Odílio e Odilon passam pelo portão do cemitério. Várias pessoas também saem de lá, tristes e cabisbaixas. Uma voz quebra o silêncio:
– Seu Odílio! Seu Odílio!
Odílio reclama baixinho:
– Puta que pariu!
Logo, Odílio e Odilon são alcançados por Branca e Aurora. Ela pega na mão de Odílio e lhe beija o rosto. Ela sorri para ele.
– Tudo bem cocê, Odílio?
– Tudo, Aurora. E com você?
– Ah, eu tô bem. Feliz de te encontrar.
Branca se põe a falar.
– Meu Deus, que tragédia, né gente? Como uma pessoa morre de uma morte tão trágica assim...
– Pra morrer basta estar vivo, dona Branca – responde asperamente Odílio.
– Mas é muito traumatizante; uma coisa assim, sem ninguém esperar, seu Odílio.
– Geralmente acidentes acontecem sem que ninguém espere; pode acontecer comigo, com meu irmão, com a senhora, com qualquer um... – responde sarcasticamente Odílio.
– Mas seu Odílio, nós ficamo esperando pelo senhor, pra tomar um cafezinho com a gente naquele dia... – diz Branca, um pouco chateada.
– A senhora me desculpa, dona Branca. Eu ando um tanto ocupado demais ultimamente – justifica Odílio.
Enquanto Branca e Odílio conversam, Odilon caminha olhando para os lados, sem prestar atenção no que eles conversam. Aurora, apesar de não participar da conversa, não larga a mão de Odílio, e encosta a sua cabeça no ombro dele.
– Mas hoje cê não quer ir tomar um cafezinho com a gente? Aurora prepara um bolinho de milho, que é uma delícia; o senhor vai se apaixonar – diz Branca, enquanto Aurora estampa o seu lindo sorriso.
– A senhora e dona Aurora me desculpem, mas hoje eu tô ocupado, um monte de coisas pra resolver por causa desses últimos dois enterros. Papelada, sabe – se esquiva, Odílio.
– Então fica pra próxima, né? Nós vamo indo. Inté mais procêis.
Odilon cumprimenta ambas de forma cortês. Aurora se despede de Odílio com um carinho no rosto e um beijo suave na boca. Eles seguem por um caminho, elas por outro. Quando eles já estão distantes o bastante, tanto delas, quanto das outras pessoas, Odílio levanta o punho cerrado e com raiva na voz, diz:
– Eu ainda vou dar um jeito nessa véia fiadaputa! Daqui a pouco a gente faz o enterro dessa praga!
Tereza
direção
Carlos Mota
Cristina Ravela
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