CAPÍTULO 12
Bruna, um pouco nervosa, colocara a
mão sobre a lataria do carro, fitando Arthur dormindo com as pernas encolhidas.
Pensara numa resposta e respirara fundo.
- Entendo. Estou com um problema e
não vou conseguir ir para a delegacia agora. Amanhã de manhã eu vejo o que
faremos. Boa noite! – Desligara o celular e entrara no carro, saindo em
disparada para o seu destino.
Em dez minutos, a delegada
estacionara seu veículo a frente da portaria do edifício em que Guilherme
residia. Bruna aproximou-se do interfone e pressionou um botão. Em poucos
segundos, o porteiro estava a sua frente. Conversaram por uns minutos até que
Bruna retornara ao carro e pegara Arthur no colo. Subira sozinha ao andar que o
porteiro havia lhe informado.
Pressionou a campainha.
Guilherme abrira a porta. Ele vestia
apenas um calção branco.
Música: Sol de Paz – Strike.
- Você? Eu não sabia que... – Fitara
Arthur em seus braços e estendera seus braços. Bruna recuara.
- Achei melhor não te falar nada. E
se não for pedir demais, seria bom eu colocá-lo na cama. Ele pode acordar e
fazer milhões de perguntas.
- Eu entendo. Venha comigo.
Bruna colocara Arthur carinhosamente
na cama e o tapara com uma coberta. Guilherme dera um beijo em sua testa e
ambos saíram do quarto.
- Não sei nem como lhe pagar por
isso, Bruna. – Guilherme fitara seus olhos. – Obrigado.
- Não há de quê, Guilherme. Fiz o que
achei certo... Eu preciso ir. Com licença. – Desceu as escadas. Guilherme a fitara
com um sorriso no rosto.
***
Alessandra, com roupas simples,
observara a mãe, Vivian assistir televisão no quarto, deitada na cama. Batera a
porta do cômodo e desligara a televisão, fitando-a raivosamente.
- O que aconteceu? – Vivian trajava
uma bela camisola de renda branca. Levantara da cama e caminhara para uma
cômoda onde havia bebidas. Servira um copo de uísque. – Você nunca foi
disso.
- Eu ouvi você falar do meu pai. Por
que mentiu?
- Eu não menti! Só não queria que
você soubesse da verdade.
- Que verdade?
- É uma longa história, Alessandra.
Não precisa saber da minha boca, afinal não vai acreditar como sempre. Procure
o seu pai então. É ex-governador do estado e milionário... Se for o que lhe
interessa.
- Dinheiro? Não. Nunca precisei ser
milionária, viver numa mansão rodeada de empregados me servindo para ter o que
eu quero. Agora você... É podre por dentro. Não pense que eu esqueci. Eu sei de
muita coisa a seu respeito que pode te levar para a prisão até seu último dia
de vida. Se fosse em outro país, até pena de morte.
- CALA A BOCA! – Pressionara o braço
da filha e a levara para fora do quarto. –Cuidado onde você se mete, ouviu? Não
me responsabilizo pelas consequências. – Batera a porta. Alessandra continuava
a rir, porém um pouco tensa. Vivian enchera mais um copo de uísque e tomara
todo o líquido em um gole. Exibia uma expressão apreensiva.
***
Música: Best Day Of My Life –
American Authors
O relógio marca pontualmente sete e
meia da manhã. Rafaela, trajando um belo vestido azul abre a porta e encontra
Bruna ingerindo café preto. Ela senta-se a mesa, pega uma maçã vermelha e a
morde.
- Você chegou tarde ontem...
Aconteceu alguma coisa? – Indagou Rafaela.
- Eu mal estive na delegacia ontem.
Ajudei um homem a procurar o filho. Ficamos o dia inteiro juntos e no final,
quem encontrou fui eu voltando para casa.
- Homem? Quem é?
- É mais um suspeito, segundo os
convidados. Mas eu olho pra ele e não vejo um assassino. Vejo um homem
estressado, inocente e... Um pai maravilhoso. – Sorriu.
- A última vez que você se sentiu
assim foi com um cara que você chegou a noivar. Você teve que prendê-lo e
decidiu acabar com tudo, não é?
- A diferença é que eu não
investigava a morte da esposa dele. O que vão dizer a meu respeito? Seria um
escândalo!
- Eu te conheço, Bruna. O problema
não é investigar a morte da esposa desse cara. E sim gostar dele e
provavelmente ter que prendê-lo.
- Já deu a minha hora! – Levantou-se,
pegou sua bolsa e a chave do carro. – Ah, tem uma carta para você. – Pegou-a e
deu nas mãos de Rafaela. – Até mais!
