TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 27
CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR
HENRIQUE: - O que foi?
RAQUEL: - O Joaquim diz que nunca teve nada comigo, Henrique... O filho que eu estou esperando não tinha chances nenhuma de ser dele. Ele sabia o tempo todo que (pausa)
HENRIQUE: - Ela sabia que...
RAQUEL: - Esse filho é seu, Henrique. Essa criança é nossa, meu amor!
(sobe trilha “I Look To You” – Whitney Houston)
Henrique abraça Raquel e a beija, apaixonado.
CENA 01. HOTEL.SAGUÃO. INT. DIA.
Continuação do capítulo anterior. Raquel e Henrique se emocionam com a carta deixada por Joaquim.
HENRIQUE: - Essa carta... Nossa, Joaquim fez um lindo gesto.
RAQUEL: - Eu nunca acreditei que isso pudesse ser diferente. Meu coração não iria me enganar assim.
HENRIQUE: - Nosso filho. Nossa família.
RAQUEL: - Agora nada mais vai atrapalhar a nossa felicidade, Henrique. Nada!... Uma pena eu não poder mais abraçar o Joaquim, e agradecer a ele por isso.
HENRIQUE: - Certamente, de onde ele estiver agora, ele vai saber que você está feliz.
RAQUEL: - Muito! Muito feliz!
Os dois se abraçam, emocionados.
CENA 02. APTO HUMBERTO. INT. DIA.
Lenara pressiona Vilma e Humberto.
LENARA: - E então, gente? Qual vai ser?
VILMA: - Mas é muita petulância sua vir aqui nos chantagear. Mas nunca que (pausa)
HUMBERTO (interrompe): - Eu aceito. Nós vamos te ajudar.
VILMA(surpresa): - Como é que é?! Nós?!
Lenara encara Vilma, irônica.
VILMA: - Humberto! Você tem noção do que está fazendo? Nós já temos coisas demais para fazer e nos preocupar do que entrar na onda dessa pilantra!
LENARA: - Obrigada pelos elogios, Vilma. Mas ninguém aqui está de brincadeira. Nós estamos juntos, no mesmo barco, querendo as mesmas coisas. Grana, poder e acabar de vez com a felicidade de Henrique Queirós. Se bem que eu ainda desejo tê-lo para mim, mas sei que ele vai precisar sofrer para que eu realize o meu desejo.
HUMBERTO: - Um pouco antagônico isso. Embora eu deseja ver o Henrique fedendo feito lixo, carne podre, eu vou ajudá-la a tê-lo só pra você.
LENARA: - Eu sempre soube que poderia contar com você, Humberto.
VILMA: - Era só o que me faltava. Isso não vai dar em boa coisa.
LENARA: - Se você ficar jogando contra com certeza não dará. Agora é tudo ou nada, Vilma.
HUMBERTO: - Tudo ou nada!
Vilma encara os dois.
VILMA: - Tudo bem. Eu aceito, embora não concorde.
LENARA: - Ótimo!
HUMBERTO: - Agora eu quero saber como você fez tudo aquilo ontem e saiu ilesa?
LENARA: - O Joaquim era o meu aliado para separar a Raquel do Henrique. Mas de um tempo pra cá começou a dar pra trás e ontem queria me entregar para a polícia depois que soube do meu plano. Não poderia deixar isso acontecer. Fiquei desesperada e empurrei ele da sacada. Saí do hotel o mais rápido que pude. Dormi no carro, nem fui pra casa.
VILMA: - Mais uma assassina pro bando.
LENARA: - Legítima defesa... quem nunca?
VILMA: - Se me permitem, eu tenho assuntos importantes para resolver, já que o presidente da nova empresa não pensa em outra coisa... (encara Lenara)
Vilma sai.
LENARA: - Impressão minha ou ela tem ciúmes de mim?
HUMBERTO: - A Vilma só é um pouco controladora. Mas é boa gente.
LENARA: - Para arquitetar a morte de alguém é preciso, realmente, ser uma boa pessoa.
Humberto se aproxima de Lenara, a pega pela cintura.
HUMBERTO: - Bom saber que agora você está aqui do meu lado.
LENARA: - Calma (saindo)... Por enquanto, ninguém pode saber que estamos juntos... Ou melhor, até podem. E a nossa aparição será hoje.
HUMBERTO: - Hoje é?
LENARA: - Inauguração do restaurante da vagabunda da Raquel. A gente não tem convite, mas a nossa presença será marcante. Pode ter certeza! (ri)
CENA 03. CASA SANTIAGO. INT. DIA.
