TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 28
CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR
RAQUEL: - Obrigada! Pode deixar que eu e seu filho seremos o casal mais feliz desse mundo!
CLAUDE: - E eu estou tão orgulhoso de você, minha querida! Não me arrependendo nem um pouco de ter te proporcionado o curso em Portugal e ver que você usou todo seu conhecimento para abrir seu próprio restaurante.
RAQUEL: - Eu só tenho a agradecer, Claude, por tudo o que você fez por mim, nesse tempo em que nós nos conhecemos. Muito obrigada, meu amigo, meu pai, meu irmão, meu tudo!
HENRIQUE: - Tudo não! Porque o marido sou!
Eles riem. De repente, o sorriso de Raquel, aos poucos, vai se fechado. Ela avista a chegada de Lenara e Humberto ao local.
HENRIQUE (avista Humberto): - Eu não acredito...
Lenara e Humberto se aproximam do grupo.
CENA 01. RESTAURANTE RAQUEL. INT. NOITE.
Continuação do capítulo anterior. Lenara e Humberto chegam juntos à inauguração do restaurante de Raquel.
HUMBERTO: - Boa noite a todos.
LENARA: - Que bela festa, Raquel. Achou mesmo que eu iria perder essa? A festa do ano!
Lenara sorri, cínica, enquanto encara Raquel.
HENRIQUE: - O que vocês estão fazendo aqui?! Não foram convidados!
LENARA: - Henrique, por favor... Onde está aquele homem cordial, educado? Não é de bom tom expulsar da inauguração o seu irmão e a mulher com quem você ainda é casado.
HENRIQUE: - Por pouco tempo, Lenara. Você sabe disso... E pelo o que eu vejo, tratou logo de se arrumar com outro.
HUMBERTO: - Eu estou aqui apenas como companhia para a Lenara, Henrique. Não precisa se preocupar.
HENRIQUE: - Eu não tenho motivos para me preocupar, Humberto. Aliás, a única coisa com a qual eu me preocupo e zelo neste momento é pelo bem estar da minha família (abraçando Raquel, com a mão sobre a barriga dela)
Lenara desvia o olhar, um tanto chateada.
MARIA ALICE: - Vocês não deveriam ter vindo. Não são bem vistos aqui.
RAQUEL: - Não, gente, calma... Não quero nenhum tipo de transtorno aqui. A noite é especial demais para isso.
LENARA: - Está certa minha amiga! Eu sabia que você não iria recusar a presença de sua grande amiga numa noite como essa. Agora, com licença, nós vamos conhecer o espaço e pegar nossa mesa.
Humberto oferece o braço para Lenara, que segue com seu parceiro pelo salão.
CLAUDE: - Mas é muita cara de pau da Lenara! Raquel! Você vai mesmo permitir isso?
RAQUEL: - Gente, como eu falei. Eu não quero confusão aqui... E a Lenara não vai fazer nada. Até é bom que ela esteja aqui mesmo. Para ver que com coração bom e pensamento positivo, a gente consegue atingir o sucesso e não trapaceando como ela faz.
MARIA ALICE: - Ainda bem que, pelo menos, vieram só os dois. A salafrária da Vilma nos brindou com a falta de sua presença.
HENRIQUE: - Bom, vamos manter a calma, dar uma circulada. Senão os convidados vão achar que tem algo errado e não podemos dar bandeira.
Num outro ponto, sentados à mesa, Tarsila e Barreto conversam.
TARSILA (olha no relógio): - Mas já era para o Santiago e a Paula estarem aqui. Estranho, não são de atrasar.
BARRETO: - Mas você viu o trânsito que estava lá fora? Nós mesmos pegamos tranqueira. Daqui a pouco eles estão chegando.
TARSILA: - É tem razão...
BARRETO (segura a mão de Tarsila): - Querida, eu queria te dizer uma coisa.
TARSILA: - Pode falar.
BARRETO: - Eu quero te agradecer, por hoje, lá em casa. Por ter pensado em tudo o que nós brigamos e conversamos... Pensado na felicidade dos nossos filhos. Fiquei feliz em vê-la ao nosso lado na sala de estar, compartilhando da alegria destes jovens.
