VOZ DE JOSH – Anteriormente
ALEX – A resposta para a minha inscrição na New York University chegou hoje pela manhã. Eu fui aceito, meu amor!
Surpresa, Marta se aproxima do namorado e o abraça fortemente.
MARTA – Quem diria! Esses quatros anos de estudo realmente valeram a pena para você. (interrompe o abraço) Parabéns, amor, você é merecedor disso.
ALEX – Nosso futuro está apenas começando, meu amor... E depois que nos graduarmos na NYU, eu quero formar uma grande família com você.
MARTA – Não sonhe alto, Alex. Meu envelope com a resposta ainda nem chegou e talvez as coisas não saiam como planejado.
ALEX – E o que mais poderia atrapalhar os nossos planos?
MRS. BENTON – E o que diz o envelope cujo tamanho é o mesmo deste que estou segurando?
MARTA – (sorri decepcionada) Que eu fui escolhida para ser uma das futuras alunas da New York University.
MRS. BENTON – Exatamente, minha filha! Você foi selecionada! A minha filha vai estudar na maior faculdade de Nova York.
MARTA – (complementa) Eu estou grávida, Alex.
ALEX – Meu Deus!
MARTA – Escuta, Alex, você não precisa se preocupar em assumir esta criança. Eu só decidi te contar porque achei que estaria sendo injusta se escondesse isso de você.
ALEX – Eu não quero que você diga mais nada, Marta. O meu futuro é ao seu lado. A gente vai assumir essa criança, não importa quantos problemas aparecerem, e vamos ser felizes juntos. (pausa) Eu quero me casar com você.
MARTA – (surpresa) O que?
ALEX – Isso mesmo que você ouviu. Eu quero me casar com você e ter uma vida feliz ao seu lado e ao lado do nosso filho.
KURT – (tirando o sorriso do rosto) Você está...
SUZIE – (complementa o que Kurt ia dizer) Grávida. Eu estou grávida do nosso primeiro filho, meu amor.
Suzie ameaça abraçá-lo, mas Kurt acaba se levantando do sofá antes. Close em Suzie, surpresa.
KURT – Mas uma gravidez não estava entre os nossos planos, Suzie.
KURT – Sabe o que eu vou fazer? Eu vou abrir uma champanhe para a gente comemorar...
SUZIE – (olha feio para Kurt) Não sei se você sabe, mas gestantes não podem beber.
KURT – Então eu vou pegar um copo de uísque para mim. Eu preciso comemorar, Suzie. Um Jordan está a caminho. (dirigindo-se até o barzinho da sala)
SUZIE – Kurt, agora que estamos esperando um filho, eu acho que você deveria maneirar um pouco na bebida.
DONO DO BAR – O senhor deveria ir direto pra casa. Você tem uma mulher precisando de cuidados especiais.
KURT – Ué, se eu fosse direto pra casa, você não ia lucrar com o que eu bebo. (ri) Vamos, serve uma garrafa de uísque aí. A Suzie vai ficar bem.
Balançando a cabeça negativamente, o dono do bar caminha até a prateleira e pega uma garrafa de uísque para servir a Kurt. A câmera vai até o jovem rapaz, que tira o celular do bolso. Pelo identificador de chamadas, notamos que Suzie está ligando para ele. Kurt ignora a ligação.
KURT – (para si mesmo) Me dá um tempo, Suzie... (diz para o dono do bar) Não esquece do gelo, hein?
CENA 01. EFEITO FLASHBACK. CASA DE SUZIE E KURT. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
A imagem abre em Kurt entrando na casa e acendendo a luz. Ele está com a gravata desamarrada e segura o casaco em uma de suas mãos. Bêbado, anda até a mesinha central da sala e joga o molho de chaves e o casaco sobre ela. O telefone começa a tocar. Kurt, cambaleando, sai à sua procura, mas acaba tropeçando no caminho. Ele cai e começa a rir de sua própria queda. O telefone toca insistentemente. Kurt se rasteja no chão até se aproximar do sofá, pegando o aparelho que estava em cima dele.
KURT – (atendendo a ligação e falando pausadamente) Suzie, é você meu amor? (tempo) E desde quando enfermeiras ligam pra minha casa? (tempo) O meu filho? (rindo) O meu filho acabou de nascer? (grita) Que ótima notícia. Eu estou indo aí agora. (tempo) Não é esforço nenhum. Diga ao meu amor... (realça) E ao meu filho... que eu estou chegando... Eu estou chegando. (desliga o telefone e diz orgulhoso) Meu filho... Meu filho acabou de nascer.