Paula chega na sala de estar, Santiago está lendo o jornal. Ela está toda arrumada, bonita.
PAULA: - E a Carol, Santiago?
SANTIAGO: - Saiu cedo. Foi para a casa da Stefany. Nunca vi a Carol levantar tão cedo quanto hoje.
PAULA: - Provavelmente combinaram alguma coisa as duas... Bem, eu vou indo encontrar a Tarsila, teremos um dia cheio hoje. Muitas coisas para resolver da loja, reuniões.
SANTIAGO: - Claro. Eu também, daqui a pouco estou indo para a empresa.
Paula beija Santiago (selinho, casto) e sai. Santiago volta a ler o jornal, quando percebe que Paula esqueceu sua pasta no sofá.
SANTIAGO: - Essa não... Vou ter que ir atrás dela.
CENA 04. CADEIA. INT. DIA.
Daniel é levado por um policial para uma outra cela.
DANIEL: - Essa aqui não é a minha cela.
POLICIAL: - E usei. Mas tiveram que arrumar a outra. Por enquanto você fica aqui, porque logo eu volto para te buscar.
Daniel entra na cela e dá de cara com Leopardo.
LEOPARDO: - Daniel?!
DANIEL: - Essa não... Você tá aqui, Leopardo? Finalmente conseguiram te pegar!
LEOPARDO: - Eu é que te pergunto! Você aqui?! Fez o que brother? Matou alguém?! Tu sempre foi santinho... O menino de ouro de Itaquera! Eu sempre fui fã do teu futebol cara. Joga muito! Mas tá fazendo o quê aqui na cadeia? Não tinha que estar jogando bola por aí?
DANIEL: - Armaram pra mim.
LEOPARDO: - Tá bom, conta outra... Desde que tu saiu de Itaquera e foi ser estrela no ‘Corinthia’ tu ficou nariz em pé que eu sei. Pode falar. Brigou na rua? Roubou carro importado?
DANIEL: - Claro que não, mano! Eu hein! Armaram pra mim, to falando... E o pior é que eu to com uma pulga atrás da orelha que não me deixa quieto...
LEOPARDO: - E armaram o quê?
DANIEL: - Droga, cara. Colocaram droga no meio das minhas coisas... Eu uso essas porcarias! Jamais pensei em sequer colocar a mão num troço desses. Por isso que eu digo que foi armação.
LEOPARDO: - Mas tu tá desconfiado de alguém?
DANIEL: - Me corta o coração em pensar nisso, mas acho que meu melhor amigo, pelo menos quem eu considerava, foi quem fez a sujeira pra cima de mim... Marcelo.
Leopardo fica a olhar Daniel.
DANIEL: - O que foi, cara? Tudo bem?
LEOPARDO: - Esse Daniel aí não é um branquinho, barbinha e tal? Ele também começou a jogar no time agora né?
DANIEL: - Sim, esse mesmo! Jogava comigo no Itaclube!
LEOPARDO: - Poxa, mano! Cara maior traíra então!
DANIEL: - Pois é, eu não tenho certeza, não posso afirmar nada...
LEOPARDO: - Mas eu posso, Daniel! Esse tal de Marcelo aí foi lá no meu barraco comprar droga, cara. E não comprou pouca coisa não!
DANIEL: - Como é que é?! Você tem certeza disso, Leopardo?!
LEOPARDO: - Claro que tenho! Eu mesmo vendi pra ele.
DANIEL: - Meu Deus! Essa sua declaração pode ser a minha salvação cara!
Daniel se mostra esperançoso.
CENA 05. APTO BARRETO. INT. DIA.
Nuno entra em casa, no hall. Tarsila chega apressada para reencontrar o filho. Os dois se encaram por um instante.
TARSILA: - Meu filho!
Tarsila abraça Nuno, que também abraça a mãe.
TARSILA: - Eu não aguentava mais de saudade, meu filho! Quando seu pai falou que você viria aqui, eu fiquei tão feliz!... Deixa eu olhar para você... (observa Nuno) Está mais magro, Nuno.
NUNO: - Eu estou bem, mamãe...
TARSILA: - Não, mesmo! Mas agora que você voltou para ficar, eu vou cuidar direitinho de você. Como eu sempre fiz.
NUNO: - Mas eu não voltei para ficar, mãe.
Tarsila encara Nuno. Muda expressão.
TARSILA: - Como assim?