TARSILA: - Não vou ser hipócrita e dizer que está tudo bem porque não está, Barreto. Está sendo difícil para mim ainda. Mas isso não se compara à dor de ficar longe do Nuno. Ele é meu filho e aos poucos eu estou compreendendo que ele estando feliz, eu estarei perto dele. Seja do lado de quem for que ele estiver.
BARRETO: - A Aimée é uma moça adorável. Você vai ver.
TARSILA: - Vamos deixar o tempo levar isso... Ele sabe o que faz. Mas, obrigada pelo elogio. Eu amo você, querido.
Os dois trocam um selinho carinhoso, olhares de afeto.
Numa das mesas, Humberto e Lenara sentados lado a lado.
HUMBERTO: - O lugar é bonito mesmo.
LENARA: - A Raquel sempre teve bom gosto.
HUMBERTO: - Só que hoje o gosto será um pouco amargo se depender de você... (risos)
LENARA: - Para Humberto... (risos) Só vou brindar com minha amiga. Só isso.
HUMBERTO: - Trouxe tudo aí, não é?
Lenara abre a bolsa discretamente. CAM foca num pequeno frasco de vidro escuro.
LENARA: - Tudo aqui.
HUMBERTO: - Funciona mesmo?
LENARA: - É ela tomar um gole, e em seguida faz efeito. É aborto e morte. Não vai sobrar nada dessa infeliz que quis roubar meu homem.
HUMBERTO: - Lembrando que você tem um homem aqui do lado para quando você quiser.
LENARA: - Eu sei, Humberto. Mas é diferente, você sabe. Henrique é só meu e de mais ninguém.
Neste instante, Liza se aproxima da mesa de Humberto e Lenara.
LIZA: - Oi, Humberto!
HUMBERTO: - Oi Liza, como vai?
LIZA: - Bem, e você?! Não te vi mais... Fiquei surpresa ao ver você aqui. (a Lenara) Como vai?
LENARA: - Bem... (levanta-se) Eu vou ao toalete, com licença.
Lenara se afasta.
LIZA: - Nós precisamos conversar, Humberto.
HUMBERTO: - Sobre o quê, Liza?
LIZA: - Sobre a morte do nosso pai, oras.
Humberto fica apreensivo.
HUMBERTO: - Nós não temos que falar sobre isso aqui, Liza.
LIZA: - Mas é importante!
HUMBERTO (firme): - Aqui não! Por favor. Esse assunto já está morto e enterrado como o Donato.
LIZA: - Mas o dinheiro que ele ganhou na divisão da empresa está aonde? Na sua conta?
Humberto encara Liza, levanta-se, fica cara a cara com ela.
LIZA: - Não vai me responder?
HUMBERTO: - Você anda falando coisas demais, Liza. Inclusive coisas que não sabe. Evite contato comigo pelo resto da noite, irmãzinha.
Humberto se afasta. Liza fica a observá-lo. Monique se aproxima.
MONIQUE: - E aí? Falou com ele?
LIZA: - Não... Ele não disse nada com nada.
MONIQUE: - É arriscado, Liza. Eu já falei.
LIZA: - Hoje realmente não é um bom dia para falar sobre isso. Mas amanhã o Humberto vai me ouvir. Querendo ou não. E se eu não tiver a resposta que eu pretendo, eu vou até a policia dizer tudo o que eu sei.
CENA 02. CASA SALETE. INT. NOITE.
Salete faz anotações, sentada à mesa da sala.
SALETE: - Realmente era o que eu pensava. Otávio tem mesmo TDAH... Agora é lidar com esse novo desafio...
De repente, a campainha toca.
SALETE: - Deve ser a Fernanda. Já vai!
Salete abre a porta e vê Robson.
SALETE: - Você, Robson! Entra!
ROBSON: - Desculpa vir aqui sem avisar, Salete, mas é que eu precisava conversar.
SALETE: - Imagina! Você é meu primo, é de casa, entra... Aconteceu alguma coisa?
ROBSON (sentando-se no sofá): - Sim. Eu fui demitido.
SALETE (surpresa): - Demitido?! Mas como? Por quê?!
ROBSON: - Eu me envolvi com a Paula, esposa do Santiago, o sócio da empresa. E ele descobriu.
