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Funerária Dois Irmãos: Capítulo 30

Novela de Marcelo Caronesi
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FUNERÁRIA DOIS IRMÃOS - CAPÍTULO 30




 

            Odilon está sentado na cadeira da mesa da funerária. Do outro lado está Tereza. Eles estão de mãos dadas e riem bastante. O riso do casal é interrompido imediatamente após a entrada de Odílio no local. Como de costume, Odílio chega de cara feia.

         – Boa tarde, seu Odílio – cumprimenta, Tereza.

         Odílio passa direto pelo salão da frente, seguindo pelo depósito de caixões e entrando numa pequena sala nos fundos, onde há um armário com várias pastas e caixas.

         Tereza fica constrangida e desconfortável com o que acabara de ocorrer. Com uma certa tristeza na voz, diz para Odilon:

         – Eu acho melhor eu ir andando.  passa lá em casa mais tarde?

         – Passo sim. Prepara uma janta bem gostosa pra mim, tá? – diz Odilon, tentando arrancar um sorriso de Tereza.

         – .

         – Não fica assim não. Ele é um bosta. É um sem educação.

         Tereza sai pela porta. Com pouquíssimo tempo, Odílio aparece.

         –  podia ter um pouco de educação e responder quando arguém te cumprimenta, né? – repreende, Odilon.

         – Quantas vezes eu já te falei que aqui é lugar de trabalho, e não de brincadeira e namoro?

         – Odílio, ela fica aqui comigo me fazendo companhia. Não tem nada demais. E  acha que ela não te acha estranho? Quando  sozinha comigo, ocê trata ela dum jeito; quando tá na frente da mãe ou dos outroocê até trata ela com educação. Eu acho que ela deve achar que ocê é doido.

         Odílio abre bruscamente a gaveta da mesa onde Odilon está com o com o cotovelo apoiado, acertando o seu próprio cotovelo na barriga de Odilon.

         – Ai! Calma, seu ignorante! – reclama Odilon. O que ocê quer?

         – Onde tão aquelas notas da prefeitura do mês de novembro?

         – Não tão lá nos fundos? – responde Odilon com uma nova pergunta.

         – Se tivesse lá, eu não tinha vindo procurar aqui, né idiota!

         – Devem de tar em casa então...

         –  vendo porque eu não gosto da sua namorada aqui. Se aquelas notas somem e caem em mãos erradas, dá maior problema pra mim e pro Eurico – explica, Odílio.

         Odilon começa a remexer em alguns papéis na gaveta que Odílio abriu.

         – Você  me atrapalhando. Para. Para! – irrita-se, Odílio. Vai, levanta dessa merda dessa cadeira.

         Odilon se levanta e Odílio senta-se em seu lugar.

         – Faz o seguinte: vai embora pra casa. Falta pouco pra fechar aqui – diz Odílio.

         – Eu vou jantar na casa da Tereza, tá.

         – Não me interessa pra onde você vai. Por mim, você pode ir jantar no inferno, mas some daqui, vai – diz Odílio.

         Odilon obedece e sai resmungando. Ele para na porta e olha bastante irritado para Odílio, que continua a procurar pelos documentos nas outras gavetas. “Fiadaputa”, xinga ele em pensamento.

escrita por
Marcelo Caronesi

elenco
Odilon
Odílio
Tereza
delegado Ferreira
Onça-parda

tema
Canções de Assassinato 

intérprete
Confraria da Costa

direção
Carlos Mota

produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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