NUNO: - Eu estou aqui de visita. Para o almoço que o meu pai convidou.
TARSILA: - Você nunca é visita aqui, Nuno. Deixa de bobagem. Essa aqui é a sua casa.
NUNO: - Não é mais, mãe.
Neste instante, Aimée chega no local. Tarsila fulmina a moça com olhar. Nuno enlaça Aimée com um abraço.
NUNO: - Eu vou morar com a Aimée, em Itaquera.
TARSILA: - Como é que é?! Você está insistindo nessa loucura toda?! O seu lugar é aqui, Nuno e não na periferia com essa gente!
AIMÉE: - Eu não deveria ter vindo, Nuno. É um almoço de família...
NUNO: - Você faz parte da família, Aimée. É a minha namorada e será minha noiva, minha esposa... Você faz parte da família.
TARSILA: - Você, hein, garota... Conseguiu virar meu filho contra mim.
AIMÉE: - Eu não fiz nada, dona Tarsila. Nada mesmo.
TARSILA: - Eu conheço moças do seu tipo. Eu sei bem o golpe que você vai dar. E você, Nuno, é patético fazendo o rapaz apaixonado por essa golpista.
NUNO: - Por favor, mãe! Não fale assim com a Aimée. Senão eu e ela vamos embora imediatamente!
Barreto chega na sala.
BARRETO: - Tarsila! Hoje é para ser um dia especial! Um reencontro da família e não de ataques. Por favor, colabore.
Tarsila encara Aimée e sai do local, indo para dentro do apto.
AIMÉE: - Desculpa, seu Barreto, mas não sei se consigo continuar aqui. A dona Tarsila não gosta de mim e esse clima chato não é legal para o almoço...
BARRETO: - Não se preocupe, Aimée. A Tarsila vai entender que vocês se amam e que é verdadeiro. Por favor, fiquem. Eu faço questão.
NUNO: - E então, meu amor?
AIMÉE: - Tudo bem. Eu sei que é importante para vocês. Vamos ficar.
BARRETO: - Então venha. Stefany, Cássio, Igor e Carol já estão lá na sala esperando por vocês.
CENA 06. AVENIDA. EXT. DIA./ CARRO SANTIAGO / CARRO PAULA.
Em seu carro, Santiago segue o carro de Paula. Ele pega o celular e disca para o telefone da esposa.
Ouvindo música alta, Paula não escuta o telefone tocar, no banco do carona.
SANTIAGO: - Droga...
Paula sai da avenida, dobra em outra rua. Santiago desconfia.
SANTIAGO: - Mas esse não é o caminho para a casa dos Barreto...
De repente, o carro de Paula para numa esquina. Santiago para mais atrás, sem ser notado por Paula. Santiago observa atento. Atravessa a rua, chega até à janela do motorista, no carro de Paula, e beija a amante. Santiago se choca ao ver a cena.
Robson entra no carro de Paula.
ROBSON: - Ainda bem que temos esse tempinho. Tenho uma reunião importante na empresa depois.
PAULA: - Eu sei, o Santiago comentou. Mas eu estava com muita saudade sua...
Os dois se beijam novamente. Santiago vê tudo do seu carro. Paula segue com o carro.
SANTIAGO: - Robson e Paula... Filhos da mãe...
Santiago continua a seguir Paula e Robson.
CENA 07. DELEGACIA. INT. DIA.
Daniel é levado para a sala de visitas.
POLICIAL: - Tu tá cheio de visitas hein! Jogador famoso dá nisso. Movimenta toda delegacia.
DANIEL: - Não tenho culpa né, chefia?
POLICIAL: - Tá aí a visita.
Daniel se surpreende ao ver Jaqueline. Os dois trocam olhares. O policial sai, deixando os dois a sós.
DANIEL: - Jaque...
JAQUELINE: - Daniel... O que aconteceu com você?
DANIEL: - Um duro golpe, Jaque. Um duro golpe.
Os dois ficam em silêncio, tanto distantes um do outro. (sobe trilha “Sunday Morning” – Maroon 5) Aos poucos caminham um em direção ao outro, até ficarem frente a frente.
JAQUELINE: - Quanto tempo.
DANIEL: - Quanta saudade.
Os dois se beijam, apaixonadamente.
JAQUELINE: - Eu não sabia o que fazer quando vi a reportagem na TV, vendo você ser preso. Eu sabia que tinha alguma coisa errada.
DANIEL: - E tem,Jaque. Armaram pra mim. E tenho como provar isso.
