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Estrada 34: Capítulo 09

Novela de Isa Nota
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CAPÍTULO 09



Música: My imortal – Evanescence.

Seis pessoas observam a cena, assustados, além dos policias e peritos. Um homem, de jaleco branco, tira diversas fotos do crime. A delegada conversa com um dos peritos.

- Foi um crime premeditado. Apesar do ferimento estar em uma região que a própria vítima poderia ter atingido por descuido, a arma do crime não foi encontrada. O assassino enforcou-a para não ter chance de sobrevivência. – Disse a delegada. Seus olhos acompanhavam o corpo da mulher, que fora colocado em um saco preto e em seguida levada para fora do evento.

- Boa noite. O que aconteceu aqui? – Eva aproximou-se da delegada. As duas apertaram-se as mãos. – Eu sou a dona do salão.

- Um assassinato. – Massageou seus cabelos. – A senhora deverá comparecer na delegacia em uma hora.

- Delegacia? Mas eu não sabia de nada! – Gritara. Os convidados olhavam para ela assustados. – Eu só vim aqui porque suspeitei...

- De qualquer maneira a senhora seria chamada. Tem muita gente que não tem nada a ver com o crime, mas será conduzido a delegacia para prestar depoimento. – Andou alguns passos para frente. – Até mais. 

*** 

Música: Rihanna – Diamonds 

Adentram na delegacia todos os convidados. Eles depositam os celulares em um saco plástico. Em seguida, se sentam nas cadeiras estofadas.

Guilherme, de pé, observa a mulher que vira anteriormente entrando numa sala. Em ordem, os policiais chamam um a um em intervalo de quatro minutos aproximadamente para prestar depoimento com a delegada.

Após aproximadamente três horas, restam apenas Guilherme, Iolanda, Carla, Margot, Vivian, Maria Paula e Carlos Henrique. Eva acabara de deixar a sala. Sua expressão facial indicava nervosismo. Encaminhou-se para fora do ambiente, estendeu o braço e com o dedo indicador, parara um táxi. 

- Por favor, Guilherme Steffens. – O policial olhara a lista de convidados. – É a sua vez. 

Guilherme adentrara na sala. Vira a mulher pela terceira vez. O policial fechara a porta e permanecera ao lado de fora. A delegada enviava uma mensagem pelo seu celular, sem perceber que havia uma pessoa ali. 

- Com licença. Mandou me chamar... Doutora? – Guilherme permanecia em pé, olhando para os belos pares de olhos verdes.

- Você? – Pôs o celular no bolso e relembrara o momento em que o vira pela primeira vez.

- Está se sentindo melhor? – Ele perguntou, fitando-a.

- Sim, sim... Foi um mal-estar passageiro. – Olhara para a janela que dava para o corredor da delegacia. O policial havia dado duas batidas e mostrando o relógio para ela, um pouco nervoso. – Então. Vamos ao depoimento? Meu nome é Bruna Muniz, delegada responsável pelo caso. É algo rápido. Preciso que me diga a sua relação com a vítima, onde estava na hora do crime e qual foi a última vez que a viu antes do crime.

- Eu e a Lana éramos casados há doze anos. Temos um filho de sete anos. Um pouco antes do crime, eu encontrei a Lana aparentemente bêbada e discuti com ela. Depois, eu segui ela até a fonte de água.

- E o que aconteceu depois? – Os dois foram interrompidos por um policial. – O que houve?

- Doutora, tem uma mulher no telefone chamando por ele. – Olhara para Guilherme. – Ela disse se chamar Rosa.

- É a babá do meu filho...

- Transfere a ligação para mim, por favor. – Pediu educadamente. O policial assentira fechara a porta. – Pode usar.

- Rosa? O que aconteceu? – A voz do outro lado da linha poderia ser ouvida.

- Senhor, eu tentei ligar para o celular da dona Lana e para o seu também. Mas nenhum atendeu e disseram que estavam na delegacia... Acontece que o Arthur teve um pesadelo com a morte da mãe e eu não sei o que fazer. Ele não quer dormir!

- Rosa... – Limpava as lágrimas que escorriam de seu rosto. – Dê um copo de leite morno para ele, dorme com ele, tudo bem? Eu volto para casa de manhã cedo. – Terminara a conversa e colocara o telefone no gancho.

- E aí? – Perguntou.

- Parece que o Arthur previu a morte da mãe. A Rosa disse que teve um pesadelo. – Olhou para a delegada. – Como se explica para uma criança que a mãe morreu?

- Diga a verdade. – Aproximou sua mão ao braço de Guilherme, mas puxara de volta para seu colo. – Não alimente esperanças nele. E faça isso o mais rápido possível. – Olhara o relógio. Eram aproximadamente 03h45. – Você está liberado, pode voltar para casa.

