5x09 - O Pobre Menino
de Reni Muniz
Na cidade do Rio de Janeiro, num bairro nobre, um menino brincava com seus grandes e caros brinquedos junto da sua babá em sua casa. Seus pais, sempre ocupados, estavam trabalhando para dar boa vida a ele.
Ele realmente tinha muitas coisas: todos os brinquedos desejados, roupas de grife, uma babá afetuosa para o dia e outra carinhosa para a noite, carros motorizados sem ao menos ter idade para tirar carteira e comida das mais variadas.
Em um fim de tarde de dezembro, o menino observava da janela de seu quarto de brinquedos as crianças que corriam na favela. Eles jogavam bola, brincavam correndo descalços, suavam bastante e sempre estavam sorrindo.
No meio dessas crianças havia um menino negro de cabelos cheios e crespo, com os pés descalços e roupa furada. Ele parecia corajoso, andava de carrinho de rolimã ladeira abaixo e em alta velocidade em sua bicicleta.
Ao chegar o dia do natal, o menino rico já acordou com sua casa toda decorada, lindas luzes, mesa posta em branco e dourado, uma enorme árvore na sala de estar e muitos presentes.
Seus pais estavam em casa nesse dia. Seria um dia alegre, se não fosse o humor de sua mãe que brigava com os funcionários e tratava mal a babá do menino. Seu pai mal falava com ele, andava de um lado para o outro com o celular sempre na mão e o olhar distante.
O menino foi chamado pela babá para vestir sua roupa de natal para aguardar os convidados para a festa. Alguns amigos da empresa de seu pai chegaram. Cada um trouxe um presente maior que o outro para o menino. Mas enquanto os pais não desciam do quarto, ele ouvia cochichos dos amigos falando mal de seu pai e o quanto ele era arrogante. Sua mãe desceu as escadas e todos a abraçaram, ainda que os olhares não fossem tão carinhosos.
Eles conversavam entre eles e o menino resolveu ir ao quarto de brinquedos abrir um dos presentes. Ao olhar pela janela, observou que aquela criança vista anteriormente estava lá na calçada. Ela não parecia estar arrumada para a noite de natal. O menino vestia roupas simples e estava no colo da mãe, chupando uma mexerica. Eles pareciam empolgados quando viram um homem se aproximar.
Quando o homem chegou mais perto, o
garoto correu em sua direção e o abraçou, falando: “– Papai, que bom que você conseguiu vir
para casa na noite de natal!”.
O pai sorriu e abraçou sua família. O menino trouxe bolas de gude e ele e seu pai fizeram pistas na terra e brincaram juntos por algum tempo. Depois o pai pegou o menino e colocou sobre os ombros, subindo e descendo a ladeira, com o menino gargalhando alto.
A mãe que havia entrado, saiu e deu um aviso: “– A macarronada está na mesa!”. Eles comemoraram e foram correndo em direção à porta. Antes de entrar, o menino assobiou para chamar o seu cachorro que também estava a correr na rua.
Deu para perceber que a noite de natal daquela família não tinha nenhuma decoração especial ou uma mesa montada com iguarias. Não havia nem uma pequena árvore montada e nem ao menos presentes parecia ter na sala.
Aquela família orou antes de comer, agradecendo as bênçãos de Deus em suas vidas. O presente era a lembrança que amar ao outro não sai de moda. Na mesa, o cheiro do carinho era um aroma agradável. Na comida, a certeza da graça de receber o alimento de cada dia.
Ao terminarem a refeição, a mãe percebeu que fez mais comida que precisava e para não esfriar, levou imediatamente a panela a sua vizinha que estava com seus 4 filhos e ainda não tinha jantado. Ao voltar para casa, recebeu de seu marido uma caixa de chocolate e foi uma festa.
A casa não tinha luzes de natal, mas era iluminada com amor. Todos estavam juntos à mesa e tinham no coração a alegria da amizade com o Menino Jesus. A celebração era pela união e amor de um Salvador que constrange com o Seu sacrifício.
O menino, da janela, podia ouvir
aquela família cantando e se alegrando. Ele até havia se esquecido de jantar e
quando aquela família estava se ajeitando para dormir, o garoto da favela foi
fechar a janela e viu aquela criança o observando do alto de sua mansão. Ele
pensou: Sozinho na noite de natal, pobre menino!
CAL - Comissão de Autores Literários
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
REALIZAÇÃO
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Muito emocionante este conto! Senti-me tocada ao lê-lo!
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