JAQUELINE: - Como assim? Armaram pra você?!
DANIEL: - Eu vou te contar tudo. Aliás, eu vou precisar e muito da sua ajuda. Só você vai conseguir fazer isso pra mim.
JAQUELINE: - Claro, meu amor. Eu faço tudo o que for preciso para tirar você daqui.
DANIEL: - Tão bom ver você aqui, Jaque. Meu coração se encheu de alegria e esperança.
JAQUELINE: - Nós vamos tirar você daqui.
DANIEL: - Não to falando sobre isso apenas. A minha esperança renasceu de ter você comigo. Do meu lado. Pra sempre.
Jaqueline sorri, feliz.
JAQUELINE: - É o que eu mais quero, Daniel. É o que eu mais quero! Mas para a gente ficar junto eu preciso que você me fale, passo a passo, tudo o que aconteceu e como você chegou na conclusão da armação.
DANIEL: - Certo. Lembra do meu amigo, se é que eu agora posso chamar ele assim, do Marcelo?
JAQUELINE: - Lembro sim. Ele também foi apresentado como novo jogador do Corinthians, logo depois de você, não é?
DANIEL: - Pois é. Ele é a chave de tudo isso.
Daniel começa a contar tudo o que sabe para Jaqueline, que escuta atenta.(fade out trilha “Sunday Morning” – Maroon5)
CENA 08. MOTEL. EXT. DIA
Santiago para o carro do outro lado da avenida e flagra a entrada do carro de Paula e Robson no motel.
SANTIAGO: - Traição... Fato consumado.
(sobe trilha “Sem Poupar Coração” – Nana Caymmi)Um tanto incrédulo, solitário, Santiago chora dentro do carro.
CENA 09. MOTEL. QUARTO. INT. DIA.
(trilha “Sem Poupar Coração” – Nana Caymmi) Deitados na cama, Paula e Robson fazem amor. Entregues um ao outro, o casal troca beijos e carícias, apaixonados.
CENA 10. APTO BARRETO. INT. DIA.
(fade out trilha “Sem Poupar Coração” – Nana Caymmi) Tarsila observa distante, Nuno e Aimée juntos. O casal está sentado na sala, junto de Carol, Stefany, Cássio e Igor. Os jovens sorriem, conversam animados. Barreto se aproxima de Tarsila.
BARRETO: - Por que você não deixa de lado essa briga e não se junta a eles?
TARSILA: - Pra quê?!
BARRETO: - Para partilhar da felicidade do seu filho. Ou você é a única que não percebe que o Nuno está feliz? E com certeza, ele ficaria muito mais em ver que a mãe dele está bem vendo ele feliz assim.
TARSILA: - Acontece, Barreto, que eu talvez seja a única que perceba que esse namorico bobo não vai ter futuro nenhum para o nosso filho. E você deveria saber disso. Essa moça, se é que eu posso chamar assim, não vai fazer o Nuno feliz.
BARRETO: - E por que ela não faria? Se ela morasse nos Jardins ou no Morumbi ou Higienópolis, ela faria? Seria perfeita?
Tarsila fica pensativa.
BARRETO: - Você sempre foi tão esclarecida, Tarsila. Deveria ser a primeira a apoiar a união desses dois. Esse seu preconceito social acabou por manchar toda uma imagem de mulher segura e consciente que eu tinha de você.
TARSILA (decepcionada): - Barreto!... Eu nunca pensei em ouvir isso de você!
BARRETO: - Eu também que nunca fosse dizer isso para você um dia, Tarsila. Mas não é o dinheiro que faz a pessoa melhor ou não. É aquilo que ela tem dentro do coração, o seu caráter. Enquanto no seu coração vigorar esse espírito podre de preconceito, você não será uma pessoa boa. E aí, não terá riqueza no mundo que te fará um ser humano melhor.
TARSILA: - Falando desse jeito, parece que você está farto de mim.
BARRETO: - De fato estou. E você conseguiu minar o nosso casamento, que antes era tão lindo, tão puro e prazeroso, com esse comportamento horripilante. Eu acabei por não reconhecer mais a mulher com quem eu me casei um dia e que eu amava...
TARSILA: - Amava?!
BARRETO: - Ainda amo. Mas não sei por quanto tempo mais...
Barreto se afasta, junta-se ao grupo, no sofá da sala, que segue conversando animado. Tarsila, afastada, baixa o olhar, entristecida, pensativa. Ela observa o grupo reunido na sala, rindo, conversando, Nuno e Aimée abraçados, olhares apaixonados.