Kurt joga o telefone para cima do sofá e, com muito esforço, tenta se levantar do chão. Ele volta a pegar o molho de chaves e sai da casa, ainda tropeçando nos seus próprios passos.
CENA 02. HOSPITAL DE LOS ANGELES. QUARTO DE SUZIE. INT. NOITE.
Suzie está deitada na cama de hospital. Ela olha para o teto e deixa algumas lágrimas rolarem sobre o seu rosto. A enfermeira entra apressada e Suzie limpa suas lágrimas.
SUZIE – (sorri) E então, como o meu Ryan está?
ENFERMEIRA – Eu já o levei até o berçário. Agora que está amamentado, ele irá dormir como um anjinho. (sorri)
SUZIE – Que bom. Eu mal vejo a hora de levá-lo para a casa.
ENFERMEIRA – Não irá demorar muito, senhorita Suzie. (tira o sorriso do rosto) Mas eu vim até aqui porque eu tenho uma notícia não tão agradável para lhe dar.
SUZIE – (assustada) O que aconteceu? É algo com o meu filho?
ENFERMEIRA – Não se preocupe com o Ryan, senhorita Suzie. O garoto nasceu forte como um touro. (ri) Na verdade, trata-se do seu marido...
SUZIE – Meu Deus! O que o Kurt aprontou desta vez?
ENFERMEIRA – Não, seu marido não aprontou nada. Por enquanto. (pausa) Eu consegui entrar em contato com ele e dei a notícia de que o garoto nasceu. Mas ele parecia estar um pouco alterado...
SUZIE – Não! Eu não posso acreditar que o Kurt foi beber justamente no dia do nascimento do seu filho. (pausa) Agora tudo está claro. Foi por isso que eu não consegui falar com ele antes de vir pra cá. Com certeza, meu marido estava bebendo todas em qualquer boteco da cidade.
ENFERMEIRA – Eu lamento muito, senhorita Suzie...
SUZIE – Tudo bem. (deixa uma lágrima escorrer em seu rosto) A única coisa que me deixa triste é que, depois que soube da gravidez, o Kurt me garantiu que não colocaria mais um pingo de álcool na boca. E, infelizmente, não honrou com a sua promessa.
ENFERMEIRA – Um homem nem sempre cumpre com o que diz, querida.
SUZIE – (limpa as lágrimas) Mas eu achei que o Kurt fosse um homem diferente. Engano meu. Eu só espero que ele seja um bom pai para o meu filho...
ENFERMEIRA – Bom, ele disse que está vindo para cá ver a criança.
SUZIE – Seja o que Deus quiser...
A imagem corta rapidamente para:
CENA 03. HOSPITAL DE LOS ANGELES. RECEPÇÃO. INT. NOITE.
Kurt entra correndo no hospital em direção ao balcão de atendimento. Ele está com o cabelo bagunçado e a camisa desabotoada.
KURT – (grita) Eu preciso saber onde meu filho está...
RECEPCIONISTA – Por favor, eu peço que o senhor diminua o tom de voz em respeito aos nossos pacientes.
KURT – Eu não estou nem um pouco preocupado com os seus pacientes. Eu quero saber onde a minha mulher e o meu filho estão.
RECEPCIONISTA – Ok, eu já vou verificar isso para o senhor. Enquanto isso, mantenha a calma.
KURT – Eu não preciso de calma, eu só quero saber...
RECEPCIONISTA – (complementa) Onde a sua família está. (olha para o computador) Eu já entendi. Por favor, me diga o nome da sua mulher.
KURT – Jordan, Suzie. (olhando para a atendente) E então, encontrou?
RECEPCIONISTA – Calma, senhor... (digita o nome de Suzie no computador) A sua esposa acabou de dar à luz. Quarto 220. Mas ainda não está...
E sem deixar que a recepcionista conclua o que está dizendo, Kurt sai apressado à procura do quarto onde a esposa se encontra.
RECEPCIONISTA – (finaliza) ...aberto para visitas.
Close na recepcionista, surpresa.
CENA 04. HOSPITAL DE LOS ANGELES. QUARTO DE SUZIE. INT. NOITE.
Kurt abre a porta do quarto. A enfermeira que fazia companhia para Suzie tenta barrar a sua entrada.