SALETE: - Robson! Que isso, rapaz?!
ROBSON: - É, eu sei que foi errado, mas a gente se apaixonou. Aconteceu, não deu pra evitar... Eu só vim pra cá para poder colocar as ideias no lugar. Tava difícil lá no meu apartamento. Sei lá. Precisava também de uns conselhos.
SALETE: - Calma aí então, que eu vou preparar um lanche pra gente e você conta essa história pra mim direitinho.
Salete sai. Robson fica pensativo.
CENA 03. CASA SANTIAGO. INT. NOITE.
Santiago chega em casa e encontra Paula, linda, num vestido de alças finas, realçando seu colo e o lindo colar que ela usa. O cabelo bem penteado só evidenciam a beleza dela. Santiago a observa, contemplador e pensativo.
PAULA: - Meu amor! Pensei que não fosse chegar nunca! Lembra da inauguração do novo restaurante? Então! A Tarsila e o Barreto já devem estar lá, nos esperando.
SANTIAGO: - Nós não vamos.
PAULA: - Como assim, nós não vamos? Nós já tínhamos combinado com a Tarsila que (pausa)
SANTIAGO (interrompe): - Nós não vamos mais, Paula.
PAULA: - Mas não vamos por que? Eu estava tão animada. A Carol saiu com as amigas para a balada e eu ia ter uma noite bacana com você, com amigos, num ambiente legal também. E agora, repentinamente, você muda de ideia?
SANTIAGO: - Hoje foi um dia, Paula, em que eu tive inúmeros rompantes de pensamentos, atitudes... Foi extremamente um dia atípico. Que eu torci e muito para que ele nunca acontecesse.
PAULA: - Aconteceu alguma coisa no trabalho? Você realmente me parece um pouco cansado, esgotado...
SANTIAGO: - Eu não lhe pareço também, além de cansado, esgotado... Um homem traído?
Paula fica sem reação.
SANTIAGO: - Um homem que deu duro a vida toda para dar conforto, os melhores vestidos, as joias mais caras, as viagens mais incríveis para qualquer lugar do mundo à esposa, à família... Um homem que erra, claro! Tenho os meus defeitos... Mas um homem que sempre foi fiel.
PAULA: - Olha só, querido, eu não sei do que você está falando ou querendo falar...
SANTIAGO: - Não precisa mais me chamar de querido, Paula. Eu vi tudo hoje. Eu te segui de carro pela manhã. Eu vi. Você, o Robson, a entrada no motel.
Paula não consegue segurar as lágrimas diante da descoberta de Santiago.
SANTIAGO: - Eu vi o beijo no carro. O sorriso jovial que estampava o seu rosto. Era a sua felicidade plena, Paula, ali, na minha frente. Com outro homem.
PAULA: - Santiago, eu posso explicar tudo, eu (pausa)
SANTIAGO (interrompe): - Por favor! Não faça uma besteira dessas, de querer explicar algo que foi tão nítido na minha frente...
PAULA: - Foi mais forte do que eu. Eu tentei resistir, mas não consegui.
SANTIAGO: - Há quanto tempo você esconde isso de mim? Da Carol? Aliás, a Carolina nem sonha que você e o ex-namorado dela andam juntos!
PAULA: - A Carol sabia. Foi por isso que nós duas andávamos estranha uma com a outra há um tempo. Eu me envolvi com o Robson e logo depois a Carol descobriu, mas acabou se envolvendo com ele também. Como eu não pude expor o meu caso com ele, ela fez questão de me maltratar, iniciando o namoro.
SANTIAGO: - Te maltratar... E o que você fez comigo, você define como? Tripudiar?
PAULA: - Não fale assim, Santiago...
SANTIAGO: - Eu não vou falar mais nada mesmo, Paula. Eu vou agir como fiz com o Robson... Se ele não te avisou ainda, dou eu a notícia em primeira mão: ele foi demitido da empresa. Foi embora, está na rua. Da mesma forma como você.
PAULA: - Como assim, Santiago? O que você quis dizer com isso?
SANTIAGO: - Estou mandando você embora desta casa, Paula. Hoje. Agora!
Paula se choca.