Uma lágrima corre no rosto de Tarsila, que a enxuga. Aos poucos, Tarsila se aproxima de Barreto, sentado na poltrona. Ela senta-se no braço do móvel, apoia-se em Barreto. Eles trocam olhares. Tarsila esboça um sorriso para ele, que segura a mão dela, delicado.
Stefany, falante, envolve Tarsila na sua história. Todos riem, Tarsila se solta aos poucos no clima de alegria que toma conta do local.
CENA 11. ATELIER JAQUELINE. INT. DIA.
Jaqueline conversa com Henrique e Raquel.
HENRIQUE: - Meu Deus, que armação hein!
RAQUEL: - E tudo isso por inveja... Como tem gente ruim nesse mundo.
JAQUELINE; - Eu falei para o Daniel que eu ia ajudá-lo a sir de lá. Ele até me falou mais ou menos como proceder. Daqui a pouco eu me encontro com o Carlos, como Macedão e com a mãe dele, a Rosa.
RAQUEL: - E vocês vão fazer o quê?
JAQUELINE: - Atrás desse Marcelo. Fazer ele confessar tudo e prender esse pilantra, mau caráter!
HENRIQUE: - Isso mesmo, Jaque. Ele é o verdadeiro culpado. Precisa mesmo pagar pelo erro dele.
JAQUELINE: - Eu fiquei tão nervosa com tudo isso. Obrigado por vocês terem vindo até aqui me ouvir, saber do meu desabafo.
RAQUEL: - Imagina, amiga. Eu sempre vou estar pronta para te ouvir, para tudo o que você precisar.
JAQUELINE: - Aliás... Coincidência boa essa ver vocês dois juntos... (risos)
HENRIQUE: - Pois então... Agora o casal não vai mais se separar.
JAQUELINE: - Como é que é? Eu entendi bem?
RAQUEL: - O Henrique terminou com a Lenara, Jaque. Agora nós vamos viver o nosso amor em paz. Ainda mais depois da confirmação de que o filho que eu estou esperando é dele mesmo.
JAQUELINE: - Mas disso eu nunca desconfiei! Gente, que coisa boa! Eu quero ser madrinha do casamento e do baby também, hein!
RAQUEL: - Lógico! (risos)
HENRIQUE: - Amor, eu não quero te apressar, mas a gente precisa ir.
RAQUEL: - Claro, vamos sim!... Jaque, você vai hoje né?
JAQUELINE: - Eu não perderia a inauguração do seu restaurante por nada, Raquel! Pode me esperar que eu estarei lá, com certeza!
As duas se abraçam, carinhosas.
JAQUELINE: - Obrigada pelo apoio.
RAQUEL: - Qualquer coisa, me avisa.
JAQUELINE: - Tá certo... Até logo mais, Henrique!
HENRIQUE: - Abração!
Henrique e Raquel vão embora. Jaqueline fica pensativa.
JAQUELINE: - Operação salvar Daniel... Vamos lá!
CENA 12. QUADRA UNIDOS DA ZONA LESTE. INT. DIA.
Candinho ensaia a bateria da Unidos da Zona Leste. Os ritmistas tocam enquanto Bárbara samba, sensual à frente da bateria.
De repente, alguns jornalistas entram na quadra. Bárbara percebe e faz ainda mais caras e bocas, se exibindo para as câmeras. Candinho para a bateria.
CANDINHO: - Um tempinho pra água aí pessoal, depois a gente retoma.
Bárbara aproveita se aproxima do pequeno grupo de repórteres.
BÁRBARA: - E então, gostaram do ensaio?
REPÓRTER01: Você é a Bárbara, não é?
BÁRBARA: - Eu mesma! A rainha de bateria mais premiada do carnaval!
REPÓRTER 02: - Você também é a namorada do Daniel, o jogador envolvido no escândalo da droga, né?
BÁRBARA: - É... Namorada mesmo eu não sou.
REPÓRTER 03: - Mas saiu numa revista e em vários sites que vocês estavam juntos. Inclusive declarações suas.
BÁRBARA: - Sim, mas essa imprensa hoje inventa muita coisa. Eu e o Daniel tivemos um caso sim, mas (pausa)
REPÓRTER 01 (interrompe): - Mas você sabia do envolvimento dele com as drogas?