Rafaela virou a carta. Estava sem
remetente. Abriu. Retirou a folha que havia dentro. Levantou-se e deu voltas na
sala enquanto lia:
“Rafaela,
Soube que você bateu o pé quando
recebeu a notícia de que eu iria me aproximar da Giulia, que é minha filha.
Não quero tornar essa situação chata
e conflituosa, mas exijo meus direitos como pai, ainda que você não me
considere um.
Cumprirei minha pena dentro de alguns
dias e você não terá como impedir de que eu veja minha própria filha.
Fausto”.
- Miserável!
***
Música: Rude – Magic!
Bruna, trajando uma calça jeans
vermelha e uma blusa de renda branca, adentra em sua sala. Senta-se em sua
cadeira giratória e liga o computador. Um homem bate na porta e adentra.
- Com licença, delegada. Recebemos o
áudio da confissão. A voz está difícil de ser reconhecida, mas a partir dessa,
podemos tirar uma pessoa da lista de suspeitos.
- Quem?
- Escute você mesma!
- “Você precisa ser rápida. Não
chame o Guilherme agora. Ele precisa ir DEPOIS do crime. Assim, todos acharão
que ele matou a própria esposa. Nós enganamos a polícia...” – o áudio
terminara.
- Então foram por isso os burburinhos
sobre o Guilherme! Ele foi o primeiro a chegar ao local do crime. Logo, as
pessoas comentaram e criou-se o boato. Segundo esse áudio...
- O Guilherme não tem envolvimento no
crime. – O investigador fitara Bruna, que exibia um sorriso tímido. – Mas é bom
você chamar os cinco suspeitos para um novo depoimento.
***
Guilherme adentra no quarto do filho
trajando um terno preto. Ele abre as cortinas e Arthur abre os olhos
lentamente, pondo sua mão sobre a cabeça, que começa a doer. Guilherme puxa um
puff de bola de futebol branco próximo a cama do filho, senta-se e põe sua mão
sobre a testa da criança.
- Você continua de febre. - Mostrou
um sorriso com os lábios. – Vou pedir para a Rosa lhe dar um remédio e você vai
ficar bom logo, está bem?
A criança puxara a coberta até seu
pescoço e balança a cabeça positivamente.
- Pai... Você está bravo comigo?
- Não, filho. Eu entendo que você
ficou desesperado, assustado, preocupado... Mas fugir não resolve nem o pior
problema do mundo. Agora você está com febre, com dor... Não faz mais isso, ok?
- A mamãe sempre cuidava de mim
quando ficava doente. Nem ia para o trabalho. – Observou o terno. – Eu li no
jornal que você...
- Mas eu vou cuidar de você. Quem
disse que não? – O menino baixara a cabeça. – Eu sou o seu pai. E jamais faria
algo que lhe magoasse.
Ambos sorriram. Arthur, sentindo dor,
passara a mão novamente pela área dolorida.
- O que aconteceu? – Perguntou,
analisando a cabeça.
- Não lembro... Eu não tinha nada...
E um homem me bateu com uma arma.
- Alguém te ajudou? – Perguntou nervoso.
- Uma mulher disse que te conhecia e
ia ligar pra você. Mas chegando lá, ela disse que eu nunca mais ia voltar para
casa e me obrigou a limpar a casa.
- E você limpou?
- Não. Eu fugi e dormi num banco da
praia.
- Entendi. – Levantou-se e abriu a porta.
– Descansa, está bem? Eu volto daqui a pouco.
Arthur deitara para o lado e abraçara um ursinho, encharcando-o de lágrimas. E aos poucos, soluçado, pegara no sono.
***
Rachel senta-se a mesa, em frente à
Maria Paula que ingere alguns goles de suco e uma salada de frutas. As duas
trajam um vestido preto e amarelo respectivamente.
- Preparada, filha? – Rachel indagara
com um sorriso no rosto.
- Preparada... Pra quê?
- Em poucos dias o Arthur estará em
minhas mãos. Na verdade, em NOSSAS mãos.
- Se você pensa em sequestrar o
menino, pode tirar o seu cavalinho da chuva. Ele é seu neto! Você só pensa em
dinheiro, em luxúria, em status... Cadê o amor que você mostrava para a
criança?
- Não seja hipócrita. Você deseja o
dinheiro tanto como eu. – Dobrou as pernas e sorriu. – Antes de ser presa você
jurou roubar todo o dinheiro da Lana. Arrependeu-se?
- O que a minha irmã fez não tem
perdão. – Parou por um momento. - Usar uma criança para satisfazer minhas
vontades nunca esteve nos meus planos.
Rachel, completamente irritada joga o
copo contra o retrato de Lana, que se quebra em pequenos pedaços. Em seguida,
retira-se do local.
***
Antônia abre a porta de seu quarto
trajando uma camisola simples. Ela abre a geladeira – com poucos alimentos – e
deposita o leite em uma leiteira e coloca sobre uma boca do fogão, acendendo-o.
Senta-se a mesa e abre as cartas de cobrança que estão sobre um cesto, no
centro da mesa. Ela anota os valores em um papel e se entristece com o
resultado.
- Mais uma vez apertada. – A moça
bufa e coça a cabeça.
Ela caminha para o banheiro e observa
alguns fios de cabelo espalhado pelo piso. Abre a lixeira e vê uma sacola
plástica. Antônia retira e abre. Enfurecida, ela joga na pia.
Abre outra porta e observa uma
menina, de aproximadamente treze anos arrumar uma touca vermelha. Ela traja seu
uniforme e carrega a mochila no ombro esquerdo.
- Mãe? Aconteceu alguma coisa? – A
garota põe seu celular no bolso e coloca os fones por dentro da blusa.
- Aconteceu sim. – Puxa a touca e observa
a lateral esquerda do cabelo raspada. – Você pode me explicar o que é isso,
Liz?
- Eu quis mudar um pouco. O cabelo é
meu e você não pode me impedir!
- Eu sou a sua mãe. Isso não faz o
seu tipo, minha filha. O que deu em você?
- Mas agora faz. Com licença, eu vou
me atrasar para o colégio. – Parou na porta. – E vou almoçar lá.
- Filha... – Ouvira a porta bater. –
Eu preciso achar uma forma de conseguir dinheiro logo!
Antônia volta à cozinha e desliga o
leite, despeje numa caneca e mistura achocolatado. Ela mexe pensativa.
***
Alessandra, trajando uma blusa com
estampa branca, uma saia de renda preta com uma bolsa a tiracolo pressiona a
campainha de uma mansão. A porta se abre e um mordomo, de estatura média
aparece.
- Pois não? Em que posso ajudá-la?
- Eu gostaria de conversar com o
senhor Carlos Henrique Casagrande. Ele está?
Uma mulher loira observa a conversa
por trás de um pilar. Ela aproxima-se da porta e fica atrás do mordomo, com os
braços cruzados.
- Pode ir, Albertino. Eu lhe chamo caso
for necessário. – Observou o homem se retirar. – Quem é você? O que deseja com
o meu marido?
- Meu nome é Alessandra. Sou filha
biológica do seu marido.
- Como assim filha? A única filha que
o Carlos Henrique possui é comigo, garota.
- Eu sou fruto de um caso que ele
teve antes de casar com a senhora. Na época ele estava casado...
- SAIA DAQUI! – A mulher empurrava a
porta. – O Carlos Henrique não tem nada para falar com você. Vá antes que eu
chame a polícia!
Alessandra desiste. A porta é fechada
na sua cara. Mais a frente, ela observa um homem, de aproximadamente quarenta e
cinco anos sair do banco de carona de um carro. Ela esconde-se e observa-o
entrar por outra porta.
Após, ela corre para a calçada,
estendendo o braço e adentrando em um táxi.
***
Passa-se do meio dia. Em uma banca,
há várias pessoas comprando jornais e revistas. No canto superior direito vê-se
um convite de sepultamento.
“Marido Guilherme Steffens.
Filho Arthur Albuquerque
Steffens.
E demais familiares e amigos íntimos
comunicam o falecimento de
LANA ALBUQUERQUE
Falecida no dia 17/05/2015 na idade
de 45 anos.
O sepultamento acontecerá às 09h00 desta Quinta-feira (21/05/15) saindo o féretro da Rua Vicente Moraes para o cemitério católico”.
***
Um carro preto estaciona próximo à
casa de Bruna. Eles observam Rafaela e Giulia adentrarem em casa. Um dos
bandidos, já dentro da residência, põe dentro do bule de café um sonífero,
porém nenhuma das duas o toma.
Bruna entra em casa, enquanto Rafaela
sai. A delegada pega uma xícara e deposita o café. Ela ingere rapidamente. O
bandido observa Giulia descer as escadas e entrar no banheiro.
- Meu Deus... Que sono! – Bruna senta
no sofá e em poucos segundos, adormece.
Outros três homens adentram na
residência e espalham gasolina pelo local enquanto um tranca o banheiro pelo
lado de fora.
- Vou ser bonzinho dessa vez! – Diz
deixando a chave na porta.
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