PAULA: - Santiago! Mas eu não posso ir embora assim! Nós precisamos conversar!
SANTIAGO: - Não tenho mais nada para falar com você, Paula. Estou com náuseas só de olhar para sua cara... Qualquer cosia que queira conversar, fale com o meu advogado. Mas não se preocupe, você não ficará na rua, ao relento. Se não quiser ir para a casa do seu amante vagabundo, pode ficar num hotel onde eu deixei reserva para você. (tira um papel do bolso e joga sobre o sofá) O endereço está aí... Eu vou subir, tomar um banho, procurar relaxar e, quando eu descer, espero não ver mais você aqui nesta casa.
PAULA: - Isso é loucura, Santiago... Nós podemos resolver isso de outra maneira.
SANTIAGO: - Não há outra maneira, Paula. Você quem trilhou esse caminho. Enfrente as consequências.
Santiago se afasta. Paula fica sozinha na sala, olhar entristecido.
CENA 04. RESTAURANTE RAQUEL. INT. NOITE.
Raquel recebe os cumprimentos de diversos convidados. Enquanto isso, Lenara, caminhando pelo restaurante, chega até a porta da cozinha, onde um dos garçons serve o champanhe em algumas taças, dentre elas, uma taça dourada.
LENARA: - Humm... Champanhe. Especial esse hein? A garrafa é de uma vinícola caríssima!
GARÇOM: - É para o brinde. A dona Raquel vai fazer um brinde especial pela inauguração.
LENARA: - Que legal!
O garçom se afasta. Lenara aproveita para realizar seu plano. Ela retira de sua bolsa o fraco de vidro, abre o objeto e derrama na taça dourada, um pó branco, que se dilui no champanhe.
LENARA: - Essa é a taça da vadia da Raquel. Agora é só esperar o brinde e pronto. Nossa, não pensei que seria tão fácil.
Lenara se afasta, sem perceber que, ao longe, era observada por Maria Alice. O garçom se aproxima da bandeja com as taças e segue para o salão principal, que já se encontra lotado.
Jaqueline chega no local.
RAQUEL: - Pensei que não viesse mais!
JAQUELINE: - Nunca que eu perderia a sua noite de sucesso! Parabéns amiga! Merece muito!
HENRIQUE: - A hora do brinde, Raquel!
RAQUEL: - Vem, Jaque! Vem junto!
Todos prestam atenção em Raquel, no centro do salão. Ela pega a taça dourada. Lenara se aproxima de Humberto.
LENARA: - Vamos apreciar o show.
HUMBERTO: - Conseguiu?
LENARA: - Melhor que tirar bala da boca de criança.
HUMBERTO: - A Vilma não quis vir. Vai perder o show.
LENARA: - A Vilma duvida da minha capacidade. Ela vai perder a chance de ver quem é Lenara Campos da Rocha.
Raquel discursa no salão, com a taça dourada.
RAQUEL: - Esse restaurante era um sonho antigo meu e que, graças ao incentivo dos meus amigos e do meu amor (olha Henrique), eu consegui realizar. E eu estou muito feliz de ver todos vocês aqui hoje, me prestigiando, mas acima de tudo, prestigiando a boa culinária brasileira e paulistana. Tenho certeza de que todos irão gostar do meu restaurante, do meu tempero, enfim, de tudo! (risos) Eu também quero agradecer a Deus, por ter colocado no meu caminho pessoas especiais, como esse filho que eu estou esperando.
Todos aplaudem.
LENARA: - Filho que você vai perder logo logo, vagabunda.
RAQUEL: - Um brinde e muito obrigado!
Raquel e Henrique brindam. Antes de Raquel beber, Maria Alice se manifesta.
MARIA ALICE: - Não beba, Raquel! Não beba isso! Esse champanhe está envenenado.
Todos se surpreendem.
HENRIQUE: - Como é que é?!
MARIA ALICE: - Eu vi a Lenara colocando alguma coisa estranha dentro dessa taça dourada.
LENARA (aproxima-se): - O que a senhora está dizendo, Maria Alice?! Eu nem cheguei perto disso!
GARÇOM: - Chegou sim porque tava de conversa comigo na porta da cozinha, enquanto eu servia as taças.