- Obrigado. – Olhou para a delegada e abrira a porta. 

                         *** 

Carla fora chamada em seguida. Bruna fazia as perguntas e ela balançava a cabeça de acordo com a resposta. A delegada ficava cada vez mais nervosa, e andara de um lado para o outro, repetindo as perguntas. 

- Qual o seu parentesco com a vítima? – Perguntou, colocando sua cabeça ao lado de Carla.

- Sou prima, assim como a Margot. – Sorriu. – Poderia ter nos chamados juntas, pouparia seu mísero trabalho.

- Onde estava na hora do crime?

- No banheiro. – A resposta não convencera Bruna.

- Qual foi a última vez que a viu?

- Ela tinha saído do banheiro e ido para a fonte de água.

- Pode sair. – Disse. 

***

Iolanda, Maria Paula, Margot e Carlos Henrique foram chamados individualmente a sala da delegada. Porém, nenhuma resposta que ouvira agradara Bruna. O relógio marcava 06h40 quando terminara de ouvir a irmã da vítima, Maria Paula. 

- Então doutora? Alguma pista? – O inspetor invadira a sala.

- NADA! – Gritara. – Desculpe-me. Mas provavelmente apenas as últimas sete pessoas que conversei estão envolvidas de fato no crime.

- E o marido?

- Creio que não seja ele o assassino. Mas se é, frequentou ótimas aulas de teatro. – Pegara sua bolsa. – Vou para casa, descansar e mais tarde eu volto, ok?

- Tudo certo. – Parou-a no caminho. – E se houver alguma denúncia?

- Você anota, grava, dita. Mas não quero ser incomodada com isso até quatro horas da tarde, ok? Tenha um bom dia. 

***

Música: American Authors - Best Day Of My Life. 

Iolanda, Margot, Carla e Vivian se encontram num bar, afastado da cidade. Elas bebem cerveja enquanto conversam. 

- O que foi a festa ontem? – Carla bebia o sexto copo de cerveja. – Terminou em grande estilo!

- Realmente. Quem fez o serviço se saiu ótimo! – Iolanda rira. – Agora temos a delegadinha para cuidar.

- Não!  - Margot, um pouco bêbada interrompera Iolanda. – Ouvi dizer que nos deixaram por último por suspeitar da gente. Então, se a delegada for apagada, vão suspeitar da gente num piscar de olhos.

- Mas... – Vivian tentara falar.

- O que importa é que a Lana morreu. Está ardendo no inferno nesse exato momento. – Margot levantou-se e pagara a conta no caixa. Carla, bêbada, tomara o último copo de bebida alcoólica.

- Onde vocês vão?

- Vamos sair do país pela fronteira. Alguém quer ir junto?

- Não, não... – Responderam, observando as dezesseis garrafas em cima da mesa. – Vamos ficar por aqui. 

As duas, cambaleando, saem do bar e adentram num veículo roubado. Carla senta no banco do motorista e Margot acena sentando-se no assento de carona. Elas passariam para a Colômbia e lá pegariam um jatinho para a França com identidades falsas. 

Um homem, funcionário do bar, observa as quatro mulheres e disfarçadamente telefona para uma pessoa: 

- As quatro estavam aqui, chefe. Mas duas, Carla e Margot saíram dizendo que iriam sair do país pela fronteira. – Cochichava, para ninguém ouvir. Iolanda e Vivian continuavam sentadas, bebendo a cerveja em pouca quantidade. 

***

Guilherme está sentado na porta da delegacia. Bruna mexe no celular quando percebe o homem. Ela olha para trás e senta-se ao lado esquerdo. 

- Achei que já tivesse ido embora. – Guardara o celular na bolsa. – Tudo bem?

- Eu fiquei aqui, pensando. A Lana reclamava que eu não cuidava do nosso filho direito. E era verdade. Agora que ela morreu, não sei o que será dele. De certa forma ele era apegado a mãe.

- Como assim? Você não quer cuidar do seu filho?

- Não. Não é isso. – Olhara para a delegada. – Mas eu não sei como fazer isso. Ele pode me acusar.

- Isso é normal, Guilherme. Como você disse, o seu relacionamento com a sua mulher não era dos melhores e por isso as brigas, não?

- Sim.

- Você precisa encarar essa situação de frente. O seu filho também é vítima. Se ele souber ainda hoje, melhor. – Levantou-se. – Venha, vou te levar para casa.

***    

Eram sete horas da manhã. Rosa, trajando seu uniforme de babá, uma calça e blusa branca segura na mão de Arthur. Ela carrega sua mochila de rodinhas. O menino caminha sem pronunciar uma palavra. 

- Tia... Onde está a minha mãe? Ela não apareceu ainda!

- Eu não sei, Arthur. O seu pai vai vir te pegar e vocês conversam na saída, tudo bem?

