2x02 - Amigos para Sempre
de Andreia Borges da Silva
Dona
Rosa passou mal. Conseguiu telefonar para a sua filha que morava a poucos
quilômetros de sua casa. Ândora pegou o seu carro e correu até lá.
Sua
mãe mal conseguia respirar. Apenas apontou para Joca, seu cãozinho de
estimação. Ela não queria que ele ficasse abandonado. Ândora falou para que ela
não se preocupasse e a levou até o
hospital mais próximo. Ela foi encaminhada para a emergência. Enquanto isso,
sua filha ligou para o médico da família, Dr. Olavo.
O
médico estava em uma cirurgia e não pôde atender. Ândora deixou recado com a
secretária, explicou que era urgente. Algum tempo depois, recebeu sua ligação.
—
Doutor, estou desesperada. A mamãe passou mal de repente. Está aqui no
hospital, na emergência. O Senhor pode vir pra cá? — pediu chorando.
—
Fica calma. Já estou indo.
Em
poucos minutos, o Dr. Olavo chegou.
Perguntou a Ândora mais detalhes sobre os sintomas que sua mãe teve, em seguida
conversou com os enfermeiros que o levaram até a emergência.
Ândora
andava de um lado para o outro, olhava o celular, observava o entra e sai de
enfermeiros e médicos. O Dr. Olavo estava demorando.
Então,
lembrou-se de Joca. Ele devia estar com fome. O cãozinho era o xodó de sua mãe.
Ela não a perdoaria se soubesse que Joca não fora alimentado adequadamente.
Resolveu
ir até a casa de sua mãe, que não era longe do hospital. Avisou a uma das
enfermeiras que não demoraria. Pediu para que avisassem sobre a sua mãe assim
que possível.
Acelerou
até lá. Não queria perder tempo. Encontrou o portão semiaberto, o que
estranhou.
—
Joca! Joca! Vem cá. Vou dar seu papazinho.
“Onde
será que esse cachorro se enfiou?”
—
Joca! Joca!
Lembrou-se
que saiu tão apressada, que deixou o portão aberto.
“Meu
Deus! O Joca deve ter fugido!”
—
Joca! Joca!
Continuou
gritando e procurando pelo cachorro e
—
Meu Deus! A minha mãe vai me matar se souber que o Joca está sumido.
Saiu
gritando pelas ruas próximas à casa de sua mãe.
—
Joca! Joca!
—
Moça, você viu um vira-lata amarelo, com uma mancha preta ao redor do olho?
—
Não vi, não.
—
Obrigada.
Resolveu
tocar a campainha da vizinha, Dona Zuleide.
—
Dona Zuleide!
—
Oi, filha. Entra.
—
Estou desesperada. Minha mãe passou mal e, quando saímos pro hospital, deixamos
o portão aberto. O Joca sumiu.
—
Menina, primeiro, como está sua mãe?
—
Ainda não sei, Dona Zuleide. Deixei ela no hospital com o médico e vim colocar
comida pro Joca. Encontrei o portão meio aberto. Ele deve ter fugido.
—
Tem muito tempo? Ele não deve estar longe.
—
Tem umas duas horas no máximo.
—
Quer que eu te ajude a procurar?
—
Eu quero sim. Toda ajuda é bem-vinda. Faz o seguinte: a senhora vai a pé aqui
pelas redondezas. Eu vou de carro, porque talvez ele já esteja mais longe.
—
Combinado, filha. Nós vamos achar ele. Vou pedir para o meu neto ajudar também.
—
Ótimo. Agradeço muito. Já estou com problemas demais.
Zuleide
saiu pelas ruas com seu neto perguntando por Joca, enquanto Ândora foi de
carro, parando a todo tempo para perguntar a quem passava.
Depois
de mais de uma hora procurando, Ândora resolveu voltar para a casa de Dona
Zuleide. Ela estava no portão.
—
Dona Zuleide, ninguém viu o Joca. A senhora tem alguma novidade?
—
Uma menina que mora aqui perto viu o Joca correndo naquela direção. E apontou
para o lado direito.
—
Então, eu vou correr. Até já. Se ele aparecer, me liga.
—
Você também me liga para avisar de qualquer novidade.
Ândora
foi na direção indicada, parando e perguntando a cada pessoa que passava.
Ela
avistou crianças brincando na rua.
—
Por favor, vocês viram um cachorro caramelo passar aqui correndo?
—
A gente viu mais cedo um cachorro passar sim. O Tales até brincou com ele. Depois
ele foi embora — respondeu a menina.
—
Tem muito tempo?
—
Ah não tem muito tempo, não.
—
Ele foi pra lá?
—
Foi sim.
—
Obrigada. Se ele passar aqui de novo, vocês seguram ele pra mim? Ele fugiu da
casa da minha mãe.
—
A gente segura, sim.
Ândora
continuou procurando por Joca, mas teve que interromper a sua busca para
atender o Dr. Olavo.
— Ândora, tenho boas notícias.
— Ai, graças a Deus.
— Sua mãe já está no quarto. Foi só um susto.
Ela não deve ter tomado o remédio da pressão.
— Já tem previsão de alta?
— Ela vai ficar em observação. Se não houver
intercorrência, sua mãe volta pra casa amanhã mesmo.
— Que ótimo, doutor. Menos um problema.
Ândora
estava aliviada por um lado, mas muito preocupada por outro. O Joca era o
grande companheiro de sua mãe. Ela não suportaria saber que ele estava sumido,
passando frio e fome.
—
Meu Deus, a mãe não vai suportar! O que é que eu faço? — Ândora coloca as mãos na cabeça.
Ândora
continuou procurando por Joca, até que recebeu uma ligação do hospital,
avisando que ela poderia ver a mãe no quarto.
Dirigiu
até o hospital.
—
Filha, o doutor já me falou que não foi nada sério.
—
A senhora esqueceu de tomar seu remédio, né?
—
Esqueci, filha.
—
Não pode, mãe. Coloca o despertador se for preciso, mas não pode deixar de
tomar o remédio da pressão. Agora eu vou te ligar todas as manhãs pra te lembrar.
—
Filha, você deu comida pro Joca?
—
Eu? — falou com os olhos arregalados.
—
Sim, você.
—
Dei, né, mãe.
—
Que bom. Ele é um esfomeado. Será que deixam você trazer ele pra dormir aqui
comigo?
—
Aqui no hospital? Não pode, mãe.
—
Filha, quando sair daqui você passa lá em casa e fica um pouco com o Joca?
—
Fico, mãe. Vou só avisar pro João que eu vou demorar um pouco.
—
Tem uma lata de petiscos dentro do armário na parte de cima, à direita. O Joca
adora aquele petisco. Você dá dois pra ele?
—
Pode deixar, mãe. Agora, a senhora trate de se preocupar com a senhora. O Joca
está bem. Toma a sopinha que vão trazer. Quero a senhora nova em folha amanhã.
—
Filha, você é uma menina de ouro. Você e o Joca são minhas paixões.
Ândora
voltou para a casa de sua mãe, na esperança de que Joca tivesse voltado.
Perguntou para Zuleide pelo cão, mas ninguém o havia encontrado.
Resolveu
continuar procurando por ele.
“Meu
Deus, onde será que esse cachorro se meteu? Será que eu devo fazer um anúncio
nesses sites que procuram cachorros?”
Anoiteceu,
e Joca continuou desaparecido.
Ândora
voltou para casa com lágrimas nos olhos. Não teria coragem de contar para sua
mãe o que tinha acontecido. O cachorro era seu grande companheiro. Ele não era
apenas um cão, era um membro da família. Participava de todas as festividades,
dos passeios, além disso, ele dormia na cama com a mãe.
Joca
avisava quando a campainha tocava e sua mãe estava no quarto fazendo crochê.
Também avisava quando o telefone tocava. Ele ficava uivando até sua mãe
entender o recado.
Resolveu
voltar para a sua casa. Seu marido já tinha ligado duas vezes, pois a aguardava
para o jantar.
No
dia seguinte, recebeu o telefonema do médico, avisando que ela poderia buscar a
mãe.
Ândora
ficou com o coração acelerado. Estava feliz e também preocupada. Começou a
treinar as palavras que usaria para contar a sua mãe sobre o sumiço de Joca.
Buscou-a
no hospital. Dona Rosa estava falante, comentando sobre a amizade que tinha
feito com os enfermeiros.
—
Filha, você colocou comida pro Joca hoje?
—
É... — Ândora gaguejou. Mãe, vamos passear naquele parque que você gosta?
Ândora
parou no parque, comprou duas águas de coco e sentou-se no banquinho com sua
mãe.
—
Que dia lindo, né, filha? O Joca é que ia adorar ficar correndo aqui nesse
parque.
Ândora
pensou em contar em um respiro sobre o que tinha acontecido com o cachorro.
Estava tomando coragem, mas as palavras não vinham.
Resolveu
levar sua mãe para casa. No caminho foi pensando o que poderia dizer para que
sua mãe não passasse mal novamente. Iria falar que os sites de buscas encontram
os cachorros muito rapidamente, que ela não precisava ficar preocupada. Não,
isso não funcionaria. Continuou tentando pensar o que poderia falar para que
não a afligisse tanto. Talvez inventar que ele estava em um hotelzinho para que
desse tempo de anunciar o sumiço e encontrá-lo.
Quando
desceu do carro, Ândora caminhou até o portão com o coração acelerado.
—
Filha, olha quem está no portão do lado de fora nos esperando!
Joca
correu até Dona Rosa. Ele pulava e lambia o seu rosto.
—
Menino, o que você está fazendo do lado de fora de casa? Deve ter saído sem
você perceber, filha. Está imundo! Esse danadinho. Vamos entrar, que eu vou te
dar logo um banho.
Ândora
começou a chorar.
—
Filha, por que você está chorando?
— De alegria, mãe. Feliz por estar tudo bem com a senhora.
CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima
Francisco Caetano
Gisela Peçanha
Liah Pego
Lígia Diniz Donega
Mercia Viana
Rossidê Rodrigues Machado
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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