BÁRBARA: - Não! O Daniel nunca demonstrou nada. Mas antes de qualquer escândalo, eu não estava mais com ele. Eu sou uma figura pública, famosa, não posso arriscar a minha vida e a minha carreira desse jeito. E agora, que eu voltei para os braços da minha comunidade, só o que me importa é desfilar linda e bela no Anhembi! E a minha fantasia será a mais luxuosa de todas! Com pedrarias importadas!
Candinho só observa, de longe, junto de Jair.
CANDINHO: - Olha lá, seu Jair... Vivia correndo atrás do rapaz. Foi só o Daniel se envolver nessa roubada que a Bárbara tira o corpo fora.
JAIR: - Tudo pela fama!
Bárbara faz pose para fotos, exibe feliz a coroa de rainha de bateria.
CENA 13. HMÓVEIS. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA.
Ulisses e Keylla Mara já estão na sala de reuniões, com clientes da HMóveis.
ULISSES: - Onde está o Robson, hein?!
KEYLLA MARA: - Atrasado justo hoje? Os clientes já estão ficando com cara feia...
ULISSES: - O Santiago avisou que chegaria um pouco depois, mas o Robson, que tem que apresentar o projeto...
KEYLLA MARA: - Se ele demorar mais, você começa Ulisses. A gente não pode esperar muito.
Neste instante, Robson chega na sala.
ROBSON: - Boa tarde, senhoras e senhoras. Desculpem o atraso, mas o trânsito em São Paulo está cada dia pior...
Ele se aproxima de Ulisses e Keylla Mara.
ULISSES: - Eu estava quase enfartando.
ROBSON: - Calma, Ulisses... (risos) Estou aqui. E o chefão?
KEYLLA MARA: - Chega daqui a pouco. Mas você começa a reunião. E pode ser pra ontem!
ROBSON: - Deixa comigo.
Robson dirige-se até à frente do projetor. Ulisses apaga a luz, para que a apresentação comece.
ROBSON: - Bem, senhores. Hoje vocês estão aqui para conhecer o nosso novo projeto de móveis para cozinhas. Uma criação feita com todo cuidado e designer arrojado, num conceito de cozinha prática, funcional.
Neste instante, Santiago entra na sala.
ROBSON: - Olá, Santiago, nosso diretor geral. Sente-se, por favor.
SANTIAGO: - Eu não tenho tempo para sentar, Robson. Eu vim até aqui para lhe cumprimentar pelo belo projeto.
ROBSON: - Muito obrigado, senhor (pausa)
Santiago acerta um soco e Robson, que cai no chão. Todos na sala se surpreendem. Ulisses se apressa em evitar a briga.
ULISSES: - Mas o que é isso?!
Robson se levanta, encara Santiago, que o também encara, frio.
SANTIAGO: - Não precisa nem continuar a apresentação, Robson. Você está demitido da HMóveis.
KEYLLA MARA: - Calma aí, gente! Agora não é hora de resolver isso!
SANTIAGO (exaltado): - Anda! Saia daqui agora! Pegue as suas coisas e vá embora, Robson!
Robson, envergonhado, sai da sala.
ULISSES: - Santiago! O que aconteceu aqui?
SANTIAGO: - Eu não vou conseguir explicar para você hoje. Por favor, continue a reunião.
Santiago sai da sala. Ulisses e Keylla Mara se olham sem saber o que fazer. Os clientes se mostram chocados com toda situação.
ULISSES (aos clientes): - Pois bem. Primeiramente, desculpem pelo ocorrido aqui. Pelo o que vocês puderam ver, o desentendimento foi um pouco sério. Mas se permitem, eu vou continuar a apresentação iniciada pelo meu colega, quero dizer, ex-colega, mas enfim. Vamos retomar aqui de onde paramos. Tenho certeza que vocês não irão se arrepender. Keylla Mara, pode seguir passando as lâminas para mim, ok?
Keylla Mara auxilia Ulisses, que prossegue com a apresentação do projeto da empresa.
CENA 14. DELEGACIA. INT. DIA.
Leopardo, sentado em frente à mesa do delegado, depõe.
LEOPARDO: - E então, antes de eu ir para o centro comunitário, onde vocês me pegaram, esse tal de Marcelo chegou lá no meu barraco.
DELEGADO: - E o que ele queria lá?
LEOPARDO: - Comprar droga. E comprou. E não foi pouca não, mano. Foi coisa graúda. E aí agora, depois de tudo acontecido, eu descubro que ele usou o bagulho pra incriminar o Daniel, o craque do meu time, mano! Isso é sujeira!
DELEGADO: - Você tem certeza disso, senhor Leopardo?
LEOPARDO: - Certeza absoluta, seu delegado. Esse Marcelo tava com a droga. Ele usou o bagulho pra incriminar o Daniel.
CENA 15. TRANSIÇÃO DO TEMO.
(sobe trilha “Além da Nova Ordem” – Júlio Serrano) Imagens de São Paulo ao anoitecer.Mostra as avenidas iluminadas, o trânsito da cidade, os prédios.
CENA 16. APTO MARCELO. INT. NOITE.
(fade out trilha “Além da Nova Ordem” – Júlio Serrano) Marcelo e Fernanda, no sofá, aos beijos. O apto de Marcelo é espaçoso, bem decorado, moderno. Fernanda se afasta de Marcelo.
FERNANDA: - Calma, Marcelo. Vamos com calma.
MARCELO: - Calma por quê? Pensei que você fosse se entregar pra mim de vez... Agradecida pela segunda chance que eu te dei.
FERNANDA: - Ei, calma aí! Eu não pedi chance nenhuma. Você que me chamou aqui, dizendo que queria conversar...
MARCELO: - Fernanda... Agora eu sou a nova estrela do Timão. Grana pra mim não falta e nem vai faltar. Tu tem o homem perfeito do lado. Se entrega, poxa!
FERNANDA: - Eu não vou ficar contigo por causa de grana, Marcelo.
MARCELO: - Então tu prefere ficar se vendendo nas esquinas por aí do que ter uma vida decente? Prefere viver feito uma piranha, é isso?!
FERNANDA: - Para! Não fala assim comigo!
Fernanda pega a bolsa e vai indo em direção à porta. Marcelo vai atrás dela.
MARCELO: - Calma aí, Fernanda. Calma!
Fernanda abre a porta e se surpreende ao ver Macedão, Rosa, Carlos e Jaqueline. Marcelo também fica surpreso.
MARCELO: - Ué! O que estão fazendo aqui?
MACEDÃO: - Boa noite, Marcelo. Nós precisamos conversar.
FERNANDA: - Ótimo. Vou deixar vocês conversarem.
Fernanda sai.
CARLOS: - Será que a gente pode entrar, Marcelo?
MARCELO: - Podem, claro.
Rosa, Jaqueline, Macedão e Carlos entram no apto.
MARCELO: - E então? Qual o motivo da visita?
ROSA: - Tem certeza que não desconfia nem um pouquinho do que se trata?
MARCELO: - Ah sim... Para a senhora estar aqui, dona Rosa, deve ser sobre o Daniel... O que aconteceu? Ele foi condenado?!
JAQUELINE: - Não, Marcelo. Graças a Deus não.
MARCELO: - Não?! Mas a quantidade de droga que acharam nas coisas dele foi grande. Praticamente tráfico.
CARLOS: - Pois é, mas por incrível que pareça, a droga toda não era do Daniel. E ele finalmente conseguiu provar.
MARCELO (apreensivo): - Conseguiu?! Mas como?! Teve flagrante!
JAQUELINE: - Um traficante conhecido como Leopardo, depôs para o delegado hoje, no final da tarde, Marcelo. Ele confessou que você comprou a droga que foi achada nas coisas do Daniel.
ROSA: - O meu filho jamais estaria envolvido numa coisa dessas! Como você pode fazer isso com ele?!
MARCELO: - Isso só pode estar sendo um engano!
CARLOS: - Não negue, Marcelo. O tal Leopardo deu todos os detalhes de como você procedeu, principalmente na compra da droga.
JAQUELINE: - Isso tudo por que, Marcelo? Inveja?!
Marcelo sente-se acuado.
MARCELO: - Vocês estão querendo fazer com que eu confesse uma coisa que eu não tenho culpa. O Daniel se ferrou sozinho! Ele é o culpado de tudo!
CARLOS: - Os exames toxicológicos comprovam que o Daniel não usou nenhuma substância química. Que ele sequer teve contato com a droga encontrada.
ROSA: - Você era amigo do meu filho, Marcelo. Cresceram juntos!
MARCELO: - Mas o Daniel sempre ficou na minha frente em tudo!
JAQUELINE: - Então você confessa que armou isso tudo para acabar com a carreira dele!
MARCELO (grita): - Eu fiz! Fiz isso tudo sim!... Foi a única forma que eu achei para tirar o Daniel do meu caminho e deixar eu brilhar, eu ter a oportunidade de ser um astro do esporte!