ENFERMEIRA – Por favor, senhor, peço que se retire. As visitas neste quarto ainda não foram autorizadas.
KURT – (irritado) E desde quando um marido precisa de permissão para ver a esposa que acabou de dar à luz?
SUZIE – Tudo bem, querida. Este é o meu marido. (pausa) Será que você poderia nos deixar a sós?
ENFERMEIRA – Ok. Me chame se precisar de alguma coisa.
Suzie acena positivamente com a cabeça. A enfermeira sai logo em seguida.
KURT – Eu não imaginava que um único hospital reunia tantos babacas... (aproxima-se de Suzie) Meu amor, que bom te ver.
SUZIE – (aumenta o tom de voz) Não se aproxima de mim, Kurt... Eu estou com nojo de você.
KURT – E eu te dou toda a razão, Suzie. Eu fui um idiota em não ter atendido ao seu chamado.
SUZIE – Você foi um idiota a partir do dia que me prometeu que não beberia mais, Kurt.
KURT – Meu amor, o trabalho tem sido muito estressante. Eu só queria aliviar um pouco...
SUZIE – Ótimo! Enquanto você aliviava a sua tensão em um botequinho de quinta, eu estava aqui sozinha neste hospital tendo o seu filho. (grita) O seu filho!
KURT – Me perdoa, Suzie...
(música: Torn - Natalie
Imbruglia)
SUZIE – Não, dessa vez não tem perdão. Você descumpriu com o nosso trato. (seca) Se você quiser ver o seu filho, vá até o berçário e veja. Mas não queira que eu te perdoe, Kurt... Porque no momento em que eu mais precisei da sua presença, você não estava aqui...
Kurt deixa uma lágrima rolar em seu rosto e se afasta lentamente da cama onde a mulher está deitada. Suzie continua olhando para o teto, ignorando a presença do marido e sofrendo calada.
CENA 05. HOSPITAL DE LOS ANGELES. CORREDOR DE BERÇÁRIOS. INT. NOITE.
(A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)
Em estado
deplorável, Kurt caminha pelo local em passos lentos.
Ele se aproxima do berçário onde o filho está recebendo
os primeiros cuidados. A câmera mostra o pequeno garoto
que dorme profundamente. Kurt leva a mão até o vidro,
como se quisesse tocar na criança. Close em seus olhos
marejados.
A imagem escurece.
1x17 - COMO CHEGAMOS AQUI - PARTE 2
CENA 06. NOVA YORK. CASA DE MARTA E ALEX. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
A imagem abre na sala de estar da
casa de Marta e Alex. Surge a seguinte legenda:
Marta e Alex (já interpretados por seus atores fixos) entram apressados no local. Josh (aos dez anos) vem atrás. Eles estão muito bem vestidos, o que sugere que acabaram de chegar de uma festa.
MARTA – (tirando os brincos) Josh, por favor, vá para o seu quarto. Eu e o seu pai precisamos conversar a sós...
O garoto balança a cabeça positivamente e segue para o seu quarto.
ALEX – Marta, não vá me dizer que você tem a intenção de remoer tudo o que aconteceu naquela festa...
MARTA – Sim, Alex. Porque eu estou cansada de ser apenas o brinquedinho que você exibe nas comemorações da sua empresa.
ALEX – Marta, você é a minha mulher!
MARTA – Então me trate como uma, Alex. (pausa) Já faz semanas que eu tenho suportado você chegar em casa e não me dar um único beijo de boa noite. Eu pensei que essa festa seria a ocasião perfeita para ficarmos juntos com o nosso filho.
ALEX – Eu passei um tempo com os meus chefes. Eles queriam que eu apresentasse alguns dos meus projetos para os patrocinadores. Inclusive, um deles foi aprovado e será colocado em prática ainda este ano.
MARTA – Ótimo, eu fico feliz por você. Acontece que não foi um tempo. Foi a festa inteira. Eu e o Josh ficamos sentados naquela mesa esperando que você viesse jantar conosco.
ALEX – Marta, era um encontro de negócios. Você não foi a única esposa que ficou sem o seu marido.
MARTA – Ok, Alex. Desculpa se eu interpretei errado o seu (gesticula as aspas com as mãos) “encontro de negócios”. Eu vou me sentar aqui nesse sofá e esperar o dia em que você poderá dar um pouco de atenção para a sua mulher e para o seu filho.