LENARA: - Mentiroso! Você deveria era ser expulso, demitido!
MARIA ALICE: - E você deveria deixar a Raquel em paz!
Maria Alice segura firme o braço de Lenara, que se solta, bruscamente, deixando cair sua bolsa no chão e o frasco de vidro onde trazia o veneno. Jaqueline pega o frasco na mão.
JAQUELINE: - Gente, isso aqui é veneno!
RAQUEL: - Lenara! Você queria me envenenar! Acabar com a minha vida, é isso?
LENARA: - Eu só ia fazer o mesmo que você fez comigo, Raquel. Acabou com a minha vida, com a minha paz, com o meu casamento, com tudo. Você deixou de ser minha amiga para virar minha rival, inimiga de morte. E eu só vou sossegar quando ver você e o Henrique bem longe um do outro. E de preferência, sem essa maldita criança!
Raquel não se segura e acerta um tapa no rosto de Lenara, que cai no chão. Humberto se aproxima, ajuda Lenara a levantar.
RAQUEL: - Vai embora daqui. Agora. E nunca mais ouse olhar para a minha cara, Lenara. Você é um monstro.
Lenara abre um sorriso, cínico.
LENARA: - Maldita... Criança maldita...
RAQUEL (grita): - Vai embora!
HUMBERTO: - Vamos Lenara! Venha!
Humberto leva Lenara para fora. Raquel chora, enquanto é consolada por Henrique.
HENRIQUE: - Calma, meu amor! Calma!
MARIA ALICE: - Quando eu vi que a Lenara estava parada lá perto, eu senti que boa coisa não vinha. Ainda bem que consegui impedir uma tragédia.
JAQUELINE: - A Lenara perdeu a noção total! Ela está louca!
CLAUDE: - É um perigo para todos nós. A partir de agora, tanto a Raquel quanto você também, Henrique, precisam tomar cuidado. A Lenara demonstrou que é capaz de qualquer coisa.
HENRIQUE: - Eu não vou deixar que nada de mal aconteça à Raquel nem ao nosso filho. Podem ter certeza disso.
MARIA ALICE: - E a festa agora, como fica?
JAQUELINE: - Alguns convidados foram embora no meio da confusão. Que chato isso... (a Raquel) Ai amiga, eu sinto muito.
RAQUEL: - Tudo bem, Jaque. O importante é que eu e meu filho estamos bem. O restaurante eu dou um jeito depois... A minha vida vai seguir adiante. Com toda força do mundo para enfrentar e superar qualquer obstáculo.
Raquel permanece abraçada a Henrique, enquanto CAM abre plano geral do salão, onde aos poucos, as pessoas vão saindo.
CENA 05. TRANSIÇÃO DO TEMPO.
Imagens de São Paulo ao amanhecer. Mostra os prédios e rodovias da cidade, o trânsito intenso nas ruas e avenidas.
CENA 06. EMPRESA QUEIRÓS. INT. DIA.
Henrique está reunido com demais diretores da empresa. Clima tenso.
HENRIQUE: - Mas isso não pode ser verdade!
DIRETOR 01: - Infelizmente nós já prevíamos uma pequena queda nos rendimentos, só que desta vez foi muito brusca.
DIRETOR 02: - A empresa precisa de reforço, Henrique, senão teremos perdas ainda maiores. A produção do novo azeite não está sendo feita com toda carga que planejamos.
HENRIQUE: - Eu vou dar um jeito nisso. Eu preciso de um pouco mais de tempo.
DIRETOR 03: - Até agora, nossa perda já foi de quase 1 milhão de reais. Altíssima, nunca sofremos assim.
DIRETOR 01: - E o cenário pode piorar. Infelizmente, o racha na empresa levou à essa crise. Seu pai certamente não deixaria isso acontecer.
HENRIQUE: - Meu pai jamais seria alvo de uma armadilha como eu fui. E eu detesto admitir, mas o Humberto conseguiu o que queria. Deixar a empresa mal das pernas... Eu não queria nem pensar nisso, mas acho que terei que ter uma conversa séria com ele.
DIRETOR 02: - Sobre?
