Antologia A Magia do Natal: 5x12 - Bons Exemplos - WebTV - Compartilhar leitura está em nosso DNA

O que Procura?

HOT 3!

Antologia A Magia do Natal: 5x12 - Bons Exemplos

Conto de Jacqueline Quinhões da Luz
Compartilhe:

  




Sinopse: José cresceu ouvindo que um bom exemplo vale mais que mil palavras, mas como isso funciona vivendo em um mundo onde as pessoas estão cada vez mais individualistas? José foi se questionando e deu o primeiro passo para a realização de seu sonho, contribuir para que a magia do Natal durasse o ano inteiro.



5x12 - Bons Exemplos
de Jacqueline Quinhões da Luz


José cresceu ouvindo que um bom exemplo vale mais que mil palavras. Seus pais sempre diziam para que desse exemplo ao irmão mais novo, que bons exemplos sempre devem ser seguidos, mas nunca tinha sentido a verdade disso tudo na pele.

Todo fim de ano essas lembranças vinham em sua cabeça, pois era o período em que mais ouvia esse alerta. “Precisa ser um bom menino, se quisesse ser visitado pelo bom velhinho”. Como se o resto do ano não fosse importante ser bom. De certa forma, é assim que muitas pessoas pensam. Param para refletir sobre valores e posturas mais nesta época do que em outra qualquer. Seus pais sempre diziam ser por causa da magia do Natal, que inspirava as pessoas, deixando-as mais sensíveis, mais amorosas. Isso não acontecia com José, ele cresceu sempre pensando em ser um bom exemplo o ano todo. Às vezes isso o incomodava pois se esforçava tanto, mas não via as pessoas se inspirando com suas atitudes, será mesmo que ser um bom exemplo funcionava nos dias de hoje?

Ficou alguns dias pensando nisso e resolveu que precisava fazer algo que chamasse a atenção das pessoas e despertasse nelas a vontade de reproduzir o ato, de usarem como uma inspiração. É isso, seria a inspiração para novos comportamentos que ajudariam as pessoas, mas o que fazer?

Começou a observar a sua volta para ter alguma ideia. Viu o quanto as pessoas andavam impacientes, intolerantes, o quanto estavam julgando com facilidade, sem se colocar no lugar do outro. Faltava carinho com o próximo, muitas vezes por coisas pequenas explodiam e diziam palavras duras sem pensar. Uma palavra dita sem pensar, muitas vezes tem o poder de destruir uma pessoa, um sonho, uma esperança. O mundo precisa de calma, pensou José.

Naquele dia, acordou decidido, iria começar com pequenas coisas, faria boas ações a quem dele necessitasse e já começou no caminho para o trabalho, no ônibus que como sempre estava lotado. Viu uma senhora de pé e levantou-se para ceder o lugar a ela; porém, antes mesmo que conseguisse avisá-la um outro homem apressou-se a sentar. Indignado, José o advertiu que só tinha levantado na intenção de que a senhora viesse sentar-se, mas de nada adiantou sua reclamação, o homem, com fones nos ouvidos, o ignorou. Estava difícil fazer boas ações e dar exemplos, mas não desistiria.

Chegando ao trabalho, viu que um colega socava a máquina do café, pois ela parecia estar travada, ofereceu-se para ajudar e com calma apertou os botões que pareciam estar à espera de quem os usassem de forma correta e funcionou. O colega pegou o café e foi para sua mesa sem nem agradecer pelo auxílio e ainda foi reclamando. E o dia de José foi assim, ajudou outro colega com a máquina de xerox, que também não estava funcionando, recolheu as folhas derrubadas por um colega estressado da mesa de outra pessoa, ajudou o faxineiro a chamar o elevador, pois ele estava empurrando um carrinho pesado. Sempre que via uma oportunidade, lá estava José prestativo, mas parecia não ser notado por ninguém, isso é o que pensava, mas já tinha sido observado por uma cliente que aguardava ser atendida pelo gerente do banco.

No dia seguinte, José foi chamado na sala do gerente. O mesmo lhe revelou que uma importante cliente havia tecido elogios quanto ao seu comportamento e lhe perguntou o que tinha feito de tão especial. José apenas lhe disse que tinha sido prestativo com quem viu precisar de auxílio, nada mais, e saiu satisfeito da sala, mas ainda achava que podia fazer mais. Quando saiu, notou alguns olhares de julgamento, claro que pensavam que ele estaria fazendo tudo aquilo para conquistar uma promoção, mas José não se ateve aos olhares críticos e seguiu praticando boas ações, pois elas lhe traziam um bem-estar do qual não abria mão.

Aos poucos começou a perceber que algumas pessoas começaram a agir de forma solícita, assim como ele. Já se ouvia uns cumprimentarem os outros. O colega que ele tinha ajudado com a máquina de café foi buscar um e trouxe para José mesmo sem que ele lhe pedisse e o clima no escritório estava harmonioso. Ainda tinha os olhares críticos, de julgamento, mas isso sempre terá e já eram em menor número o que sinalizava um grande progresso. A competitividade dava lugar ao trabalho de equipe e isso já surtia bons resultados. Clientes vinham satisfeitos e deixavam seus elogios a todos, uns traziam bombons de Natal para eles, panetones...e a energia estava leve, havia no ar uma magia que envolvia a todos.

