CAPÍTULO 07
MESES DEPOIS – 12 DE DEZEMBRO DE 1995
O jardim de uma mansão é palco de uma
pequena celebração. No palanque, Iolanda bate três vezes no microfone, enquanto
os convidados servem-se de champanhe. Na frente da residência, uma jovem loira,
trajando um vestido curto preto e um lindo rabo de cavalo acaricia sua barriga
de aproximadamente sete meses.
- Boa noite! – Iolanda se exalta e
exibe um sorriso nos lábios. – Como todos sabem, este é um evento em
comemoração aos trinta anos da revista Maxxes. Na última edição... – Lana
afasta-se e começa a andar aos arredores do jardim.
- Lana? – A jovem loira tocou em seu
ombro. – Onde está o seu marido? Não trouxe o amante?
- Ex-marido você quer dizer. Eu e o
Carlos terminamos uma semana depois da reportagem. Sempre quis isso, né
Fernanda? Quanto ao Maurício, morreu de medo de alguém descobrir ou espalhar.
Tanto que saiu do país com a família dele. – Lana olhava para os cantos. – Como
conseguiu entrar aqui?
- Fui convidada assim como você.
- Eu devia meter a mão na sua cara.
Destruiu a minha reputação, a qual demorei em recuperar. É muita cara de pau
vier aqui e...
- Você matou a minha mãe! –
Interrompeu. - Mas ainda assim eu saí por cima, tanto que acabei fazendo com
seu ex-marido o que não conseguiu desde que o conheceu.
- Eu não matei a sua mãe! – Gritou,
assustando os convidados. - Posso ter perdido a luta, mas não a guerra. E você?
Matou a mãe de desgosto, não tem onde cair morta e terá um filho sozinha. –
Ingere um gole do champanhe. – Com licença. – Caminhou para próximo do
palanque.
- Você poderia levar dois tiros
agora. – Fernanda observava atentamente Lana. – Mas a sua morte será em grande
estilo. Numa outra oportunidade, talvez? – Disse num tom de voz baixo,
massageando a sua barriga.
***
20 ANOS DEPOIS – 14 DE FEVEREIRO DE 2015
Música: La plata – Jota Quest
Uma mulher, de aproximadamente
quarenta e cinco anos, cabelos loiros chanel na altura do queixo, trajando uma
calça jeans vermelha, uma blusa de renda com manga longa, cinto de cor amarelo
escuro, um sapato de salto alto preto fechado e um óculos de sol redondo. Com a
mão esquerda ela empurra o carrinho do aeroporto e com a direita segura a mão
de uma criança, de aproximadamente sete anos.
Atrás, um homem, de trinta e oito
anos, usando um paletó preto, com óculos de sol quadrado, empurra outro
carrinho enquanto conversa pelo celular, um Iphone 6.
- O.k, Iolanda! – O homem fitou a
mulher e o filho. – Cheguei dos Estados Unidos não faz meia hora. Segunda,
antes das oito estou na sua sala. Até mais.
- O que ela queria desta vez? – A
mulher parou em sua frente, sorrindo.
- Que eu fosse trabalhar Lana. O que
uma chefa gostaria com um funcionário ás nove horas da manhã de um sábado?
- Que bom! – Pegou sua bolsa que estava
dentro do cesto. – Eu preciso resolver uns problemas pendentes no Fórum,
Guilherme. Você toma conta do Arthur?
- Fórum, Lana? Nós acabamos de chegar
de viagem! O que você quer com... – Olhou para a criança. – Tudo bem, eu
fico com ele.
- Sabia que ia entender. – Agachou-se
na altura da criança. - Filho, eu vou chegar um pouco mais tarde em casa… Você
vai ficar bem?
- Vou sim, mãe. - Abraçara a mãe e a
beijara no rosto, que se levantou e correu para a porta de saída. Guilherme e
Arthur andaram atrás, carregando os carrinhos lentamente. Um homem, vestindo
uma calça jeans e uma jaqueta preta, com um jornal cobrindo o rosto observa a
família. Ele retira do bolso um celular.
- Ela acabou de chegar. - Dobrou o
jornal e jogara na lata de lixo metálica. - Se você e pagar eu até apago a
dona. Mas desse jeito não. Eu já fiz o que me pediu. Se quiser que eu vá atrás
dela precisa pagar antes.
Música: Esperta – Ana Carolina
Uma mulher, de quarenta e quatro anos
assina alguns documentos. Ouve uma batida na porta e empilha todos os papéis e
põe debaixo da mesa.
- Pode entrar!
- Dona Iolanda, uma mulher chamada
Vivian está ali fora querendo falar com a senhora. Mas ela não tem horário
marcado. O que eu faço? – Uma mulher, de 30 anos, de cabelos castanhos encaracolados
trajando um vestido cinza um pouco acima do joelho, segurando uma prancheta
havia adentrado no escritório.
- Vivian? Não conheço... –
Levantou-se. – Deixe-a entrar, Antônia. – Iolanda trajava um macacão de seda
preto com manga. Seus cabelos eram cacheados e negros, na altura do pescoço.
Usava um salto alto preto, aberto na frente.
- Pode entrar. – Antônia segurava a
maçaneta da porta pelo lado de fora. – Gostariam de um café?
- Não, não. Pode se retirar, querida.
– Iolanda recebeu a mulher de quarenta e cinco anos. Ela tinha cabelos longos
escuros, trajando um vestido branco com detalhes pretos nas laterais.
- Desculpe-me, mas eu não sei quem
você é.
- Ah, como eu pude esquecer? – Riu e
estendeu sua mão direita. – Nós conversamos por telefone nas últimas semanas,
lembra? Apresentei-me como Fernanda.
- Fernanda? – As duas apertaram-se as
mãos. – Mas porque disse que se chamava Vivian?
- O tempo passou, eu tive a minha
filha, casei com um milionário, ele faleceu num acidente... Tanta coisa! – As
duas direcionaram-se para a mesa. Sentaram-se nas cadeiras. - Mas eu troquei de
nome pouco antes de me casar. E para evitar que outras pessoas me reconheçam, o
meu nome é Vivian Guterres.
- Entendo. – Iolanda cruzara as
pernas. – Você me disse que pretendia pôr o plano em ação dentro de três meses
no máximo, certo?
- Exato. - Sorriu. - Três meses é o
que preciso para arquitetar tudo e colocar o plano em prática. - Olhou para o
relógio. - Agora se você me der licença, eu tenho uma reunião importantíssima.
Com licença. - Pegara seu celular e saíra da sala.
***
Música: American Authors - Best Day Of My Life
Uma senhora de sessenta e cinco anos
assina alguns documentos. Ela ingere três goles de água e faz uma leitura
rápida no computador, de aproximadamente vinte e três polegadas. Ouve duas
batidas na porta.
- Entre! - Uma mulher mais jovial
adentrara no recinto. - Lana? Quanto tempo!
- Pois é. Acabei de chegar à cidade e
decidi vir aqui logo, pois me disse que teria um caso que...
- Ah sim! – Mostrou um sorriso
tímido. – Não é um caso novo, você já está acostumada com isso. O que me
surpreendeu foi a estrutura familiar da criminosa.
- Como assim? – Indagou sentando-se
na poltrona. – Não lhe entendi.
- Uma jovem de dezoito anos, filha de
milionários foi presa em flagrante participando de um sequestro a uma criança
de dois anos e meio. Ela estava com outros três garotos, todos com passagem
pela polícia.
- Nossa! Mas como?
- O delegado responsável disse que
ela não sabia sobre a criança e pensava apenas no assalto à casa. De todos os
casos, esse foi o que mais me chamou atenção.
- Espere. Você disse que a garota é
filha de milionários?
- Sim. Lara Casagrande. Filha do
ex-governador Carlos Henrique.
- Eu o conheço... – Disse, tentando
se lembrar do homem.
Uma jovem, de vinte e um anos adentra
na igreja ao lado do pai, um senhor de aproximadamente cinquenta anos. Seu
cabelo é preso a um coque e o véu é arrastado pelo tapete vermelho. O vestido
possuía mangas bufantes e sua maquiagem é um tanto delicada e seus lábios são
preenchidos por um batom vermelho.
- Lana Albuquerque. – A bela moça
chega ao altar, entregando o buquê para a mãe e fitando com felicidade o homem.
– Aceita Carlos Henrique Casagrande como seu legitimo esposo para amar e
respeitar, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza até que a morte os
separe?
- Sim. Aceito!
- Carlos Henrique Casagrande. Aceita
Lana Albuquerque como sua legítima esposa para amar e respeitar, na saúde e na
doença, na alegria e na tristeza até que a morte os separe?
- Sim. – Disse secamente, ignorando a
felicidade da futura mulher.
- Eu vos declaro marido e mulher!
Pode beijar a noiva. – O padre finalizara a cerimônia.
- Mas é claro! – Voltou a si. – Me
diga mais sobre a garota.
- Ela ficou presa por cerca de quatro
dias e conseguiu liberdade provisória. Por ser ré primária, não ter
envolvimento com o sequestro em si, etc. O julgamento foi marcado para quatro
meses. Provavelmente no início de junho.
- Entendo. E os outros?
- O juiz que cuidava do caso negou a
liberdade deles e todos ficarão presos até o julgamento. Mas ele foi internado
há dois dias e o boletim médico informa que é caso grave, ou seja, é pouco
provável que possa trabalhar no caso. Então eu pensei em você!
- Nossa! Eu aceito sim! – Olhara para
a senhora a sua frente e exibira um enorme sorriso.
***
Música: Satisfaction - Rolling Stones
Um homem, de quarenta e cinco anos,
trajando um terno cinza larga uma maleta preta numa poltrona branca estofada e
senta-se num sofá reclinável marrom. Uma mulher, de quarenta e dois anos desce
da escada e aproxima-se do homem.
- Você vai continuar ignorando a Lara
como se fosse uma estranha? – Seus cabelos eram castanhos com mechas loiras e
chegavam a altura do peito. – Ela é sua filha!
- Filha minha não é criminosa.
- E você ainda liga para isso? Ela já
em casa!
- Acontece que isso vazou Clarisse. A
sua filha não só foi presa em flagrante como virou capa de jornal! Não era o
que ela queria?
- Então você vai ficar de braços
cruzados esperando o julgamento da sua filha? Que belo homem que me casei...
- Também não é assim. Não quero a
Lara atrás das grades porque ela não aguentaria uma semana. – Levantou-se e
andou por volta da mesinha de centro. – Mas eu não sei o que pode ser feito.
- Você tem dinheiro, pai. – Lara
morde uma maçã e senta-se no sofá, encolhendo as pernas. Seu cabelo castanho
estava preso a um coque frouxo e trajava um pijama branco. Ambas as partes
tinham contornos rosa. – Pode comprar a decisão dele.
- Se você acha que irei me prestar a
isso você está muito enganada. – Pôs a mão no queixo. – Sabe me dizer o nome do
juiz?
- É uma mulher. Ouvi uns burburinhos
e disseram o nome de Lana Albuquerque. – Assim que ouvira o nome, relembrara a
imagem da ex-mulher.
- Se bem que a sua ideia não me parece
muito ruim. – Pegara sua maleta. – Já tenho uma solução. Essa juíza não fará
nada com você. Isso eu garanto. – Aproximara de Clarisse e lhe dera um beijo na
boca. – Com licença.
***
Música: Lana Del Rey - Born To Die
Antônia caminha pela sala de espera
com uma prancheta. Senta-se em sua cadeira preta giratória quando duas
mulheres, de idades distintas adentram no local. A secretária empilha algumas
edições especiais da revista e as coloca em pé.
- Em que posso ser útil? – Antônia
unira as mãos e as colocara na mesa. – Vão falar ou esperar que eu adivinhe?
- Nós viemos falar com Iolanda. – A
mais velha, de aproximadamente cinquenta anos, de cabelos escuros na altura do
pescoço, trajando um vestido branco justo quebrara o silêncio. – E antes que
nos pergunte, não temos hora marcada. – Antes de ouvir a resposta da
secretária, a mulher adentrara na sala de Iolanda.
- Senhora... – As duas mulheres já
haviam entrado no escritório.
- Pode deixar Antônia. – Iolanda fitara
a mais velha. – E não quero ser interrompida por ninguém, ok?
- Como quiser. Com licença.
- Quem são vocês? – Iolanda
sentara-se à mesa cruzando as belas pernas.
- Meu nome é Margot Alvarez. – A
mulher mais velha estendera a mão. – E ela é minha irmã mais nova, Carla. - A
mulher mais jovem tinha cabelos loiros na altura do peito. Trajava uma camiseta
de seda e uma saia de renda branca. - E nós somos primas da Lana. E como você,
também a queremos morta.
- E como você sabe que...
- Vivian. Ela pediu que nós lhe
procurássemos para acertar alguns detalhes. Como entraríamos no esquema, por
exemplo.
- Entendo. Mas não podemos conversar
agora. Tenho outros compromissos. Amanhã a minha secretária marcará uma reunião
e conversamos a respeito. – Caminhara até a porta. – Saem!
***
Música: Rude - Magic!
Uma mulher, com cerca de quarenta e
seis anos, de cabelos loiros, na altura da orelha mexe em seu Iphone. Ouve três
batidas na porta e levanta-se da poltrona marrom redonda estofada.
- Bom dia! – Vivian adentra na sala.
– Eu vim fechar o contrato do salão.
- Claro. – Sentaram-se próximo a uma
janela. Havia três cadeiras por volta de uma mesa de centro de vidro. – Então?
Gostou?
- Adorei! Como será um evento
corporativo de uma revista, o melhor seria o salão externo. Vi que é enorme!
- Sim. O pagamento...
- Será a vista. Amanhã entra todo o
valor na sua conta.
- Não vejo problemas quanto a isso. –
Levantou-se, pegou uma pasta marrom e retirou três papéis. – Peço que assine as
três folhas.
- O seu nome é...
- Eva. Eva Alencar.
- Eva. A responsável pela revista não
pôde vir, mas eu sou tão responsável pelo evento como ela. Tenho certeza que a
noite será especial. O Estrada 34 tem ótimas recomendações. – Vivian sorrira.
- Desculpa o interesse, mas você e a
dona Iolanda estão muito interessadas em fazer isso no meu salão. – Eva cruzara
as pernas e colocara mechas de cabelo atrás da orelha. - Tem algo por trás
desse evento, não tem?
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