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Antologia A Magia do Natal: 5x13 - Sonhos Invisíveis

Conto de palavrasrosas
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Sinopse: Mais um Natal. E tantas crianças, sonhadoras e invisíveis, povoam as ruas e avenidas de muitas cidades do nosso país. Lilo é uma delas: em busca de um carinho; de uma esperança; de um pacotinho de balas. Papai Noel avalia que poderia ter feito mais pelo garoto assim que ele desaparece...  De que forma poderia ter ajudado mais o "menino dos olhos doces"?



5x13 - Sonhos Invisíveis
de palavrasrosas


Mais um Natal. Um dia de sol gorducho e de muitas pessoas transitando pelas ruas e avenidas: faces ocupadas, ansiosas, alegres, tristes, crispadas, suaves, felizes... Olhares de pressa; olhares luzidios encharcados de presságios natalinos. Esquinas “borbulhando” de vida e sons. Mãos fortes; mãos frágeis; mãos fagueiras; mãos ligeiras; mãos faceiras... segurando e exibindo sacolas, caixas, pacotes múltiplos e coloridos.

        Mais um Natal. E Lilo caminhava, cabisbaixo, pensativo... Observava o vaivém da multidão e a beleza eufórica das vitrines luxuosas, decoradas com enfeites de Natal.

        Mais um Natal. Mas, para Lilo, o Natal não chegava a ser real. Simplesmente, não existia. Ou, quem sabe, para ele, o Natal só existisse como um sonho distante, inacessível... E as gargalhadas dos vendedores e lojistas, o riso florido das criançaseram apenas o burburinho melódico de um mundo de fantasias.

        Mais um Natal. Ou então, talvez, o Natal estivesse pintado naquele Papai Noel que acabara de cruzar a rua em acenos e sorrisos leves? Roupa vermelha, barba morna e longa... E a magia do Natal derramava-se em matizes cálidos sobre a figura natalina. Posicionado à frente de grande Magazine, ele distribuía balas e afetos à garotada. Lilo esboçou um sorriso em pétalas amarelas...

       Mais um Natal. Risadas, alegrias, zombarias... e a criançada se dependurava nas pernas do Papai Noel. Nesse instante, o coração ainda infantil de Lilo, bateu esperançoso, na ânsia de também ganhar algumas balinhas. Ensaiou uma aproximação na direção do bom velhinho, mas algo o deteve. E quem disse que Papai Noel o enxergaria?

            Mais um Natal. Vencendo a própria timidez, Lilo chegou bem pertinho de Papai Noel e ficou ali, olhando, reflexivo. Os meninos e meninas, irritados, empurraram-no com violência. Olhavam-no desconfiados: quem era o garoto que furou a fila? A roupa desfiada e a touca de lã barata, cobrindo parcialmente os cachos castanhos, inspiravam apenas piedade, revolta e certa repulsa por parte das crianças.

            Mais um Natal. Papai Noel notou a presença imóvel do garoto ao seu lado e, também, os protestos da meninada em tentativas vãs de afastarem Lilo. Num movimento inesperado e espontâneo (que causou um misto de espanto a ele mesmo!), entregou a Lilo um grande pacote de balas. Sorriu-lhe, com bondade. Eram tantos os pequeninos a perambular, ultimamente, pelas ruas da cidade! Lilo agarrou o presente quase com violência e, depois, agradecido, deixou os olhos rirem, quase felizes. Dos lábios, um trêmulo “muito obrigado” fez-se ouvir, e pincelou a manhã azul de pontinhos dourados. Na alma, o bom velhinho sentiu a emoção e a suave luz que esse garoto irradiava. Misto de alegria e gratidão banharam as faces pálidas de Lilo...

Mais um Natal. Enquanto isso, o número de garotinhos e garotinhas crescia ao redor, e a gritaria tornou-se estrondosa! Abaixou os olhos, alegre, para uma criança que, bem esperta, teimava em lhe puxar as calças largas.

— Menininha, o que foi?

 E agora? – disse, queixosa. O senhor entregou todas as balas pro menino pobre! E nós? Vamos ficar sem as balinhas?

Papai Noel segurou a barriga enorme e riu, conciliador:

— Não, não vão ficar! O Papai Noel aqui tem muitos saquinhos de doces! Nem você nem seus amiguinhos ficarão de mãos vazias!

Mais um Natal. E, quando o bom velhinho procurou por Lilo novamente, o garoto havia desaparecido... Triste, muito desapontado, Papai Noel considerou que deveria ter feito mais pelo menino...  o menino dos olhos doces...

A sapeca criança, nesta hora, tentava agarrar-lhe as barbas e, ele, afastando os pensamentos incômodos, pegou a menina no colo e disse:

— Crianças, vou contar a vocês uma linda história, sobre um Papai Noel que vivia lá no Polo Norte...


Conto escrito por
palavrasrosas

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima Francisco Caetano Gisela Lopes Peçanha Liah Pego Lígia Diniz Donega Mercia Viana Pedro Panhoca Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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