TERRA VERMELHA
Alberto Arecchi
SEM CURA
Juliana Fagundes de Carvalho Luz
RITUAL II
Tiago Malta
Alberto Arecchi
Terra. Só Terra.
Terra vermelha suspensa no vento,
no monção, que sopra sem parar
acima de estepe e deserto,
enchendo o cabelo e as narinas.
Terra vermelha no manto dos camelos
e no filtro de ar do caminhão.
Crianças armadas que vão
para matar outras crianças,
destruindo aldeias, massacrando famílias,
em nome de uma matança sem fim.
Não há mais o Vale dos Leões,
nem o Rio dos Leopardos.
O último animal selvagem
restante, aqui, é o homem.
Crias de feras selvagens, filhotes
armados com metralhadoras.
Terra vermelha
por todo o sangue derramado
que agora absorvem as areias secas.
Vidas dispersas, não criam outra vida,
porque as absorveu o nada
de tragédia sem sentido.
SEM CURA
Juliana Fagundes de Carvalho Luz
Os mares estão por um fio,
E tão pouco sabemos o que fazer com isso.
Nem ao menos entendemos o desafio,
O que isso tudo nos traz de risco.
O fogo se espalha pela mata,
E mais isso precisamos enfrentar.
Em frente ao problema, você se cala.
E eu não sei o que falar.
O ar nem ao menos é puro,
Com ele some a minha voz.
Não consigo mais respirar fundo,
Parece ele o meu algoz.
As lágrimas despencam pelo rosto,
E essa é a água mais pura.
Não há mais nada que eu sinta gosto,
Não há chance de cura.
DOMÍCILIO CANSA
Heber BrizolaTua terra tinha palmeiras, tinha angelim;
Um sabiá me contou que a propina chegou,
Cantou a pedra que a queimada voltou;
Meu caro Gonçalves nestes dias,
Nestes dias tão funestos,
Aquelas estrelas não brilham mais;
Sua citada várzea é o distrito federal;
É meu caro Gonçalves,
Construíram uma cidade,
Não estão entre os ditos bosques,
Estão entre os cerrados;
E de mãos abertas,
Dão partida na moto-serra;
Racham nossos amores
E periféricos ficamos
Sozinhos todas as noites;
Não há mais prazer a se encontrar;
Querem apenas angelim para serrar;
As aldeias vazias da tua terra tem apenas
O enterrar do pacová
Oxalá permitiu que você morresse,
Te livrou de infrutíferos dissabores;
D’esta terra,
Onde as sementes das palmeiras,
Nunca mais,
Das araras sentirão o bicar.
RITUAL II
Tiago Malta
Cruze o Rio Negro,
Mas não se engane:
Não existe magia configurada de fábrica.
Mas quando estiver em sua margem,
Olhe para os lados,
Como o tolo que atravessa a estrada,
E tente receber a benção das árvores.
A saideira é o cheiro da floresta e seu Imprinting,
Pode acessá-lo quando quiser,
Quando em fuga estiver,
Use-o para teleportar ao Rio Negro.
Em cada jardim, gramado e pomar,
Faça reverência às plantas,
Conecte-se
E aceite o passe.
O cheiro da terra molhada, sinta;
O cheiro de cidreira, capim, flores, sinta;
As chuvas do fim de verão, sinta;
Esfregue a pele no mundo. Sinta!
Agradeço ao passeio Amazônico,
Mesmo que em sonhos,
Mas eu estive lá, eu toquei seu chão.
Minha mente fez parte dela,
Cultiva amor, e clama por sua permanência.
Há magia à nossa volta.
Só não vem configurada de fábrica,
Demarcada ou registrada,
Está no ar, entre átomos de oxigênio.
Deixe escorrer entre seus cabelos,
Esfregar o seu dorso,
As varinhas são seus polegares e indicadores:
Use-os para sentir a Terra girar.
No final, é a mesma coisa,
Pessoas descobrindo,
Vivendo sem se preocupar com o próximo Ritual…
E com seus resultados.
LÁGRIMA VERDE
Robinson Silva Alves
Labaredas da morte
Destroem a floresta
Árvores sucumbem
Apenas o cinza: resta.
Vítimas inocentes
Engolidas na destruição
Fogo inclemente
Reina a devastação.
Chamas vorazes
Destroem a vida
Natureza magoada
Eternas feridas.
Animais exterminados
Por cruel ambição
Sucumbem ao homem
Seu frio coração.
O mundo estremece
Testemunha o horror
Grita a floresta!
Gritos de dor.
Mãe Gaia chora
As dores da Terra
Fim dos nossos tempos
Perdida a guerra.
Sangue derramado
Na floresta esquecida
Natureza ameaçada
Esperança atingida.
E a lágrima cai
Na triste desolação
Lágrima verde
Que chora por este chão.
DECLARAÇÃO À TERRA
Salete Magalhães
Terra
Um ditado dito pelo poeta do destino
Feito de mil palavras
A pintura do pintor
Tudo criado com amor
Cristal da vida
Casa do tempo
Broto da alegria
Onde a vida foi acolhida pelo chão
Planeta Terra
Onde mora meu coração
Poema escrito por
Alberto Arecchi
Juliana Fagundes de Carvalho Luz
Heber Brizola
Tiago Malta
Robinson Silva Alves
Salete Magalhães
CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima
Francisco Caetano
Gisela Lopes Peçanha
Mercia Viana
Pedro Panhoca
Rossidê Rodrigues Machado
Bruno Olsen
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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