ALEX – Marta, pela primeira vez na vida eu encontrei um emprego que eu gosto, onde eu me sinto bem. É normal que eu me dedique a ele e me afaste um pouco da minha família.
MARTA – Mas não totalmente, Alex. Nós não vamos mais para o cinema juntos, não saímos para jantar, não temos uma conversa agradável entre homem e mulher. Nem na cama rola mais a mesma química de antes. (balança a cabeça negativamente) Não sei, mas parece que eu estou perdendo o meu marido para essa empresa...
ALEX – Você está sendo injusta comigo, Marta. Se eu estou dando o meu sangue por essa empresa, é porque quero dar um futuro digno para a minha família.
MARTA – Eu não sei se você se lembra, Alex, mas no dia em que você aceitou se casar comigo, nós prometemos um ao outro que estaríamos sempre juntos e não deixaríamos que dinheiro nenhum estragasse a nossa felicidade.
ALEX – Nós tínhamos 17 anos, Marta. A gente era jovem e nem sabia o que significava a palavra futuro...
MARTA – Eu sabia, Alex. Porque eu abri mão dele para criar o meu filho. E eu deixei bem claro que você poderia seguir com a sua vida e deixar que eu assumisse a responsabilidade sozinha.
ALEX – Eu não estaria agindo como homem se te abandonasse grávida de um filho meu, Marta.
MARTA – Então seja homem agora para não trocar a sua família por um emprego idiota.
ALEX – Não é um emprego idiota, Marta, é o emprego que nos mantém vivos.
MARTA – O que me mantinha viva era saber que, no final do dia, meu marido chegaria em casa, me daria um abraço forte e apertado e levaria o meu filho para tomar um sorvete...
ALEX – As coisas não são como a gente imagina, Marta.
MARTA – Pois é, não são. (encara Alex) Eu tomei uma decisão, Alex...
ALEX – Olha, Marta, nós estamos de cabeça quente... É melhor a gente ir dormir e...
MARTA – (interrompe) Não, eu não vou dormir. Eu vou pegar as minhas coisas e me mudar para San Francisco ao lado do Josh. Minha mãe está vivendo lá e eu sei que ela vai nos recepcionar bem apesar das nossas brigas passadas.
ALEX – Marta, você não pode me deixar aqui sozinho...
MARTA – Mas eu vou, Alex. Porque eu não sei se você reparou, mas o nosso casamento está começando a sair dos trilhos. E eu acho melhor a gente dar um basta por aqui antes que as coisas fiquem cada vez piores.
ALEX – Marta, é melhor você não tomar decisões precipitadas...
MARTA – Não é uma decisão precipitada, Alex. Este é o fim. Eu vou embora, você pode se dedicar inteiramente ao seu trabalho e recompensar os dez anos que você jogou no lixo por minha causa. (ameaça sair, mas volta) Só lembre-se de uma coisa, Alex: eu nunca cobrei que você ficasse comigo e com o meu filho...
E Marta sai em direção ao seu quarto. Alex anda de um lado para o outro, irritado. Em seguida, senta-se no sofá e passa as mãos sobre o rosto, demonstrando bastante cansaço.
CENA 07. LOS ANGELES. ESCOLA INFANTIL. GINÁSIO DE ESPORTES. INT. DIA.
Suzie (já interpretada por sua atriz fixa) está sentada na arquibancada assistindo ao campeonato mirim que o filho, Ryan (aos 10 anos), participa. Ao seu lado, há um espaço vago. Subtende-se que está à espera de alguém. Ela olha para os lados a fim de avistar a pessoa que espera, mas sem resultados. Então, pega o celular e disca o número desejado.
SUZIE – (bufa) Caixa postal... Como era de se esperar...
A imagem escurece e volta a clarear. Agora, o jogo já foi finalizado e Ryan corre em direção a sua mãe.
RYAN – (eufórico) Mãe, mãe, mãe! Nós ganhamos!
SUZIE – (abraça Ryan) Eu sei, meu filho. A mamãe está muito orgulhosa de você.
RYAN – Cadê o papai? Espero que ele tenha visto a última cesta que eu fiz...
SUZIE – (tira o sorriso do rosto) Filho, infelizmente, o seu pai não pôde vir...
RYAN – (fica sério) Mas por que, mãe? O papai me prometeu que estaria aqui...