HENRIQUE: - Reaproximar as partes da empresa. Unir tudo novamente para que possamos sair dessa crise logo. Antes que seja tarde demais.
CENA 07. APTO HUMBERTO. INT. DIA.
A campainha do apto de Humberto toca. Ele atende. É Liza.
HUMBERTO: - O que você está fazendo aqui?
LIZA (entrando): - Eu vim atrás das respostas das minhas perguntas de ontem.
HUMBERTO: - Eu não tenho nada para responder pra você. Agora, por favor, saia da minha casa.
LIZA: - Eu já falei que não vou embora sem antes ter as minhas respostas. Será que você não vê que é importante?
HUMBERTO: - E por que eu iria me importar com uma coisa de quem já morreu?
LIZA: - Primeiro por ser seu pai. E segundo porque eu desconfio de que ele foi assassinado sim!
Humberto encara Liza. Neste instante, Vilma, que vai entrando na sala, decide esperar e ouvir a conversa escondida.
HUMBERTO: - De novo essa história garota?
LIZA: - Você sabe que eu desconfio da Vilma. E agora não só da Vilma mas de você também.
HUMBERTO: - Essa conversa está indo longe demais, Liza...
LIZA: - Eu tenho praticamente certeza que era a Vilma entrando naquele carro na noite do atropelamento. E agora eu desconfio também de que ela não fez isso sem a ajuda de alguém (encara Humberto). O dinheiro que meu pai ganhou, sumiu...
HUMBERTO: - Ah! Então agora está claro... Seu grande dilema é o dinheiro do seu pai que sumiu... Como eu não poderia ter pensado nisso? A pobre moça do interior quer a grana da herança.
LIZA: - Eu quero é justiça, Humberto. E parece muito estranho que você não queira o mesmo já que o Donato também era o seu pai.
Humberto ri, debochado.
LIZA: - Eu não vejo graça nisso não.
HUMBERTO: - Donato não era meu pai. Graças a Deus aquele sangue de verme não corre em minhas veias.
LIZA (surpresa): - Mas como? Você descobriu isso agora?
HUMBERTO: - Não te interessa como eu descobri, o que aconteceu. Só saiba que eu não tenho mais nada a ver com a sua vida e, consequentemente, com essa história chata. Agora, por favor, saia daqui.
LIZA: - Eu vou sim. Sair daqui e ir direto para a polícia. Vou dizer tudo o que sei. E aí veremos quem não aqui não tem nada a ver com a história.
Nesse instante, Vilma entra na sala.
VILMA: - Mas eu não pensava que você tão corajosa assim, Liza. Sempre te achei uma mosca morta...
LIZA: - Bem que meu pai avisou que você era perigosa, Vilma. Diante de toda essa indiferença de vocês, só tenho a confirmar as minhas suspeitas.
VILMA: - E você suspeita de quê, Liza? De nós matamos o seu pai?
Liza se mostra apreensiva diante dos olhares intimidadores de Humberto e Vilma.
VILMA: - O gato comeu sua língua? Ou foi aquela anormal da sua namoradinha que mordiscou sua língua nojenta?
LIZA (grita): - Não fala assim da Monique!
HUMBERTO: - Pode baixar o tom de voz, querida. Você não está na sua casa.
VILMA: - Ela se acha valente igual o pai. Pobre coitada...
LIZA: - Eu sei que vocês têm relação nessa história. Foram vocês que mataram o meu pai!
VILMA (encara Liza): - Bingo! Acertou!
CENA 08. CENTRO COMUNITÁRIO. INT. DIA.
Ulisses conversa com Salete.
ULISSES: - Eu já comprei até alguns livros para saber um pouco mais sobre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
SALETE: - É bom que os pais entendam o que se passa com os filhos que tem o TDAH. O Otávio é um menino muito especial. E o apoio da família é fundamental para ele neste momento.
ULISSES: - Pena que é só eu nessa caminhada, Salete. A Lenara infelizmente não dá a mínima pra criança. É triste ver um filho crescer sem a atenção da mãe.
SALETE: - Eu sei que não deveria me meter, mas eu concordo com você, Ulisses. Nos dias em que o Otávio tem algum problema em casa, o que não é raro, ele vem para o Centro Comunitário introspectivo e às vezes reage com hostilidade. Não é bom pra ele.
ULISSES: - Não é bom nem para mim ver meu filho assim. Por isso que hoje mesmo eu vou falar com meu advogado. Vou pedir a guarda do Tavinho.
SALETE: - Eu vou torcer para dar certo.Sei que será ótimo tanto para você quanto para o Otávio.
Ulisses se mostra esperançoso.
CENA 09. RESTAURANTE GOURMET PAULISTA. INT. DIA.
Monique, preocupada, liga para o telefone de Liza mas cai na caixa postal.
MONIQUE: - Ai meu Deus! Por que eu deixei a Liza fazer isso?
Nesse instante, Henrique chega no local.
HENRIQUE: - Deixou a Liza fazer o quê, Monique? Me parece preocupada...
MONIQUE: - Oi Henrique! Bom que você apareceu! Eu realmente estou preocupada. A Liza decidiu ir atrás do Humberto para cobrar algumas coisas sobre a morte do pai dela. Só que já faz um tempo e ela não fez mais contato. Eu estou preocupada. A Liza acha que ele e a Vilma estão juntos nessa história. E eles não me passam boa impressão... E depois de ontem na festa da Raquel isso só confirmou a minha intuição... Falando nisso, como está a Raquel?
HENRIQUE: - Está bem. Melhor recuperada do susto de ontem... O restaurante reabre nos próximos dias, aí sim, para todo público... Mas agora eu também me preocupei com a Liza. Eu já ia ir falar com o Humberto mesmo. Acho que faço isso agora então e deixo para conversar com o Claude depois.
MONIQUE: - Eu aviso ele que você esteve aqui. Por favor Henrique, não deixe de me avisar de qualquer notícia!
HENRIQUE: - Pode deixar! E siga tentando contato com ela. Eu vou indo para o apartamento do Humberto agora.
Henrique sai. Monique tenta ligar novamente para Liza mas a caixa postal se repete.
CENA 10. APTO LENARA. QUARTO LENARA. INT. DIA.
Lenara arruma uma mala de roupas. Rita chega no local.
RITA: - Com licença, dona Lenara. O que a senhora quer que eu traga do mercado?
LENARA: - Não sei Rita. Olha lá na geladeira e veja o que precisa. Não sabe fazer lista de mercado? Então!
RITA: - A senhora vai viajar?
LENARA: - Vou mas não agora. Eu preciso fazer umas coisinhas em São Paulo antes. Depois sim, eu vou pro mundo... Agora sai daqui, Rita, porque você está me atrapalhando, tirando a minha concentração.
Rita sai do quarto.
LENARA: - A Raquel não perde por esperar...
CENA 11. DELEGACIA. INT/EXT. DIA.
Daniel é liberado da prisão. Jaqueline, Rosa, Carlos e Macedão no local para recebê-lo.
Daniel abraça-se em Rosa.
DANIEL: - Oh mãe! Finalmente! Livre!
ROSA: - Graças a Deus, meu filho. Eu sabia que você iria sair dessa.
DANIEL: - É verdade. Mas eu jamais teria conseguido sem a ajuda de vocês.
MACEDÃO: - Não precisa agradecer, Daniel. Fizemos isso não apenas por você mas por justiça. Ninguém merece sofrer um golpe desses.
CARLOS: - Ainda mais vindo de uma pessoa que se dizia sua amiga.
DANIEL: - O Marcelo me decepcionou muito.
JAQUELINE: - Mas agora ele vai pagar pelos erros que fez, meu amor.
Jaqueline beija Daniel. Os demais sorriem com a demonstração de carinho do casal.
DANIEL: - Agora vamos embora, gente? Não pretendo mais por os pés numa delegacia.
Na saída do prédio da polícia, muitos jornalistas, fotógrafos à espera da saída do atleta.
ROSA: - Bando de urubus!
CARLOS: - Vamos por ali (apontando caminho)DANIEL: - Não sabia que eu era tão esperado assim!
MACEDÃO: - Você é a estrela do Corinthians. Não poderia esperar outra coisa senão essa recepção toda.
De repente, desce do táxi, Bárbara.
BÁRBARA: - Daniel!
