CRIMES NO SUBÚRBIO CARIOCA - A GATA DE IRAJÁ - CAPÍTULO 07
A casa que os agentes visitam faz parte de um complexo residencial com um bom sistema de segurança, mas, dessa vez funcional. Eles são identificados ainda no portão de acesso. Ralf observa através da guarita que as imagens dos monitores, espalhados estrategicamente a fim de cobrir tantos pontos de passagem quanto possível, são transmitidos em tempo real. Marilda também percebe, abaixa a cabeça como se estivesse imaginando como o assassino faria para se esconder dessa vez.
— Tudo bem, vocês podem passar, mas o carro terá que ficar aqui ao lado. Sabem como chegar na casa?
— Não, acho que vou precisar de um guia.
— Tudo bem, Dênis, vá com eles para mostrar onde é.
O homem se apresenta e segue a frente da dupla. Ralf deixa um recado.
— Por favor, estou esperando um colega, assim que ele chegar peço que o leve ao meu encontro.
O recepcionista apanha o cartão do Inspetor e confirma com a cabeça. Em menos de um minuto eles chegam à residência da mulher, o portão é aberto e um senhor vai ao encontro para levá-los ao interior.
— Obrigado por terem vindo, a minha esposa está muito abalada.
— Ela sofreu alguma violência?
— Não, na verdade... Entrem, por favor. Ela está ali na sala.
Os agentes encontram uma mulher sentada no sofá da sala, sendo confortada por outra.
— Minha querida, aqui estão os policiais.
— Com licença, eu sou o Inspetor Ralf e essa é minha colega, Marilda. Ainda estamos esperando a chegada de outro colega, o Zé Carlos, que também está trabalhando conosco.
— Ai, senhor Inspetor, eu, eu... — a mulher começa a soluçar.
— Tenha calma, senhora...
— Abigail, meu nome é Abigail Silva.
— Muito bem, respire fundo e se acalme, o que quer que tenha acontecido, agora a senhora está completamente segura.
— Ah, senhor Inspetor, na verdade não aconteceu nada comigo, mas é que... depois que eu soube dos crimes...
— Nos diga quando isso aconteceu e como a senhora soube dos crimes?
— Aconteceu há dois dias, quando o rapaz veio montar o guarda-roupas, só hoje eu soube pelo Twitter, eu não ouço muitas notícias, mas sabe aquele Twitter da RIC News? O repórter Sergio Riso, colocou tudo lá, eu fiquei apavorada, eu podia ter sido uma das vítimas.
— Como Assim?
O interfone toca, a portaria informa a chegada do Inspetor Zé Carlos, o dono da casa autoriza a entrada.
— Pode continuar, senhora. — Ralf retoma o relato.
— E-ele veio aqui, como se fosse o montador de móveis e, e eu o levei para o quarto para fazer o trabalho... eu fiquei um pouco constrangida e chamei a Cátia — Abigail aponta a amiga — ... pra ficar comigo, aí a luz acabou.
— Eu fiquei preocupada com a minha amiga aqui sozinha e vim o mais rápido que pude.
— Quando a luz acabou? — Ralf questiona.
— Foi bem cedo, na verdade foi só uma piscada rápida, ela logo voltou ao normal. — Abigail meneia a cabeça pensativa.
Logo, Zé Carlos aparece acompanhado do marido que foi recebê-lo à porta. Ele estende a mão para Abigail e Cátia, Ralf o deixa a par dos detalhes da história até o momento. Então Abigail continua.
— Quando a Cátia chegou, fui logo pedir para ela ficar comigo. O homem, acho que se chamava Gonçalo, fez todo o trabalho rapidamente e se despediu da gente. Quando ele foi embora nos deixou esse cartão para que pudéssemos entrar em contato. Foi então que a Cátia, olhando as redes sociais se deparou com a notícia no Twitter.
Ralf apanha o cartão e entrega para Zé Carlos.
— Como era o homem? — Marilda retira um bloco de notas da bolsa.
— Alto, bem forte, cabelos curtos, moreno... o que mais Cátia?
— Hum, não sei... acho que você já disse tudo.
— Ah, sim, acho que pode ajudar a vocês, ele tinha o braço esquerdo todo tatuado.
— Só um braço, mas como a senhora...?
Abigail abaixa a cabeça envergonhada e tenta evitar o olhar do marido.
— O quarto dos fundos estava muito abafado e ele pensou que eu ficaria na cozinha, aí quando eu cheguei levando a água que tinha pedido, ele, ele... estava sem camisa.
— Eu já liguei para a loja de móveis e vou processá-los pela ameaça que sofremos, isso é imperdoável. — o marido se exaspera.
— É possível, senhor, que a loja não tenha conhecimento desses crimes.
— Não importa, isso não diminui a responsabilidade deles. Onde já se viu, mandar qualquer um nas casas das pessoas assim?
Ralf concorda com a cabeça e volta sua atenção a Abigail. A mulher começa a chorar. Cátia a puxa para seus braços.
— O senhor se importa em nos levar até o quarto em que o guarda-roupas foi montado? — Ralf se levanta e fala com o marido de Abigail.
— Claro, por favor é por aqui.
Enquanto seguem atrás do marido, Marilda e Ralf observam tudo ao redor, a casa é realmente bonita e decorada com requintes de quem contratou um profissional especializado em harmonização de interiores, até as cores das paredes servem para combinar com os móveis. O quarto já estava totalmente arrumado, o guarda-roupas ocupado. Ralf coloca um papel adesivo nos puxadores para coletar digitais, Marilda olha através da janela dos fundos e mede de cabeça a área do cômodo. Zé Carlos já havia se adiantado para conversar com os porteiros.
— Tudo bem, acho que já temos o bastante. Mais alguma coisa Marilda? — Ralf finaliza.
— Não, também já tenho tudo que preciso.
— Mas, vocês já vão embora, acha que devemos contratar escolta armada, corremos algum risco?
— Eu acredito que não, senhor. Acho improvável que esse homem retorne aqui. A vigilância do condomínio é bem eficiente e pode ser que consigamos identificar esse homem mais rápido possível. Temos que correr para evitar que ele cometa mais atrocidades.
— Não é um homem, é um criminoso.
— Está bem, agora com licença.
Na saída o trio de agentes se reúne dentro do carro.
— Conseguiu mais alguma coisa Zé?
— Sim, temos imagens do homem e já enviei para Adriana fazer uma análise no nosso banco de dados. Também já liguei para a loja de móveis e solicitei o endereço do montador.
— Ótimo, não podemos perder tempo. Com isso conseguiremos evitar a terceira morte.
personagens
agradecimentos
direção
Carlos Mota
Cristina Ravela
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