SUZIE – Muitas vezes o trabalho do seu pai não deixa que ele cumpra com as suas promessas, meu filho. E a gente tem que entender... Tudo bem?
RYAN – Tudo bem. Você tirou fotos pra mostrar a ele?
SUZIE – E você acha mesmo que eu deixaria de registrar esse momento vitorioso na vida do meu filho? (ri) Muitas fotos! Muitas fotos!
RYAN – Obrigado, mamãe.
SUZIE – Eu ainda vou te ver nas quadras profissionais, meu filho. Você vai ser um grande jogador de basquete.
RYAN – Eu mal posso esperar por esse dia...
Ryan e Suzie voltam a se abraçar. A câmera se afasta, mostrando os outros garotos da equipe de Ryan acompanhando de seus pais. A imagem corta rapidamente para:
CENA 08. CASA DE SUZIE E KURT. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Suzie anda de um lado para o outro, irritada. Kurt (já interpretado por seu ator fixo) entra na casa e joga sua mala em cima do sofá. Ele aparenta estar embriagado.
SUZIE – Não, diz que é mentira. Diz pra mim que você não interrompeu o seu trabalho pra ir beber, Kurt...
KURT – (passando as mãos sobre o rosto) Suzie, a gente precisa conversar...
SUZIE – É claro que a gente precisa conversar, Kurt. (pausa) Você sabe onde eu estava até agora? Hein? Você sabe me dizer? (pausa) Eu respondo! Eu estava na escola do Ryan, assistindo ao seu primeiro campeonato infantil. Campeonato, aliás, que você prometeu a ele que iria assistir.
KURT – Que bobagem, Suzie. O garoto tem dez anos ainda. Não tem idade suficiente para ser um bom jogador de basquete e nem deve ter notado a minha ausência.
SUZIE – Mas ele notou, Kurt. Eu queria muito que ele não tivesse notado. Mas, infelizmente, ELE NOTOU. Eu não posso acreditar que você é capaz de deixar o seu próprio filho te esperando, Kurt...
KURT – (grita) EU QUERIA MUITO ESTAR LÁ, SUZIE, MAS EU NÃO PUDE, OK? EU NÃO PUDE!
SUZIE – Ah, muito engraçado. Você não pôde prestigiar o seu filho, mas teve tempo para largar o seu emprego e ir se entupir de bebida alcoólica.
KURT – (grita) EU FUI DEMITIDO, SUZIE.
SUZIE – (surpresa) Você foi o quê?
KURT – Eu fui demitido! (pausa) O chefe da empresa pediu que eu assinasse alguns papéis e isso acabou atrasando a minha ida para o jogo do Ryan.
SUZIE – (deixa uma lágrima rolar em seu rosto) Kurt...
KURT – Não precisa se lamentar por mim. Eu estou feliz por ter me livrado daquela empresa asquerosa.
SUZIE – Você amava trabalhar lá, Kurt. Eu até me lembro da sua empolgação no dia em que foi contratado. Estava muito interessado em apresentar ideias, projetos e...
KURT – (grita) Mas isso é passado! Por favor, Suzie, eu não quero mais falar sobre isso...
SUZIE – O que vamos fazer agora?
KURT – Eu não sei, mas eu vou dar um jeito...
SUZIE – Que jeito, Kurt? Indo até o bar mais próximo e torrando todo o seu dinheiro em bebida alcoólica?
KURT – (avança para cima de Suzie) Eu estou cansado, Suzie. Eu estou cansado de chegar em casa todos os dias e ouvir a mesma ladainha. Eu estou cansado de ver você chorar toda vez que me vê bêbado. Isso é tão cruel pra você? Então eu vou te mostrar agora o que é realmente cruel.
E, brutalmente, Kurt agarra Suzie
e começa a enchê-la de beijos indesejados. A mulher tenta se soltar do
marido, mas ele a segura cada vez mais forte, chegando a machucá-la.
Suzie tenta gritar por socorro e Kurt tapa sua boca com uma das mãos.
Então, a joga para cima do sofá e começa a tirar sua roupa. A porta se
abre e Ryan entra com uma bola de basquete
A imagem escurece.
CENA 09. NOVA YORK. CASA DE MARTA E ALEX. QUARTO DE JOSH. INT. DIA.
Josh (também aos dez anos) está sentado sobre a cama enquanto sua mãe guarda as últimas peças de roupa dentro de uma mala.
JOSH – Para onde nós vamos, mamãe?
