pela morte do nosso pai.

MONIQUE: - Você acha que...

LIZA: - O Humberto e a Vilma podem estar juntos nessa história, Liza! (levanta da cama) Meu Deus! Um ninho de cobras!

MONIQUE: - Fala baixo! A dona Maria Alice pode ouvir!

LIZA: - Acho que ela nem sonha que o Humberto pode estar envolvido nisso...

MONIQUE: - Mas você também não tem certeza quanto a isso, Liza. Vá devagar. Essa gente é perigosa.

LIZA: - Meu pai pode não ter sido o homem mais honesto e íntegro do mundo. Mas não merecia terminar como terminou. E o dinheiro todo dele nas mãos dessas pessoas... A Vilma eu tenho certeza que tá envolvida. O Humberto eu ainda não posso afirmar. Mas eu vou descobrir... Será que ele teria coragem de matar o próprio pai por dinheiro? 

As duas se olham, sem reação. 

CENA 07. HOTEL. QUARTO. INT. NOITE.

Joaquim sentado na escrivaninha do quarto, termina de escrever uma carta, e a coloca dentro de um envelope. Na cama do quarto, sua mala está fechada, com o passaporte de Joaquim em cima.

Neste instante, Lenara chega no local, apressada, um tanto desnorteada.

JOAQUIM: - Lenara?!

LENARA: - Joaquim, eu estou precisando (vê a mala na cama) O que essa mala está fazendo aqui?

JOAQUIM: - É a minha mala, Lenara. Eu vou voltar para Portugal.

LENARA: - Você está louco?! Vai voltar pra lá para ser o quê? Mendigo?! Você volta mais!

Lenara pega o passaporte de Joaquim.

JOAQUIM: - Lenara, por favor. Não vamos mais brigar. Devolva o meu passaporte.

LENARA: - Você é surdo, Joaquim? Você só sai daqui de São Paulo quando eu quiser!...

JOAQUIM: - Eu não estou brincando, Lenara!

LENARA (grita): - E eu muito menos!

Joaquim a encara.

LENARA: - Eu vim até aqui porque você vai me ajudar nessa cartada final contra o Henrique e a Raquel.

JOAQUIM: - Eu não vou mais te ajudar em nada. Desista.

LENARA: - Eu te devolvo o passaporte, Joaquim. Eu prometo... Pelo menos escute o que eu tenho para te dizer... Você não quer ter o amor da Raquel para sempre? Você pode!

JOAQUIM: - A Raquel é a mulher que eu amo e tu sabes disso, Lenara. Mas eu não vou poder apagar o amor dela pelo Henrique assim, como num passe de mágica.

LENARA: - Isso eu sei... Mas você pode conquistá-la... Ainda mais depois de um baque terrível na vida dela.

JOAQUIM: - Baque terrível? Do que você está falando?

LENARA: - Do nosso plano... A Raquel vai abortar o bebê.

JOAQUIM: - O quê?! Você está louca!

LENARA: - Nós vamos fazer com que o Henrique seja o culpado por isso e pronto. Ela odeia o Henrique para sempre e você a consola nesse momento difícil. O que acha?! 

Joaquim segura Lenara pelo braço, a sacode. 

JOAQUIM: - Eu acho é que você precisa de tratamento! Louca! Você não vai fazer nada contra a Raquel! Nada! 

Joaquim empurra Lenara, que cai sobre a cama. 

LENARA: - Você não vai me ajudar, é isso?!

JOAQUIM: - E chegou a passar por um momento em sua cabeça que eu iria te ajudar nesse plano demoníaco? Você é podre, Lenara... 

Lenara pega a mala de Joaquim e vai até a sacada do quarto, jogando a mala pela janela. Joaquim tenta impedir, mas não consegue. 

LENARA: - Você é um ingrato, Joaquim!

JOAQUIM: - E você precisa de tratamento! O Henrique nunca será seu!

LENARA: - Cala essa boca! O meu plano vai dar certo e eu vou conseguir fazer tudo o que eu quiser! Tudo! A Raquel vai ir para o inferno!

JOAQUIM: - Eu vou chamar a polícia. Você não pode sair daqui sem ser punida.

Lenara puxa Joaquim, os dois caem na sacada. Joaquim se levanta, tenta se desvencilhar de Lenara, que lhe dá tapas, num acesso de fúria.

JOAQUIM: - Pare, Lenara! Você vai acabar se machucando!

LENARA: - E você vai ir para o inferno!

Lenara empurra Joaquim, que perde o equilíbrio na mureta de vidro da sacada do quarto. Sem conseguir se segurar, Joaquim cai da sacada do quarto, do alto do 15º andar do hotel. Lenara se mostra aflita.

LENARA: - Não! Ai meu Deus! Lenara!... Eu preciso sair daqui! Eu preciso!

