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Cine Virtual: Nada contra o Fiat 147

Conto de K. Oliveira
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Sinopse: Carla é uma pessoa que detesta mentiras, joga com a verdade o tempo todo! Mas, deixou-se levar por um alguém que agiu de má fé. O Fiat 147 poderia ser o melhor lugar do mundo, o início de uma linda história de amizade ou de amor e até virar o "xodó" do casal se não fossem as situações que o envolve. Enfim, o problema não é a marca do carro.

Nada Contra o Fiat 147
de K. Oliveira

 

Carla sempre foi uma moça simples, mas muito vaidosa, carinhosa, otimista e alegre. Sempre conquistou as pessoas com o seu jeito doce e prestativo.

Numa noite de sábado, resolveu sair com as amigas para jogar conversa fora e se divertir um pouco ao som de música ao vivo. Parecia estar feliz, porém o coração mostrou-se solitário.

Esse sentimento aparecia de vez em quando, mas ela não deixava transparecer. Aguardava, ansiosamente, o momento de preencher esse vazio, um vácuo... com o surgimento de alguém bacana. Não tinha pressa... deixava rolar!

Nessas saídas com as amigas sempre aparecia alguém. Porém, não passava de papos, uma ou outra troca de beijos... coisas da balada! Sem compromisso! Nada que pudesse levar a sério.

Essas noites eram de aventuras. Inventavam de ir às festas e shows até em outras cidades. Como diziam: “vários perrengues pra contar histórias!”

E assim, Carla vivia... entre o trabalho, estudo e a distração no final de semana.

Mesmo cansada do domingo, na segunda-feira, acordava cedinho e estava pronta para a batalha.

Carla não suportava mentiras e isso lhe feria demais. Família e amigos gostavam desse seu jeito e admiravam a sinceridade da moça.

A cidade onde morava promovia todo ano o Festival de Inverno. Era uma época muito esperada pela galera. Vinha gente até de outras cidades e estados para curtir. Carla e as amigas se preparavam o dia inteiro para aproveitar tudo do festival.

No primeiro dia do evento, já estavam ansiosas e desde cedo começaram a planejar as roupas, os penteados... quando chegou a hora marcada, todas foram para a casa da Eliane. Era um alto astral, uma animação contagiante. E daí pegou um táxi e seguiram.

O festival estava tão bom que nem se deram conta do horário e da quantidade de gente que já estava na fila, esperando para pegar um táxi.

As moças ficaram durante quase duas horas sentadas na calçada e nada de conseguirem o transporte. Eram muitas pessoas na mesma intenção. Tanta gente na fila e já era quase cindo horas da manhã.

Desanimadas, mudaram de lugar e sentaram na calçada de outra esquina e ficaram aguardando.

Já tinha até amiga querendo cochilar!

Foi aí, que parou um carro enorme, prata, rodas chamativas e vidros escuros.

De repente, a pessoa ao volante abaixou o vidro e chamou Carla pelo nome. A moça achou estranho, mas não dirigiu-se ao veículo.

Novamente, um rapaz lhe chamou. E dessa vez, fixando o olhar no rapaz, Carla o reconheceu de outras baladas. Conversaram por uns minutos e aceitou a carona.

Ficou grata com a gentileza, porém também ficou com os pés atrás diante da situação. Entrou no carro com as amigas.

O rapaz era o Bernardo...  o tal “conhecido” das baladas.

Bernardo deixou as amigas de Carla em suas casas e, obviamente, deixou-a por último. Conversa vai... conversa vem... trocaram números de telefone.

Na sexta à noite, da semana seguinte, Bernardo ligou para Carla convidando-a para dar uma volta. Carla não sabia o que responder, pediu um tempo e lhe disse que ligaria depois de uns minutos.

As amigas deram o maior apoio e a moça confirmou o encontro com Bernardo. Trocaram mensagens e o encontro ficou marcado.

Para o azar de Carla, o patrão pediu-lhe para fazer um plantão no escritório... logo no sábado! Mas, ela foi e cumpriu o seu dever.

Correu para casa, fez aquela massagem nos longos cabelos, escolheu a melhor roupa e ficou mais linda do que já era. Afinal, para andar naquele “carrão” e ir a algum lugar bacana... tinha que estar perfeita!

O ponto de encontro foi um posto de gasolina bem conhecido.

Na hora marcada, Carla já estava lá e nada do tal “carrão” do Bernardo. Apenas um Fiat 147 bem acabado, parado na ponta da esquina.

Carla já estava ficando nervosa. Ligou para o Bernardo perguntando se havia acontecido alguma coisa e o porquê da demora.

O rapaz disse que já estava esperando-a desde a hora combinada, mas não tinha encontrado um bom lugar para estacionar. Falou que ia a pé encontrá-la e, assim fez.

Encontraram-se e Bernardo atravessou a rua. Carla perguntou onde ele estava indo. Para surpresa da moça, o cara tinha ido buscá-la no Fiat 147. Foi uma decepção!

No entanto, a decepção não era por causa da marca do carro, mas pela mentira e o carro estar em péssimas condições... todo acabado!

Caindo aos pedaços... a porta do passageiro não abria e tinha que passar pelo lado do motorista. Atrás não tinha bancos, pois o carro era usado para transportar mercadorias do pai de Bernardo, que era feirante.

Toda linda e bem arrumada, Carla teria que entrar naquele carro cheio de restos de verduras, passar um sufoco pra chegar ao banco do passageiro e, ainda apertar-se, pois era uma moça altas... com as pernas compridas.

Enfim, só transtornos...

Dentro do carro, trocaram poucas palavras e Bernardo disse que era mecânico. Havia pegado o tal “carrão” de um cliente que tinha viajado. Aproveitou a oportunidade e foi com o veículo para o Festival de Inverno.

Carla ficou apavorada, triste com a mentira. Ainda mais, uma pessoa se aproveitar da boa fé dos outros. Sua vontade era voltar para a casa. A noite já tinha perdido a graça, totalmente.

Bernardo insistiu, pediu-lhe desculpas e uma chance. Acabaram concordando de comerem uma pizza.

Enquanto isso... a cabeça de Carla estava a mil: “Que vergonha! Como sair pelo lado do motorista, perto de um local tão movimentado?”

Bernardo notou a preocupação da moça e parou a Fiat 147 em outra rua para não causar mais constrangimentos.

Sem muito assunto, ficaram pouquíssimo tempo na pizzaria porque Carla pediu para irem embora. Bernardo concordou e pediu a conta ao garçom.

Carla mal sabia que seria, novamente, surpreendida!

O garçom trouxe a conta, o rapaz pegou-a e dirigiu o papel à Carla. A moça não entendeu nada! Pois é, ele estava querendo dividir os gastos.

Sem alternativa e louca para ir embora, Carla acabou dando a metade da quantia e saiu da pizzaria, na frente do rapaz.

Caminhou até o Fiat 147 branco pensando em chegar o mais rápido possível em casa. Porém, a casa era longe e na velocidade que o carro conseguia alcançar, naquela situação precária, ia demorar se livrar da situação.

Lá se foram... devagarzinho!

Nada estava conspirando a favor da moça. Algo previsível, mas não esperado... naquele momento... acabou acontecendo! O carro deu defeito no meio da noite, em plena avenida movimentada de um sábado.

Bernardo pediu que Carla descesse do carro e ajudasse a empurrá-lo. Já era um buzinaço e zoação de todo jeito... de motoristas e pedestres!

Nossa! Aquilo foi a gota d’água! Carla estava mais do que indignada... tirou o salto, foi para o lado contrário da pista onde o Fiat 147 ficou parado e nem olhou para trás!

Seguiu o seu caminho e nunca mais olhou na cara de Bernardo. 

Conto escrito por
K. Oliveira

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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