Capítulo III – BELETH
Casimir
parecia diferente. Não mais tinha a aparência jovial que encantara Yelena. Ao
contrário, tinha o dorso curvado pelo peso dos anos e a face carcomida, com os
profundos olhos castanhos agora expressando toda a sua malignidade. Num
estranho transe, murmurava palavras indecifráveis, ditas em linguajar arcaico e
desconhecido.
Havia
com facões limpado uma pequena clareira no bosque noturno... jazia ajoelhado ao
centro de um pentagrama, esculpido com folhas e galhos de árvore. Velas de sebo
iluminavam a circunferência, criando uma iluminada estrela de cinco pontas.
Yelena
estava semiconsciente, quase torporosa, deitada por sobre um grande tabuleiro
de madeira antiga, envolvida por velas a espalhar fortes odores hipnóticos. Uma
bruma densa a impedia de despertar. Um grande triângulo com os vértices
apontados para o sul, leste e norte, construído com troncos de árvores,
limitava a mesa improvisada.
Casimir
brandia em sua mão direita um bastão de madeira; um cristal pontiagudo amarrado
à ponta do cajado, se destacava. Desenhava no ar repetidamente uma forma
triangular. No dedo médio da mão esquerda ostentava um vistoso anel de prata, o
qual era pressionado contra seu rosto.
Sabia
que conjurava um poderoso e antiquíssimo espírito; um deus esquecido e adorado
desde os primórdios da humanidade, denominado demônio pelos agora convertidos
cristãos. Um senhor de 85 legiões de espíritos. O bruxo também tinha conhecimento
do risco que corria durante o ritual, caso saísse dos limites do pentagrama.
Beleth surgiu
furioso, por entre os espectros da bruma bruxuleante. Sua face ostentava
autoridade e sabedoria, incompreensíveis aos simples mortais. Uma visão
aterradora. Vislumbrou aquele servo curvado aos seus pés, protegido pelo
pentagrama. Urrou de fúria intangível, mas acalmou-se ao perceber a bela ninfa
deitada à sua frente.
Dentre
os 72 espíritos anteriormente invocados por Salomão, Beleth era o senhor do
amor carnal entre homens e mulheres. Casimir assim o sabia...
Yelena
foi asquerosamente possuída por aquele ser bestial. Inúmeras vezes e de forma
sórdida. Uma violência inimaginável contra uma donzela indefesa. Nenhuma
humanidade expirava daqueles seres demoníacos, o horrendo Beleth e o ignóbil
Casimir.
O
transe imposto pelo bruxo privou Yelena porém, de qualquer sensação. Acordou
pela manhã sozinha na floresta, vestida apenas por uma túnica de linho branca,
ensanguentada. Não se lembrava do horror indescritível do qual fora vítima.
Velas
apagadas. O mago havia desaparecido.
─ Esse porco nojento! ─ Chorava convulsivamente ─ como me deixei enganar... minha mãe me alertou! ─ Desmaiou novamente ao tentar se erguer, tomada por uma dor excruciante em sua pelve.
Max Rocha
Elenco
Direção
Carlos Mota
Bruno Olsen
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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