MARTA – Nós vamos começar uma vida nova, Josh. Em uma cidade diferente. Numa nova escola. Perto de novos amigos.
JOSH – Mas eu tenho vários amigos aqui...
MARTA – Eu sei que sim, meu filho, mas é sempre bom a gente fazer novos.
JOSH – Cadê o papai? Ele não vai embora com a gente?
MARTA –
Infelizmente não, Josh. Seu pai vai ficar aqui
JOSH – Eu sei que você está escondendo as coisas de mim, mamãe...
MARTA – Eu não estou escondendo nada de você, Josh. Eu só acho que você ainda não tem idade suficiente para entender o que realmente está acontecendo aqui. (aproxima-se do filho) Mas fique tranquilo, porque quando você crescer mais um pouco, eu vou me sentar ao seu lado e tirar todas as suas dúvidas.
JOSH – Eu vou sentir falta do papai...
MARTA – Eu também vou, meu filho. Mas eu e seu pai estamos andando por caminhos diferentes e eu não posso seguir o dele e nem ele seguir o meu.
JOSH – Então nós vamos para San Francisco?
MARTA – (sorrindo) Exato.
JOSH – Eu torço para que coisas boas aconteçam por lá...
MARTA –
Eu tenho certeza que coisas muito boas acontecerão. A sua vida vai
começar
JOSH – Espero que o papai vá nos visitar em nossa nova casa.
MARTA – Ele não deixaria de ver o filho maravilhoso que tem. (sorri)
Josh também sorri.
MARTA – (fechando a mala) San Francisco. Aí vamos nós!
Close em Josh, entusiasmado com a ideia de ir para outra cidade.
CENA 10.
(música: San Francisco - Vanessa Carlton)
Tomada da cidade de San Francisco
com as imagens dos principais pontos turísticos do local. Surge a
legenda:
CENA 11. CASA DE JOSH. QUARTO DE JOSH. INT. DIA.
(A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)
A câmera explora o quarto do garoto até chegar à cama onde ele está dormindo. O despertador começa a tocar. Josh (já interpretado por seu ator fixo) leva a mão até o aparelho a fim de desligá-lo. O garoto, lentamente, se levanta da cama e começa a se espreguiçar. Em seguida, caminha até o espelho e começa a olhar para si próprio.
JOSH – Primeiro dia de aula no primeiro ano do segundo grau...
A imagem corta rapidamente para:
CENA 12. CASA DE JOSH. COZINHA. INT. DIA.
(Música
cessa.)
Marta está terminando de confeitar um bolo. Josh está sentado à mesa tomando seu café da manhã, já devidamente uniformizado para a escola.
MARTA – Primeiro dia de aula no primeiro ano do segundo grau...
JOSH – Foi exatamente o que eu disse quando acordei. (ri)
MARTA – Você não poderia estar mais animado, hein?
JOSH – Quatro longos anos de estudo vêm pela frente. Eu não posso desanimar logo no início. (ri novamente) Mas mudando de assunto... Que bolo é esse que você está fazendo?
MARTA – É aniversário da gata da dona Consuelo. Ela me pagou para que eu fizesse esse agradinho...
JOSH – Eu não acredito que você está perdendo o seu tempo fazendo um bolo para a gata daquela velha fofoqueira.
MARTA – Josh, olha a forma como você trata os seus vizinhos. (ri) Eu sei e concordo. Ela é uma velha fofoqueira, rabugenta, que não tem nada pra fazer na vida além de espionar a vida alheia. Mas, fazer o que, tem dinheiro envolvido neste negócio...
JOSH – Você não pode ficar gastando o seu talento em trabalhos avulsos, mãe. Já está na hora da senhora provar que é uma ótima cozinheira.
MARTA – Eu sei, meu filho, mas até eu não conseguir a grana suficiente para abrir um restaurante, eu terei que me contentar com esses “serviços avulsos”. Que envolvem, inclusive, um bolo para a gata da dona Consuelo. (ri)
JOSH – Eu ainda vou ter a honra de te presentear com um restaurante, mãe... Você vai ver.
MARTA – Que bobagem, meu filho.
JOSH – Eu estou garantindo pra senhora.
MARTA – Ao invés de sonhar alto, você deveria ir para a escola. Eu não quero que o meu filho chegue atrasado em seu primeiro dia na San Francisco High School.