José, em sua hora de almoço, escolhia uma cartinha para ser adotada no site dos Correios, seria o Papai Noel de uma criança e, nesse momento, passou um colega perto de sua mesa e lhe perguntou o que estava vendo. Explicou e ficou interessado, achou interessante ajudar também, e aos poucos todos escolheram cartinhas. Isso era bom, mais crianças teriam a chance de terem seus pedidos atendidos. Naquele dia José saiu do trabalho feliz, mas queria mais. Queria ultrapassar as paredes do trabalho, queria ser exemplo para o mundo.

Na volta do trabalho, resolveu passar no mercado, precisava comprar algumas coisas que faltavam e aproveitou, tinha ido de carro. Já no caixa, viu que a fila havia parado, uma senhora tinha ultrapassado a quantia que tinha e era preciso escolher o que deixar. José disse a ela que passaria o excedente de suas compras junto com as dele e que não era preciso lhe agradecer, apenas que ajudasse de alguma forma alguém que precisasse, que repassasse o bem recebido, mesmo assim aquela senhora saiu muito agradecida. Pessoas que estavam na fila se comoveram com o gesto de José e ele nem percebeu que estavam o observando, já que normalmente nunca notam. Mais uma vez, José serviu de exemplo com sua atitude simples, sua boa ação. Saiu do mercado com seu coração leve, guardou as compras no carro, entrou, mas o carro não ligava; tinha esquecido o rádio ligado,  e, por ser velho, tinha descarregado a bateria. Saiu do carro e começou a empurrar, foi então que sentiu o carro andar mais leve e notou que várias pessoas estavam o empurrando junto com ele, e o carro pegou. José agradeceu com a mão, olhou pelo retrovisor e viu que eram pessoas que estavam atrás dele no caixa. Na saída do mercado, passou pela senhora que havia ajudado com as compras, a mesma estava dividindo o pão comprado com um senhor que pedia esmolas. E José ficou satisfeito, estava conseguindo, estava sendo um bom exemplo. Quem dera fosse assim às outras épocas do ano. Aquele dia tinha sido para José um dia feliz, sentia paz em seu coração, mas sentia que podia fazer mais.

No dia seguinte, José estava indo para o trabalho e o trânsito estava parado, desceu um ponto antes e viu se tratar de um acidente, correu até o local e viu que era uma senhora. José ficou ali segurando sua mão enquanto o resgate não chegava, a senhora parou de respirar, imediatamente começou a fazer massagens em seu peito, como tinha visto numa palestra em seu trabalho, e ficaram ali alguns segundos que pareceram horas, até que chegaram os paramédicos e assumiram o socorro. Aquela cena tinha sido forte demais para José, que saiu meio atordoado e nem notou que um homem havia filmado tudo.

Foi para o trabalho ainda em choque, e aos poucos foi fazendo suas tarefas normais. No final do dia, foi chamado na gerência novamente e lá o gerente ligou o computador para que visse a repercussão de seu ato. O homem que tinha filmado colocou na internet, o vídeo viralizou, todos queriam saber quem era o anjo que tinha salvado a vida daquela senhora e aos poucos surgiam comentários sobre suas boas ações. A senhora acidentada se recuperou e em sua entrevista contou ter conhecido José da vez que foi ao banco, falou sobre seu comportamento solícito com todos e que até chegou a elogiá-lo junto à gerência. Agora lhe devia sua vida. Se ele não tivesse iniciado a massagem cardíaca, ela não estaria mais ali. Alguns relatavam sobre ele ter ajudado uma mulher no mercado quando a mesma não tinha o valor total para as compras. José tinha virado o assunto mais comentado das redes sociais. Tinham comentários que diziam: “Precisamos de mais pessoas como esse homem.” E José estava em paz, principalmente por ter visto que a senhora do acidente estava salva.

Na volta para o trabalho, estava distraído e ouviu os passageiros do banco da frente conversar:

— Você viu esse José de que estão falando?

— Puxa se vi, um dia quero ser como ele.

Agora sim, José já tinha a esperança de que seria uma inspiração para muitas pessoas. Tinha conseguido ser um bom exemplo, salvar uma vida, mas queria mais...

      “José queria que a magia do Natal fosse uma inspiração e que durasse o ano inteiro.”

 

Conto escrito por
Jacqueline Quinhões da Luz

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima Francisco Caetano Gisela Lopes Peçanha Liah Pego Lígia Diniz Donega Mercia Viana Pedro Panhoca Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



Copyright 
© 2022 - WebTV
www.redewtv.com
Todos os direitos reservados
Proibida a cópia ou a reprodução


Compartilhe:

Antologia A Magia do Natal

Episódios da Antologia A Magia do Natal

No Ar

Comentários:

1 comentários: