Capítulo V – DACIANA
Daciana cresceu, e
educou-se sob o rígido jugo de sua avó, recebendo todos os milenares
ensinamentos pagãos. Aprendeu desde tenra idade o sentido de fazer parte de um
todo cósmico, e que da conservação do ambiente e da fauna do local em que
vivia, dependia sua própria integridade.
Amava os banhos de
cachoeira; deixava-se molhar sob a chuva torrencial, mas nunca adoecia, pois
sempre era recebida por sua amada avó com infusões quentes, as quais "espantavam os miasmas e os maus
espíritos", repetia a velha mulher.
Aprendia os segredos das
plantas medicinais, e também como se utilizar das ervas para fins alucinógenos.
Trimestralmente, reunia-se com outras adolescentes em círculos demarcados por
pedras, tendo ao centro uma fogueira. A princípio sentia medo, mas sua avó
Ragana a tranquilizava, dizendo-lhe que em breve iria compreender, e seguir seu
traçado destino.
Criava caprinos, e tinha
especial afeição por um cabrito negro, sempre a lhe acompanhar em suas
incursões além dos limites de sua morada. Nunca teve medo dos animais da floresta,
mesmo os mais temidos, como os morcegos, corujas, serpentes e lobos. Vivia em
harmonia com aqueles seres da mata.
Admirava e clamava o calor
da luz do Sol, ao mesmo tempo em que vivia sob o signo da Lua e suas fases; se
deixava cortar os belos cabelos ruivos pela avó, durante a Lua crescente;
conhecia as estrelas e as constelações; temia e respeitava os eclipses, pois entendia
que sua energia vital era intimamente ligada à natureza e seus ciclos.
Não o sabia ainda, mas
como visgo, à floresta estaria eternamente ligada.
***
A vida seguiu seu
percurso. Daciana acabara de completar 16 anos. A natureza em forma feminina
desabrochara em seu corpo. Era cobiçada pelos homens do vilarejo, por suas
formas pujantes e suas madeixas vermelhas. Por muitas vezes se valeu dos encantamentos
e simpatias aprendidas, para manter distantes aqueles homens rudes e nojentos.
As reuniões noturnas com
as campesinas da localidade ganharam outro significado. Vontades femininas eram
confessadas... cada vez mais, frequentes transes coletivos findavam-se em
sonoras cantorias; evocava-se à fartura da próxima colheita, e ao afastamento
das doenças.
Muito se falava sobre a
ameaça crescente de uma praga com origens nas terras asiáticas ao Leste. Viajantes
e mercadores relatavam horrendas situações, afligindo a todos que os escutavam.
O medo perscrutava as jovens mentes.
E foi durante essa
atmosfera sombria... Daciana sofreu a maior perda de sua até então breve vida:
Ragana passou por um prolongado estado febril e delirante... entre lágrimas de
sua jovem discípula, proferiu suas últimas palavras:
─
minha pequena, teu destino em breve será revelado; lembra-te do que aprendeste;
não tenhas medo...
Max Rocha
Elenco
Direção
Carlos Mota
Bruno Olsen
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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