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Projeto Biosfera 2: Capítulo 03

Minissérie de Marcelo Oliveira
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CAPÍTULO 03

Parte 2

Yrina e Carmen têm uma crise nervosa. Zhao senta numa cadeira e tenta conter o formigamento do braço esquerdo, enxuga a testa extremamente suada. Dmitri aparenta uma estranha euforia, puxa Dilson para dentro da delegacia com intenção de encontrar armamento. Armand, com os olhos esbugalhados e tremendo, tenta raciocinar:

— Dr. Lee, o senhor tem alguma ideia do que está acontecendo?

— Se-sei tanto quan-quanto o senhor, dr. Samperes. Nunca via nada parecido antes!

Dmitri reaparece:

— Olha aqui, parem com essa palhaçada de "doutor". Vocês nunca viram filmes de zumbi? Está claro que a merda estourou, a humanidade está praticamente dizimada, só sobraram esses porcarias e a gente para repovoar a Terra, simples assim. — Dmitri distribui armas para todos no grupo.

— O que? — Dr. Lee grita subitamente. Não entende nada do que foi dito.

— Olhe, doutor, o seu grito parece ter chamado atenção deles. — Armand continua vigiando da janela. — Mas, porque não vêm para cá? O que estão esperando?

— Hum, talvez seja a luz do sol, veja, estão amontoados à sombra do prédio... — chegando na janela Dmitri observa. — A merda é que já está escurecendo.

Em outro canto, Dilson tenta convencer as meninas a apanhar as armas:

— Olha, eu sei que a situação é caótica. Mas, precisamos nos proteger, para depois tentar resolver, até lá, temos que ficar unidos.

— Nã-não, por favor, nós não temos treinamento para isso. Somos cientista, pelo amor de Deus! — Carmen protesta.

— Ninguém aqui tem treinamento, Carmen, mas precisamos ficar vivos. Vocês não podem ser mais uma preocupação. Entende?

Yrina solta seu braço e levanta.

— Ele está certo, Carmen, nós precisamos lutar juntos, se ficarmos paradas só iremos prejudicar o grupo. — Yrina apanha as duas armas e entrega uma para a amiga.

Tremendo muito, Carmen deixa a arma cair no chão, provocando um barulho.

— Olhem! Os últimos raios de sol sumiram e eles estão vindo para cá. — Armand alerta ao grupo.

Dmitri se aproxima e olha pela janela.

— Hum, eles são lentos, devem ter perdido a elasticidade muscular. Escutem bem, é o seguinte...

— Dr. Yvanovitch, como sabe tanto dessas coisas? — Zhao parece impressionado.

— Cultura nerd, meu caro Zhao, a vida não é só manuais e revistas pornôs, sabia?

Zhao ignora a insinuação, Dmitri continua:

— Como eu ia dizendo: esse tipo de zumbi é molezinha, eles têm movimentos lentos, mas o maior perigo é te agarrarem, porque eles têm uma força tonelérica nas mãos, deve ser alguma coisa com a tal rigidez cadavérica...

— Essa palavra "tonelérica" existe? — Dilson parece disperso.

— Cala a boa Dilson, deixa o Dmitri explicar! — Yrina fica impaciente.

— Pessoal, vamos manter o foco! — Armand intervém, depois faz sinal para Dmitri continuar, sem sair da janela.

— , voltando: é só furar a cabeça deles que os bichos, meio que, como posso dizer? Eles morrem... de novo, entenderam?

Zhao pede a palavra:

— Não, não entendi. Você quer dizer que nós temos que acertar a cabeça deles de longe? Temos que matar essas pessoas?

— , olha gente, a primeira coisa que vocês precisam aceitar é que, "aquilo" lá fora não é mais gente...

— Hã! Dr. Lee. — Armand chama atenção.

— Agora não Armand, não nos interrompa. — Dmitri começa a perder a paciência.

— Dr. Yvanovitch, por favor... — Armand insiste.

— E para com essa palhaçada de doutor, pelo amor de Deus, isso já tá me irritando.

— Tá, tá, mas, vem aqui dar uma olhadinha...

— O que fo... — assim que chega na janela Dmitri engole as palavras.

A rua está tomada por centenas de pessoas perambulando sem destino, praticamente todas sem coordenação motora.

— O que? — Zhao dá outro grito.

Um amontoado olha na direção da delegacia. Os cientistas se abaixam.

— Zhao, se você der mais um gritinho desses, eu te jogo no meio daqueles passa-fome dos infernos, entendeu? — Dmitri fala com raiva.

— Dmitri, o que vamos fazer? — Dilson retoma o raciocínio. — Os carros não ligam mais, e mesmo que ligassem, tem muita gente entre nós e os carros.

— Por enquanto vamos ficar tranquilos, acredito que a delegacia deve ter janelas blindadas e grades em todos os cantos, então não entrarão aqui. Também temos água. Mas, não podemos ficar muito tempo, a gente precisa comer.

— O melhor é tentar fazer contato com alguém e voltar pra Biosfera. — Armand é o mais sensato.

Enquanto discutem, Yrina se aproxima de Carmen, encolhida em um canto, parece em estado de choque, pois ela não para de se tremer.

— Calma, querida, nós vamos sair daqui. Tenha fé. — Yrina pega na mão da colega.

— Vo-você não ouviu o Dmitri? Nós vamos ter que matar essas pessoas. O que está acontecendo? Onde está todo mundo? — Carmen se contorce, põe a mão sobre a barriga.

O movimento dela deixa Yrina ainda mais preocupada:

— Eu sei que o momento é tenso, mas não adianta processar o que está acontecendo sem informações. Lembra o que o Dilson falou? Temos que ficar unidos para sairmos daqui e depois encontrar as respostas.

— Si-sim, e-eu sei, mas, isso tudo é loucura, e-eu acho que não vou conseguir...

— Claro que sim, todos nós conseguiremos. Vamos seguir juntas, está bem?

— Menos a Suzana, e-ela foi devorada, você viu? Viu?

Yrina fica calada e abraça a amiga.

— Dr. Yvanovitch, eu queria me desculpar pelo descontrole, é um movimento involuntário quando estou em situação de estresse extremo e...

— Cala a boca Zhao, temos que ficar em silêncio...

As criaturas chegam à porta da delegacia e tentam empurra-la, as sombras de seus vultos passam pelas janelas.

— Antes de morrermos, a visão é o primeiro sentido que perdemos, e a audição é o último. — Armand sussurra para explicar o fenômeno a Dmitri.

— Hum, faz sentido...

Súbito, os zumbis começam a dar cabeçadas nas janelas. A cada batida, Yrina sufoca os gritos de Carmen tapando sua boca com a mão. As pancadas vão sucedendo umas às outras, as janelas aguentam firme, talvez seja questão de tempo até se romperem.

— Como é que pode? Mesmo em silêncio eles querem entrar, não entendo como sabem que estamos aqui, se não podem nos ver ou ouvir.

A resposta surge logo atrás deles, um odor forte de sangue empesteia o ar.

Minissérie de
Marcelo Oliveira

Personagens
Dr. Zhao Lee Dr. Dmitri Yvanovitch Dra. Yrina Stepanenko Dra. Carmen Sampuska Dr. Armand Samperes Dra. Emilia Watson Dr. Dilson Martins Dra. Suzana Acuña Participações Especiais Guilherme Ricardo Doug Théa
Direção
Carlos Mota

Produção
Bruno Olsen


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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