Odilon está sentado na cadeira da mesa da funerária. Do outro lado está Tereza. Eles estão de mãos dadas e riem bastante. O riso do casal é interrompido imediatamente após a entrada de Odílio no local. Como de costume, Odílio chega de cara feia.
– Boa tarde, seu Odílio – cumprimenta, Tereza.
Odílio passa direto pelo salão da frente, seguindo pelo depósito de caixões e entrando numa pequena sala nos fundos, onde há um armário com várias pastas e caixas.
Tereza fica constrangida e desconfortável com o que acabara de ocorrer. Com uma certa tristeza na voz, diz para Odilon:
– Eu acho melhor eu ir andando. Cê passa lá em casa mais tarde?
– Passo sim. Prepara uma janta bem gostosa pra mim, tá? – diz Odilon, tentando arrancar um sorriso de Tereza.
– Tá.
– Não fica assim não. Ele é um bosta. É um sem educação.
Tereza sai pela porta. Com pouquíssimo tempo, Odílio aparece.
– Cê podia ter um pouco de educação e responder quando arguém te cumprimenta, né? – repreende, Odilon.
– Quantas vezes eu já te falei que aqui é lugar de trabalho, e não de brincadeira e namoro?
– Odílio, ela fica aqui comigo me fazendo companhia. Não tem nada demais. E cê acha que ela não te acha estranho? Quando tá sozinha comigo, ocê trata ela dum jeito; quando tá na frente da mãe ou dos outro, ocê até trata ela com educação. Eu acho que ela deve achar que ocê é doido.
Odílio abre bruscamente a gaveta da mesa onde Odilon está com o com o cotovelo apoiado, acertando o seu próprio cotovelo na barriga de Odilon.
– Ai! Calma, seu ignorante! – reclama Odilon. O que ocê quer?
– Onde tão aquelas notas da prefeitura do mês de novembro?
– Não tão lá nos fundos? – responde Odilon com uma nova pergunta.
– Se tivesse lá, eu não tinha vindo procurar aqui, né idiota!
– Devem de tar em casa então...
– Tá vendo porque eu não gosto da sua namorada aqui. Se aquelas notas somem e caem em mãos erradas, dá maior problema pra mim e pro Eurico – explica, Odílio.
Odilon começa a remexer em alguns papéis na gaveta que Odílio abriu.
– Você tá me atrapalhando. Para. Para! – irrita-se, Odílio. Vai, levanta dessa merda dessa cadeira.
Odilon se levanta e Odílio senta-se em seu lugar.
– Faz o seguinte: vai embora pra casa. Falta pouco pra fechar aqui – diz Odílio.
– Eu vou jantar na casa da Tereza, tá.
– Não me interessa pra onde você vai. Por mim, você pode ir jantar no inferno, mas some daqui, vai – diz Odílio.
Odilon obedece e sai resmungando. Ele para na porta e olha bastante irritado para Odílio, que continua a procurar pelos documentos nas outras gavetas. “Fiadaputa”, xinga ele em pensamento.
Tereza
direção
Carlos Mota
Cristina Ravela
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