- Sim. – Disse com a cabeça baixa. Ele pegara a sua mochila e aproximara-se da escada. – Tchau. 

A babá saíra rapidamente da frente da escola, sem olhar para trás. Virara para a esquerda e Arthur, sem ninguém perceber, correra para o lado direito da escola. O portão fora fechado. Enquanto isso, Arthur corria com a sua mochila, aos prantos. 

- Eu quero a minha mãe... – Disse, parando num banco e ficara ali por horas. 

*** 

Música: La Plata – Jota Quest 

“JUÍZA CRIMINAL DO RIO DE JANEIRO É MISTERIOSAMENTE EXECUTADA DURANTE EVENTO EM RENOMADO ESPAÇO”. Maria Paula servia-se de café e lera o jornal. 

- Sua vida durou muito irmãzinha. MUITO! – Jogara a xícara de café contra um espelho, que caíra no chão em pequenos pedaços. 

Rachel descera das escadas, com uma cara cansada. Sentara-se na ponta da mesa e lera o jornal, em seguida para Maria Paula. 

- Você tem alguma coisa a ver com isso, Maria Paula? – Dobrou o jornal e jogou em sua cara. – Acabou de sair da prisão por um crime imperdoável. Se você tiver algo a ver com isso eu não respondo por mim.

- NUNCA MAIS REPITA ISSO! – Batera na mesa. – A senhora sabe da verdade e o quanto eu sofri com isso. A Lana viveu muito mais do que devia. Se eu fui a responsável ou não, só a polícia vai dizer.

- O que aconteceu entre as duas não vem ao caso agora. – Conteve-se. – Se você matou ou não também não importa. Mas pelo menos faça a imagem de boa tia com o Arthur. Se eu o conheço, vai acusar o Guilherme e se negará a conversar com ele.

- E por que eu faria isso? O Arthur deve ser farinha do mesmo saco.

- Ele é único herdeiro da Lana. Então, se ele ficar com nós, temos grandes chances de mexer no valor. – Rachel rira, enquanto Maria Paula olhara para o lado preocupada. 

***

Música: De Janeiro a Janeiro – Roberta Campos e Nando Reis. 

O carro de Bruna parara em frente a um condomínio, onde Guilherme residia. Os dois se entreolharam, um pouco tímidos. Eles queriam saber algo um do outro, mas ambos transpareciam nervosismo. 

- Não entendo o porquê de a senhorita estar se preocupando comigo, pelo menos por enquanto. Eu sou um suspeito e você uma delegada que pode me prender a qualquer momento.

- Não. Estas enganado. A minha profissão não é só prender. É ajudar também. Pelo fato de ser uma delegada, todos acham que eu sou fechada carrancuda. Sou totalmente ao contrário. Mas me responda. Como amigo: você tem envolvimento com a morte da sua mulher?

- Não. – Respirou fundo e olhara para Bruna. – Mas todos os convidados dizem que fui eu. – Sorriu e permaneceram em silêncio. – Até mais.

- Até. – Mostrou um sorriso com os lábios. – Ah. Fique com o meu cartão. – Pegara a sua carteira grande Louis Vitton. - Qualquer coisa que precisar, me telefone com esse número. Acho meio difícil, fiquei com todos os celulares. Mas em breve eu devolvo, não se preocupe.

- Eu tenho outro pessoal, dou...

- Bruna. Dentro da delegacia é doutora e fora apenas Bruna. – Fitaram-se. Guilherme aproximara-se cada vez mais do rosto da bela mulher e dera um beijo carinhoso na bochecha. – Eu confio em você, Guilherme. – Ele saíra do carro, balançando a mão de um lado para o outro. Por fim, abrira o portão e adentrara no condomínio. 

***

Carla, muito bêbada dirige em alta velocidade. Margot, bebendo mais uma garrafa de bebida alcoólica, ri sozinha. O carro anda em ziguezague. 

- Viva a vida! Viva a felicidade! Viva... – Margot gritava, colocando sua cabeça para fora da janela. Carla cutucara Margot. – O que foi, hein?

- A minha bolsa, Margot. Pega a minha bolsa!

- Já peguei...

- Tira dela o saco plástico. E coloca no porta luvas.

- Isso... Isso é uma faca enrolada num pano! –Pegara o pacote.

- Sim. Agora põe onde eu disse. Anda! 

Assim que coloca o saco plástico dentro do porta luvas, Margot olha para frente. Carla joga sua bolsa para o banco de trás. 

- CARLA! – O grito sucede um acidente. O carro atropela uma mulher loira, nas mesmas características de Carla. O carro capota quatro vezes e Margot é arremessada para fora do veículo, enquanto Carla, que usava o cinto de segurança permanece desacordada, com sangue escorrendo em seu corpo. 


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