JOSH – (levantando-se da mesa e pegando a mochila) Seu pedido é uma ordem.
Josh se aproxima da mãe e dá um beijo rápido em seu rosto, saindo logo em seguida.
MARTA – (gritando) Eu mal posso esperar para ouvir as novidades sobre a tão comentada escola da cidade...
Marta ri e volta a se concentrar em seu bolo.
CENA 13.
Chelsea e Keith estão em pé conversando sobre o ano letivo que está para começar. Matt e Tommy vão ao encontro das garotas. Matt segura um copo de café na mão.
KEITH – (avistando Matt e Tommy) Eu não acredito que aqueles babacas também se matricularam aqui...
CHELSEA – Até parece que eles iam nos deixar em paz, né amiga?
KEITH – Sério, Chelsea, diz pra mim que é mentira que vou ter que aturá-los por quatro anos. (complementa) Quatro longos e tediosos anos.
CHELSEA – Essa é a vida difícil de um estudante.
Ao se aproximar de Chelsea, Matt finge um tropeção e acaba derrubando todo o café no uniforme da garota. Josh, que acaba de chegar à escola, assiste ao episódio, inconformado.
MATT – (finge estar surpreso) Meu Deus, eu não acredito que acabei de sujar o uniforme novinho da senhorita Harris. Mil desculpas, não era a minha intenção...
CHELSEA – (olhando para o uniforme revoltada) Matt, seu ridículo, aposto que você fez isso de propósito. O que as pessoas vão pensar quando me virem assim?
MATT – Hum, me deixa adivinhar... (ri) Que você não sabe tomar café direito. Já está na hora de aprender a beber as coisas sem se sujar, hein Chelsea?
Matt e Tommy saem rindo, mas são barrados por Josh.
JOSH – Cara, eu acho que você deve um pedido de desculpas a ela...
MATT – (ri) E quem você pensa que é pra me dizer o que eu devo fazer?
JOSH – Eu sou Josh Parker e eu ficaria muito feliz se você se desculpasse com a garota.
MATT – Na boa, Josh alguma coisa, sai da minha frente ou as coisas também não vão ficar legais para você...
Matt e Tommy encaram o garoto e continuam o caminho. Josh permanece os olhando, ainda inconformado.
KEITH – Não liga para esses manés não, cara. Eles não sabem ao menos o que significa a palavra educação.
JOSH – (segue até Chelsea) Você deveria levá-los até a diretoria.
CHELSEA – Como se isso resolvesse alguma coisa.
KEITH – Josh, é bom que você aprenda uma lição desde o primeiro dia de aula. Para Matt e Tommy não há limites.
JOSH – (sorri) Valeu pela informação. Mas eu ainda acho que vocês não deveriam aguentar caladas...
CHELSEA – Tudo bem. Eu só preciso trocar esse uniforme antes que eu comece a pirar...
JOSH – Com certeza a escola deve ter uniformes reservas para oferecer aos alunos. Se você quiser, eu posso te ajudar a procurar algum funcionário.
CHELSEA – Obrigada, você está sendo muito gentil.
JOSH – É o mínimo que posso fazer depois de assistir a palhaçada que esses garotos aprontaram.
Josh e Chelsea saem. Close em Keith.
KEITH – (para si mesma) É impressão minha ou rolou uma química entre esses dois?
CENA 14.
(música: Touch My Hand - David Archuleta)
Josh e Chelsea estão andando pelo corredor. Ela já está de uniforme trocado.
CHELSEA – Muito obrigada por ter se preocupado comigo, Josh.
JOSH – Não precisa agradecer, Chelsea. Foi um prazer te ajudar.
CHELSEA – E fica tranquilo porque com o Matt eu me acerto depois.
JOSH – (ri) É, já que vocês se conhecem muito bem, eu não vou me intrometer nisso...
CHELSEA – Eu estudo desde pequena com aquele babaca. É um fardo que eu tenho que carregar na minha vida. (ri) Acredite, ele fez isso só pra me provocar.
JOSH – Você está levando a situação com muito bom humor.
CHELSEA – A companhia me deu razões para isso.
Close em Josh, surpreso com o que Chelsea acabara de dizer. A câmera se afasta enquanto os dois jovens continuam conversando.
CENA 15. NOVA YORK. CASA DE SUZIE E KURT. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
A câmera explora a sala de estar
da casa. Surge a legenda:
Um advogado está sentado no sofá da casa. Suzie e Ryan descem as escadas carregando algumas malas de viagem. A porta da casa se abre e Kurt entra. Ele se assusta com o que vê.