Lenara sai do quarto apressada. CAM foca na escrivaninha do quarto, com o envelope da carta escrita por Joaquim.

CENA 08. HOTEL. SAGUÃO. NOITE / RUA. EXT. NOITE.

Lenara passa apressada pelo saguão, onde a movimentação é grande. Uma senhora se aproxima dela.

SENHORA: - Menina! Você viu? Um homem caiu lá do alto do prédio! Está morto na calçada!

LENARA: - Eu não vi nada não, minha senhora. Me deixa em paz!

Lenara sai do hotel apressada. Ao sair na rua, enxerga o aglomerado de pessoas em torno do corpo de Joaquim. O barulho da sirene de ambulância se aproxima e Lenara caminha rapidamente, afastando-se do local.

CENA 09. APTO RAQUEL. INT. NOITE.

(sobe trilha “I Look To You” – Whitney Houston)

Raquel e Henrique deitados na cama, envoltos pelos lençóis.

RAQUEL: - Parece sonho eu ter você aqui do meu lado, Henrique.

HENRIQUE: - Os sonhos se realizam. Isso aqui é uma realidade. Eu, você, nosso filho.

RAQUEL: - Não sabe o quanto eu desejei ouvir você dizer isso. Nosso filho.

HENRIQUE: - Será que eu vou conseguir ser um bom pai?

RAQUEL: - Claro que vai! Henrique, você é um homem especial!... Tenho certeza que, ele ou ela, vai te amar muito. Assim como eu amo! 

Os dois se beijam, apaixonados.(fade in trilha “I Look To You” – Whitney Houston) 

CENA 10. TRANSIÇÃO DO TEMPO 

(trilha “I Look To You” – Whitney Houston)

Imagens de SP ao amanhecer. Mostra o sol surgindo por entre os prédios da Selva de Pedra. Os carros tomando as ruas, a movimentação das pessoas. (fade out trilha “I Look To You” – Whitney Houston) 

CENA 11. APTO RAQUEL. INT. DIA. 

O telefone de Raquel toca. Ela ainda deitada na cama, ao lado de Henrique.

HENRIQUE: - Raquel... Seu telefone...

RAQUEL (sonolenta): - Deve ser o pessoal lá no restaurante. Hoje chegam os detalhes da decoração.

Raquel se levanta e pega o celular na mesinha.

RAQUEL (ao telefone): - Alô? (Tempo) Sim, sou eu mesma. (T) Joaquim Pereira? Sim, conheço...

Henrique senta-se na cama.

RAQUEL (ao telefone/aflita): - Como que é?! Moço, calma aí... (senta-se na cadeira)

Henrique se aproxima.

HENRIQUE: - O que foi, Raquel?!

RAQUEL: - É do hotel onde o Joaquim estava hospedado, Henrique... Ele caiu da sacada do quarto. Décimo quinto andar.

HENRIQUE: - Meu Deus!

RAQUEL (ao telefone): - Sim, sei onde fica. (T) Está certo. Estou indo pra aí agora. (desliga)

HENRIQUE: - Mas caiu como?!

RAQUEL: - Eles não sabem... Se foi acidente. Ou até suicídio. Mas eles me ligaram porque encontraram no quarto dele, uma carta, que tinha meu nome e meu telefone.

HENRIQUE: - Uma carta pra você?

RAQUEL (apreensiva): - Vem comigo pro hotel, Henrique? Eu não quero ir lá sozinha.

HENRIQUE: - Claro que eu vou com você, meu amor.  

CENA 12. APTO HUMBERTO. INT. DIA. 

Vilma e Humberto conversam, enquanto tomam café da manhã.

VILMA: - Você sumiu boa parte da noite de ontem... Não disse aonde foi, chegou e não falou nada.

HUMBERTO: - Acho que já estou um pouco grandinho para ficar dando satisfação da minha vida para a minha mãe. Não acha?

VILMA: - Não, eu não acho. Ou você esqueceu que nós temos uma empresa para administrar agora e que o presidente desta empresa é você e que não pode ficar sumido por aí. Poxa, Humberto! A gente pode pegar uma grana alta e você de segredinhos por aí?

HUMBERTO: - Quanto a isso não precisa se preocupar, porque ontem mesmo quando eu cheguei, já fechei uma transação graúda para a nossa empresa. A primeira!

VILMA: - Jura?! Quanto?!

HUMBERTO: - Trezentos mil reais. Um pequeno grupo de empresários paranaenses, donos de uma empresa de papel e celulose.

VILMA: - Trezentos mil... Não é um valor alto, mas dá pra gente começar sim. Parabéns. 

No noticiário da TV, passa a notícia da morte de Joaquim.

VILMA: - Tanta coisa pra se fazer nesse mundo e as pessoas se jogando dos prédios. Esse aí veio de Portugal pra se matar em São Paulo. Muita mediocridade.