Ao chamar Daniel, Bárbara também atrai a atenção dos jornalistas.
JAQUELINE: - Até essa maluca aqui!
DANIEL: - A Bárbara não tem jeito!
Bárbara caminha em direção à Daniel, mas os repórteres a cercam.
REPÓRTER 01: - Você ainda mantém alguma relação com Daniel?
REPÓRTER 02: - É verdade que você vai posar nua em pleno sambódromo?
BÁRBARA: - Posar nua no sambódromo? Eu nunca pensei nisso... Mas é uma boa. Vou anotar aqui para projetos futuros... Quanto a minha relação com o Daniel, tivemos uma pequena crise mas agora ele saindo da prisão e voltando a brilhar nos gramados, tenho certeza que nosso amor vai voltar a reinar.
JAQUELINE: - Eu vou lá falar umas verdades pra ela!
DANIEL: - Calma Jaque. Eu não tenho nada com a Bárbara. Meu coração é só seu.
Daniel beija Jaqueline na boca. O fato é registrado por todos os fotógrafos. Bárbara fica sem reação.
REPÓRTER 02: - O amor de vocês vai resistir à isso também?
BÁRBARA: - A gente se engana com as pessoas. É uma pena. Mas eu vou seguir minha vida e meu projeto para o carnaval! Academia, alimentação balanceada... Tudo para brilhar na passarela.
FOTÓGRAFO: - Rainha, uma foto para a revista Astros e Estrelas.
BÁRBARA: - Claro!
Bárbara posa para os fotógrafos enquanto Daniel e o restante do grupo vai embora do local.
CENA 12. APTO HUMBERTO. INT. DIA.
Liza discute com Vilma e Humberto.
LIZA: - Então eu realmente estva certa! Era você a mulher do turbante!
VILMA: - Sim! Era eu!
HUMBERTO: - Vilma! Você vai contar para ela?!
VILMA: - Humberto, não há mais o que esconder. A pobrezinha veio até aqui atrás da verdade, não foi? Então terá a verdade.
LIZA: - Assassina!
VILMA: - Coloque isso no plural. Assassinos! Porque quem dirigia o carro era o Humberto.
Liza se choca com as revelações.
HUMBERTO: - Droga Vilma! Não era pra falar! Agora ela ta sabendo de tudo e vai ficar enchendo o saco atrás de mim.
VILMA: - Não, ela não vai. Porque ela não vai nem sair daqui de dentro com vida.
LIZA (aflita): - Nunca! Eu vou até a polícia agora!
VILMA: - Não deixa ela. sair!
Liza corre para a porta mas Humberto consegue segurá-la.
LIZA: - Me solta!
VILMA: - Agora que você já sabe de toda a verdade, tá na hora de ir lá para o céu e contar tudo pro seu pai. Ou para o inferno, que é o lugar onde eu acredito que ele esteja e onde, com certeza, você será ótima companhia para ele. Desgraçada!
CENA 13. APTO HUMBERTO. PRÉDIO EXT. DIA.
Henrique estaciona o carro próximo do prédio de Humberto e vê o momento em que Humberto e Vilma saem do prédio com Liza. Segurando firme a garota, Humberto a joga no banco de trás do carro enquanto Vilma entra no lado do motorista.
HENRIQUE (saindo do carro): - Humberto! !
Humberto se surpreende ao ver Henrique.
HUMBERTO: - Droga! O Henrique!
LIZA (grita): - Henrique, socorro!
Henrique ouve o grito de Liza e corre em direção ao carro. Humberto dá um tapa em Liza, que cai no banco do carro.
HUMBERTO: - Vilma! Vai embora!
Vilma liga o carro e parte.
HENRIQUE: - O que vocês fizeram com a Liza?
HUMBERTO: - Você sempre atrapalhando meus planos, Henrique! Mas de hoje não passa!
Humberto acerta um soco em Henrique, que cai no chão.
HUMBERTO: - Fim da linha, maninho!
Henrique, no chão, fica a encarar Humberto.
Édy Dutra
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa
atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel
Além da Nova Ordem – Julio Serrano
Turtango Instrumental
produção
Bruno Olsen
Diogo de Castro
Israel Lima
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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