KURT – (surpreso) Mas o que é isso? Eu posso saber o que está acontecendo aqui?
SUZIE – Eu e o Ryan estamos indo embora desta casa...
KURT – E quando você tomou essa decisão, Suzie?
SUZIE – Há muito tempo eu venho querendo fazer isso, Kurt. Mas só agora criei vergonha na cara e tomei coragem. (encara o marido) Eu e o Ryan estamos deixando você.
ADOVGADO – (tirando alguns papeis de uma pasta) Por favor, senhor, eu preciso que você assine estes papéis...
KURT – Papéis? Que papéis?
SUZIE – Os papéis do nosso divórcio, Kurt.
KURT – (rindo) Eu não vou assinar papel nenhum.
SUZIE – (desce as escadas e pega os papéis que estavam nas mãos do advogado) Ah, você vai sim. Por dezessete anos, eu fiquei presa a você e ao seu vício incontrolável por bebidas alcoólicas, Kurt. Agora eu estou tendo a chance de me livrar disso e você não vai me impedir. Por favor, assine esses papéis e permita que eu volte a viver...
Suzie e Kurt se encaram. No fundo, vemos Ryan, que observa os pais.
CENA 16. CASA DE SUZIE E KURT. FACHADA. EXT. DIA.
Ryan e Suzie saem da casa carregando as malas.
RYAN – Eu não acredito que você foi capaz de enfrentar aquele homem, mãe...
SUZIE – Foi difícil, meu filho, mas já estava na hora de darmos um basta nesse sofrimento. (sorri) Finalmente estamos livres do seu pai e deste inferno onde ele nos cercou.
RYAN – (brinca) Próximo destino?
SUZIE – San Francisco. Tudo novo de novo. E eu estou confiante de que as coisas vão começar a dar certo pra gente...
Ryan e Suzie sorriem e se abraçam.
CENA 17.
(A música tocada na primeira
cena panorâmica deste episódio volta a ser executada nesta.)
(música: San Francisco - Vanessa Carlton)
Tomada da cidade de San Francisco.
CENA 18. CASA DE JOSH. FACHADA. EXT. DIA.
(música: I Run To You - Lady Antebellum)
Uma das primeiras cenas da série volta a se repetir. É o último ano de Josh na San Francisco High School e Ryan está se mudando para a vizinhança. Josh sai de dentro da casa com uma mochila nas costas. Em seguida, abre o portão e fica observando a nova família que está de mudança. Ryan sai da casa com uma bola de basquete na mão. Josh e ele se olham por um tempo. O novo vizinho toma uma atitude e resolve atravessar a rua, quicando a bola de basquete no chão. Ele chega até Josh e o cumprimenta.
RYAN – Prazer, meu nome é Ryan. Sou o seu novo vizinho.
JOSH – (um pouco tímido) Hey, eu me chamo Joshua, mas a galera me conhece como Josh. Você pode me chamar assim...
A câmera se afasta enquanto os dois garotos continuam conversando. Este era só o início de uma grande história de amizade, amor e parceria.
A imagem escurece.
AUTOR
André
Esteves
O ELENCO
Graham Phillips como Josh
Parker
Sterling Knight como Ryan Jordan
Victoria Justice como Chelsea Harris
Ariana Grande como Keith Hurly
Gregg Sulkin como Matt Brooks
Cameron Bright como Tommy Spacey
Rose McGowan como Marta Parker/Benton
Natasha Henstridge como Suzie Jordan/Gregson
Liev Schreiber como Kurt Jordan
ELENCO ESPECIAL
Megan Park como Suzie
Jordan (22 anos)
Sebastian Stan como Kurt Jordan (24 anos)
Gabriel Suttle como Josh Parker (10 anos)
Jacob Hopkins como Ryan Jordan (10 anos)
ATOR CONVIDADO
Joshua Jackson como Alex Parker
(Pequenas aparições que não constam na listagem acima
são interpretadas por atores contratados pela
produtora.)
TRILHA SONORA
Torn - Natalie Imbruglia
San Francisco - Vanessa Carlton
Touch My Hand - David Archuleta
I Run To You - Lady Antebellum
PRODUÇÃO
Bruno Olsen
Diogo de Castro
Rafael Oliveira
REALIZAÇÃO
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