HUMBERTO (rindo): - Você é demais, Vilma. Seus comentários são os melhores.

A campainha toca. Vilma vai atender. Ao abrir a porta, ela se surpreende com a chegada de Lenara.

VILMA: - Mas o que você está fazendo aqui?!

HUMBERTO: - Lenara?!

Lenara vê a matéria da morte de Joaquim na TV. Ela pega uma xícara da mesa e joga na TV, quebrando a tela do aparelho.

VILMA: - Mas o que é isso?! Louca!

HUMBERTO: - Ei Lenara!

LENARA: - Eu não quero uma palavra sobre essa história, ok? Uma palavra!

VILMA: - Humberto, tira essa mulher daqui, agora!

LENARA: - O Humberto não vai mover uma palha, Vilma. Eu preciso da ajuda dele e se ele se negar, a polícia vai saber tudo sobre a morte do Donato Queirós.

VILMA: - Você contou pra essa piranha, Humberto?!

HUMBERTO: - O que é que você quer, Lenara?

LENARA: - Duas coisas... Abrigo...

VILMA: - Ué? Você não tem casa pra morar não?!

LENARA: - Fui eu quem empurrou o cara que caiu da sacada, ontem.

HUMBERTO (surpreso): - Você?!

VILMA: - Minha nossa! Uma assassina!

LENARA: - Nada diferente do que vocês já sejam, Vilma.

HUMBERTO: - Lenara, eu não sei nem o que dizer...

LENARA: - Primeiro me aceitem. Segundo, me ajude. O Joaquim morreu porque se recusou a colaborar comigo.

VILMA: - E qual o plano?

LENARA: - Arruinar a abertura do restaurante da Raquel e, de quebra, provocar o aborto do filho que ela está esperando.

HUMBERTO: - E como você pretende fazer tudo isso e sair ilesa?

LENARA: - Colocando a culpa no Henrique... Ou pelo menos fazendo com que ele participe disso tudo. Eu sei que vocês vão me ajudar. 

Humberto e Vilma trocam olhares. 

LENARA: - E então? Uma mão lava a outra?

CENA 13. DELEGACIA. INT. DIA. 

Rosa, aflita, na sala de visitas. De repente, a porta se abre e Daniel é trazido por policiais. 

ROSA: - Meu filho! 

Daniel abraça Rosa, que se emociona.

ROSA: - Meu Deus, Daniel!...

DANIEL: - Mãe, eu não tive culpa de nada, eu juro!

ROSA: - Eu sei, meu amor. Eu preciso que você me conte o que foi que aconteceu.

DANIEL: - Acharam drogas nas minhas coisas, no vestiário do clube, mãe.

ROSA: - Mas você não é de mexer com isso, Daniel!

DANIEL: - Pois então, mãe! Eu não sei como isso foi parar lá! Alguém mexeu nas minhas coisas e plantou essa droga lá...

ROSA: - Inveja, meu filho. Você estava fazendo sucesso... Mas a justiça virá, pode ter certeza!

DANIEL: - Eu estou com muito medo, mãe. A minha carreira, a minha vida, tudo arruinado.

ROSA: - Nós vamos conseguir te livrar dessa, Daniel. Eu já falei com o Carlos e ele vai me ajudar a encontrar um bom advogado pra tirar você daqui. Vai ficar tudo certo, meu filho.

Rosa segura firme a mão do filho, que se emociona com o carinho da mãe.

CENA 14. HOTEL. SAGUÃO. INT. DIA.

Raquel e Henrique estão no saguão do hotel, quando o funcionário entrega para Raquel a carta escrita por Joaquim.

HENRIQUE: - Leia, Raquel! Pode ter alguma pista do que pode ter causado isso tudo.

Raquel abre o envelope e começa a ler a carta. Seus olhos marejam.

HENRIQUE: - E então? O que diz a carta?!

RAQUEL: - A confirmação daquilo que o meu coração sempre soube ser a verdade.

HENRIQUE: - O que foi?

RAQUEL: - O Joaquim diz que nunca teve nada comigo, Henrique... O filho que eu estou esperando não tinha chances nenhuma de ser dele. Ele sabia o tempo todo que (pausa)

HENRIQUE: - Ela sabia que...

RAQUEL: - Esse filho é seu, Henrique. Essa criança é nossa, meu amor!

(sobe trilha “I Look To You” – Whitney Houston)

Henrique abraça Raquel e a beija, apaixonado.


novela de
Édy Dutra
 
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
 
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
 
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
 
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
 
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa

atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
 
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel

trilha sonora
Além da Nova Ordem – Julio Serrano
Turtango Instrumental
I Look To You – Whitney Houston

produção

 Bruno Olsen
 Diogo de Castro
 Israel Lima


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


 
REALIZAÇÃO



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