MACEDÃO: - Mas Marcelo, você é um jogador muito bom!
MARCELO: - Eu não quero ser ‘muito bom’, Macedão. Eu quero ser o melhor! E eu vou ser o melhor porque eu vou conseguir isso! E o Daniel não vai me impedir!
Neste instante, o delegado entra no apto, acompanhado de dois agentes da polícia.
DELEGADO: - Mas você só vai conseguir isso após pagar pelos seus atos, senhor Marcelo Correa.
Marcelo se surpreende.
DELEGADO: - Você está preso por tráfico de drogas e responderá também, criminalmente, por denunciação caluniosa, já que tentou armar um flagrante inverídico contra um inocente.
Marcelo se desespera, tenta sair correndo, mas é pego por um dos agentes e algemado.
MARCELO: - Vocês não podem fazer isso comigo! Macedão, professor! Eu fui teu aluno, professor! Me livra dessa!
MACEDÃO: - Desculpa, Marcelo, mas desta vez, eu não posso fazer nada por você.
Os policiais levam Marcelo, acompanhados pelo delegado.
CARLOS: - Finalmente, justiça!
ROSA: - Agora é só esperar o meu Daniel ser solto para eu finalmente poder respirar aliviada!
JAQUELINE: - Vai dar tudo certo, dona Rosa. O Marcelo confessou o crime, assumiu o erro. O Daniel conseguiu provar sua inocência!
MACEDÃO: - E com certeza, vai voltar a brilhar no futebol!
CENA 17. PRÉDIO MARCELO. EXT. NOITE.
Do outro lado da rua, Fernanda observa Marcelo ser colocado dentro da viatura da polícia.
FERNANDA: - Ai Marcelo... Por que você aprontou?...
A viatura sai, e Fernanda observa, com certo desgosto.
CENA 18. RESTAURANTE RAQUEL. INT. NOITE.
Inauguração do restaurante de Raquel. O local, já pronto e decorado, revela um ambiente aconchegante, alegre. Muitas pessoas, convidadas, estão presentes. Garçons servem petiscos e bebidas. Um trio de músicos toca chorinho, deixando o ambiente ainda mais agradável.
Raquel está radiante e recebe os cumprimentos dos convidados que chegam para a inauguração. Henrique se aproxima dela.
HENRIQUE: - Meu amor, está todo mundo comentando da decoração, do espaço. Está tudo muito bonito mesmo!
RAQUEL: - Que ótimo, Henrique! (o beija) E eu estou ainda mais feliz porque você está aqui do meu lado, nesse momento tão especial da minha vida.
Maria Alice chega, acompanhada por Claude.
RAQUEL: - Dona Maria Alice, seja muito bem-vinda!
MARIA ALICE: - Obrigada, Raquel! E parabéns pelo belo restaurante. Com certeza será de muito sucesso.
RAQUEL: - Amém!
MARIA ALICE (cochicha para Raquel): - E seja muito feliz com o meu filho! Vocês formam um lindo casal. (risos)
RAQUEL: - Obrigada! Pode deixar que eu e seu filho seremos o casal mais feliz desse mundo!
CLAUDE: - E eu estou tão orgulhoso de você, minha querida! Não me arrependendo nem um pouco de ter te proporcionado o curso em Portugal e ver que você usou todo seu conhecimento para abrir seu próprio restaurante.
RAQUEL: - Eu só tenho a agradecer, Claude, por tudo o que você fez por mim, nesse tempo em que nós nos conhecemos. Muito obrigada, meu amigo, meu pai, meu irmão, meu tudo!
HENRIQUE: - Tudo não! Porque o marido sou!
Eles riem. De repente, o sorriso de Raquel, aos poucos, vai se fechado. Ela avista a chegada de Lenara e Humberto ao local.
HENRIQUE (avista Humberto): - Eu não acredito...
Lenara e Humberto se aproximam do grupo.
HUMBERTO: - Boa noite a todos.
LENARA: - Que bela festa, Raquel. Achou mesmo que eu iria perder essa? A festa do ano!
Lenara sorri, cínica, enquanto encara Raquel.
Édy Dutra
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa
atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel
Sunday Morning – Marron5
Além da Nova Ordem – Julio Serrano
Sem Poupar Coração – Nana Caymmi
Bruno Olsen
Diogo de Castro
Israel Lima
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
Copyright © 2015 - WebTV
www.redewtv.com
Todos os direitos reservados
Proibida a cópia ou a reprodução
Comentários:
0 comentários: