CAPÍTULO 08
Seu coração havia acelerado naquele
momento. Olhou para suas mãos disfarçadamente e percebeu que estavam suando.
Respirou fundo e observou uma mesa de vidro redonda. Ela continha duas garrafas
térmicas: uma de café e outra de chá de camomila e uma jarra de vidro com água
mineral. Ao lado havia um açucareiro, um copo plástico com mexedores de
plástico, cerca de seis xícaras pequenas e quatro copos pequenos de vidro.
- Posso pegar um copo de água? –
Perguntou voltando o rosto para Eva. – Me senti mal de repente.
- Sim. Eu pego para você. – Pegara a
jarra de vidro e virara o líquido no copo. – Foi algo que falei?
- Não, imagina. – Pegara o copo e
ingerira dois goles. – Não comi nada no café da manhã. Deve ser isso.
- Então... Você não me respondeu.
Qual o objetivo do evento no meu salão? – Vivian lhe entregara os papéis
assinados. – Não que eu estivesse lhe criticado. Longe de mim! Mas a Maxxes é
uma das revistas mais lidas e famosas do país. Por que não faz no centro da
cidade, no jardim de uma mansão?
- Aí você já está querendo saber de
mais. Se eu fosse você não me meteria nas decisões da dona Iolanda. Ela está
pagando muito mais o que deveria. – Levantou-se e colocou o copo sobre a mesa
de vidro. – E se ainda assim estiver interessada, procure-a pessoalmente.
- Não é isso, Vivian. Vocês são
mulheres ricas ocupadas, bonitas e da alta sociedade. Eu posso ajuda-las se
estiverem pensando em...
- Já deu minha hora, Eva. Como disse,
sou muito ocupada e não posso perder meu tempo com a sua curiosidade. –
Aproximou-se da porta. – Não vai abrir?
- Claro! – Caminhou lentamente até a
porta. – Tenha um ótimo fim de semana!
***
Música: La Plata – Jota Quest
Lana adentra no apartamento. A mesa
de centro retangular em madeira chama a atenção pelas duas garrafas de cerveja
em cima da mesma. Ouve um som vindo do andar de cima e sobe as escadas.
Aproxima-se dos quartos: um de
hóspede, um de criança e outro de casal. E coloca seu ouvido na porta do meio.
- Filho? – Lana coloca sua cabeça
para dentro e vê a criança sentada numa poltrona com controle de vídeo game na
mão. – Onde está o seu pai?
- O papai? – Continuava prestando
atenção no jogo. Lana sentara na ponta da cama. – Ele disse que ia sair.
- Sair? – Pensou. Levantou-se,
aproximou-se do menino e tomou o controle de sua mão. – Sair pra onde?
- Não sei! – Esticou a mão para pegar
o controle. Ouviram alguém bater a porta no andar de baixo. – Deve ser ele.
Lana entregou o controle para Arthur.
Desceu as escadas encontrara Guilherme sentado numa poltrona reclinável de cor
cinza.
- Onde você estava? – Era a pergunta
de Lana. – Eu pedi para cuidar do Arthur! Nem pra isso você serve?
- Eu dei uma saída rápida. O menino
tá bem, não tá? Então! Qual o problema?
- O problema é que você deixou uma
criança sozinha em casa, Guilherme. Qual a parte de “ficar com o Arthur” você
não entendeu?
- Eu entendi! Mas o garoto foi pro
quarto, jogar na porcaria daquele vídeo game. Não me respondia. Saí por uns
minutos...
- E se acontecesse algo com ele? Você
seria o único responsável!
- Cala a sua boca, Lana. –
Aproximou-se da mulher e segurou seu pulso. – Você está falando do Arthur. O
NOSSO FILHO! Se acontecesse alguma coisa você também seria responsável. Ninguém
mandou sair para o trabalho depois de uma viagem longa, mandou?
- Não. – Esforçava-se para desvencilhar-se. –
Me solta!
- Sabe o que você é?
– Soltara o pulso e pressionara o antebraço. – Uma mulher interesseira, mimada
e que só pensa em si. – Fitou-a com raiva. – Não diga que o Arthur vem em
primeiro lugar porque eu sei que é mentira! É como se ele fosse um produto
descartável pra você. Já percebeu que só passa a imagem de boa mãe quando está
em público? Eu sinto nojo de você. NOJO!
- Eu o trato como um
filho! Eu sou uma mulher ocupada, mas não significa que o trate com indiferença
quando estamos sozinhos. Diferente de você, que não consegue passar três horas
com menino.
- Se eu pudesse
Lana, sabe o que eu faria com você? – Chegara perto de seu ouvido. – Te
matava... – Soltou-a. – Mas eu não vou fazer isso porque o Arthur teve a
infelicidade de ser o seu filho.
- Você é muito podre
Guilherme. – Caíra no chão, aos prantos. – SAI DAQUI!
Lana, deitada no
tapete em posição fetal chorava. Ouvira a porta bater e aos poucos, ia se
recompondo, observando a porta com um sorriso no rosto.
- Duvido que consiga
me matar! É frouxo! – Dizia enquanto ria.
Guilherme andava
pelo estacionamento do edifício. Ao encontrar seu carro, entrou e pôs o cinto.
Saíra em alta velocidade até parar no sinal vermelho. Observava o porta luvas.
Abrira-o. Tirara de lá uma arma calibre 38.
- Você tem sorte
Lana. Se o Arthur não fosse seu filho... – Sorriu. – Você já estava morta. – E
prosseguiu seu destino.
***
Uma mulher alta, com sessenta e dois anos, de cabelos loiros e encaracolados, trajando um vestido azul de meia manga, com um batom vermelho nos lábios estaciona o seu carro, um Sandero Stepway, numa das vagas a frente de uma penitenciária. Ela sai do carro e caminha até a porta, quando outra mulher, de aproximadamente trinta e oito anos, com cabelos castanhos presos a um rabo de cavalo, carregando uma mala preta, trajando uma calça jeans azul e uma camiseta branca sai do local. As duas se abraçaram. Atendiam pelo nome de Rachel e Maria Paula. Mãe e filha respectivamente. A segunda saíra da cadeia após pagar a pena de sete anos após ser acusada de matar o próprio filho, de seis meses.
- Só veio você? –
Maria Paula indagou, observando o carro estacionado.
- Sim.
- Pensei que a Lana
viesse. –Beijou a testa da mãe. – Pelo visto eu me enganei.
- Ela queria ter
vindo. Mas acabou tendo outros problemas e... Você sabe como é a sua irmã.
Nunca tem tempo para nada. - Colocara sua mão sobre o ombro da filha. – Vamos?
- Sim! – Sorriu. – Vou destruir você, minha irmã. Pegar todo o seu dinheiro e lhe deixar dormir na rua. Nada que eu faça pagará o sofrimento que me fez passar. – Disse para si num som inaudível.
***
TRÊS MESES DEPOIS: 17 de Maio de 2015 – 22h28
Música: Don't (Diablo Remix) - ED Sheeran
Sete pessoas
caminhavam pelo espaço externo do salão de eventos. Uma fitando a outra com ar
de superioridade. A imagem que passavam aos demais convidados era de que tinham
algo em comum. Lana Albuquerque caminhava rapidamente, olhando para os lados,
para trás e a frente.
Acabou batendo no braço de uma mulher alta, de cabelos castanhos, trajando um belo vestido vermelho.
- Mil perdões. –
Acariciou o braço da mulher. – Você...
- Meu nome é Vivian
Guterres.
- Vivian... Não
conheço. – Olhou para os lados novamente. – Quer dizer. O nome não me vem a
memória, mas o rosto...
- O tempo passa, não é mesmo? – Riu. – Temos que aproveitar enquanto somos jovens! – Sorriu falsamente. – Preciso conversar com dois empresários. Com licença! – Caminha para próximo da fonte de água.
***
Guilherme Steffens andava lentamente pelo espaço, observando o jardim, a decoração e as pessoas que ali estavam. Procurava por Lana. Ao avistá-la, no entanto, fora parado por Iolanda.
- Guilherme? Procurando por alguém?
- Na verdade, eu precisava achar a
Lana. Você sabe onde ela está? – Guilherme havia perdido a mulher de vista.
- Não... Não sei! –
Aproximou-se do homem. – Vocês andaram brigando?
- É a única coisa
que fazemos nos últimos três meses... – Pegou uma taça de champanhe e a bebeu.
– Iolanda. Se me permites, preciso conversar com aqueles dois empresários.
- Ah sim. Fique à vontade. – Ficara no mesmo lugar. Guilherme andara para perto da fonte. Iolanda, disfarçadamente, seguira lentamente o homem.
***
Maria Paula saíra do táxi. Pela janela pagara o taxista. Andou por todo o espaço, afim de encontrar pessoas conhecidas. Sem êxito.
- Maria Paula
Albuquerque? – Uma voz feminina a chamou. – É você mesmo?
- Quem é você? –
Virara-se.
- Margot. –
Estendeu a mão. – Sua prima, esqueceu?
- Não. – Sorriu
falsamente. – O que fazes aqui?
- Estou de passagem
pelo Brasil. Amanhã mesmo embarco para a França! – Sorriu. – Eu preciso ir. A
Carla está me esperando ali. – Apontou para a fonte de água. Haviam cerca de
cinco pessoas ali. Todas fazendo o menor barulho possível. – Você vai?
- Não... – Observara Lana e Carlos Henrique se aproximarem do local. – Vou sim!
***
Uma criança, de sete anos está deitada sobre sua cama vermelha, em formato de carro, dormindo. Ele balança a cabeça para o lado direito e esquerdo repetidas vezes.
Lana corre numa rua deserta, durante uma forte tempestade. Atrás, está Guilherme com uma arma calibre 38 em mãos. A mulher cai na rua e começa a sangrar.
- Por favor, Guilherme. Não faça
isso! Nós temos um filho juntos.
- O problema não é com meu filho. É
COM VOCÊ!
- Não! – Gritara ao ver ele apontar a arma para o seu peito. – Por favor... – Guilherme dispara três vezes contra o corpo de Lana, que cai ensanguentada na rua.
A criança balança novamente a cabeça, para ambos os lados.
- MÃE! – O grito de Arthur é seguido por um choro incontrolável.
- Arthur? – Uma
mulher de estatura média, de cabelos liso e trajando uma camisola e robe de
seda branco abrira a porta do quarto e ligara a luz. – O que houve?
- A minha mãe,
tia... Meu pai matou a minha mãe! Eu vi!
- Como assim,
menino? Não diga isso nunca! Quer ver que seus pais vão chegar sãs e salvos
daqui a pouco?
- E se eles não
chegarem?
- Arthur... Você teve um pesadelo, apenas isso. Agora volte a dormir que já está tarde e o mocinho tem aula cedo!
Arthur, soluçando, volta a deitar-se. A babá o observa pegar no sono enquanto faz cafuné na sua cabeça.
- Pobre menino...
***
17 de Maio de 2015 - 22h36
Música: Terror Requiem For Dream
Iolanda termina seu discurso no palanque com as mãos sujas. Guilherme, Maria Paula, Vivian, Carla, Margot e Carlos Henrique deixam os banheiros, analisando suas mãos. Todos com uma expressão de preocupados.
Eva, trajando uma roupa simples passa pelo espaço sem ser notada. Observa, no entanto, uma movimentação de pessoas próxima a fonte de água.
- Moça. – Segurou no braço de uma
convidada. – O que está acontecendo aqui?
- UM CRIME! UM CRIME!
- Crime? Como assim? – Desviou o
olhar para onde as pessoas se aproximavam. – Fala!
- Tem uma mulher morta ali! – Apontou para onde olhava. – E parece que não foi acidente...
Nesse exato
momento, a polícia invadira o espaço externo de eventos. Cerca de quatro
policias, três peritos e a delegada fora a última a entrar. Seus cabelos eram
presos a um lindo rabo de cavalo. Vestia uma camiseta preta, identificando-a
como parte da Polícia e uma jaqueta da mesma cor.
No entanto, a mulher tropeçara numa pedra. Uma mão masculina a puxou. Os dois se entreolharam.
- Cuidado. – Guilherme soltou-a, com um sorriso.
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